A Escolhida do Destino escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 1
Na mira de um desastre.


Notas iniciais do capítulo

Helo, peoples.
Depois de pensar, e pensar e pensar mais, decidi por fim postar a reedição de Kit Black: Viajantes de Mundos (que agora tem outro nome, vocês podem ver -q). Mas o que há de errado com a primeira versão, afinal? Bom, eu comecei a escrevê-la a muuuuuito tempo. Na verdade, deve ter mais de dez anos que digitei as primeiras linhas. Minha mentalidade e minha escrita evoluíram bastante de lá para cá, de forma que o final ficou satisfatório, enquanto o começo está bem... como dizer? Fraco.
Para a saga épica que tenho em mente, era preciso uma mudança total. E aqui está ela.
Se você já leu a primeira versão, espero que essa lhe agrade tanto quanto a outra. Na verdade, tenho quase certeza que irá, de fato, agradar! Mas se você não leu, e está me vendo pela primeira vez nesse enorme Nyah... seja bem vindo, espero que goste do que vai ler. :3

[Atualização]: Eu criei um pequeno prólogo para a história, infelizmente não posso criar um cap só para ele sem ter de repostar toda a fic de novo, então inseri-o aqui mesmo. :3



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Prólogo:

 

No princípio, era apenas uma ideia.

Uma ideia terrível… uma ideia que mudaria tudo.

Ela fincou-se em seu cérebro, como se fosse uma erva daninha. Perigosa, parasita, alastrou-se por suas memórias, por seus desejos e aspirações.

A tranquilidade cedeu. Raiva turvou sua mente, seguida de um torpor abominável… tudo que aprendera pareceu-lhe errado, tudo o que era causava-lhe repulsa.

Tivera amigos e família, mas estes eram-lhe estranhos agora. Criaturas fracas e patéticas, insetos a serem esmagados… quis fazer o mundo inteiro ajoelhar-se sob seus pés, a guerra tomando todos seus pensamentos.

Sua cabeça estava um caos, coisas desconectas bailavam dentro dela. Incompreensão alheia, destruição generalizada. Dar um fim aos tolos. Matar a todos. Despertar as Trevas.

A pequena e intrusiva ideia germinara. O ser que a plantou nunca foi encontrado, se é que existia. Nem mesmo sua vítima pôde dizer de onde tal nefasta influência surgira, e para ela isso não era sequer importante, agora.

Era o fim do sonho, das possibilidades, do caminho traçado placidamente em direção à luz.

Agora, era apenas crueldade.

Morria a doce alma iluminada.

Nascia a malévola tirana.

 

 

1: Na Mira de um desastre.

 

A jovem estreitou seus olhos, focalizando a criatura que acabara de entrar em seu caminho. Devagar, um passo de cada vez, foi aproximando-se do grande gato preto, que piscava seus olhos claros em sua direção. Quando chegou bem perto – o suficiente para que pudesse tocar sua cabeça com a ponta dos dedos – um chamado repentino fez com que se assustasse e se movimentasse de modo brusco, consequentemente fazendo o animal miar e disparar pela calçada, enfiando-se em seguida num beco qualquer, longe do alcance de suas mãos.

Se havia algo a ser afirmado sobre Alyson Valoen era que ela amava gatos. Todas as vezes que um cruzava seu caminho, ela precisava parar para fazer-lhe um agrado, nem que recebesse apenas garras afiadas como resposta. Se lhe perguntassem o porquê disso ela, com certeza, daria de ombros. Talvez, apenas se sentisse atraída por suas silhuetas esguias, sua capacidade de cair sempre de pé e sua natureza independente. Adorava-os, completamente, e foi por isso que manteve seus olhos por tanto tempo no ponto onde vira seu parceiro peludo pela última vez.

— Ly…! — a voz que ouvira pela primeira vez repetiu o chamado. Era afinada e alta o suficiente para causar-lhe tremores. Sua dona, uma adolescente com cabelos lisos e tão vermelhos como uma chama, curtos até a altura dos ombros, e olhos cor de mel, virou a esquina para encontrá-la. Ela se vestia parecendo uma colegial de anime, com uma saia xadrez preta e rosa e camisa social branca. Os pés eram escondidos por meias três-quartos e sapatos pretos. Se estivessem no Japão, principalmente na área de Akihabara, seu modo de vestir-se poderia até passar despercebido. Mas, como falamos de um país como Brasil, as coisas são sempre mais complicadas.

