E se Fosse Verdade escrita por Gyane


Capítulo 55
The End


Notas iniciais do capítulo

Ultimo cap aeeeeeeeeee o/
Bom gente por ser o ultimo cap ele é big, então nem adianta reclamar q eu demoreiiiii
Mas vamos ao que interessa ao cap



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E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é. (Equalize)

—Max eu vou te matar. —Eu gritei enfurecida e minha única resposta foi uma gargalhada, uma enorme e assustadora gargalhada. —Eu não estou achando graça alguma. —Eu protestei apertando mais o telefone na minha mão.

—Não?—O Max disse do outro lado da linha. —Eu tinha absoluta certeza que você agiria dessa maneira. —Ele disse rindo novamente.

—Você bateu a cabeça? —Eu preferi ignorar essa parte. —Ou você andou bebendo água sanitária misturada com xixi de vaca?Porque sério onde você estava com a cabeça quando entregou aquele maldito convite para minha mãe?—Eu até podia imaginar mais preferia a resposta dele.

—Você aceitaria se eu tivesse entregado para você? —Ele respondeu com outra pergunta.

—Não. —Eu respondi rapidamente sem pensar e novamente ouvi outra gargalhada.

—Então por isso mesmo eu entreguei para sua mãe.

O QUÊ? Ele tinha planejado aquilo. Ah eu ia matar o Max de verdade.

—Você me paga Max. —Eu disse me jogando na cama e desligando o telefone.

Eu ainda não entendia porque o Max havia planejado aquilo tudo. Serio o Max não precisava disso para arrumar companhia para o baile. Quer dizer, eu achei que tinha deixado bem claro que havíamos acabado.

Eu peguei novamente o telefone e dessa vez disquei para a Nice depois de contar o meu trágico imprevisto que estava roubando parte do meu sono e fome sabe o que minha maravilhosa amiga disse.

—MENTIRA. —Ela quase estourou meus tímpanos. —Mentira, mentira.

—Eu já entendi essa parte. —Eu disse afastando um pouco o telefone.

—Precisamos arrumar um vestido rápido. —Ela disse super empolgada do outro lado da linha. Eu respirei fundo, acho que estava dormindo e aquilo era um completo pesadelo. Calma ai, a Nice nem tinha ficado revolts???Não estou entendendo mais nada mesmo.

—Acho que você não entendeu Nice. —Eu tentei novamente mais parecia inútil.

—Que cor você prefere, eu acho azul lindo. —Ela prosseguiu me ignorando. Qual era o problema de todo mundo? Será que eles eram ETs...

—Nice. —Eu gritei irritada. —Será que você não percebe que eu não quero ir.

—Porque não?—Ela disse como se aquilo fosse à coisa mais absurda do mundo. —Eu daria tudo para ir ao baile.

—É o Max. —Eu pensei em fazer alguns desenhos mais eu não tinha fax para passar para ela.

—E daí? —Eu podia até imaginar ela dando de ombros. —O Max é legal...

Tu tu tututututuu

Quem entendia a Nice, uma hora ela odiava o Max, na outra ela o amava.

Eu desistia. Desistia mesmo. Tipo o mundo estava desmoronando na minha cabeça e o que ela pensava? Na cor do vestido. Maldito chiclete na cruz que eu colei.

Bom, eu iria ter que resolver o problema sozinha. Eu descia as escadas e encontrei minha mãe na cozinha. Uma boa hora, pena que eu não estava com coragem o suficiente, mas eu precisava tentar, afinal era minha vida.

—Mãe. —Eu chamei sentando-se à mesa a sua frente.

—Fala Ana. —Ela disse sem olhar para mim. Não estava me dando importância.

Bom, eu tinha duas probabilidades para encarar, primeiro minha mãe aceitaria numa boa a verdade e não se importaria ou a segunda ela acharia que eu estava enlouquecendo e me obrigaria.

Eu apostava todas as minhas fichas na segunda opção. Eu respirei fundo e disse tudo de uma vez.

—Eu não acho que é uma boa idéia ir ao baile com o Max. —A Frase pareceu sair toda embolada e eu achei que ela não tinha entendido direito, mas então ela se virou para mim e me lançou aquele olhar tipo “você enlouqueceu”.

—E porque não?  —Acertei na mosca.

—Bom você não disse que eu tinha que ficar com o Michel... —Eu devia ter organizado minha lista de bons motivos para isso.

—Você esta com ele? —Uau o que havia acontecido com a minha adorável mãe.

—Não. –Eu admiti, um pouco contrariada.

—Então qual é o problema, o Max me pareceu um bom rapaz. Eu gostei dele. — Ela disse pensativa.

—Na verdade eu acho que ele anda se envolvendo com coisas ilegais. —Tá eu sei. Mas um pecado para a minha lista, mas eu estava desesperada e já que ninguém lá em cima se manifestava eu tinha que dar o meu jeito.

—Ana Luiza. —Minha mãe disse calmamente.

Ta legal. Cadê o escândalo? Cadê meu castigo por estar se envolvendo com pessoas perigosas? Cadê minha mãe?

—Você não deveria inventar calunia contra seus amigos. —Minha boca caiu lá no chão.

Bom ferrou.

Eu revirei meus olhos, aquilo definitivamente estava errado, ela deveria querer me esconder dentro de casa até eu completar 31 anos, não me empurrar para rua.

—Olá garotas. —Meu pai disse entrando na cozinha e colocando uma sacola de compras em cima da pia. —O que esta acontecendo aqui? —Ele perguntou olhando de mim para a minha mãe.

—Ela esta querendo que eu saia de casa. —Eu disse acusadoramente, minha mãe arregalou os olhos. Droga isso devia ter ficado apenas nos meus pensamentos.

—Eu acho que não entendi. —Meu pai disse olhando diretamente para minha mãe sugerindo claramente que queria ouvir o ponto de vista dela.

—Nem eu. —Minha mãe fez aquela cara que até meu espírito ficava com medo.

—Ela quer que eu vá ao baile com um garoto. — Eu tentei conserta as coisas mais definitivamente acham que não estava funcionando. — Pai você não acha isso um absurdo, eu deveria só sair de casa a partir do 30 anos não é?

Meu pai arregalou os olhos como se não acreditasse nas minhas palavras, e então caiu na gargalhada. Eu e minha mãe nos olhamos sem entender nada.

—Essa é minha garota. —Ele disse passando as mãos nos meus cabelos. Minha mãe lançou um olhar reprovador para ele.

—Eu só quero que você se divirta. —Ela disse.

—Mas eu ainda não tenho idade. —Eu protestei agora eu estava feliz meu pai me apoiava e o mundo ia voltar a girar normalmente.

—Nada melhor do que assistir um filme na teve em companhia do seu pai. —Meu pai disse.

—Parem os dois. —Minha mãe interrompeu o meu sonho feliz. —A Ana Luiza vai a esse baile e não se discute mais. —Minha mãe disse usando o seu tom de comandante do exercito. —Agora você vai lavar a louça. —Ela disse apontando para o meu pai. — E você coloque a mesa.

Nenhum de nós dois éramos doido de questionar a ordem da minha mãe quando ela estava atacada daquela maneira. Eu e meu pai nos olhamos e meu pai perguntou sobre os ombros.

—O que deu nela?

—Eu bem que gostaria saber. —Eu disse pegando os pratos.

Certo! Não melhor errado! Muito errado, erradississimo. Havia algo de estranho ali, eu podia sentir no cheiro de confusão. Minha mãe não deveria fazer tanta questão de que eu fosse aquele baile tinha algo de errado nisso, eu só não sabia o que era ainda...

***

Eu não tinha planos para ir à escola no outro dia, afinal era o ultimo dia de aula e um rato tinha sido encontrado no meu armário, mas esses eram os planos da minha mãe e então automaticamente se tornou os meus planos.

Eu atravessei o corredor do meu armário a passos largos eu não queria encontrar o fantasma do rato sem cabeça por ali, vai que ele queria me assombrar... Nunca se sabe né?

Eu decidi que não iria para a sala de aula, já era bastante ruim ficar lá com todos os alunos imagina quando tinha a metade da metade. Eu fui diretamente para o refeitório, eu sabia que a Nice estaria ali, e quando eu cheguei à porta, eu tive certeza que eu estava certa, o que eu não sabia é que ela estava conversando com o Max.

Tipo assim quantas vezes por ano isso aconteceu? Nenhuma.

Eu sei assustador.

Eu caminhei lentamente em direção deles, tentando me aproximar sem ser vista. Quer dizer eu queria escutar o que eles estavam conversando. Ah meu Deus será que eu estava ficando paranóica?

—Eu fiz a minha parte. —O Max disse dando de ombro.

—Calma Max vai dar tudo certo...

Droga a Nice ia dizer algo mais quando eu tropecei em uma maldita cadeira fazendo um barulho daqueles. Eu nem sabia que cadeiras andavam?

—Iza. —A Nice e o Max disseram juntos surpresos.

Rá. Aquilo era uma prova que eles estavam se unindo para me destruir.

—Do que vocês estão falando?—Eu perguntei acusadoramente.

—O Max disse que te convidou para ir ao baile. —A Nice disse dando de ombros.

Bom pelo menos ela pensou rápido. Isso não era muito da Nice.

—Iza fico feliz que decidiu ir ao baile comigo. —O Max disse sorrindo abertamente eu revirei os olhos.

—Eu não decidi. —Eu disse a verdade, e ele sabia.

O Max olhou para o chão. Droga eu não queria magoá-lo.

—Será que é tão ruim ficar comigo assim? —Ele perguntou sem me fitar.

—Não Max. —Droga, droga e droga. O que eu faria agora. —eu gosto de você Max.

—Então qual é o problema? —Ele perguntou esperanço.

Eu respirei fundo. Aquilo estava na hora de acabar, será que ninguém percebia isso.

—Você sabe que não vamos dar certo. —Um aperto atingiu meu peito ao dizer isso. —A gente já tentou...

—Não Iza. —Ele me interrompeu, seus olhos buscando o meu. —Me de uma chance, uma ultima chance. —Ele implorou com aqueles olhos tristes.

—Max... —Metade de mim, queria dizer que não, mais outra metade simplesmente se negava a fazer isso.

—Esse baile, é tudo que eu te peço. —Ele pediu e eu não consegui negar. —Deixa eu provar que mudei.

—Tudo bem. —Eu era incapaz de negar.

O Max abriu um enorme sorriso e me puxou de encontro ao seu corpo.

—Max... —Eu ia advertir ele mais ele me ignorou.

—Obrigado. —Ele disse colando um beijo longo e demorando na minha bochecha então saiu em seguida.

Eu suspirei um pouco confusa e me virei para acompanhar ele desaparecer do refeitório, mas meus olhos captaram outro olhar.

O Michel nos observava de longe, nossos olhos se encontraram por um pequeno instante então ele, ele parecia desapontado e isso me irritou, então uma garota baixinha o puxou pela cintura para longe dali.

Eu sabia como ele se sentia como sabia.

