E se Fosse Verdade escrita por Gyane


Capítulo 48
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

Bom o cap ficou bastante grande então eu o dividi em dois. Não fiquem bravas isso é sinal que vou postar rapido...



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Eu fique parada na calçada até o Max sumir completamente de vista, então eu me virei pronta para encarar a realidade. Eu abri a porta de casa e dei de cara com minha mãe, nesse instante, eu nem me lembrei do Michel a única coisa que passou pelo meu pensamento foi: Ferrou.

—Para você?— Ela disse me passando o telefone.

O que? Nada de interrogatório, nada de gritos e ameaças. Já sei. Ela tinha ligado para o meu pai, ai sim a coisa ia feder para o meu lado mais do que um gambá.

—Quem é?— Eu perguntei pegando o telefone com receio.

—Seu namorado. — Ela disse como se fosse à coisa mais natural do mundo.

Para, para, para ta louca. Eu havia perdido parte daquela historia, uma parte bem grande. Eu não me lembrava de ter falado de um namorado para minha mãe. Não mesmo...

—Parada. — Eu gritei fazendo minha mãe se voltar para mim com um sorriso contemplativo. —Quem disse que eu tenho um namorado?

—Não precisa mentir para mim querida.

QUERIDA. E que maldito tom carinhoso era aquele, rá eu tinha enlouquecido.

—Seu namorado me disse... —Eu olhei para ela com cara feia.

—Ta bom. O Michel. –Ela disse concertando. —O Michel me contou que vocês brigaram...

Como aquele filho da puta me faz uma coisa dessas? COMO???

—Eu sei que é difícil, mas tente reconsidera.

Eu não sabia o que era pior a minha mãe tentando me dar conselho ou saber que o Michel falou com ela.

—Mãe. — Eu precisava fazer ela parar.

Minha mãe se virou e saiu da sala me deixado sozinha.

Eu olhei para o telefone na minha mão. Eu tinha duas opções: Escutar a baboseira do Michel ou desligar o telefone. Claro que eu desliguei o telefone.

Mas foi em vão ele voltou a tocar novamente, eu não precisava atender para saber quem era, mesmo assim eu fiz.

—Eu não vou desistir. — O Michel disse do outro lado da linha enquanto eu apertava o botão de off.

O Telefone tocou novamente, eu o atendi automaticamente.

—Se você desligar eu vou até ai. — Ele me ameaçou dessa vez.

Eu não respondi desligando novamente. Ele não ia me vencer assim tão fácil. Rá até parece que ele ia me pegar.

—Mãe to indo na casa da Nice. — Eu avisei abrindo a porta

—Mas a Nice não esta na aula?— Ela me perguntou usando a lógica.

Eu ignorei, abrindo a porta e saindo para fora.

Foi só quando eu cheguei à rua que percebi que não tinha para aonde ir. Mas eu não ia ficar em casa esperando o Michel aparecer e de alguma maneira me obrigar a falar com ele. De jeito nenhum.

Então minha única saída foi caminhar até a lanchonete, o que fiz com muito custo já que faltavam algumas horas para o meu turno começar, eu sabia que o Michel poderia ir me procurar lá só que eu havia decidido passar o dia inteira trancada dentro do escritório com o meu pai, acho que só assim eu estaria segura.

—Oi Cida. —Eu cumprimentei a Cida apoiando no balcão, ela olhou para mim espantada.

—O que houve com você?— Ela me perguntou parando de mexer nos papeis em cima do balcão olhando diretamente para mim.

—Ah qual é Cida. —Eu protestei emburrada. —Até você vai me zoar, só porque cheguei mais cedo hoje

Digamos que bem mais cedo do que o normal.

—Eu nao estava falando disso, mas sim dos seus olhos vermelhos.—Ela disse fazendo um sinal para o proprio o rosto. Eu corei e ela caiu na gargalhada.