No exato instante, alguns transeuntes pararam para observar a cena: duas adolescentes de aproximadamente dezessete anos, a primeira com a aparência chamativa digna de um cosplay, enquanto a segunda, com seus longos cabelos negros e olhos castanho esverdeados, mantinha-se agachada no chão, estendendo a mão para algo que não estava mais ali. Incrivelmente, nenhuma das duas pareceu se importar por ter plateia. — Sasha… você o espantou!

— O quê? Outro gato?

— Não era um gato qualquer, era um gato preto. — Alyson levantou-se, ajeitando as vestes com leves puxadas. Usava bermuda jeans e uma camiseta azul-marinho, com uma estrela retratada na frente. Um casaco comum preto permanecia com as mangas atadas em sua cintura, e foi nela que ela apoiou as mãos. — Eu já te disse muitas vezes, eu ouço espetacularmente bem, não precisa ficar gritando para me encontrar.

— Preto? E você já não tem azar o suficiente sem precisar disso? — A outra jovem, Sasha, franziu o cenho, mostrando aborrecimento. — Eu não estava gritando. Estava te chamando, é completamente diferente.

Definitivamente, dá no mesmo.

Alyson pensou consigo mesma, mordendo o lábio inferior, mas decidiu apenas deixar passar. Bateu algumas vezes com o pé no chão, testando o conforto dos próprios tênis da All-Star, antes de suspirar. — Certo, certo. Acho que podemos ir, então.

— Ken deve estar te esperando, é claro. — Sasha disparou um comentário provocativo, mas sua companheira ou não pareceu notar, ou não deu-lhe atenção. Seus olhos focavam-se na distância, como se estivesse vendo algo. Então balançou a cabeça algumas vezes, desanuviando-a, e fez um aceno de cabeça para que seguissem, entabulando um assunto qualquer que viera a mente.

 

Alyson vive numa cidadezinha turística na Região Serrana do Rio de Janeiro conhecida como Petrópolis. Belas paisagens, tranquilidade – em sua maior parte, ao menos – e a campeã em quantidade de sapatarias e farmácias por metro quadrado em seu centro.

Foi ali que cresceu, sob os olhos antes atentos da mãe, Leah. Até ela tornar-se a mais requisitada das secretárias de Reverton Oflerrert, um empresário de renome, cujo negócio e prazer é viajar tanto quanto consegue respirar. Desde então, é difícil ver Leah em casa por extensos períodos de tempo, e Alyson passou a despertar para sua independência.

Ela não tinha um pai, pelo que sabia. Aliás, ela não sabia nada do homem que a gerara. Sua mãe em hipótese alguma tocava no assunto. Não havia lembranças saudosas de momentos alegres que justificassem uma morte. Começara a questionar se o pai não seria uma pessoa ruim, cruel, a ponto da mãe odiá-lo. Quando tinha idade o suficiente para compreender o significado de estupro, tomou coragem para perguntar a Leah se fora isso que lhe acontecera. Se ela era fruto de uma união não desejada. Naquele momento, a mãe chorou tanto e a abraçou tão forte, negando, dizendo que não pensasse sobre aquelas coisas, que Alyson decidiu nunca mais confrontá-la sobre o assunto.

Se ela tinha um pai, ele não estava presente. Saber quem ele era ou onde estava não mudaria isso, de qualquer forma.

Sasha Bettencourt tornou-se sua amiga desde que a conhecera, enquanto cursava a segunda série do primário. Era órfã de pai e mãe, e quem ficara com sua guarda fora Naomi, sua irmã mais velha. Pelo que a menina contava, Naomi estava morando em Tóquio, mas decidiu retornar ao Brasil para cuidar dela, em vez de levá-la para a Ásia. Em compensação, depois que Sasha cresceu um pouco, ambas viajavam de um país ao outro pelo menos uma vez ao ano.

