Acordei  na madrugada do dia seguinte com a cobra se enrolando no meu braço.

—Céus...O que você quer a essa hora? –Murmurei enfiando a cara no travesseiro.

—Eu nada –Ela sibilou – Quem quer algo é o garoto que está lá fora.

Eu arregalei os olhos e me sentei na cama.

—Não sabia que você falava. –Comentei encarando-a nos olhos.

—Eu não falo –Ela respondeu –São duas as opções: Ou eu falo na sua mente ou você é louca mesmo.

—Acho que ambas opções estão corretas...-Comentei tirando a cobra do meu braço- Mas quem você disse que estava me procurando?

—O Mark –Ela sibilou e começou a rastejar do meu lado- Mas não sei...Não gosto dele.

—Por que não? –Disse me dirigindo até a porta.

—Porque ele é filho de Apolo, acho um motivo bem plausível. –Não entendi do que ela estava falando, mas acabei concordando.

—Totalmente.

Tirei algumas folhas do caminho e encontrei Mark sentado enfrente a caverna conversando com outra semideusa. Devia ter a minha idade ou talvez um pouco menos...Tinha a pele escura, mas eu não era capaz de dizer exatamente o tom já que estava tudo escuro, seus cabelos lisos batiam até os joelhos e brilhavam com a luz do céu.

 Me aproximei dos dois e sentei  ao lado da garota.

 -Queriam me ver? –Perguntei abrindo um sorriso.

—Ah, sim! –Respondeu entusiasmada a garota que finalmente havia notado a minha presença. Agora que estávamos próximas podia ver perfeitamente seu rosto, e sinceramente, estava entre as cinco pessoas mais bonitas que eu já vi! Seus olhos tinham uma mistura de verde com castanho, e sua pele era lisa e de um tom canela...Lembrava uma indiana. – Eu sou a Anisha, achei que devesse vir pedir desculpas pelo comportamento de alguns dos meus irmãos...

—Hm? –Eu a encarei confusa –Do que está falando?

—Viu, Ani? Eu avisei que ela nem teria percebido...-Ani, Mark? Que intimidade é essa? Nem eu você chama por um apelido!

—De toda forma o certo é que eu peça desculpas. –Mark concordou e abaixou a cabeça.

—Pessoal...Não estou entendendo absolutamente nada.

—Bem, durante toda aquela confusão com os deuses...Meus irmãos e irmãs atacaram você injustamente.

—Mas por que?

—Nos somos filhos de Afrodite...E poucas vezes nossa mãe no dá atenção ou fala conosco. E aí chega você e ela começa a dizer que é sua fã e que acompanhou sua vida inteira...Sabe, não foi fácil para nós!

—Desculpe, mas nunca foi meu objetivo ter sua mãe me acompanhando. –A garota sorriu e colocou a mão no meu joelho.

—Eu se disse. Mas se vir o chalé de Afrodite te encarando no café da manhã não repare! Eles são ciumentos, mas logo passa.

—Obrigada por vir aqui se desculpar, isso foi muito legal da sua parte.

—Não foi nada...-Ela começou a encarar o céu –Legal mesmo foi você não se vangloriar por ser tão poderosa. Assim age um verdadeiro herói, e sabe, eu sinto que você pode ser muito no futuro. –Ela encarou Mark e depois cochichou no meu ouvido –Também sinto que mamãe preparou uma ótima história para você.

—O que?...Não, nunca! –Eu disse depois de entender a que ela se referia e ela começou a rir.

—Quem sabe...-Ela me encarou e deu um sorrisinho de lado- Histórias de amor também tem suas reviravoltas.

—Com licença –Disse Mark finalmente entrando na conversa –Do que raios vocês estão falando?

—De você. –Respondeu Anisha de forma rápida fazendo Mark corar.

—Entendo...Mas acho que devemos ir, não deve ser permitido sair para conversar a essa hora da noite.

—Realmente não. –Concordei.

Nós nos despedimos e eu voltei para a caverna para dormir as duas horas que restavam. O que teria sido fácil se a cobra não ficasse falando na minha cabeça sobre o Mark e a Anisha, meu pai, aquela cobra não gostava de ninguém!

Depois de apelar e mandar a cobra para fora eu finalmente consegui voltar a dormir.