—Uau. —A Nice disse me trazendo de volta para ali. —O que foi isso?

—Eu não sei. —Eu admiti desabando na cadeira; Aquilo era desorientador.

Eu deveria saber o que fazer ou que agir, mas a verdade é que eu passei boa parte do tempo tentando evitar pensar tudo aquilo, mas tinha hora que não tinha como evitar.

—E o Michel? —A Nice fez a pergunta que eu tanto queria evitar.

Eu olhei para o lugar onde ele estivera. Eu nunca duvidei sobre o que sentia por ele, mas mesmo gostando dele eu sabia que aquele era o final da linha para nós. E como doía perceber que aquela era a hora de acabar.

—Acho que acabou. —As palavras escaparam dos meus lábios, elas pareceram ecoar por minha mente.

—Acabou? —A Nice perguntou surpresa. —Como assim?

—Eu não sei. —Eu disse dando de ombros. —Tinha que acabar. — Eu voltei para fita-la.

Aquele era um assunto que eu estava tentando evitar. Na verdade eu estava tentando esquecer.

—Eu não quero falar sobre isso. —Eu admiti, quem sabe ignorando a dor seria bem menor, e eu poderia passar por tudo aquilo sem chorar.

—Você já pensou no vestido? —A Nice perguntou fazendo exatamente o que eu havia pedido, pelo menos nisso ela era boa.

***

Eu não estava ansiosa pelo sábado, mas ele chegou.  E eu passei um bom tempo do meu sábado trancada no meu quarto agüentando a minha mãe e a Nice juntas dentro de um cômodo fechado. Eu era muito mais forte do que havia acreditado, na verdade eu era imensamente mais forte.

—Perfeito. —A Nice disse dando um passo para trás para me olhar.

—Olha só a minha menininha com esta linda. —Minha mãe a acompanhou.

Eu revirei os olhos aquilo era demais, até mesmo para mim.

—Ok. —Eu disse passando entre as duas e parando diante do espelho, aquilo esta destruindo o que sobrou do meu pouco humor.

Humm. Eu me olhei cuidadosamente diante do espelho, e de verdade eu não podia ser egoísta, apesar de ser uma tortura passar algum tempo com a Nice e minha mãe junta, elas haviam feito um belo trabalho, eu até sentiria orgulho das duas se eu não fosse a modelo.

Tá bom, eu estava começando a me achar ali. Tipo pousando para foto de capa de revista, ah tá.

—Essa vai ser uma festa e tanto. — A Nice disse realmente maravilha e isso me assustava.

—A melhor festa. —Minha mãe concordou abrindo a porta do meu quarto.

O que será que tinha naquele suco do lanche da tarde?

Eu desci as escadas lentamente, não fazendo charme igual ao filmes, mas sim porque eu estava com medo de tropeçar nos meus próprios pés. E espatifar no chão, me conhecendo eu sabia que isso era bem provável.

O Max já me esperava sentado no sofá ao lado do meu pai, se eu não estivesse tão ocupada em não amassar meu vestido eu tinha caído na gargalhada da cara de pânico do Max.

—Você esta linda. —Ele disse se levantando e parando no pé da escada para me esperar.

Tudo bem. É só o Max eu disse para mim mesma quando a minhas bochechas começaram a corar.

Meu pai balançou a cabeça e também se levantou.

—Olha como a minha menininha esta linda. —Ele disse sorrindo para mim.

Ah qual é? Será que meus pais combinaram de me humilhar com aquela frase.

—Podemos ir. —Eu resmunguei com medo que mais uma sessão de elogios começasse.

—Claro. —O Max concordou parecendo aliviado.

—Se cuida. —Minha mãe disse abrindo a porta.

—E não se esqueça do que combinamos. —Meu pai disse para o Max que apenas concordou com um aceno de cabeça.

—O que o meu pai te disse? —Eu perguntei quando chegamos ao carro.

—Não. Melhor eu nem saber. —Eu disse interrompendo o Max que tinha acabado de abrir a boca, seja o que for o Max tinha merecido.

Fizemos o caminho até a escola, o baile seria no ginásio da escola, em silencio o que foi esquisito já que o Max não era de ficar quieto.

—Iza. —O Max só quebrou o silencio quando parou o carro no estacionamento. Eu me virei para ele sorrindo.

—Eu... —Ele parecia bastante constrangido e decididamente aquilo não era normal. —Eu quero que você saiba que eu só estou fazendo o que acho melhor, você não pode entender agora mais tenho certeza que em algum momento você vai me agradecer por isso... Bom pelo menos eu espero estar consertando as coisas.

Eu ergui a sobrancelha e o fitei confusa, era impressão minha ou todo mundo estava enlouquecendo?

Antes que eu pudesse perguntar alguma coisa o Max saiu do carro. Eu o imitei.

Eu não vi muita coisa de diferente naquela festa. Quer dizer a decoração parecia sempre à mesma do ano passado, o que mudava eram as pessoas que pareciam exatamente felizes.

Quando chegamos à porta de entrada Max pegou meu braço, eu respirei fundo e sorri para ele.

Algumas pessoas próximas à porta se viraram a nossa direção, muitos rostos familiares, o que me deixava meio desconcertada, eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim.

—Vamos dançar? —O Max disse me puxando em direção a pista de dança.

O quê? Um disparo de alerta soou na minha mente, eu não havia combinado nada de dançar.

—Eu acho que é melhor não Max. —Eu tentei alertar ele sobre o meu pé esquerdo mais ele preferiu me ignorar.

—Ah não pode ser tão ruim assim. —Ele disse já passando a mão na minha cintura.

Eu pisei no pé dele de propósito.

—Eu acho que retiro o que disse. —Ele disse rindo mais não me soltando.

Apesar da minha aversão a dança, eu poderia dizer que me sai melhor do que imaginava, eu não sabia se era pelo fato do Max ser ótimo conduzir uma dança, ou porque meus olhos estavam grudados ao chão, mas o fato era que o Max tinha saído da pista de dança com os pés inteiros.

—Eu estou tonta. —Eu disse rindo quando a musica finalmente acabou. —E a culpa é sua.

—Minha. —O Max fingiu estar indignado.

—Você ficou me rondando mais do que o necessário. —eu o acusei prontamente.

—Eu só queria deixar mais emocionante. —O Max parecia feliz e isso me deixou feliz também. —Bom vou pegar algo para nós beber, mesa nove. —O Max anunciou saindo em seguida.

Eu olhei em volta, aparentemente tudo estava totalmente normal, quer dizer tirando o fato de eu estar ali, as pessoas se divertiam e eu pensei que de tudo não era tão ruim assim.

Um estranho frio agitou minha barriga, porque eu tinha a plena consciência que o Michel estaria por ali, em algum lugar, quem sabe me observando. Eu tentei afastar esse pensamento da minha cabeça e procurei localizar a minha mesa.

Nove. Certo, eu respirei fundo e caminhei perto das mesas olhando atentamente o arranjo central que marcava a numeração de cada mesa. Quando eu finalmente encontrei a mesa que procurava, eu desejei não ter feito aquilo.

Quer dizer qual era probabilidade de eu estar sentada na mesma mesa que o Michel? Todas.

Exatamente o Michel estava sentado na mesa nove, seus olhos encontram os meus no exato momento em que eu o vi. Ele não parecia surpreso e isso me surpreendeu. Meu coração acelerou. Eu lutei para recuperar meu fôlego. Droga eu sabia que isso ia acontecer, porque eu não estava preparada.

—Se divertindo? —Eu forcei minhas palavras a saírem, quebrando desesperadamente o silencio.    

—Não tanto quando você. —Ele disse friamente, eu devia estar preparada para sua frieza, mas novamente eu não estava.

Eu desviei meu olhar para a parede de concretos na minha frente, a raiva começou a borbulhar dentro de mim, porque eu sabia exatamente o que ele queria dizer com aquelas palavras apesar de não ser claro.

—Eu não sabia que você gostava de baile.

Outra indireta, ele parecia mais furioso essa noite do que outra qualquer. Bom eu acho que tínhamos terminado.

—Eu não gosto. —Eu admiti.

—Entendo. —Ele disse balançando a cabeça. As linhas duras do seu rosto se suavizaram em um sorriso. — Eu também posso pensar em pelo menos uma coisa que eu preferiria estar fazendo.

Isso tinha sido algum tipo de insinuação? Por que se não fosse meu coração estava acelerado a toa.

—E então cadê a sua acompanhante? —Eu perguntei ao notar que ele estava sentado sozinho na mesa, mas na verdade eu sabia que eu estava desesperada para mudar de assunto.

—Ciúmes? —Ele perguntou e um sorriso travesso brotou em seus lábios.

Eu revirei os olhos, realmente ele não deixava de ser um convencido.  Mas eu não tive tempo de dizer isso para ele, uma menina com um belo vestido lilás o abraçou por trás e sussurrou algo em seu ouvido que o fez esboçar um pequeno sorriso.

Então como se ele percebesse que eu estava ali, ele olhou diretamente para mim, seus olhos não esboçavam nenhuma emoção.

—A Thifany parece bastante irritada Michel. —Dessa fez a garota falou alto o suficiente para que eu pudesse ouvir, e eu podia jurar que era de propósito.

Claro. Ele não poderia estar ali se a Thifany também não estivesse, eu senti um estranho vazio e me ridicularizei por isso, não havia mais nada que me ligasse ao Michel.

—Eu não vou até lá. — O Michel disse olhando sobre os ombros, mesmo sem querer eu acompanhei seu olhar.

A Thifany estava parada a poucos passos da entrada de serviço, ela não usava nenhum vestido deslumbrante como eu esperava, ela nem parecia ser uma acompanhante, ela usava uma calça preta social e uma blusa branca, seus olhos estava colados no Michel.

Michel ergueu a sobrancelhas e seus olhos pareceram tão surpresos quando o meu. Eu não sei se deveria sentir aliviada com isso.

—Porque ela não vem aqui? —Ele perguntou para a garota que continuava com os braços em volta do seu pescoço, isso não parecia incomodá-lo.

—Eu não sei. —A garota disse dando de ombros. —Ela parece estar muito nervosa, eu até arriscaria dizer que ela estava chorando.

O Michel olhou para mim por um instante, como se esperasse por uma reação minha, mas eu apenas abaixei minha cabeça.

—Eu estou ocupado. —Eu ouvi a voz do Michel em resposta mas mesmo assim não me atrevi olhá-lo, eu sabia que ele estava olhando diretamente para mim.

Será que eu tinha ouvido direito ou aquilo era só o que minha imaginação queria ouvir?

—Eu sei mais me pareceu sério. —A garota insistiu e eu senti raiva dela por causa disso. —Você sabe que a Thifany reage a tudo exageradamente eu se fosse você ia lá—Ela disse.

—Tudo bem. —O Michel disse por fim.  Se levantando.

—A gente se vê depois para a minha dança. —Ela disse piscando para ele e se afastando, rá até parecia que eu era invisível.

Eu olhei para o Michel que agora estava de pé olhando de mim para a Thifany. Claro ele não podia abandonar.

