TWD - Primeira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

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Quando acordei no outro dia, me surpreendi quando as primeiras pessoas vieram se apresentar para mim, uma mulher e um menino, os mesmos de ontem me disseram os seus nomes, Lori e Carl, mãe e filho. A mulher me pareceu amigável, apesar de ter praticamente me dado uma bronca por bater em um homem na frente do filho dela, mas depois ela acrescentou que ele merecia aquilo e um pouco mais, pois era o terror do acampamento.

Dale se apresentou formalmente a mim, assim como seu amigo Jim, o cara da cadeira de plástico. Era divertido comentar as coisas com Dale, ele tinha uma opinião muito interessante sobre o certo e o errado.

Glenn Rhee, um garoto coreano quase pareceu querer me bater quando eu o confundi com um chinês. Tínhamos uma coisa em comum, além de boa parte o humor, nossa idade era quase a mesma, eu era um ano mais velha do que Glenn, que tinha vinte e sete anos. É muito fácil conversar com ele, principalmente se for sobre quadrinhos e filmes. Passamos mais de uma hora discutindo sobre a Marvel e a DC e no final, constatamos que as duas estavam de parabéns, mas lamentamos que não veríamos novas edições novamente.

Merle Dixon conseguiu empatar com Adrian no lugar de pior ser da Terra. O homem falante do interior, irmão do cara com a besta chegou até mim com segundas intensões, dizendo que não via uma bunda gostosa a muito tempo e sugeriu para que eu o acompanhasse até a sua tenda. Claro que, além de um não ele recebeu um belo tapa quando tentou me apalpar.

Carol e sua filha, Sophia Peletier vieram me dar boas-vindas um pouco mais a tarde, depois do incidente com Merle. A mulher se ofereceu para lavar as minhas roupas, provavelmente percebeu que eu estava fazendo um trabalho porco em relação a isso, ela disse que não ficariam iguais quando ela lavava na máquina de sua casa, mas ficariam boas. Ela também se desculpou por seu marido, Ed, não vir me cumprimentar, já que se tornou amigo de Adrian e ele o envenenou contra mim. Bem, só por essa informação eu percebi que o marido dela não era lá uma boa companhia, mas não comentei nada, apenas agradeci e disse que ela não precisava se preocupar em lavar a minha roupa, que estava tudo bem.

Amy veio conversar comigo meio relutante, mas ainda assim foi gentil. Me disse que sua irmã Andrea, estava se envolvendo com o meu ex-namorado e que não havia nada que ela dissesse que pudesse fazer a irmã larga-lo, mesmo quando disse o que aconteceu com a minha chegada, Andrea não pareceu acreditar.

Morales, sua esposa e seus dois filhos vieram me dizer olá na hora do jantar, quando nos reunimos na mesma fogueira. Eram mexicanos ou algo assim, pelo que entendi. Eles me contaram como aquele grupo acabou junto, me contou sobre o bombardeio a Atlanta e a vista privilegiada que eles tiveram na estrada.

Theodore Douglas, ou como me disse que preferia ser chamado, T-Dog, se apresentou um pouco antes da hora de ir dormir, junto com outra mulher chamada Jacqui. O homem era largo e vários centímetros mais alto do que eu, coisa que eu estava acostumada, já que quase todos os homens eram mais altos. Ter um e sessenta e sete de altura sempre me deixou em desvantagem em relação a isso. Os dois me pareceram amigáveis e não falaram nenhuma vez sobre o acontecimento com Adrian.

Andrea, irmã da Amy não veio em nenhum segundo falar comigo.

O outro Dixon, irmão de Merle, não estava no acampamento. Pelo que eu entendi, ele costumava sair para caçar a comida deles, pois era ótimo nisso. Acho que mesmo se estivesse no acampamento, ele não viria me cumprimentar, dado ao nosso primeiro encontro.

~

No terceiro dia, Shane me veio com uma proposta. A qual eu realmente estava tentada a recusar, mas aceitei e ganhei um rádio, tipo um walkie-talkie em troca. Levar um pequeno grupo para Atlanta e conseguir alguns suprimentos, já que, em seu ponto de vista, por eu morar na cidade, conhecia ela como a palma da minha mão.