—Me dá um copo de suco. —Eu pedi e logo ela apareceu com um copo de suco de maracuja. Fiquei imaginado se isso tinha cido de proposito.

—Precisa conversar sobre isso. —Ela perguntou agindo como minha mãe, eu não conseguia pensar na Cida de maneira diferente já que eu a conhecida deste da maternidade.

—Não. —Eu disse taxativa. Aquilo ia ser muito constrangedor.

—Eu vou para o escritorio, se alguém perguntar por mim,você nunca me viu na vida..

Eu a avisei esperando que ela me levasse a serio.

—Esse alguém tem nome?— A Cida estava tentando arrancar a verdade de mim.

—Não. —Ah ela não ia me pegar com isso, de jeito nenhum. —Você vai reconhecer ele, é um jumento disfarçado de gente.

—Tipo esse. —A Cida perguntou segurando o riso e fazendo um sinal para eu me virar para trás.

Do que ela estava falando? Eu me virei bruscamente, trombando no Michel que estava parado a um passo de mim, e molhando sua camisa inteira com o meu suco.

—Isso foi de proposito? —Ele perguntou balançando sua camisa irritado.

—Não se tivesse sido eu teria te afogado não dispertiçado o meu suco. —Eu rebati furiosa. O que ele estava fazendo ali.

—Iza mais cuidado. —A Cida me repreendeu, ela sempre fazia isso.

Pena que era tarde demais.

—Ele estava te esperando Iza. —A Cida informou, eu olhei para ela de cara amarrada. O que era aquilo? Um complô.

—Eu sabia que não me esperaria em casa. —Ele disse dando de ombros.

Droga, deste de quando ele era mais esperto do que eu?

—Arruma a bagunça Iza.— A Cida ordenou quando eu ia mandar ele para os quintos dos infernos. Eu não queria ve-lo, ele não tinha o direito de aparecer do nada na minha frente.

—Eu não estou trabalhando. —A Cida que se danasse eu estava ocupada demais pensando em xingar o Michel para limpar a merda que ele havia feito.

—Eu não vou falar de novo. —Ela repetiu com aquele maldito tom de voz que me fazia tremer de medo.

Qual era o problema com a Cida? Qual era o problema com todo mundo? Porque ninguém me apoiava.

—Eu...—Eu comecei a protestar mais a Cida me ignorou.

—Vai se limpar. —Ela disse para o Michel apontando para a porta que dava para a lavanderia.

Eu olhei ela atomica, o Michel não protestou passou direto por mim e foi para a lavanderia. Ótimo. Agora ele era tratado como se fosse da familia.

—O que deu em você? —Eu perguntei irritada, ela tinha que me apoiar. Era por isso que ela me conhecia a tanto tempo.

—Nada. —Ela disse dando de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais natural do universo. —Eu só acho que você devia pegar leve com ele, é um briga boba e logo vocês vão se acertar.

Qual seria a maldita historia que o Michel havia contado para ela? Porque era obvio até para um E.T que não havia sido a verdade.

—Quando ele te pagou? —Eu perguntei apontando para o Ogro Ambulante.

—Você esta me ofendendo. —A Cida falou de cara amarrada. —Eu só não quero que você fique encalhada...

Minha boca se arrastou até o chão, eu não acreditava que estava ouvindo isso. Eu não era encalhada...

—É brincadeira. —A Cida disse passando suas mãos pelos meus ombros e me empurrando em direção a lavanderia. —Vai lá e escute o que ele tem para te dizer. —Dizendo isso ela me deu um empurrão mais forte.
Eu já havia formado o meu discurso de “fique longe de mim” quando cheguei na porta, mas eu esqueci completamente tudo, tudo mesmo quando eu olhei para o Michel.

Ele estava parado perto do tanque com a camisa na mão, olhando criticamente para água. Vocês sabem o que isso significa né? Ele estava sem camisa.

Lindo e maravilho com a barriguinha tanquinho de fora. Parecia perfeito.