—Eu sinto muito. —Ele murmurou tão baixo que eu duvidei o que realmente tinha escutado.

—Não sinta. —Eu rebati extravasando minha raiva seria sempre assim, eu já devia estar acostumada. Eu fixei meus olhos na mesa enquanto escutava os passos do Michel se afastar.

Eu não olhei em sua direção, eu não era capaz disso, não devê-lo afastando para os braços da Thifany, eu tentei me concentrar na pista de dança nas pessoas a minha volta mais meus olhos de repente me traíram indo em direção ao Michel e a Thifany.  Capturaram algo que eu preferia não ter visto, não naquela noite pelo menos, o Michel puxou a Thifany de encontro a seu corpo suas mãos deslizaram carinhosamente por seus cabelos em um abraço

Eu enfiei minhas unhas nas palmas das minhas mãos, lutando para me focar na dor ali, e não no sentimento de dor, eu desviei meu olhar para o arranjo de cima da mesa.

—Senhorita Ana Luiza. —Eu levantei minha cabeça ainda um pouco desorientada. —Quem bom encontrá-la aqui.

Eu pisquei varias vezes para ter certeza que não estava sonhando, quer dizer por que o Diretor acharia tão agradável me encontrar?

Ao menos se eu tivesse feito algo de errado, mas eu havia me comportado direitinho no meu ultimo dia, não havia?

—Diretor. —Provavelmente não era essa resposta que ele esperava ouvir.

—Venha. —Ele disse já se afastando da mesa.

—Ah qual é? —Eu protestei, como assim? As aulas já haviam acabado ele não podia fazer nada comigo. —Eu não fiz nada de errado.

—Eu sei disse. —Ele assentiu com a cabeça. —Mas queremos reparar uma injustiça.

Ah bom, agora estava cada vez mais confuso.

—Venha. —Ele disse andando e eu me vi obrigada a segui-lo.

Cara isso estava ficando sinistro.

Paramos de frente ao Michel e a Thifany, isso não foi bom, não mesmo. A Thifany olhou para nós desesperada, enquanto o Michel ergueu a sobrancelha como se pedisse uma resposta para mim. Como se eu soubesse.

—Diretor o senhor não pode... —A Thifany começou, mas foi interrompida.

—A senhorita deveria pensar nisso antes. —Ele disse friamente.

—Isso é humilhante, vai contra os princípios humanos...

—Colocar um rato no armário de outra aluna, e pichar seu armário também foi um ato humilhante. —O Diretor disse severamente.

—Eu vou processar essa escola. —Meus olhos corriam do Diretor para a Thifany. Cara será que aquilo estava acontecendo mesmo ou eu estava sonhando muito ultimamente?

—Fico feliz que vai fazer isso. —O diretor disse dando de ombros. —Ah e aproveite por processar seus pais também afinal eles estão de pleno acordo.

Uau. Acho que por isso a Thifany não esperava, sua boca se abriu mais não saiu nenhuma palavras, suas unhas cravaram nos braços do Michel que entendia tanto quando eu.

—Ana Luiza. Descobrimos que a responsável por pichar seu armário e colocar o rato morto foi a sua colega Thifany Will, e como punição hoje ela estará aqui para servir você e os outros colegas da escola já que ela acha a profissão de garçonete tão humilhante assim.  —O diretor disse como se tivesse tanto uma sentença a um réu.

Rá demoraram tanto para descobrir algo tão obvio assim. Mas eu não me incomodei eu esperaria o tempo que fosse para ver a Thifany de garçonete. E eu teria beijado ele, se o Michel não tivesse interrompido o meu momento de felicidade.

—Você fez o que? —Ele perguntou diretamente para Thifany a empurrando para longe de seu corpo.

—Michel... —A Thifany disse olhando desesperada para ele. —Eu... Eu não sabia o que estava fazendo...

—Você jurou que não tinha feito aquilo.

—Ele cobrou dela, isso que da acreditar em loira.

—Eu sei. Mas escuta... Eu fiz sem pensar e quando vi era tarde demais...

—Eu não quero escutar você. —O Michel disse mantendo as mãos dela longe de seu corpo.

—Mas você precisa... —Ela o segurou firmemente.

—Temos tempo para explicações depois. —O Diretor interrompeu. —Agora vamos buscar o seu uniforme, porque a noite vai ser longa.

A Thifany buscou o olhar do Michel mais ele abaixou a cabeça. Então o seu olhar raivoso caiu em cima de mim.

—A culpa disso tudo é sua. —Ela disse apontando o dedo para mim. —E não pense que vai ficar assim. —Ela ameaçou.

—Vamos logo. —O diretor gritou fazendo a Thifany começar a andar.

Eu soltei a minha respiração. Rá a Thifany tinha se dado mal, eu nem conseguia acreditar. Eu tinha ganhado meu presente de natal antecipado.

—Luiza. —O Michel me chamou me trazendo de volta para a realidade. —Pode atirar em mim por ter sido tão idiota. —Ele pediu, eu prendi minha respiração tudo estava acontecendo rápido demais e eu era meio lesada para acompanhar as coisas.

—Desculpes sem armas. —Eu disse sorrindo, feliz pelo que tinha acontecido a Thifany, mas de repente a realidade começou a penetrar na minha mente. Ele havia preferido acreditar nas palavras da Thifany no que nas minhas, ele havia escolhido ela a mim, acho que era muito tarde para se arrepender.

—Isso é tudo que a impede. —Ele sorria, mas o sorriso não atingiu seus olhos.

—Não. Temos muitas testemunhas ainda. —Eu estava estranhamente desconfortável com aquelas palavras.

—Mas você faria se pudesse? —Ele perguntou seus olhos penetrantes nos meus como se aquela conversa fizesse algum sentido.

—Eu não te odeio Michel, não ainda.

Nós dois parecemos sentir que nada de bom viria desta conversa, especialmente aqui.

—Desculpa. —Ele pediu novamente.

Eu não respondi. Eu não tinha resposta para aquilo ainda. Eu queria socá-lo por não ter acreditado em mim mais ao mesmo tempo nada daquilo parecia me importa apenas eu e ele.

—Você esta tentadoramente bonita. — Seus olhos deslizaram por todo o meu corpo parando no meu quadril por mais tempo do que o necessário.

Eu senti minha face esquentarem e desejei não sentir assim perto dele, mas parecia inevitável.

—E você fica ainda mais linda quando fica vermelha. —Ele completou sorrindo. Não abruptamente, mas com certo desejo. Seu sorriso era sedutor... Mas suave. Alguma coisa atrás do meu umbigo dançou e então, se enrolou mais para baixo

Eu tentei pensar em algo para dizer, mas eu estava perdida entre o olhar do Michel e minhas próprias reações.

—Vamos embora.

Eu levaria menos de uma batida para responde-lo, antes que minha boca se movimentasse a favor dessa vontade desenfreada eu decidi que dessa vez seria diferente, a gente não se concerta um erro apenas com um pedido de desculpa e o Michel tinha que aprender isso.

—Vamos esquecer os outros e pensar em nós. —Era um pedido razoável, mas e depois quando aquela noite acabasse como seria? Ele ainda estaria dividido entre mim e a Thifany?

Eu nunca teria certeza, eu nunca saberia até que ponto ele seria só meu sem receios, e eu ainda não havia digerido o fato dele ter acreditado na Thifany e não em mim.

—Eu vou procurar o Max. —Eu disse olhando novamente a nossa volta querendo evitar encará-lo ainda estava muito cedo para assimilar o que havia acontecido, eu precisava de um tempo, para digerir tudo, e ali perto dele definitivamente não era o melhor caminho. —Ele deve estar me procurando.

Ele segurou meu cotovelo. — Eu estou pedindo desculpa e tudo que você vai fazer é correr para o Max.

—Max não quebrou meu coração.

Um par de batidas de silencio caiu entre nós, Nesse momento o Max apareceu segurando dois copos de bebidas nas mãos.

—Eu atrapalho?

—Não. —Eu respondi no mesmo tempo que o Michel dizia. —Sim.

Um pesado silêncio se instalou ali, eu desejei não estar ali, mas ultimamente meus desejos não se realizavam.

—Droga Michel. —O Max resmungou batendo um dos copos na mesa ao nosso lado chamando a atenção de algumas pessoas a nossa volta. Eu e o Michel olhamos para ele confusos. —Isso esta indo longe demais.

O rosto do Michel ficou pesado uma expressão sombria passou por ele, então ele se movimentou na direção do Max, eu acreditei que os dois iriam sair no soco. Mas o Michel apenas se virou e começou a caminhar para longe.

—Não é o que parece Michel. — O Max tentou uma vez mais.

—Então o que parece? —O Michel perguntou se virando novamente para nós.

O Max olhou discretamente para mim o Michel acompanhou o seu olhar.

—Na verdade não importa. —O Michel disse dando de ombros. —Você era o meu amigo. Não. —Ele silabou lentamente cada palavra. —Você era o meu melhor amigo. —Então balançou a cabeça andando em direção a multidão.

—Droga. —O Max socou a mesa com violência e eu estremeci. —desculpa. —Ele pediu em seguida.

Eu assenti com a cabeça sem palavras.

—Outra dança? —Ele sugeriu depois de um tempo em silencio tentando controlar sua raiva.

—Me parece uma boa idéia. —Eu disse aliviada por poder fazer alguma coisa com o meu corpo que requeira a minha atenção. Mesmo sendo uma dança.

—Você esta bem? —Ele perguntou olhando preocupadamente para mim. —Você esta pálida.

—Eu estou bem. —Eu tentei sorrir mais falhei miseravelmente.

Eu tinha que dizer que a Thifany tinha tido uma entrada triunfal no salão de festa. Na verdade ela foi o comentário geral da festa, as pessoas estavam chocadas em ver uma popular metida à besta como ela segurando uma bandeja, mas eu podia jurar que metade do salão achava pouco o que ela estava passando especialmente eu.

Ela mal erguia sua cabeça para passar entre as pessoas, e toda vez que fazia isso seu rosto estava vermelho.

—Acho que ela não vai esquecer essa noite. —O Max sussurrou no meu ouvido.

—Eu posso apostar que não. —Eu confidenciei rindo.

Quando a musica terminou, a Thifany estava parada na borda da pista de dança olhando diretamente para mim e para o Max, seu olhar era de puro ódio e eu estremeci com ele.

O Max passou a mão pela minha cintura e me conduziu para fora da pista passando do lado da Thifany.

—Vão querer alguma coisa para beber? —Eu podia sentir a maldade na sua voz.

Mesmo assim eu paralisei ao seu lado o Max também parou de andar e fitou a Thifany.

—Obrigado Thifany mais a gente passa. —Ele disse educadamente.

—Mas eu tenho algo extremamente especial para você Iza. —Ela disse segurando um copo e jogado o conteúdo dentro dele em cima de mim.

Eu devia pressentir que era exatamente isso que ela pretendia, mas eu era lesada demais para perceber, felizmente o Max não era tão devagar quando eu, então ele me puxou rapidamente para sua direção.

