TWD - Primeira Temporada escrita por Gabs


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

Que os jogos comecem.



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Um dia antes da contaminação.

 

— Não, Adrian, eu não me importo.

— De qualquer jeito, - Sua voz impaciente soou pelo telefone – eu devo chegar de madrugada, não me espere.

— Não é como se eu fosse esperar mesmo. – Retruquei em resposta

— Você não faz ideia de como seu senti saudade disso, amor.

— Tchau, Adrian.

Respirei fundo e desliguei o celular, o colocando em cima da mesa da mesa do computador, mas eu não cheguei a me afastar muito dele, pois o ouvi tocar e me aproximei novamente, olhando para a tela. Era uma mensagem de um número privado. O conteúdo da mensagem eram números e letras sem ordem alguma, um monte delas. Franzi o cenho e analisei a mensagem, quem me mandaria algo assim?

Depois de um banho longo, quando estava trocando o meu curativo, uma ideia me veio à cabeça, e se a mensagem realmente tivesse um significado? Criptografia ou algo assim, certamente é algo a se considerar. Depois de vestir uma camiseta larga, peguei o meu celular e fui me sentar em frente ao computador, abri a mensagem e a encarei novamente, dava até um pouco de dor de cabeça, para falar a verdade.

Cocei os meus olhos entre um bocejo e outro, depois de olhar para o relógio. Fazia quase três horas que eu estava quebrando a cabeça para realmente ler o conteúdo da mensagem, havia palavras que eu não tinha decifrado ainda, mas já dava para entender alguma coisa.

“Mensagem automática para todos os funcionários do Governo... Estados Unidos.... Deu errado... lugar seguro... não tenha... contato com eles...”

Agora tudo que eu precisava saber era: O que deu errado, que lugar seguro é esse e quem são eles?

Eu me espreguicei e cogitei seriamente em ligar para o Harris, perguntar se ele também havia recebido a mensagem, porque se eu havia entendido bem, todos os funcionários receberam a mensagem.

O telefone do meu apartamento tocou, eu juntei as sobrancelhas e me levantei em dúvida, se alguém estava me ligando nesse horário da noite, deveria ser algo muito importante. Alcancei o telefone no terceiro toque e falei “Alo”.

— Gabriela! – A voz do meu pai soou pelo telefone, estava um tanto quando anormal, parecia aflita – Graças a deus. – Ele murmurou e ao fundo eu ouvi a voz da minha mãe, agradecendo também – Eu preciso que você saia de Atlanta, vá para o mais longe possível.

— O que está acontecendo? – Perguntei agitada, sem saber se perguntava se era uma brincadeira de mau gosto ou se já começava a fazer as malas – Eu recebi uma mensagem criptografada e...

— Não discuta filha, - ele me repreendeu depressa, parecia que estava tão agitado quanto eu estava – a cidade vai ser bombardeada em algumas horas, você precisa sair agora.

— Estamos sendo atacados? – Perguntei descrente

— Gabriela, querida. – A voz da minha mãe soou preocupada, no lugar da voz do meu pai – Não faça perguntas, nós não sabemos o que está acontecendo direito, seu pai recebeu uma ordem do General do Exército, a coisa é séria. Andrew e Zachary estão movendo as mulheres deles também, iremos nos encontrar na entrada de Mableton em duas horas, de lá partiremos para um lugar seguro.

— Eu vou fazer umas ligações e encontro vocês lá. – Falei incerta

— Tudo bem, querida, até breve.

Eu desejei um até breve para ela e desliguei, o que quer que estava acontecendo, era algo sério. No caminho para o meu quarto, eu peguei o meu celular e apertei o botão da chamada rápida, para o meu contato de emergência. Era melhor Harris atender.

Depois de arrumar a minha mochila de sobrevivência, jogar todas as minhas armas e munições nela, vestir o meu uniforme do exército, ajeitar o coldre na minha perna e colocar a minha pistola nele, enfiar alguns pentes de munição em um dos meus bolsos para finalmente poder ir para a cozinha, pegar um pouco de comida não perecível e umas barras de cereais.