—Quer provar?—Ele perguntou sorrindo debochadamente para mim.

Eu cruzei meus braços sobre o peito enquanto meu rosto ficava vermelho igual a um tomate.

—Não. —Eu disse emburrada me esquecendo por um instante o que eu tinha que fazer.

—Ótimo. Estão vamos conversar. —Ele disse me fazendo recobrar a consciencia.

—Esquece. —Eu disse me virando pronta para fugir.

—Nem pensar ratinha. —Ele cruzou a minha frente me fazendo para. —Nada de fugir dessa vez.

—Dá pra parar de me chamar assim. —Eu pedi irritada. O que ele pensava que era?

Depois de tudo ainda achava que podia me chamar assim.

—Se você me ouvir. —Ele disse desafiadoramente para mim.

—Eu não tenho nada para ouvir. —Ainda por cima achava que podia mandar em mim.

—Ah não. —Ele disse usando aquele tão debochado dele que eu tanto odiava. —Você ouve a conversa pela metade e acha que sabe de tudo.

—Se tratando de você,  boa coisa não pode ser. —Eu rebati furiosa, ele não ia agir assim comigo. —E eu não preciso de um tradutor para o que eu ouvi.

—Precisa sim. —Ele disse me segurando pelo braço e me puxando para perto do tanque.

—O que você esta fazendo? —Eu perguntei apavorada.

—Eu vou de dizer o que exatamente aconteceu? —Ele disse sério, parecia furioso. Até parecia que era ela quem tinha que estar ofendido.

—Não pense que você vai inventar alguma desculpa e eu vou acreditar. —Se ele tinha o direito de estar furioso eu também tinha.

—Não é desculpa Luiza. — Ele disse com firmeza seus olhos nos meus. —É tarde demais para você voltar atrás você já aceitou minha proposta. — Mas agora sua voz tinha um tom de humor.

—Eu não sua sua namorada. —eu protestei revoltada. —Não tem como namorar um cara que já é noivo. — Eu tentei dizer isso calmamente, mas minha voz estava alta e tremendo. —Então você pode sair daqui e correr atrás de sua noivinha...

Eu parei de falar quando um jato de água fria atingiu meu rosto, eu abri minha boca alguns decimais a mais  e olhei horrorizada para o Michel.

—O que você pensa que esta fazendo? —Eu gritei histericamente.

—Esfriando sua cabeça. —Ele disse sem disfarçar o sorriso debochado nos lábios.

—Você realmente é um filho da puta... —Eu gritei apontando o dedo no rosto dele. Agora eu estava enfurecida, eu iria arrancar a cabeça dele com as minhas próprias mãos, eu ia dizer isso a ele quando novamente ele jogou água na minha cara. Eu congelei.

— A gente tem que conversar. —Ele falou antes que eu pudesse começar o meu lisonjeiro elogios.

—Claro que temos. —Eu disse confiante, para no instante seguinte enfiar minhas mãos dentro da água do tanque e começá-la a despejar no rosto do Michel. O que provavelmente não foi uma coisa muito inteligente de se fazer, já que a água começou escorrer pelo seu tórax me fazendo perder completamente o foco.

Antes que eu pudesse mergulhar novamente minhas mãos na água ele agarrou meus braços firmemente. Nós dois estávamos molhados.

—Pare com isso. —Ele ordenou autoritário.

—Você começou. —Eu disse como uma criança mimada.

—Será que uma vez na sua vida você pode me escutar antes de sair por ai tirando conclusões precipitadas. —Ele perguntou ignorando meus protestos para me libertar.

—Não. —Ele não se mexeu enquanto eu gritava as palavras no rosto dele.—Eu não quero escutar você...

—Eu não vou sair daqui sem você me escutar.

—Pode ficar ai o tempo que for necessário. —Eu disse passando por ele e entrando dentro do banheiro, que ficava na lavanderia. Eu fechei a porta em um baque, as lágrimas começaram a escorrer quase que instantaneamente.