A maioria do liquido caiu no chão apenas alguns respingos me atingiram e outras duas garotas que estava pertos, elas olharam com raiva para a Thifany, eu agradeci o Max intimamente por isso. Mas minha raiva tomada conta de mim antes que eu pudesse agradecê-lo em voz alta.

Algumas pessoas olhavam para nos curiosas. Eu estava agindo por impulso e raiva quando me aproximei lentamente da Thifany e peguei o ultimo copo da sua bandeja.

—Eu vou te ensinar a ser uma boa garçonete. —Eu virei o copo lentamente ensina daquele cabelo oxigenado, ela abriu a boca em total e deixou a bandeja cair no chão. —Garçonete incompetente. —Eu disse lentamente pegando a mão dela e colocando o copo em cima.

Antes que a Thifany pudesse ter qualquer reação eu me virei e comecei a caminhar entre as pessoas que dava espaço para que eu pudesse passar.

—É isso ai. —uma das garotas que tinha sido molhada gritou batendo palmas, as outras pessoas acompanharam. E eu sai da pista de dança aclamada.

Eu tinha chegado a minha gloria, eu tinha devolvido a humilhação que a Thifany havia me feito passar, três vezes melhor do que eu havia sonhando.

—Arrasou. —O Max disse me seguindo.

—Obrigado. —Eu agradeci ainda sem acreditar. —Mas agora eu preciso me recuperar. —Eu disse saindo para o banheiro.

Eu me escorei na pia e fitei a água correndo da torneira, realmente aquela noite havia prometido, mas definitivamente eu não iria me arrepender quando o Diretor visse atrás de mim.

—Eu estou orgulhosa de você. —Eu ouvi uma voz soar atrás de mim e ergui minha cabeça fitando o reflexo no espelho a minha frente. —Emi.

Emilia estava parada bem atrás de mim usando um vestido rosa com rendas que parecia dignos de uma princesa.

—Eu não sabia que você estava aqui. —Eu disse me virando para ela, realmente feliz.

—Eu percebi. —Ela disse ainda sorrindo.

—Você veio com quem? —Pergunta idiota.

—Com o Michel. —Ela respondeu como se fosse obvio e deveria ser.

—Com o Michel. —Eu repeti sentindo um peso no meu coração.

—Não fica assim. —Ela disse calmamente. —Você fez o que deveria ter feito. —Ela disse como se soubesse de tudo e eu não duvidava que ela soubesse. —Ele precisa aprender que nem sempre desculpas resolvem tudo, você deu uma boa lição nele. Ele precisa sentir que pode te perder para sempre para entender que é apaixonado por você...

—Eu acho...

—Não.—Ela negou rapidamente. —Acho que dessa vez ele percebeu de verdade que não vale apena arriscar ficar sem você, ele experimentou que mesmo arrependido era tarde demais.  —Fez silêncio por um instante onde eu tentava compreender suas palavras. — E eu estou orgulhosa por você ter feito isso com ele.

Minha cabeça pulava de duvidas e antes que eu pudesse desabafá-la Emilia me entregou um pequeno pedaço de papel na minha mão.

—Como falo demais. —Ela repreendeu a si mesmo. —Mandaram te entregar isso.

—Quem foi? —Eu perguntei ante mesmo de abri-lo.

—É só abrir. —Ela disse piscando para mim e saindo em seguida sem me dar a chance de fazer outras perguntas. Meu coração deu um leve salto ao imaginar que poderia ter sido o Michel, eu não me permiti ficar muito tempo nessa expectativa que provavelmente me iludiria e abri rapidamente.

Tenho uma surpresa para você.

Encontre-me na minha sala de aula.

Max.”

Minhas esperanças desaparecem assim como a minha incredulidade crescia. O que o Max podia estar aprontando? Eu desejei não ser tão curiosa.

Mas era claro que eu já estava andando em direção a sala que o Max estudara. A curiosidade era a minha maior inimiga. E bom o seja o que fosse o que o Max estivesse aprontando com toda certeza não era algo ruim, o Max nunca seria capaz disso, eu só tinha medo de não poder corresponder a esse sentimento.

A porta estava entreaberta, a escuridão era parcial, era como se tivesse velas acessas do lado de dentro, eu podia ver algumas pétalas de rosas espalhadas pelos chão como também um toalha algumas garrafas comidas como se fosse um piquenique. Era um piquenique romântico no meio de uma festa... O Max realmente era muito criativo e eu sorri com isso, mas meu sorriso desapareceu quanto eu ouvir algumas vozes do lado de dentro.

—Eu sinto muito... Muito mesmo... Eu não queria fazer isso... Mas eu estava com medo de te perder.

—Você não ia me perder. —Eu estremeci ao perceber que era a voz do Michel e da Thifany, o que o Max estava planejando com isso?

Eu escorreguei sorrateiramente para o lado de dentro, meus olhos se adaptando a semi-escuridão.

O Michel estava sentado em uma das carteiras e a Thifany parado a sua frente, lágrimas escorriam por seus olhos. Ela havia arrumado aquilo?Eles estavam tento uma celebração só deles.  Mas porque o Max me mandaria ali? Ou a Emilia?

—Eu te amo muito. —Ela confessou e meu estomago se sentiu nauseado, eu queria sair correndo dali, eu não precisava ver aquilo e nem queria entender porque o Max havia feito isso comigo, mas eu me vi pressa esperando a resposta do Michel.

—Thifany... —Ele começou e eu prendi a minha respiração.

—Não Michel. —A Thifany interrompeu. —Você sabe que a gente é perfeito. —Se eu pudesse ver seu rosto eu arriscaria dizer que ela estava chorando. —A gente gosta das mesmas coisas, temos os mesmos amigos. —Ela se deslizou para perto dele. —E a gente se da super bem na cama... —Sua voz tinha um tom sensual, o que fez meu estomago dar cambalhotas enojadas.

—Você tem razão. —O Michel concordou seus olhos brilhando com as lembranças, eu senti que o ar não podia entrar dentro dos meus pulmões.

—A gente se ama. —A Thifany não estava perguntando ela estava afirmando.

Então o Michel a puxou de encontro ao seu corpo e seus lábios procurando o dela, em um beijo.

Eu senti minhas pernas esmorecerem, eu tentei sair dali silenciosamente mais as lagrimas embaçavam minha visão eu trombei em algo que caiu no chão e se espatifou em mil pedaços, mas eu não parei para ver o que era, eu só queria sair dali.

—Luiza?!—Eu ouvi a voz do Michel pronunciar meu nome, sem saber se ele estava surpreso ou irritado. Mas naquele momento nada me importou nada mesmo.

As minhas vergonhosas lágrimas escaparam pelo meu rosto, enquanto eu andava pelo corredor deserto da escola decidindo um lugar aonde eu pudesse me esconder até recuperar meu alto controle.

Eu repetia para mim mesma que não havia motivo algum para estar a sim, mas a parte insensata do meu coração parecia não ouvir.

—Iza. —Eu trombei em alguém que pareceu surpreso me encontrar vagando pelo corredor, eu ergui minha cabeça e encarei o Max furiosa.

Porque ele tinha feito isso?

—O que aconteceu com você? —Emilia perguntou surpresa, eu mão havia percebido sua presença.

—Você não podia ter feito isso comigo Max. —Eu disse acusadoramente.

—O quê? O que aconteceu? —Ele parecia verdadeiramente surpreso.

—Eu não sei qual foram seus motivos para fazer isso mais eu não te perdôo. —Eu disse furiosa, me virando e correndo para fora do campo de visão dele, eu não queria que ele visse o quando eu me importava.

Eu não queria que ninguém soubesse o quando eu era idiota. Eu caminhei pelos corredores sem rumo, o ginásio aonde sempre fora o meu refugio estava lotado de pessoas, então eu decidi que a área da piscina seria um bom lugar para se esconder.

Eu levei algum tempo para pular a pequena grade que cercava a piscina, por causa do vestido, mas quando entrei eu me senti mais segura, tudo ali estava vazio, só podia se ouvir as musica e as vozes ao longe, mas elas estavam distantes o suficiente para saber que ninguém chegaria até mim.

Quem sabe o Max tivesse razão. Eu precisava que alguém esfregasse o Michel e a Thifany juntos na minha cara, para parar de pensar nele. Mas aquilo foi totalmente humilhante e desnecessário. E também como o Michel podia pedir desculpas e menos de meia hora estar com a Thifany novamente... eu não conseguia acreditar nisso, era nojento.

Ah droga. Eu estava agindo como uma idiota. Uma verdadeira idiota. Qual era o problema comigo? Claro além de gostar do Michel.

Ele era apenas um garoto eu não precisava agir como se fosse o fim do mundo. Só que ele era o garoto que eu estava apaixonada, porque ele tinha que agir como se gostasse de mim para no instante seguinte estar nos braços da Thifany. Porque ele fazia isso comigo?

Era estúpido e insano, mas nada me importava. Eu olhei a água parada ali sem vida e tentei repassar a minha noite, e que merda de noite.

—Eu sabia que você iria se esconder assustada.

Eu me virei em choque, em total descrença como ela sabia que eu estava ali, e melhor ainda o que ela estava fazendo ali? Totalmente pega de surpresa eu podia sentir que minha sorte havia me abandonado.

—Esta satisfeita. —A Thifany gritou furiosamente para mim, seu olhar de teorizando cada parte do meu corpo eu desejei não estar ali, mas também havia a parte que mandava tudo se explodir a parte não lógica. —Você acabou comigo. —A Thifany gritava igual uma desvairada.

—Você me humilhou na frente da escola inteira, fazendo com que eu vestisse esse uniforme nojento de garçonete, depois conquistou a minha popularidade, mas se pensa que vai ficar com o Michel você esta muito enganada.—A raiva brilhava em cada palavras que ela dizia, enquanto ela se aproximava lentamente. —Você esta roubando absolutamente tudo que é meu.

Eu levei um tremendo choque quando essas palavras me atingiram, não pelo ódio que continha nela, mas por que mesmo que inconsciente a Thifany tinha razão.

—Só que isso não vai ficar assim. —Ela disse ficando a apenas meio passo de mim.

Eu sabia que a metade do meu cérebro responsável pela auto preservação estava gritando, Corra por sua vida! Infelizmente, o sangue subiu até minhas orelhas e eu não estava ouvindo direito. Obviamente, eu também não estava pensando direito.

—Eu vou a te ensinar a não mexer comigo. —Gritando isso a Thifany me empurrou com violência eu dei um passo para trás e me desequilibrei na borda da piscina caindo diretamente na água fria que me envolveu congelando os meus ossos.  Eu imergi na superfície ainda tossindo por ter engolido água e olhei para Thifany surpresa.

A raiva já estava borbulhando dentro de mim, só que eu não tive tempo de reação na verdade eu duvidava muito que conseguisse reagir porque no instante seguinte a Thifany também estava dentro da água.

—Você é louca. —Eu gritei completamente atômica, mas novamente eu não tive resposta a Thifany parecia ter planejado perfeitamente bem tudo ou quem sabe ela estava sendo movida pela raiva.