Foi na mesma época que uma terceira pessoa juntou-se a elas. Chloe Blackwell era uma criança quieta e séria, com longos cabelos cacheados e castanhos e olhos da mesma cor, atentos, que não perdiam um movimento sequer. Não era particularmente gentil, nem emotiva ou amável. Seu ponto forte era uma inteligência acelerada, tanto que pulara duas séries. A mais nova menina a cursar a quarta série, pelo menos daquele colégio, tinha tudo para se tornar um pequeno gênio.

Alyson nunca soube como ficou amiga dela. Provavelmente por ser gentil e amável o suficiente pelas duas. Tinha uma aura de empatia tão forte ao seu redor que era difícil alguém não gostar dela, e talvez essa fosse a razão para que o cérebro da pequena Chloe tropeçasse em seu coração e esta deixasse de ser uma garota reclusa para andar com aquelas duas.

O tempo passou. O trio tornou-se inseparável, mesmo com tanta incompatibilidade que havia ali dentro. E, no final de uma noite de novembro, às vésperas do aniversário de treze anos de Alyson, chegou a notícia: Chloe estava de partida para a Inglaterra.

Seu pai era um arqueólogo, afinal. A profissão requeria que ele viajasse constantemente, e sua esposa havia falecido de uma doença crônica alguns anos antes. O que o manteve tanto tempo em um país só fora uma escavação próxima e a preocupação para com o estado mental da filha. Não queria carregá-la junto consigo sempre, impedindo-a de crescer como uma criança normal. Ainda assim, ele teria de voltar para seu país de origem e para sua verdadeira casa, e Chloe ainda não possuía idade o bastante para se virar sozinha, mesmo com sua inteligência superior a média.

Dias mais tarde a garota aprontara suas malas, abraçara as amigas e prometera manter contato. De sua maneira neutra habitual, arrastou suas malas para o jato do pai, se despedindo com um último aceno. Alyson poderia jurar que tinha visto seus olhos brilharem de maneira úmida antes disso, mas não mencionou o ocorrido a ela quando se contatavam posteriormente.

Mais anos correram.

Agora tanto Alyson quanto Sasha estavam no último ano do Ensino Médio. A hora da verdade, onde os começos e resoluções saltavam a seus olhos, e os jovens eram quase adultos. Sentimentos novos à flor da pele e pesos invisíveis no coração. A tão falada adolescência… no fim das contas, para a jovem de cabelos negros, esta não era tão interessante quanto todos costumavam comentar. Já sua parceira vivia das aventuras românticas mais descabidas e ligeiras. E, obviamente, tentava empurrá-la para o que deveria ser seu “final feliz”, embora isso soasse clichê, e na verdade nem existisse.

 

As duas caminharam por alguns quarteirões, passando por inúmeras lojas de comércio, até pararem de frente a um bar restaurante de grandes proporções. As portas de vidro davam para um ambiente agradável, com um balcão enorme de madeira e algumas mesas para casais do mesmo material. Uma escadaria num dos cantos levava ao piso superior, onde era possível entrever mais mesas e cadeiras. Uma porta ao lado desta deveria levar à cozinha.

Empurrando a porta envidraçada, Sasha abriu passagem para que Alyson adentrasse o local e fechou-a atrás dela, focando sua atenção no barman: um rapaz de rosto juvenil e cabelos loiros um pouco compridos, que precisava prender com uma bandana preta para que não caíssem sobre os olhos verdes-esmeralda. Usava roupas sociais e servia um pouco de tequila para um homem sentado bem a frente dele. — Keeeeeen-chan!

O homem sobressaltou-se. De alguma forma, o rapaz que o servia conseguiu não derramar nada da bebida e suspirou, entregando-a com um pedido de desculpas e logo cruzando os braços para observar a dupla que acabava de chegar. — Sasha, você não tem um botão de volume?

— É lógico que não tenho, queridinho. — ela aproximou-se, agarrando Alyson pelo pulso e trazendo-a junto.

— Sinto muito se estivermos atrapalhando, Ken. — a moça começou um protesto, ao que ele meneou levemente a cabeça.

— Não, meu turno já está acabando. — ele abriu um sorriso breve, desanuviando um pouco a expressão. Seu cliente observou em silêncio enquanto as duas jovens sentavam-se nos bancos em frente ao balcão, meneando a cabeça em seguida, ditando algo muito próximo à “jovens”. — Então, o que faremos hoje?