Eu me escorei na porta e desci até o chão. Eu ficaria sentada lá o dia inteiro se fosse preciso. Mas eu não deixaria me ver chorando por ele, isso nunca. Eu escutei passos, ele estava indo embora eu quase suspirei aliviada, então algo bateu na porta, se apoiando, eu prendi minha respiração tentando imaginar o que ele estava fazendo.

—Eu preferia que não tivesse uma porta entre nós. — Sua voz saiu abafada e eu precisei me esforça para poder escutar direito.

—Se manda!— eu assobiei, colocando tanto veneno no sussurro quanto pude. Ele ficou em silencio por um instante então novamente eu pude ouvir sua voz.

—Aquele dia, quando você... Preferiu ficar com o Max e me mandou embora, eu senti uma coisa tão estranha, eu descobri que gostava de você e ao mesmo instante estava te perdendo. — Ele parou de repente, quase como se alguma coisa tivesse cortado o ar dele. Então ele sugou o ar com força. —Eu bebi um pouco demais, ai a Thifany apareceu... E merda.

Eu pisquei duas vezes, tentando limpar minha cabeça. Ele prosseguiu quando viu que eu não diria nada.

—Eu achei que se eu ficasse com a Thifany eu te esqueceria... —Ele parou de falar novamente, sua respiração estava entrecortada, eu desejei poder ver seu rosto, mas não me movi. — Então aconteceu tudo tão rápido... Depois a Emilia me ligou contando sobre você e o Max, só que era tarde demais. —Ele disse resumindo uma grande parte. —Mesmo assim eu vi te procurar, porque eu precisava ouvir de você a verdade.

Eu esperei que minha raiva sumisse, eu desejei poder acreditar naquilo, mas tudo eram tão simples e fantasioso que me pareceu impossível. Provavelmente essa era desculpa esfarrapada que ele pretendia que eu acreditasse, parte de mim lutava para que eu acreditasse nisso, só que eu não ia deixar essa parte vencer meu lado racional.

Tudo ficou silencioso por um longo tempo, eu imaginei se ele tinha ido embora. Eu repassei milhares de vezes todas as suas palavras, até sentir o cansaço me dominar.

—Michel. —Eu o chamei na duvida se ele tinha ido embora. Não houve resposta. Provavelmente ele não estava mais lá ou não tinha mais nada para dizer. Eu fiquei tentada em descobrir.

Eu me levantei do chão frio e destranquei a porta abrindo apenas uma fresta para espiar lá fora.

O Michel estava sentado no chão encostado no batente da porta, seus olhos alcançaram o meu silenciosamente.

Ele se levantou de um pulo, ainda olhando para mim.

—Porque você não terminou tudo com ela depois? —Eu não pude evitar perguntar, aquela pergunta estava queimando na minha cabeça. Eu percebi quando seu pé direito escorregou por entre o vão da porta me impedindo de fechá-la novamente.

—Eu tentei terminar com a Thifany, mas ela estava tão empolgada com tudo isso que envolveu nossos pais. —Sua voz sai baixa como se ele tivesse confidenciando um segredo. —E eu fiquei completamente sem saída. Eu não queria causar mal algum a ela...

Então ele parou de falar, ficamos em silencio, eu esperando qualquer reação sua e ele esperando a minha. Eu tentei digerir tudo rapidamente, mas não dava, era difícil demais acreditar nisso tudo. Então a raiva me atingiu como um soco.

Ele não queria magoar a Thifany, não queria que ela sofresse, mas não se importava com o que eu pudesse sentir ao descobrir a verdade, aquele pensamento egoísta vez a raiva crescer assustadoramente dentro de mim.

—Me perdoe. —Ele murmurou, olhando pra baixo.


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Notas finais do capítulo

O que vcs acham que ela deve fazer? Perdoar ou não perdoar?