T-Dog, Jacqui, Merle, Andrea, Glenn e Morales me acompanharam até Atlanta, lá, nos abrigamos em uma loja de departamentos. Aquelas coisas, os caminhantes estavam em todos os lugares, pareciam insetos. Quando limpamos o andar de baixo e nos certificamos de que as portas estavam fechadas, começamos a busca por coisas úteis, suprimentos e mais algumas coisas.

A primeira coisa que peguei foi desodorante e fiz questão de pegar mais do que cinco, peguei algumas camisetas e roupas de crianças, algumas lingeries e calças jeans, já que, durante minha grande saída da minha casa, eu peguei apenas uniformes e uma muda de roupa civil.

— Gabriela, - ouvi a voz de Glenn me chamar e caminhei até ele, enquanto enfiava a última muda de roupa em uma bolsa de viagem – eu vou dar uma volta ao redor, ver o que tem por perto.

— Tome cuidado, - Murmurei a ele e puxei o rádio do cós da calça, lhe estendendo em seguida – O T-Dog tem outro desse, a frequência está certa, nos chame se precisar de ajuda.

— Eu sou bem ágil. – Ele disse se gabando, enquanto pegava o rádio das minhas mãos e eu o olhei descrente – É sério, sou muito bom em me esgueirar por aí e não ser visto.

— Pessoal. – A voz de Morales soou alta, ele estava perto de uma escada - Os caminhantes estão agitados lá fora. T-Dog e eu fomos até o terraço para ver, não temos ideia do que está acontecendo.

Praticamente todo o grupo parou o que estava fazendo e seguiu Morales para o terraço, antes de ir atrás dele, ajudei Glenn a sair e pedi para ele tomar cuidado novamente, antes de fechar o lugar. Quando terminei de subir bons lances de escada e cheguei no terraço, os encontrei lá. Merle olhando para os caminhantes lá em baixo e o resto do grupo murmurando entre si, não dei muita importância no começo, até o meu nome ser citado, não diretamente, mas foi.

— Os dois estão dando ordens a todo mundo, pensam que são os nossos líderes. - Andrea comentava com eles, a voz transbordando raiva

— Então faça o seu trabalho. – Falei alto, mostrando que eu estava escutando e sabia do que ela estava falando – Faça e depois reclame para o Shane sobre quem ele colocou no comando. Com certeza ele vai te ouvir.

Ela resmungou xingamentos enquanto Merle soltava uma risada alta e totalmente espontânea, antes de dizer que eu era uma das dele.  

— EI! TEM ALGUÉM NAQUELE TANQUE!

A imagem de Glenn veio a minha cabeça e eu corri para ver, pegando o binóculo do T-Dog e o coloquei em frente aos olhos, enquanto apontava para um velho amigo de guerra estacionado na rua. Tudo o que me chamou a atenção foi um homem vestido de xerife correndo enquanto disparava tiros nos caminhantes e ia em direção à um beco próximo, ele desapareceu por alguns instantes e só o vi quando ele começou a subir as escadas laterais de incêndio do prédio com um coreano, Glenn, logo na frente.

— O Glenn está com o cara! – Os avisei - Acho que estão vindo para cá!

Joguei os binóculos de volta para o T-Dog e corri em direção a escada, ouvindo todos os outros me seguindo. Quando chegamos no térreo, joguei ordens para todo mundo, para os homens, mandei que vestissem algumas proteções da sessão de esportes e que se equipasse com tacos de baseball, pois seria burrice trazer mais caminhantes do que Glenn provavelmente estava trazendo com eles.

— Eu voltei, - a voz de Glenn veio pelo rádio - estou com uma pessoa e quatro caminhantes no beco.

Quando dei o sinal, Morales e o T-Dog saíram para matar os quatro caminhantes que o Glenn nos avisou. Andrea e Jacqui ficaram lá comigo, guardando a porta caso desse alguma coisa errada, poucos segundos se passaram até Glenn e o homem com a roupa de xerife entrar. Quando o tal homem passou por mim, Andrea avançou nele e o empurrou para a pilha de alguns materiais, segurando ele pelo colarinho enquanto apontava uma arma para ele.