Eu tentei novamente ligar para Harris, mas o desgraçado não estava atendendo, o que era totalmente estranho, pois ele sempre me atendia, pelo menos no segundo toque.

Chequei o meu relógio e meu estomago embrulhou, eu tinha menos de uma hora para chegar ao ponto de encontro. Coloquei minha mochila nas costas e guardei o celular no bolso, junto com outras coisas que achei necessário.

Bem, é isso. Vamos descobrir o que está acontecendo.

Cheguei faltando alguns minutos para o horário combinado, estacionei o meu carro no encostamento perto da placa que anunciava que eu estava entrando em Mableton e olhei ao redor, ansiosa. Alguns carros passavam em alta velocidade por mim, o que me fazia pensar aonde é que estão os policiais dessa cidade. Tinha praticamente acabado de anoitecer e para conseguir sair da cidade de Atlanta foi definitivamente uma guerra, parecia que toda a cidade estava em alerta, saindo de suas casas e se arriscando no mundo. Juro que precisei pisar no freio umas quatro vezes por causa de pessoas atravessando a rua correndo e coisas do tipo.

Tirei novamente o celular do bolso e disquei o número de Harris, eu estava inquieta e sem dúvidas sua falta de comunicação comigo era um dos motivos. Quando vi que novamente ele não ia atender, esperei a secretária eletrônica atender, com uma piadinha sem graça que ele tinha gravado nela.

— Jason, sou eu. – Anunciei, dando uma olhada no retrovisor para ver se meus pais estavam chegando – Olha, não sei onde você está e isso está me matando, tem alguma coisa louca acontecendo em Atlanta e tudo o que eu consigo pensar é no seu bem-estar. Estou fora da cidade, parada em frente a placa de boas-vindas de Mableton, então por favor, por favor se você escutar essa mensagem, venha até aqui. Meu pai disse que a cidade vai ser bombardeada, juro que não estou entendendo nada... eu só... – não consegui não rir, com o que eu estava prestes a falar – eu só quero você.

Eu respirei fundo e desliguei a chamada, olhando a hora em seguida. Estava no horário certo, sete da noite. Meus pais, Andrew e Zachary deviam estar chegando. Eles nunca foram muito de respeitar horários. Estava nervosa, batucando no volante seguindo uma música em minha cabeça. A cada carro que passava eu espiava atentamente, eles já deviam ter chegado.

Acredite ou não, eu sempre fui a mais responsável entre meus irmãos.

Ao fundo, pude escutar um estrondo e isso foi o suficiente para me fazer acordar. Olhei para trás, aonde um clarão tinha acabado de se apagar dando lugar a outro, junto com um grande estrondo.

Era Atlanta, ela estava realmente sendo bombardeada.

Com as mãos tremulas, eu chequei o horário novamente. Ia dar dez e quarenta da noite. Uma sensação ruim se implantou no meu corpo, nenhum deles chegaram a vir aqui, pois se tivessem vindo, me acordariam às pressas. E para melhorar tudo, nenhuma mensagem ou ligação de Harris.

Eu estava sozinha.

Sozinha e preocupada.

A pior coisa que fiz foi decidir dirigir até Morrow, a cidade onde meus pais moravam. A princípio, tudo estava calmo de mais, nas ruas, haviam poucos carros estacionados, talvez abandonados, mas nada de pessoas. Eu desconfiava de que as pessoas estavam todas pressas em alguma estrada, formando um transito horrível e não levando a lugar nenhum. Quando eu entrei na casa, sem dificuldade alguma, pois estava com a porta entreaberta, notei que tudo estava bagunçado, talvez eles saíram com pressa ou a casa tinha sido saqueada. Quadros estavam no chão, o carpete estava sujo de terra e pela primeira vez em muito tempo, não havia um cachorro para abanar a cauda ao passar pelo Hall. Só tinha bagunça, nenhum bilhete, as armas haviam sumido e boa parte da comida também.