Ela voou para cima de mim antes mesmo que eu pudesse ter qualquer reação, ela grudou suas mãos sobre minha cabeça e impulsionou seu corpo contra mim me fazendo afundar, s, água entrou pela minha garganta, me engasgando e queimando eu me debati desvairadamente a procura de ar.

—EU VOU ACABAR COM VOCÊ. — A Thifany gritou quando finalmente eu consegui subir a superfície, eu busquei por ar desesperadamente minha visão estava turva água gelada estava deixando meus braços e pernas dormentes. E antes que eu pudesse me recuperar eu senti novamente uma pressão forte sobre minha cabeça me levando diretamente para o fundo. Eu lutei pra manter o meu ar pra dentro, pra manter os meus lábios selados na minha última reserva de oxigênio. Mas eu sabia que não duraria muito tempo então eu me debatida desesperadamente e de maneira descoordenada para subir novamente a superfície. Algo me atingiu fortemente nas costa fazendo todo o ar escapar dos meus pulmões escapando com uma grossa nuvem de bolhas prateadas e ser trocada novamente por um correte de água.

—VOCÊ É LOUCA. —Eu escutei um grito abafado e eu acreditei que fosse do Michel, mas eu não tinha certeza, a única coisa que eu sabia era que eu estava me afastando da minha consciência, que meus braços e pernas estavam dormentes.

De repente a água sofreu um forte agito formando ondas e a pressão sobre a minha cabeça sumiu eu me forcei a tentar novamente subir para a superfície, mas antes que eu pudesse fazer isso algo me puxou. Eu busquei por ar desesperadamente, Eu cuspi um imenso volume água, haviam correntes de água brotando da minha boca e do meu nariz. Os conteúdos na minha cabeça se reviraram e rolaram de forma doentia, como se tivessem se misturado com a água... Mas eu podia sentir o ar entrando e saindo de dentro do meu pulmão.

Os pontos pretos da minha vista começaram a se delinear, eu ainda estava na água e os braços fortes do Michel me seguravam presa na borda.

—Você está bem? Você consegue me ouvir? Você está machucada em algum lugar?—Ele perguntou exageradamente preocupado e eu senti um tremendo alivio com isso

—S-só a m-minha garganta. — eu gaguejei meus lábios tremendo com o frio. Eu não mencionaria que não conseguia sentir parte do meu corpo

—Vou tirar você daqui. —Ele disse e então passou os braços por baixo de mim e me levantou sem esforço, sua roupa estava completamente encharcada, mas ele não parecia se importar com isso. Ele colocou parte do meu corpo na borda da piscina meus pés ainda enfiados na água gelada, então ele se apoiou na borda da piscina para sair dali quando as mãos da Thifany o seguraram pela costa seu rosto estava transtornado.

—Você não pode me deixar por causa dela. —Ela gritou desesperadamente. — Será que você não percebe que temos que ficar juntos. —Eu não sabia se ela estava implorando ou afirmando.

—Me solta. —o Michel pediu sua voz acima do normal soando ameaçadoramente.

— É a mim que você ama. —Ela gritou.

—Eu não te amo Thifany. —O Michel revidou no mesmo tom de voz dela. —Eu amo a Luiza entenda isso.

—Você não pode amar ela. —Agora seu tom era de completo desespero. —Eu vou destruir ela. —Ela disse indo em minha direção.

—Não ouse encostar um dedo nela. — O Michel disse puxando a Thifany para longe de mim.

—Eu vou matar ela, só assim você vai ficar comigo.

—Cala a sua boca. —O Michel gritou indo para cima dela, a Thifany recuou um pouco assustada só que ela não foi muito rápida e o Michel a pegou antes que ela chegasse à borda da piscina. —Eu vou te ensinar a respeitar os outros. —Ele gritou na cara dela.

A Thifany abriu a boca para reclamar no mesmo instante que o Michel afundou a cabeça dela para dentro da água igual ela havia feito minutos atrás comigo, eu assistia a cena estarrecida.

No momento seguinte o Michel a puxou para fora da água, a Thifany procurou desesperadamente por ar.

—Será que agora você vai entender que eu não quero nada com você. —eu podia ver que o Michel estava completamente enfurecido então ele afundou a Thifany novamente para dentro da água, eu tinha a tremenda impressão que o Michel iria matá-la caso eu não reagisse só que eu não conseguia me mover entorpecida...

—Mas que merda. — O Max gritou da borda da piscina, eu não havia notado ele se aproximar, mas no instante seguinte ele já estava dentro da piscina tirando o Michel de cima da Thifany.

—Me larga. — O Michel gritou para o Max. —Eu vou acabar com a raça dela. —Seus olhos eram de puro ódio. —Ela estava tentando afogar a Luiza.

—Você vai acabar com a sua vida. — O Max revidou empurrando o Michel mais para longe da Thifany.

—O que isso te importa. —O Michel perguntou com os olhos cravados no Max.

—Muito, você é o meu melhor amigo. — O Max respondeu calmamente soltando o Michel e se virando para a Thifany. —Cai fora daqui ou eu mesmo acabo com você.

A Thifany nadou até a borda, seu corpo inteiro tremia eu não sabia dizer se era de medo ou de frio.

O Michel e o Max também nadaram até a borda da piscina onde eu estava sentada imóvel.

—Você esta bem? —Os dois perguntaram ao mesmo tempo, eu levei alguns instantes para poder acenar com a cabeça, meu corpo ainda tremia.

—Veste isso. — O Max disse pegando o casaco do seu smoking que ele tinha jogado no chão da piscina antes de pular na água.

Eu me levantei para vesti-lo, o calor foi reconfortante.

—Acho que a gente pode ir embora agora né? —Eu não sabia para quem na verdade era a pergunta, eu ainda estava com raiva do Max por ter me mandado naquela sala para ver o Michel e a Thifany juntos e também estava com raiva Michel por estar com a Thifany.

—Podemos. —Os dois responderam ao mesmo tempo.

—Ah deixa pra lá. —Eu realmente queria ir embora sozinha, me livrando daqueles idiotas, essa era a coisa certa a fazer isso sim.

Então eu comecei a caminhar de volta para a grade.

—Aonde você vai? — O Max perguntou surpreso.

—Embora. —Eu respondi como se fosse obvio.

—Sozinha?

Eu parei e me virei bem para o Max.

—Eu ainda estou com raiva de você. —Eu disse acusadoramente praticamente colocando meu dedo dentro do seu nariz.

—Eu te levo. —O Michel disse reagindo.

—Obrigado por me salvar da sua namoradinha, mas eu também estou com raiva de você. —Eu disse me desengasgando.

— A Thifany não é minha namorada. — O Michel respondeu ruidosamente.

Eu me virei para ele, eu já tinha ouvido tanto aquela frase que ela já não tinha nenhum efeito sobre mim.

—Sabe que não pareceu há poucos instantes atrás.

—E eu posso saber o que te fiz para você esta com raiva de mim? — O Max perguntou sem entender.

—Você me mandou para aquela maldita sala só para que eu pudesse ver o Michel e a Thifany juntos, como se eu me importasse. –Minha raiva aumentou, se misturando ao meus sentimentos de  choque e humilhação que estava crescendo dentro de mim

—O QUÊ??? — O Max gritou como se alguém tivesse jogado uma bomba em cima dele. —O que diabos você estava fazendo lá com a Thifany? — O Max perguntou para o Michel me ignorando.

O Michel olhou confuso para ele por um instante antes de responder.

—Eu recebi um bilhete dizendo que era para eu ir para lá, então eu fui e a Thifany estava me esperando com a sala toda arrumada, acho que ela estava desesperada por uma reconciliação. —Ele disse dando de ombros.

—Eu vou matar aquela loira. — O Max disse jogando as mãos para cima. —Tanto trabalho para aquela desgraçada arruinar assim.

Dessa vez eu e o Michel nos entreolhamos confusos.  O que havia dado do Max?

—Estava planejando um encontro romântico com a Luiza? —O Michel perguntou debochadamente sua voz era puro ácido.

—Não. —O Max respondeu instantaneamente. — Esse encontro era para vocês dois. —O Max disse como se fosse obvio. Ótimo agora todo mundo estava enlouquecendo era só o que me faltava mesmo.

—O QUE? —Eu e o Michel perguntamos surpresos, porque o Max me empurraria para cima do Michel se ele queria se reconciliar, ele queria não queria?

—Eu tive o maior trabalho para trazer a Iza para cá por causa desse maldito encontro que a Nice teve idéia de fazer e a Thifany destrói tudo em um passo de mágica. —O Max dizia inconformado, totalmente inconformado.

—Para, para Tudo. —Eu disse parando na frente do Max. —Eu acho que eu pedi uma parte importante dessa conversa. —Eu disse tentando assimilar o que o Max havia dito. —Você pronunciou o nome da Nice?

O Max paralisou por um instante então balançou a cabeça.

—Não. —Ele negou desviando o olhar.

—Max. —O quê? Agora ele estava me chamando de idiota. —Você acha que eu sou surda?

—Droga. —O Max disse passando a mão na cabeça. —Não fala pra ela que eu contei? —Ele pediu decidindo se estava ou não com problemas.

—Me explica isso direito. —Eu ignorei a pergunta dele.

Ele pestanejou por alguns instantes, mas eu não ia desistir assim tão fácil e ele sabia disso então sem saída ele confessou.

—A Nice me ligou pedindo para que eu te convidasse para vir para o Baile porque ela planejava fazer você e o Michel voltarem, ela disse que vocês só precisavam de um tempo sozinhos, então eu te trazia aqui e trancava vocês dois na sala juntos até o final da festa. —Ele disse dando de ombros como se fosse simples. Bom pelo menos aquilo tinha a cara perfeita da Nice. Como eu não percebi isso antes.

Ela nem ficou tão surpresa ou revoltada por eu ter que ir ao baile com o Max e minha... Ah não, não mesmo. A Nice não podia ter feito isso...

—Minha mãe sabia? —Eu perguntei não querendo confirmar o meu receio.

—Eu precisava de um bom argumento para você aceitar e sua mãe me pareceu perfeita. —O Max disse sorrindo como se tivesse tido a vitoria do ano.

—Ah não Max. —Eu disse jogando a minhas mãos para cima, agora minha mãe ia me torturar para saber os mínimos dos mínimos detalhes. —Eu vou te matar Max. —Eu disse partindo para cima do Max, mas antes que eu pudesse me aproximar mãos fortes me seguram pela cintura me impedindo de me mover.

—Calma ai Luiza. —O Michel disse me passando para trás dele e voltando para encarar o Max.

—Porque você fez isso?—Ele perguntou seriamente. Eu não tinha percebido o significado de tudo aquilo até agora.

O Max suspirou profundamente antes de responder.