Que ótimo, depois diz que a louca sou eu.

— Desgraçado, - ela cuspiu as palavras na cara dele - devíamos matar você!

— Calma Andrea, pega leve. - Morales falou, tirando aquelas proteções

— Andrea, se acalme! - Jacqui se pronunciou, tentando ajudar

— Me acalmar? - Andrea perguntou, inconformada - Está de brincadeira, né? Vamos morrer por causa desse imbecil!

— Abaixa logo essa arma. - Falei de saco cheio, chegando perto dela, percebi que a mulher nem sabia segurar a arma direito e parecia não saber que para se matar alguém, tem que colocar o dedo no gatilho – Então tá, atira logo e pense que fez algo de útil.

Ela apontou a arma para mim, eu soltei um riso descrente e apenas abaixei a arma, sabendo que ela não seria mulher o suficiente para tal coisa.

— Nós estamos mortos. - Andrea choramingou, se afastando do homem estranho e de mim, mas continuou falando com ele - Por sua causa.

— Eu não entendi. – O homem comentou, perdido

— Olha, amigo. – O peguei pelo braço e comecei a caminhar com ele, ouvindo os outros nos seguindo - Viemos para a cidade buscar suprimentos, sabe qual é o conceito de suprimentos? – Perguntei mostrando minha impaciência, a qual estava muito baixa hoje – Sobrevivência. - Não deixei tempo para ele responder e continuei - E você sabe qual é o conceito de sobrevivência? Entrar e sair em silêncio, sem ficar atirando lá fora como se fosse um cowboy de algum filme de faroeste!

Eu parei de andar quando estávamos na sessão de roupas, onde podíamos ver muito bem o estado das portas de vidro, onde os caminhantes trombavam. Antes não tinham muitos, mas agora, estava lotado.

— Todos os caminhantes a quilômetros daqui ouviram os seus tiros. - T-Dog comentou para ele, lamentando a burrice do homem

— Você tocou o sino do jantar. - Andrea também lhe disse, com a voz frustrada

— Você entendeu agora? - Perguntei enquanto apontava para as portas de vidro, agradecendo por ter duas delas uma na frente da outra

— Meu deus... – ouvi um sussurro de Andrea

Nós caminhamos novamente para o fundo da loja, saindo do campo de visão dos caminhantes.

— O que é que você estava fazendo lá fora? – Minha curiosidade falou mais alto, e me vi perguntando para o homem vestido de xerife

— Tentando avisar um helicóptero. - Ele me respondeu lentamente

— Helicóptero? - T-Dog perguntou estranhando – Que doideira, cara. Não tem helicóptero aqui não, você viajou.

— Bem, - Jacqui juntou as sobrancelhas - Estava tendo uma alucinação, imaginando coisas, acontece...

— Eu sei o que eu vi! – O homem nos disse, firme

— Aí, Gabriela. - Morales me chamou e indicou algo nas minhas calças - Tenta o rádio, consegue falar com os outros?

Eu peguei o meu rádio com o Glenn e mexi, tentando lembrar qual era mesmo a frequência que Shane havia me dito hoje de manhã, antes de sair.

— Outros? – O homem perguntou, interessado - O centro de refugiados?

— É, o centro de refugiados. – Jacqui concordou, com sua voz carregada de ironia - Talvez tenha biscoitos no forno esperando por nós.

— A porra do rádio está sem sinal. – Avisei ao Morales, resmungando - Talvez no telhado...

Um tiro ecoou pelo prédio e Andrea arfou.

— Ah não, - ela murmurou - é o Dixon?

— Droga...

— Oque é que aquele maníaco está fazendo?

Eu fui a primeira a subir as escadas correndo. Sempre soube que aquele cara não tinha juízo nenhum na cabeça, agora chamar atenção e nos levar para a morte é um pouco de mais até para ele.

Mais um tiro.

Outro.

Mais um.

Empurrei a porta do telhado e vi Merle na ponta do telhado, mirando nos caminhantes com uma sniper.