— Sem ideia. A Ly deve ir caçar mais gatos.

— Eu não caço gatos. — a outra resmungou, unindo as sobrancelhas por um momento. — eles simplesmente aparecem na minha frente.

— Não entendo por que você nunca adotou nenhum até hoje. — Kensuke debruçou-se por cima do móvel, chegando mais perto dela. Deu um peteleco em sua testa, o que fez a garota jogar a cabeça para trás, mais pelo susto do que por alguma dor. — Seu próximo presente de aniversário vai ser um gato preto.

— Eu não levo jeito para cuidar de animais. — ela massageou a testa com cuidado, pressionando os lábios em um bico. — Mas aceito uma pelúcia.

— Pensei que já tivesse várias, sua fanática. — Sasha argumentou, depois apontando para as garrafas perfiladas atrás do rapaz. — Ei, me vende um copo de vinho?

— Você não tem idade pra beber.

— Eu sou uma adulta, quase! Tenho idade o suficiente para tomar saquê quando estou no Japão!

— Disse bem, quando está lá. — Ken alegou, categoricamente. — Você não vai se embebedar onde eu trabalho.

Alyson apenas riu, abaixando a cabeça para que nenhum dos dois visse.

 

Kensuke Himura.

Um rapaz de vinte anos e de personalidade amigável, à primeira vista. Uma pessoa que olhasse de novo notaria seu pequeno problema de impaciência e com alguma sorte poderia presenciar um de seus ocasionais momentos de mau humor.

Residia numa casa bem próxima do bairro onde Alyson morava, chegando à cidade alguns meses depois que Chloe havia partido. Ele dizia ser japonês, embora sua aparência fosse mais voltada para a etnia alemã. Raramente mencionava a família, e quando o fazia nunca era uma informação concreta.

Ele tinha quinze naquela época. Alyson lembra-se de seu guardião legal, ou algo próximo disso, já que menores de idade não podem teoricamente viver sozinhos. Um homem de meia idade, cabelos grisalhos e sorriso gentil. Na verdade, algo nele fazia com que a garota tivesse calafrios, mas nunca comentara isso com Ken. Não eram arrepios de medo, era mais como… uma energia muito conhecida e nostálgica.

Quando Kensuke completou seus dezoito anos, ele mudou-se, deixando a casa para seu protegido. Depois disso, Alyson nunca mais o viu. O rapaz parou de citá-lo, arranjou o emprego no dito bar restaurante e finalizou os estudos particulares que tinha em casa desde que foi morar lá.

Seria interessante para alguém de imaginação tão fértil quanto Alyson considerar um mistério a se desvendar, mas ela não estava particularmente interessada. Havia algo muito peculiar nela própria, que supria essa necessidade. Devaneios a atingiam aleatoriamente. Ela via, sentia e ouvia coisas que não deveriam estar lá. Passava por épocas de frequente interferência sobrenatural, e por extensos períodos de inatividade. Sua mãe alegara certa vez que aquilo era chamado de dom – talvez tivesse desistido de negar que tais coisas existiam, afinal a jovem sabia muito bem que ela também estava vendo – e como tal, tinha usos tanto para o bem quanto para o mal.

Era um grande alívio saber que não estava ficando louca, mas isso não amenizava os pesadelos, ou as coisas terríveis que vislumbrava de vez em quando, assim como não calava a voz que passara a habitar sua mente desde uma certa noite a um mês atrás… quando teve um vislumbre da Dama Branca, um ser de aparência humana e traços delicados, dando a impressão de que era banhado à luz.

Desde aquele incidente, essa voz paciente e delicada vibrava em seus pensamentos ocasionalmente. Naquele dia em especial, ela tecera uma mensagem de aviso. A palavra cuidado ficou martelando na cabeça de Alyson desde que acordara, até silenciar-se por completo uma hora depois. A parte irritante dessa história toda era que a moça não sabia com o que ter cuidado, e passara uma manhã agitada, sobressaltando-se por qualquer bobagem. No fim, relaxara o suficiente para esquecer do assunto, já que a sugestão intrometida não a incomodara mais.