—Era o mínimo que eu podia fazer depois de tudo. —Ele olhava diretamente para o chão como se tivesse vergonha de encarar o Michel. — Eu agi como um idiota me aproximando da Iza, eu devia saber que você era apaixonado por ela, mas mesmo assim eu me aproximei dela e... bom deu no que deu. —Ele disse novamente dando de ombros, eu podia ver o seu corpo rígido tenso. — Eu sei que fiz tudo errado, mas eu queria concertar as coisas entre nós, e eu pensei que se você e a Iza voltasse a se entender quem sabe a gente podia voltar a se falar.

Bom se formou um longo silêncio ao qual nenhum dos dois se movimentou eu senti a batida dentro do meu coração acelerada, eu queria acabar logo com aquilo, mas eu sabia que isso era algo que eles precisavam resolver entre si.

—Obrigado. — O Michel disse por fim quebrando finalmente o silêncio pesado eu soltei a respiração aliviada. —Obrigado de verdade.

—Isso é o mínimo que um melhor amigo pode fazer. — O Max disse quase sorrindo. —Eu sei que isso vai parecer meio gay, mas eu tenho que admitir que eu senti falta de você.

—Realmente isso me pareceu bastante gay. — O Michel concordou balançando a cabeça. — Por favor, não diga mais isso. —Ele pediu dando um abraço no Max.

Minha consciência agora podia dormir tranqüila. Bom pelo menos eu não era mais a responsável pela briga dos dois, e isso me deu um tremendo alivio.

—Eu detesto interromper momentos comoventes. —Emilia disse parando do meu lado. —Mas como vocês conseguem pular aquilo tão rápido. Vocês aprendem como fazer isso na aula de educação física?—Ela disse apontando para a grade que cercava a piscina uma ponta do seu vestido estava rasgada demonstrando perfeitamente bem que ela havia levado algum tempo para atravessar a cerca.

Todos nós rimos e Emilia revirou os olhos.

—Vocês vão ficar aqui a noite toda e perder a festa? Eu esperava poder começar a dançar agora? —Ela disse olhando para nós três todos encharcados. —O que houve por aqui?

—É melhor você nem saber. — O Max disse se aproximando. —Então aceita dançar comigo? —Ele perguntou pegando na mão dela e levando até a boca

—Aqui? —Emilia perguntou olhando a nossa volta.

—Acho não permitira minha entrada no salão. — O Max disse olhando para suas roupas todas molhadas.

—Não importa o lugar e sim o acompanhante. —Emilia disse sorrindo e passando os braços em volta do pescoço do Max.

Um par de batidas de silencio caiu entre nós, Nesse momento o Max apareceu segurando dois copos de bebidas nas mãos.

—Eu atrapalho?

—Não. —Eu respondi no mesmo tempo que o Michel dizia. —Sim.

Um pesado silêncio se instalou ali, eu desejei não estar ali, mas ultimamente meus desejos não se realizavam.

—Droga Michel. —O Max resmungou batendo um dos copos na mesa ao nosso lado chamando a atenção de algumas pessoas a nossa volta. Eu e o Michel olhamos para ele confusos. —Isso esta indo longe demais.

O rosto do Michel ficou pesado uma expressão sombria passou por ele, então ele se movimentou na direção do Max, eu acreditei que os dois iriam sair no soco. Mas o Michel apenas se virou e começou a caminhar para longe.

—Não é o que parece Michel. — O Max tentou uma vez mais.

—Então o que parece? —O Michel perguntou se virando novamente para nós.

O Max olhou discretamente para mim o Michel acompanhou o seu olhar.

—Na verdade não importa. —O Michel disse dando de ombros. —Você era o meu amigo. Não. —Ele silabou lentamente cada palavra. —Você era o meu melhor amigo. —Então balançou a cabeça andando em direção a multidão.

—Droga. —O Max socou a mesa com violência e eu estremeci. —desculpa. —Ele pediu em seguida.

Eu assenti com a cabeça sem palavras.

—Outra dança? —Ele sugeriu depois de um tempo em silencio tentando controlar sua raiva.

—Me parece uma boa idéia. —Eu disse aliviada por poder fazer alguma coisa com o meu corpo que requeira a minha atenção. Mesmo sendo uma dança.

—Você esta bem? —Ele perguntou olhando preocupadamente para mim. —Você esta pálida.

—Eu estou bem. —Eu tentei sorrir mais falhei miseravelmente.

Eu tinha que dizer que a Thifany tinha tido uma entrada triunfal no salão de festa. Na verdade ela foi o comentário geral da festa, as pessoas estavam chocadas em ver uma popular metida à besta como ela segurando uma bandeja, mas eu podia jurar que metade do salão achava pouco o que ela estava passando especialmente eu.

Ela mal erguia sua cabeça para passar entre as pessoas, e toda vez que fazia isso seu rosto estava vermelho.

—Acho que ela não vai esquecer essa noite. —O Max sussurrou no meu ouvido.

—Eu posso apostar que não. —Eu confidenciei rindo.

Quando a musica terminou, a Thifany estava parada na borda da pista de dança olhando diretamente para mim e para o Max, seu olhar era de puro ódio e eu estremeci com ele.

O Max passou a mão pela minha cintura e me conduziu para fora da pista passando do lado da Thifany.

—Vão querer alguma coisa para beber? —Eu podia sentir a maldade na sua voz.

Mesmo assim eu paralisei ao seu lado o Max também parou de andar e fitou a Thifany.

—Obrigado Thifany mais a gente passa. —Ele disse educadamente.

—Mas eu tenho algo extremamente especial para você Iza. —Ela disse segurando um copo e jogado o conteúdo dentro dele em cima de mim.

Eu devia pressentir que era exatamente isso que ela pretendia, mas eu era lesada demais para perceber, felizmente o Max não era tão devagar quando eu, então ele me puxou rapidamente para sua direção.

A maioria do liquido caiu no chão apenas alguns respingos me atingiram e outras duas garotas que estava pertos, elas olharam com raiva para a Thifany, eu agradeci o Max intimamente por isso. Mas minha raiva tomada conta de mim antes que eu pudesse agradecê-lo em voz alta.

Algumas pessoas olhavam para nos curiosas. Eu estava agindo por impulso e raiva quando me aproximei lentamente da Thifany e peguei o ultimo copo da sua bandeja.

—Eu vou te ensinar a ser uma boa garçonete. —Eu virei o copo lentamente ensina daquele cabelo oxigenado, ela abriu a boca em total e deixou a bandeja cair no chão. —Garçonete incompetente. —Eu disse lentamente pegando a mão dela e colocando o copo em cima.

Antes que a Thifany pudesse ter qualquer reação eu me virei e comecei a caminhar entre as pessoas que dava espaço para que eu pudesse passar.

—É isso ai. —uma das garotas que tinha sido molhada gritou batendo palmas, as outras pessoas acompanharam. E eu sai da pista de dança aclamada.

Eu tinha chegado a minha gloria, eu tinha devolvido a humilhação que a Thifany havia me feito passar, três vezes melhor do que eu havia sonhando.

—Arrasou. —O Max disse me seguindo.

—Obrigado. —Eu agradeci ainda sem acreditar. —Mas agora eu preciso me recuperar. —Eu disse saindo para o banheiro.

Eu me escorei na pia e fitei a água correndo da torneira, realmente aquela noite havia prometido, mas definitivamente eu não iria me arrepender quando o Diretor visse atrás de mim.

—Eu estou orgulhosa de você. —Eu ouvi uma voz soar atrás de mim e ergui minha cabeça fitando o reflexo no espelho a minha frente. —Emi.

Emilia estava parada bem atrás de mim usando um vestido rosa com rendas que parecia dignos de uma princesa.

—Eu não sabia que você estava aqui. —Eu disse me virando para ela, realmente feliz.

—Eu percebi. —Ela disse ainda sorrindo.

—Você veio com quem? —Pergunta idiota.

—Com o Michel. —Ela respondeu como se fosse obvio e deveria ser.

—Com o Michel. —Eu repeti sentindo um peso no meu coração.

—Não fica assim. —Ela disse calmamente. —Você fez o que deveria ter feito. —Ela disse como se soubesse de tudo e eu não duvidava que ela soubesse. —Ele precisa aprender que nem sempre desculpas resolvem tudo, você deu uma boa lição nele. Ele precisa sentir que pode te perder para sempre para entender que é apaixonado por você...

—Eu acho...

—Não.—Ela negou rapidamente. —Acho que dessa vez ele percebeu de verdade que não vale apena arriscar ficar sem você, ele experimentou que mesmo arrependido era tarde demais.  —Fez silêncio por um instante onde eu tentava compreender suas palavras. — E eu estou orgulhosa por você ter feito isso com ele.

Minha cabeça pulava de duvidas e antes que eu pudesse desabafá-la Emilia me entregou um pequeno pedaço de papel na minha mão.

—Como falo demais. —Ela repreendeu a si mesmo. —Mandaram te entregar isso.

—Quem foi? —Eu perguntei ante mesmo de abri-lo.

—É só abrir. —Ela disse piscando para mim e saindo em seguida sem me dar a chance de fazer outras perguntas. Meu coração deu um leve salto ao imaginar que poderia ter sido o Michel, eu não me permiti ficar muito tempo nessa expectativa que provavelmente me iludiria e abri rapidamente.

Tenho uma surpresa para você.

Encontre-me na minha sala de aula.

Max.”

Minhas esperanças desaparecem assim como a minha incredulidade crescia. O que o Max podia estar aprontando? Eu desejei não ser tão curiosa.

Mas era claro que eu já estava andando em direção a sala que o Max estudara. A curiosidade era a minha maior inimiga. E bom o seja o que fosse o que o Max estivesse aprontando com toda certeza não era algo ruim, o Max nunca seria capaz disso, eu só tinha medo de não poder corresponder a esse sentimento.

A porta estava entreaberta, a escuridão era parcial, era como se tivesse velas acessas do lado de dentro, eu podia ver algumas pétalas de rosas espalhadas pelos chão como também um toalha algumas garrafas comidas como se fosse um piquenique. Era um piquenique romântico no meio de uma festa... O Max realmente era muito criativo e eu sorri com isso, mas meu sorriso desapareceu quanto eu ouvir algumas vozes do lado de dentro.

—Eu sinto muito... Muito mesmo... Eu não queria fazer isso... Mas eu estava com medo de te perder.

—Você não ia me perder. —Eu estremeci ao perceber que era a voz do Michel e da Thifany, o que o Max estava planejando com isso?

Eu escorreguei sorrateiramente para o lado de dentro, meus olhos se adaptando a semi-escuridão.

O Michel estava sentado em uma das carteiras e a Thifany parado a sua frente, lágrimas escorriam por seus olhos. Ela havia arrumado aquilo?Eles estavam tento uma celebração só deles.  Mas porque o Max me mandaria ali? Ou a Emilia?

—Eu te amo muito. —Ela confessou e meu estomago se sentiu nauseado, eu queria sair correndo dali, eu não precisava ver aquilo e nem queria entender porque o Max havia feito isso comigo, mas eu me vi pressa esperando a resposta do Michel.



—Thifany... —Ele começou e eu prendi a minha respiração.