— Dixon, - Eu o chamei alto, irritada - o que você pensa que está fazendo?

O idiota riu, e ficou rindo, pareceu aproveitar para atirar mais ainda nos caminhantes.

— Ah Droga! – A voz de Andrea soou atrás de mim

— Ei, - Merle se virou para nós, rindo um pouco - é melhor ser educado com um homem armado, não é? – Perguntou, sorrindo - Né? – Perguntou novamente descendo do muro – É questão de bom senso, pessoal.

— Cara, - a voz de T-Dog saiu exasperada - você está gastando as balas que a gente não tem! Está trazendo os caminhantes para cá cara! Dá um tempo!

Prendi a respiração quando os dois começaram a se aproximar, o cheiro de briga estava exalando de longe e nem precisava ter um olfato muito bom para saber disso.

— Ei! - Merle resmungou alto - Já não basta esse chicano e essa mulher com roupa camuflada me enchendo o saco a porra do dia todo, agora vou acatar ordens de você? - Perguntou ao T-Dog, chegando mais perto dele - Eu acho que não, bro. Está para nascer o dia.

— Está para nascer o dia? - T-Dog perguntou inconformado - Você tem alguma coisa para me dizer?

É, caso eu não tenha mencionado antes, pois não era algo muito importante, T-Dog e Jacqui eram negros. Pelo jeito, outro fato de Merle Dixon é que ele também é um racista sem cérebro.

— T-Dog! - Morales o chamou, tentando amenizar a situação - Deixa pra lá.

— Não! - T-Dog negou revoltado

— Não vale a pena, T-Dog. – Resolvi me meter na recém começada briga deles, para tentar acalmar os ânimos - Agora Dixon, abaixa a bola tá bom? Já temos problemas suficientes.

Merle Dixon ficou quieto por um momento, mas quando eu pensei que a briga tinha acabado, ele abriu a maldita boca.

— Quer saber o dia? – O racista perguntou diretamente à T-Dog

— Quero!

— Eu vou te dizer o dia, yo. - Merle imitou um gesto usado pelos negros nas periferias com a mão - Vai ser o dia que eu receber ordens de um criolo!

— Seu filho da...

Quando T-Dog foi dar um soco em Dixon, não previu que o homem racista seria mais rápido e lhe daria uma coronhada em no rosto. Os dois começaram a brigar e Dixon de longe estava levando a melhor.

— Chega! Parem com isso! - Morales mandou alto, como se fosse adiantar alguma coisa

— Parem! - Ouvi a voz de Jacqui pedindo, sem saber o que fazer

O homem vestido de xerife tentou apartar a briga dos dois, mas levou um soco no rosto de Merle e caiu, um pouco longe deles. O negócio ficou sério quando Jacqui e Andrea começaram a gritar "NÃO". Depois de alguns socos Dixon puxou o revolver e apontou para o rosto de T-Dog, eu saquei minha pistola segundos depois e coloquei a mão com a arma atrás das costas, para não o pressionar para fazer alguma merda.

— Não, - Andrea estava praticamente suplicando - por favor, por favor.

— Dixon, já chega. – Falei para ele, apertando minha pistola e me preparando para qualquer coisa ou reação que venha dele – Você já deu o seu show, agora pare com essa merda.

Merle Dixon olhou bem para todos nós antes de cuspir no peito de T-Dog, murmurando alguma coisa enquanto espalhava o cuspe na camiseta dele.

— Está legal. – Merle se levantou de cima do T-Dog - Vamos ter um papinho agora, está certo? – Perguntou à nós, mas não esperou por uma resposta além de olhares de desgosto e ódio - Vamos falar, sobre quem está no comando! Eu voto em mim! - Enquanto o racista continuava com o show de horrores, Glenn, Andrea e Jacqui arrastavam T-Dog para longe dele - Alguém mais? - Dixon perguntou - Hã? – Fingiu que não tinha ouvido, mas na realidade não tínhamos dito nada - É democracia pessoal. Levantem as mãos, todos a favor? Vamos lá, mãos para cima...

Morales levantou a mão, relutante.