Mas foi quando eu estava saindo da casa, depois de passar por mais de vinte minutos checando atentamente cada cômodo da casa que eu vi, um homem estava parado em frente ao meu jipe, parecia que estava esperado ele sair do lugar para continuar andando, como se fosse burro ou algo do tipo. Quem em sã consciência sai dando joelhadas no jipe claramente retirado do exército?

— Aí, cara. – Falei alto, me aproximando cautelosamente dele, vai que era um maníaco, eu podia pensar de tudo, já que era a primeira pessoa que aparece no meu campo de visão desde que sai da minha casa – Não fui eu que paguei, mas tenho certeza que a pintura do carro saiu muito cara...

Eu me calei quando o homem olhou para mim, minha mão deslizou em direção a minha pistola enquanto eu observava o homem resmungar ou até mesmo grunhir. Quando ele começou a andar, eu dei o meu primeiro aviso, um alto e claro “Não se aproxime”, o qual foi ignorado. Conforme ele se aproximava mais, um arrepio percorreu toda a minha espinha, o fato pelo qual eu estava começando a brigar com o cara era por achar que ele estava literalmente passando terra na frente do meu carro, mas depois de perceber que a tal “terra” era na verdade um liquido vermelho escuro, resolvi sacar a arma a aponta-la para ele. O homem não pareceu se abalar, ele continuou caminhando em minha direção, atravessando o gramado muito bem cuidado da minha mãe fazendo sons estranhos.

— Eu disse para parar! – Praticamente gritei com ele, estava uma pilha de nervos – Você é surdo, caralho?

E quando ele chegou a menos de cinco passos de mim, eu atirei em sua perna. Se me contassem a uns dias atrás, o que eu estava vendo agora, tenho certeza que eu riria muito da pessoa, iria dizer que era uma mentira. Mas olhando agora, vendo que o tiro não incomodou nem um pouco o homem e ele continuou andando na minha direção, precisei dar grandes passos para trás.

Que merda era aquela?

Quando o homem chegou mais perto ainda, ultrapassando a área segura entre a gente, eu lhe chutei na barriga, empurrando ele para trás com a maior força que pude. O homem caiu no chão, mas antes que conseguisse se levantar, tentei imobiliza-lo de algum jeito no chão. O que claramente não deu certo, pois ele estava tentando me agarrar com suas mãos, parecia que ele estava grunhindo mais alto, o que era realmente irritante. Uma movimentação chamou a minha atenção para a minha esquerda, onde a casa dos meus pais ficava, uma mulher com o rosto totalmente deformado estava vindo em nossa direção, ela grunhia e gemia tão alto que me fez pensar que Adrian adoraria fazer sexo com ela, já que sempre reclamava do fato de eu ser um pouco calada nessas horas.

— Que porra está acontecendo aqui? – Perguntei atordoada ou enojada, depende do ponto de vista

Eu praticamente corri em direção ao meu carro e me tranquei dentro dele, fazendo questão de deixar os vidros bem fechados, assim como os pinos das portas. O homem, o qual já estava se levantando quando eu comecei a correr, bateu no meu vidro e só aí eu pude ver realmente o seu rosto, mesmo no escuro ele era feio. Os dentes amarelos e tortos, os olhos sem vida, amarelados e o grunhido forte escapando da garganta, que mesmo através do meu vidro blindado, me incomodava como o inferno.

Liguei o motor do meu carro e acelerei, não me importando de estar sem o sinto de segurança. A princípio, o homem e a mulher me seguiram, porem ficaram para trás quando virei a esquina e pisei fundo no acelerador.

O que quer esteja acontecendo, tem a ver com a mensagem que recebi.

Aquele homem ao menos se importou de ter um tiro a queima roupa, o qual provavelmente rompeu os seus músculos da perna e mesmo assim continuou a andar como se porra nenhuma tivesse acontecido. Ninguém normal faz isso, bem, apenas aquelas pessoas com doenças raras que não sentem dor por nada. Mas acho que não era bem sobre isso que se tratava.


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Notas finais do capítulo

Próximo episódio: Pedreira.
Se tiver algum erro ortográfico pode me avisar que eu arrumo.



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