—Não Michel. —A Thifany interrompeu. —Você sabe que a gente é perfeito. —Se eu pudesse ver seu rosto eu arriscaria dizer que ela estava chorando. —A gente gosta das mesmas coisas, temos os mesmos amigos. —Ela se deslizou para perto dele. —E a gente se da super bem na cama... —Sua voz tinha um tom sensual, o que fez meu estomago dar cambalhotas enojadas.

—Você tem razão. —O Michel concordou seus olhos brilhando com as lembranças, eu senti que o ar não podia entrar dentro dos meus pulmões.

—A gente se ama. —A Thifany não estava perguntando ela estava afirmando.

Então o Michel a puxou de encontro ao seu corpo e seus lábios procurando o dela, em um beijo.

Eu senti minhas pernas esmorecerem, eu tentei sair dali silenciosamente mais as lagrimas embaçavam minha visão eu trombei em algo que caiu no chão e se espatifou em mil pedaços, mas eu não parei para ver o que era, eu só queria sair dali.

—Luiza?!—Eu ouvi a voz do Michel pronunciar meu nome, sem saber se ele estava surpreso ou irritado. Mas naquele momento nada me importou nada mesmo.

As minhas vergonhosas lágrimas escaparam pelo meu rosto, enquanto eu andava pelo corredor deserto da escola decidindo um lugar aonde eu pudesse me esconder até recuperar meu alto controle.

Eu repetia para mim mesma que não havia motivo algum para estar a sim, mas a parte insensata do meu coração parecia não ouvir.

—Iza. —Eu trombei em alguém que pareceu surpreso me encontrar vagando pelo corredor, eu ergui minha cabeça e encarei o Max furiosa.

Porque ele tinha feito isso?

—O que aconteceu com você? —Emilia perguntou surpresa, eu mão havia percebido sua presença.

—Você não podia ter feito isso comigo Max. —Eu disse acusadoramente.

—O quê? O que aconteceu? —Ele parecia verdadeiramente surpreso.

—Eu não sei qual foram seus motivos para fazer isso mais eu não te perdôo. —Eu disse furiosa, me virando e correndo para fora do campo de visão dele, eu não queria que ele visse o quando eu me importava.

Eu não queria que ninguém soubesse o quando eu era idiota. Eu caminhei pelos corredores sem rumo, o ginásio aonde sempre fora o meu refugio estava lotado de pessoas, então eu decidi que a área da piscina seria um bom lugar para se esconder.

Eu levei algum tempo para pular a pequena grade que cercava a piscina, por causa do vestido, mas quando entrei eu me senti mais segura, tudo ali estava vazio, só podia se ouvir as musica e as vozes ao longe, mas elas estavam distantes o suficiente para saber que ninguém chegaria até mim.

Quem sabe o Max tivesse razão. Eu precisava que alguém esfregasse o Michel e a Thifany juntos na minha cara, para parar de pensar nele. Mas aquilo foi totalmente humilhante e desnecessário. E também como o Michel podia pedir desculpas e menos de meia hora estar com a Thifany novamente... eu não conseguia acreditar nisso, era nojento.

Ah droga. Eu estava agindo como uma idiota. Uma verdadeira idiota. Qual era o problema comigo? Claro além de gostar do Michel.

Ele era apenas um garoto eu não precisava agir como se fosse o fim do mundo. Só que ele era o garoto que eu estava apaixonada, porque ele tinha que agir como se gostasse de mim para no instante seguinte estar nos braços da Thifany. Porque ele fazia isso comigo?

Era estúpido e insano, mas nada me importava. Eu olhei a água parada ali sem vida e tentei repassar a minha noite, e que merda de noite.

—Eu sabia que você iria se esconder assustada.

Eu me virei em choque, em total descrença como ela sabia que eu estava ali, e melhor ainda o que ela estava fazendo ali? Totalmente pega de surpresa eu podia sentir que minha sorte havia me abandonado.

—Esta satisfeita. —A Thifany gritou furiosamente para mim, seu olhar de teorizando cada parte do meu corpo eu desejei não estar ali, mas também havia a parte que mandava tudo se explodir a parte não lógica. —Você acabou comigo. —A Thifany gritava igual uma desvairada.

—Você me humilhou na frente da escola inteira, fazendo com que eu vestisse esse uniforme nojento de garçonete, depois conquistou a minha popularidade, mas se pensa que vai ficar com o Michel você esta muito enganada.—A raiva brilhava em cada palavras que ela dizia, enquanto ela se aproximava lentamente. —Você esta roubando absolutamente tudo que é meu.

Eu levei um tremendo choque quando essas palavras me atingiram, não pelo ódio que continha nela, mas por que mesmo que inconsciente a Thifany tinha razão.

—Só que isso não vai ficar assim. —Ela disse ficando a apenas meio passo de mim.

Eu sabia que a metade do meu cérebro responsável pela auto preservação estava gritando, Corra por sua vida! Infelizmente, o sangue subiu até minhas orelhas e eu não estava ouvindo direito. Obviamente, eu também não estava pensando direito.

—Eu vou a te ensinar a não mexer comigo. —Gritando isso a Thifany me empurrou com violência eu dei um passo para trás e me desequilibrei na borda da piscina caindo diretamente na água fria que me envolveu congelando os meus ossos.  Eu imergi na superfície ainda tossindo por ter engolido água e olhei para Thifany surpresa.

A raiva já estava borbulhando dentro de mim, só que eu não tive tempo de reação na verdade eu duvidava muito que conseguisse reagir porque no instante seguinte a Thifany também estava dentro da água.

—Você é louca. —Eu gritei completamente atômica, mas novamente eu não tive resposta a Thifany parecia ter planejado perfeitamente bem tudo ou quem sabe ela estava sendo movida pela raiva.

Ela voou para cima de mim antes mesmo que eu pudesse ter qualquer reação, ela grudou suas mãos sobre minha cabeça e impulsionou seu corpo contra mim me fazendo afundar, s, água entrou pela minha garganta, me engasgando e queimando eu me debati desvairadamente a procura de ar.

—EU VOU ACABAR COM VOCÊ. — A Thifany gritou quando finalmente eu consegui subir a superfície, eu busquei por ar desesperadamente minha visão estava turva água gelada estava deixando meus braços e pernas dormentes. E antes que eu pudesse me recuperar eu senti novamente uma pressão forte sobre minha cabeça me levando diretamente para o fundo. Eu lutei pra manter o meu ar pra dentro, pra manter os meus lábios selados na minha última reserva de oxigênio. Mas eu sabia que não duraria muito tempo então eu me debatida desesperadamente e de maneira descoordenada para subir novamente a superfície. Algo me atingiu fortemente nas costa fazendo todo o ar escapar dos meus pulmões escapando com uma grossa nuvem de bolhas prateadas e ser trocada novamente por um correte de água.

—VOCÊ É LOUCA. —Eu escutei um grito abafado e eu acreditei que fosse do Michel, mas eu não tinha certeza, a única coisa que eu sabia era que eu estava me afastando da minha consciência, que meus braços e pernas estavam dormentes.

De repente a água sofreu um forte agito formando ondas e a pressão sobre a minha cabeça sumiu eu me forcei a tentar novamente subir para a superfície, mas antes que eu pudesse fazer isso algo me puxou. Eu busquei por ar desesperadamente, Eu cuspi um imenso volume água, haviam correntes de água brotando da minha boca e do meu nariz. Os conteúdos na minha cabeça se reviraram e rolaram de forma doentia, como se tivessem se misturado com a água... Mas eu podia sentir o ar entrando e saindo de dentro do meu pulmão.

Os pontos pretos da minha vista começaram a se delinear, eu ainda estava na água e os braços fortes do Michel me seguravam presa na borda.

—Você está bem? Você consegue me ouvir? Você está machucada em algum lugar?—Ele perguntou exageradamente preocupado e eu senti um tremendo alivio com isso

—S-só a m-minha garganta. — eu gaguejei meus lábios tremendo com o frio. Eu não mencionaria que não conseguia sentir parte do meu corpo

—Vou tirar você daqui. —Ele disse e então passou os braços por baixo de mim e me levantou sem esforço, sua roupa estava completamente encharcada, mas ele não parecia se importar com isso. Ele colocou parte do meu corpo na borda da piscina meus pés ainda enfiados na água gelada, então ele se apoiou na borda da piscina para sair dali quando as mãos da Thifany o seguraram pela costa seu rosto estava transtornado.

—Você não pode me deixar por causa dela. —Ela gritou desesperadamente. — Será que você não percebe que temos que ficar juntos. —Eu não sabia se ela estava implorando ou afirmando.

—Me solta. —o Michel pediu sua voz acima do normal soando ameaçadoramente.

— É a mim que você ama. —Ela gritou.

—Eu não te amo Thifany. —O Michel revidou no mesmo tom de voz dela. —Eu amo a Luiza entenda isso.

—Você não pode amar ela. —Agora seu tom era de completo desespero. —Eu vou destruir ela. —Ela disse indo em minha direção.

—Não ouse encostar um dedo nela. — O Michel disse puxando a Thifany para longe de mim.

—Eu vou matar ela, só assim você vai ficar comigo.

—Cala a sua boca. —O Michel gritou indo para cima dela, a Thifany recuou um pouco assustada só que ela não foi muito rápida e o Michel a pegou antes que ela chegasse à borda da piscina. —Eu vou te ensinar a respeitar os outros. —Ele gritou na cara dela.

A Thifany abriu a boca para reclamar no mesmo instante que o Michel afundou a cabeça dela para dentro da água igual ela havia feito minutos atrás comigo, eu assistia a cena estarrecida.

No momento seguinte o Michel a puxou para fora da água, a Thifany procurou desesperadamente por ar.

—Será que agora você vai entender que eu não quero nada com você. —eu podia ver que o Michel estava completamente enfurecido então ele afundou a Thifany novamente para dentro da água, eu tinha a tremenda impressão que o Michel iria matá-la caso eu não reagisse só que eu não conseguia me mover entorpecida...

—Mas que merda. — O Max gritou da borda da piscina, eu não havia notado ele se aproximar, mas no instante seguinte ele já estava dentro da piscina tirando o Michel de cima da Thifany.

—Me larga. — O Michel gritou para o Max. —Eu vou acabar com a raça dela. —Seus olhos eram de puro ódio. —Ela estava tentando afogar a Luiza.

—Você vai acabar com a sua vida. — O Max revidou empurrando o Michel mais para longe da Thifany.

—O que isso te importa. —O Michel perguntou com os olhos cravados no Max.

—Muito, você é o meu melhor amigo. — O Max respondeu calmamente soltando o Michel e se virando para a Thifany. —Cai fora daqui ou eu mesmo acabo com você.

A Thifany nadou até a borda, seu corpo inteiro tremia eu não sabia dizer se era de medo ou de frio.

O Michel e o Max também nadaram até a borda da piscina onde eu estava sentada imóvel.

—Você esta bem? —Os dois perguntaram ao mesmo tempo, eu levei alguns instantes para poder acenar com a cabeça, meu corpo ainda tremia.