— Qual é... - Andrea inconformada, olhando para o latino

— Todos a favor, é. – Mesmo antes de falar isso, pude jurar que vi Merle sorrir

Jacqui levantou a mão, mas mostrando o dedo do meio.

— É isso mesmo. - Dixon afirmou, estando satisfeito com o gesto dela

— Nossa, - comentei rindo pelo nariz – você só pode estar loucão.

— Hã? – Merle sorriu para mim, fingindo que não havia escutado - O que disse, boneca? – Perguntou, dando longos passos na minha direção - Ouvi você dizer alguma coisa?

— Na realidade você escutou, - respondi quando ele estava à menos de uma palma de distância de mim – eu não entendo muito de drogas, mas sei que a que você usou é realmente pesada.

— Você tem tanta sorte de ser gostosa pra caralho. – Ele comentou baixo, passando a mão nojenta dele pelo o meu rosto, antes de me puxar pelo pescoço para mais perto dele

— Não pense nisso. – O adverti, quando vi que ele ameaçou aproximar os seus lábios finos dos meus em o que seria um beijo forçado – Eu me lembro de dizer que mexer comigo não era algo lá tão inteligente.

Ele sorriu presunçosamente antes de se afastar de mim e soltou um riso, olhando para os outros, abrindo a boca novamente para falar.

— Quer dizer que eu sou o chefe agora. – Merle anunciou, sua voz carregada de presunção - Alguém mais se opõe? Hm? Mais alguém?

— Eu.

 O homem vestido de xerife se jogou em cima de Merle e lhe deu uma coronhada no rosto, e com o impacto, Dixon caiu. O homem aproveitou e colocou o pé na lateral do rosto de Merle, tirou uma algema do bolso e a prendeu uma das mãos de Merle à um cano próximo. O vi pegar o racista pela camiseta e o forçar a se sentar, escorado em um outro cano do terraço.   

— Quem é você, cara? – Merle perguntou para ele, com a voz meio grogue por conta da coronhada

— Policial, - o homem respondeu, no mesmo tom de voz - cara.

— Vai se ferrar. – Merle resmungou

— Olha aqui, - O policial falou para ele, pegando a pistola de Merle do chão e retirando o pente, para verificar quantas balas tinha – as coisas são diferentes agora. Não tem mais negros, está legal? E muito menos branquelos lixos como você cara. Só carne branca e carne escura. Existe a gente e os mortos, vamos sobreviver trabalhando juntos, não separados.

— Vai se ferrar, cara. – O homem algemado resmungou novamente

— Eu já vi que tem dificuldade para entender as coisas. – o policial disse, depois de soltar um riso nasal

— É? - Merle fingiu interesse – Então vai se ferrar outra vez.

— É melhor ser educado com um homem armado. – O policial repetiu as palavras anteriores de Merle, apontando a pistola para a cabeça dele, o que me fez quase sorrir com o senso de humor dele - Questão de bom senso.

— Você não atiraria, - Merle garantiu, mas me pareceu que sua voz estava fraquejando - é policial.

— Tudo que eu sou agora... – o policial disse, tirando a arma da cabeça de Merle - É um homem procurando pela esposa e o filho. Se alguém se meter no meu caminho vai perder. – Ele deu uma breve pausa, olhando para as feições de Merle - Eu vou te dar um tempo para pensar nisso.

Ele mexeu nos bolsos do colete de Merle e pegou um isqueiro, depois fez uma brincadeira com ele, dizendo que tinha algo no nariz dele, antes de se levantar e afastar.

— Oque você vai fazer? - Dixon perguntou, parecia que estava se segurado para não rir - Vai me prender? – Soltou uma risada baixa, mas depois ficou sério quando viu o policial ir para o muro e erguer o braço - Ei! Oque está fazendo cara? Isso ai é meu! Ei! – Observei o policial jogar o isqueiro dele lá em baixo, enquanto Merle tentava se soltar - Se eu me soltar é melhor você rezar! Está me ouvindo, seu porco sujo!

Balancei a cabeça negativamente e caminhei junto com o policial, até um dos muros laterais, o policial comentou que a voz de Merle ia longe e se apoiou no muro.