Bom… não até aquele momento específico, quando Kensuke já havia saído do serviço e andava com ela e Sasha pelas calçadas, os três debatendo o que fariam a partir dali. Estavam quase concordando em irem ao cinema assistir algum filme em cartaz, quando as súbitas pontadas na cabeça de Alyson fizeram com que ela parasse e respirasse fundo.

— Ly… você tá bem? — questionou Sasha, olhando para ela. A garota andava a sua direita, enquanto Kensuke estava do outro lado. Esse também parou, demonstrando preocupação.

— Aly…

— Eu estou bem, é apenas uma dor de cabeça. — ela abriu um sorriso gentil, dando mais três passos antes de encolher-se novamente, com uma dor mais lancinante do que antes. — Oh… céus. — Sua visão nublou-se por um instante, a mensagem de cuidado voltando a ecoar com força total. Dessa vez, contudo, a voz parecia mais nítida do que quando falara-lhe mais cedo.

A Morte… está a sua espera.

A… morte?

Ela respondeu em pensamento. Falar consigo mesma não era uma atitude muito sã, mas considerando que a voz fosse uma entidade separada, talvez lhe desse alguma pista real do perigo que rondava a jovem. Normalmente seus avisos eram limpos e fáceis de compreender, mas por alguma razão naquele dia pareciam sofrer uma interferência. As frases estavam cortadas, como se estivessem em uma chamada e a linha telefônica ficasse caindo.

Já está fadado…

Fado. Sina. Destino. Algo que, na grande maioria das vezes, não pode ser evitado. A frase pesou tanto que a jovem reagiu vergando-se. Sentiu braços envolvendo-a e mantendo-a escorada. Ergueu o olhar para ver Kensuke. — Okay, vamos voltar. Você definitivamente não está sentindo-se bem.

Sasha avistou um banco mais a frente: — Vamos sentá-la ali. Ly, você precisa de um médico.

— Eu estou bem. — ela tentou protestar, mas seu estado de choque fazia com que soasse incerta. Foi escoltada até o banco, e a outra jovem do grupo saiu a procura de algo que ela pudesse beber… ou talvez um remédio para dor de cabeça. Visto que tinham tantas farmácias por perto, não demoraria a voltar. Alyson choramingou, apoiando os cotovelos nos joelhos e cruzando as mãos por trás da nuca. — Não é tão ruim quanto parece.

— Você é péssima mentirosa, não importa o que tente dizer. — Kensuke agachou-se em frente dela, e a garota soltou a nuca para levantar a cabeça, já que deixá-la abaixada piorava o mal-estar. Nessa posição, ambos estavam com os rostos nivelados, muito perto um do outro. — O que está tentando esconder?

Ela quebrou o contato visual lentamente, observando um ponto do chão. Em parte por causa de sua situação atual, que lhe deixava bastante confusa, em parte porque seu coração tendia a disparar toda vez que encarava-o por muito tempo, seu rosto esquentando nitidamente. — Ei, Ken… você já teve a impressão de que…

Sua frase foi partida, assim como algo muito próximo a eles. Um som estranho, como de vários pedaços de vidro quebrando ao mesmo tempo, preencheu o espaço, e a própria realidade pareceu trincar, rachaduras percorrendo o mundo.

Em seguida, um assovio cruzou o silêncio que se seguiu, e Ken abraçou Alyson para puxá-la, impedindo que uma flecha a acertasse. Do ponto onde tudo havia se estilhaçado, de uma abertura com o tamanho de uma porta que surgira um pouco acima do nível do asfalto, saiu um rapaz de aparência comum… tão comum que passaria despercebido em qualquer lugar, tão simples que não chamaria a menor atenção… se não estivesse apontando uma segunda flecha em direção ao casal. — Ora, ora… meu velho inimigo e o meu novo alvo. Que coincidência feliz! Creio que… — ele abriu um sorriso malicioso. — … é isso que chamam de “matar dois coelhos com uma paulada só”.


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Notas finais do capítulo

E então, vocês gostaram? Espero de todo coração que sim, e que entrem nessa jornada comigo.
Agradeço aos que tiraram um tiquinho do seu tempo para ler essas linhas. Até a próxima!
Kisses, kisses ♥



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