—Veste isso. — O Max disse pegando o casaco do seu smoking que ele tinha jogado no chão da piscina antes de pular na água.

Eu me levantei para vesti-lo, o calor foi reconfortante.

—Acho que a gente pode ir embora agora né? —Eu não sabia para quem na verdade era a pergunta, eu ainda estava com raiva do Max por ter me mandado naquela sala para ver o Michel e a Thifany juntos e também estava com raiva Michel por estar com a Thifany.

—Podemos. —Os dois responderam ao mesmo tempo.

—Ah deixa pra lá. —Eu realmente queria ir embora sozinha, me livrando daqueles idiotas, essa era a coisa certa a fazer isso sim.

Então eu comecei a caminhar de volta para a grade.

—Aonde você vai? — O Max perguntou surpreso.

—Embora. —Eu respondi como se fosse obvio.

—Sozinha?

Eu parei e me virei bem para o Max.

—Eu ainda estou com raiva de você. —Eu disse acusadoramente praticamente colocando meu dedo dentro do seu nariz.

—Eu te levo. —O Michel disse reagindo.

—Obrigado por me salvar da sua namoradinha, mas eu também estou com raiva de você. —Eu disse me desengasgando.

— A Thifany não é minha namorada. — O Michel respondeu ruidosamente.

Eu me virei para ele, eu já tinha ouvido tanto aquela frase que ela já não tinha nenhum efeito sobre mim.

—Sabe que não pareceu há poucos instantes atrás.

—E eu posso saber o que te fiz para você esta com raiva de mim? — O Max perguntou sem entender.

—Você me mandou para aquela maldita sala só para que eu pudesse ver o Michel e a Thifany juntos, como se eu me importasse. –Minha raiva aumentou, se misturando ao meus sentimentos de choque e humilhação que estava crescendo dentro de mim

—O QUÊ??? — O Max gritou como se alguém tivesse jogado uma bomba em cima dele. —O que diabos você estava fazendo lá com a Thifany? — O Max perguntou para o Michel me ignorando.

O Michel olhou confuso para ele por um instante antes de responder.

—Eu recebi um bilhete dizendo que era para eu ir para lá, então eu fui e a Thifany estava me esperando com a sala toda arrumada, acho que ela estava desesperada por uma reconciliação. —Ele disse dando de ombros.

—Eu vou matar aquela loira. — O Max disse jogando as mãos para cima. —Tanto trabalho para aquela desgraçada arruinar assim.

Dessa vez eu e o Michel nos entreolhamos confusos.  O que havia dado do Max?

—Estava planejando um encontro romântico com a Luiza? —O Michel perguntou debochadamente sua voz era puro ácido.

—Não. —O Max respondeu instantaneamente. — Esse encontro era para vocês dois. —O Max disse como se fosse obvio. Ótimo agora todo mundo estava enlouquecendo era só o que me faltava mesmo.

—O QUE? —Eu e o Michel perguntamos surpresos, porque o Max me empurraria para cima do Michel se ele queria se reconciliar, ele queria não queria?

—Eu tive o maior trabalho para trazer a Iza para cá por causa desse maldito encontro que a Nice teve idéia de fazer e a Thifany destrói tudo em um passo de mágica. —O Max dizia inconformado, totalmente inconformado.

—Para, para Tudo. —Eu disse parando na frente do Max. —Eu acho que eu pedi uma parte importante dessa conversa. —Eu disse tentando assimilar o que o Max havia dito. —Você pronunciou o nome da Nice?

O Max paralisou por um instante então balançou a cabeça.

—Não. —Ele negou desviando o olhar.

—Max. —O quê? Agora ele estava me chamando de idiota. —Você acha que eu sou surda?

—Droga. —O Max disse passando a mão na cabeça. —Não fala pra ela que eu contei? —Ele pediu decidindo se estava ou não com problemas.

—Me explica isso direito. —Eu ignorei a pergunta dele.

Ele pestanejou por alguns instantes, mas eu não ia desistir assim tão fácil e ele sabia disso então sem saída ele confessou.

—A Nice me ligou pedindo para que eu te convidasse para vir para o Baile porque ela planejava fazer você e o Michel voltarem, ela disse que vocês só precisavam de um tempo sozinhos, então eu te trazia aqui e trancava vocês dois na sala juntos até o final da festa. —Ele disse dando de ombros como se fosse simples. Bom pelo menos aquilo tinha a cara perfeita da Nice. Como eu não percebi isso antes.

Ela nem ficou tão surpresa ou revoltada por eu ter que ir ao baile com o Max e minha... Ah não, não mesmo. A Nice não podia ter feito isso...

—Minha mãe sabia? —Eu perguntei não querendo confirmar o meu receio.

—Eu precisava de um bom argumento para você aceitar e sua mãe me pareceu perfeita. —O Max disse sorrindo como se tivesse tido a vitoria do ano.

—Ah não Max. —Eu disse jogando a minhas mãos para cima, agora minha mãe ia me torturar para saber os mínimos dos mínimos detalhes. —Eu vou te matar Max. —Eu disse partindo para cima do Max, mas antes que eu pudesse me aproximar mãos fortes me seguram pela cintura me impedindo de me mover.

—Calma ai Luiza. —O Michel disse me passando para trás dele e voltando para encarar o Max.

—Porque você fez isso?—Ele perguntou seriamente. Eu não tinha percebido o significado de tudo aquilo até agora.

O Max suspirou profundamente antes de responder.

—Era o mínimo que eu podia fazer depois de tudo. —Ele olhava diretamente para o chão como se tivesse vergonha de encarar o Michel. — Eu agi como um idiota me aproximando da Iza, eu devia saber que você era apaixonado por ela, mas mesmo assim eu me aproximei dela e... bom deu no que deu. —Ele disse novamente dando de ombros, eu podia ver o seu corpo rígido tenso. — Eu sei que fiz tudo errado, mas eu queria concertar as coisas entre nós, e eu pensei que se você e a Iza voltasse a se entender quem sabe a gente podia voltar a se falar.

Bom se formou um longo silêncio ao qual nenhum dos dois se movimentou eu senti a batida dentro do meu coração acelerada, eu queria acabar logo com aquilo, mas eu sabia que isso era algo que eles precisavam resolver entre si.

—Obrigado. — O Michel disse por fim quebrando finalmente o silêncio pesado eu soltei a respiração aliviada. —Obrigado de verdade.

—Isso é o mínimo que um melhor amigo pode fazer. — O Max disse quase sorrindo. —Eu sei que isso vai parecer meio gay, mas eu tenho que admitir que eu senti falta de você.

—Realmente isso me pareceu bastante gay. — O Michel concordou balançando a cabeça. — Por favor, não diga mais isso. —Ele pediu dando um abraço no Max.

Minha consciência agora podia dormir tranqüila. Bom pelo menos eu não era mais a responsável pela briga dos dois, e isso me deu um tremendo alivio.





—Eu detesto interromper momentos comoventes. —Emilia disse parando do meu lado. —Mas como vocês conseguem pular aquilo tão rápido. Vocês aprendem como fazer isso na aula de educação física?—Ela disse apontando para a grade que cercava a piscina uma ponta do seu vestido estava rasgada demonstrando perfeitamente bem que ela havia levado algum tempo para atravessar a cerca.

Todos nós rimos e Emilia revirou os olhos.

—Vocês vão ficar aqui a noite toda e perder a festa? Eu esperava poder começar a dançar agora? —Ela disse olhando para nós três todos encharcados. —O que houve por aqui?

—É melhor você nem saber. — O Max disse se aproximando. —Então aceita dançar comigo? —Ele perguntou pegando na mão dela e levando até a boca.



—Aqui? —Emilia perguntou olhando a nossa volta.

—Acho não permitira minha entrada no salão. — O Max disse olhando para suas roupas todas molhadas.

—Não importa o lugar e sim o acompanhante. —Emilia disse sorrindo e passando os braços em volta do pescoço do Max.

Eu e o Michel sorrimos também. O Michel se virou para mim e estendeu a sua mão.

—Quer dançar comigo? —Eu abri minha boca pronta para negar mais o Michel já me prendia pela cintura movimentando seu corpo lentamente ao meu. A música da festa era ouvida até mesmo ali, só que num volume bem mais baixo.

Eu encostei minha cabeça no seu ombro e mesmo sentindo o cheiro agradável do seu perfume.

—Eu estou esperando. —O Michel sussurrou no meu ouvido, eu estremeci.

—Esperando?!—Eu tentei me concentrar nas suas palavras mas era difícil tento ele tão perto.

—Você me perdoar. — Mais dez segundos ficando assim tão perto do Michel e minha defesa poderiam explodir em mil pedaços.

—Pelo quê?
—Você não vai me obrigar a fazer uma listra vai? —Ele perguntou segurando meu rosto entre suas mãos.

—Acho que a sua listra seria bem maior do que a do papai Noel. —Eu disse tentando fazer uma piada para disfarçar a tensão em mim.

—Luiza. —O Michel não sorriu. —Eu só quero que você saiba uma coisa. —Ele pediu num sussurro. —Que eu amo você e que me arrependo de não ter percebido isso antes e te ter permitido que a Thifany ficasse entre nós.—Enquanto ele me dizia isso seus braços se prendiam em volta de mim mais apertados.

Eu podia sentir a batida do meu coração acelerada, e eu me forcei a manter concentrada.

—Nunca seremos um casal perfeito. —Eu disse relembrando suas próprias palavras no dia anterior, eu sabia que aquilo era verdade e o Michel também sabia.



—Coisas perfeitas não tem graça. —Ele estava tentando convencer a si mesmo. —Eu não vou desistir de você. —Sua voz não passava de um sussurro mais era extremamente calma. Ele levantou sua mão livre e traçou a ponta de um dedo nos meus lábios enquanto falava.

Bom eu tinha que admitir que aquilo fosse tudo que eu mais queria ter ouvido naquele momento, e que aquelas palavras provavelmente eram a responsável pela entranhas reações que meu corpo estava tendo.

—Eu amo você Ana Luiza. —Ele disse com sua testa encostadas na minha eu podia sentir o ar de sua respiração batendo contra a minha pele reconfortante.

—Eu sei. —Eu disse sorrindo, não me contendo de felicidade, de todas as maneiras e jeitos aquela me parecia à noite perfeita.

—Essa não é a parte que você diz eu também te amo. —Ele reclamou não segurando o sorriso mas também não se afastando.

—É mais você é muito convencido para saber isso. —Eu disse acompanhando seu sorriso estávamos sintonizados na mesma felicidade e isso me parecia surpreendente.



Em resposta colocou seus lábios ávidos de desejos em cima dos meus. Bom felizes para sempre podia não existir mais estávamos sendo felizes naquele momento e isso me pareceu importar mais do que tudo...

Fim


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Notas finais do capítulo

Darammmmmm e ai o q vcs acharam????????Não é porque é ultimo cap q vcs não vão deixar muitoooooos reviews e recomendações né gente????Afinal a fic tem que acabar em grande estilo