— Você não é um policial de Atlanta. – Comentei, assim que cheguei perto o suficiente dele e me apoiei no muro ao seu lado - De onde é?

— Eu sou do interior. – O homem me respondeu, dando uma olhada rápida para o meu lado

— Então, - soltei um riso baixo, prestes a fazer uma piadinha - policial amigo que vem lá do interior. Seja bem-vindo a cidade grande.

Olhei para baixo, a rua estava infestada de caminhantes, gemendo e grunhindo. Nunca senti tanta falta de trânsito como agora, das pessoas gritando e do barulho das lojas.

Atlanta estava acabada.

Me desencostei do muro e dei a meia volta, escutando os seus passos atrás de mim e caminhei até os outros. T-Dog estava sentado com as costas escoradas no muro, mexendo no rádio que estava anteriormente com o Morales. Jacqui e Andrea estavam olhando para a rua, fazendo comentários enquanto Glenn estava sentado na escada da plataforma que ficava sob os canos. Morales estava de braços cruzados ao lado do T-Dog e Merle estava exatamente do mesmo jeito de antes, algemado a um dos canos.  

— Nossa, - Andrea comentava para a mulher ao seu lado - parece o Times Square lá em baixo.

Eu estava tentando novamente fazer contato com o acampamento.

— Como está o sinal? – Perguntei ao T-Dog

— Como o cérebro do Dixon, – T-Dog me respondeu, dando uma olhada no cara algemado - fraco.

Merle me mostrou o dedo para ele, lhe dando um sorriso.

— Continue tentando, certo? – Pedi a ele, com um sorriso

— Para que? - Andrea perguntou na mesma hora, me olhando como se eu fosse uma idiota - Não tem nada que eles possam fazer, nada mesmo.

— Tem gente fora da cidade, só isso. – Morales explicou para o policial, o qual estava visivelmente interessado - Não há centro de refugiados. Isso é viagem.

— Então ela está certa, - O policial comentou, olhando de mim para o mexicano - estamos sozinhos. Temos que descobrir uma saída.

— Boa sorte. - Merle comentou, se intrometendo na nossa conversa. - As ruas não são seguras nessa parte da cidade pelo o que eu soube. – Então ele me olhou e eu me preparei para um comentário de mau gosto - Não é verdade, ô gostosa? – Me perguntou - E aí docinho, o que acha de me soltar dessas algemas? A gente pode ir para algum lugar e transar um pouco.

— Ou você pode calar a boca e deixar os adultos trabalharem. – Retruquei alto e depois me virei para o policial e o Morales – Então, isso aí que você falou seria legal, mas as ruas não são seguras.

— A coisa está muito pior do que isso. – Morales comentou, crispando dos lábios

— E se formos por de baixo das ruas? – O policial perguntou - O esgoto?

— Esgoto? – Considerei a ideia e olhei para o homem coreano sentado nas escadas - Glenn, pode checar o beco para a gente?

Glenn se levantou assentindo e deu a volta no terraço, indo em direção ao beco. Ele se inclinou sob o muro e observou.

— Está vendo alguma tampa de bueiro? – Morales lhe perguntou, alto

— Não. - Ele respondeu, voltando correndo para onde estávamos - Deve estar na rua onde estão os caminhantes.

— Talvez não. - Jacqui comentou, atraindo olhares para si - Prédios antigos assim são dos anos 20, eles tinham túneis de drenagem para o esgoto, no caso de enchente. Eles ficavam no subsolo.

— Como é que sabe disso? - Glenn perguntou, parecia meio confuso

— É meu trabalho, - Ela lhe respondeu – Era, na verdade. – Acrescentou - Eu trabalhava na Prefeitura.

— Tá legal, essa é uma sugestão que não vamos descartar. – Comentei, olhando para eles enquanto estalava os dedos – T-Dog, se importa de aguentar esse babaca mais um pouco? – Continuei assim que o vi concordar com a cabeça - Beleza, então iremos para o porão.


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Notas finais do capítulo

A capa?

É, a capa!



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