Esperança - One-shot escrita por Solline


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Capítulo único.
Boa Leitura!



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Sabe o que a maioria de nós seres humanos temos e não damos o seu devido valor? A vida. Principalmente a vida daquele que nós amamos, porque você tem sua consciência e subconsciência que tentam como podem te fazer viver, tipo, é da natureza humana querer viver, então quando você, inundado por sentimentos infelizes tira sua própria vida, isso significa que você foi contra a natureza. Por que estou dizendo isso? Porque eu conheço a dor de perder alguém.

Viver é um dom, e não um luxo dado a qualquer um que não sabe como usufruir, e muitas vezes esse dom não é dado ou é retirado dos que mais desejam viver.

Eu nasci saudável, um bebe careca e gordinho, mas cheio de saúde, entretanto isso não aconteceu com minha irmãzinha que hoje completaria 18 anos, assim como eu. Sim, gêmeos. O destino, ou deus, como queira chamar, não permitiu que minha irmã nascesse com saúde, ela nasceu menos de dois minutos após eu sair da nossa mãe. E assim que saiu do corpo da nossa mãe os médicos viram algo estranho nela, a cabeça de formato irregular e tamanho anormal, após alguns exames ficou claro que ela tinha sido má formada dentro do útero, uma infelicidade.

Mesmo com os diagnósticos desanimadores ela ainda tinha esperança, nós tínhamos esperança, e pensando nisso minha mãe a deu o nome de Esperança, e para mim Guilherme, pois eu seria o protetor da Esperança.

Com o auxilio de maquinas e uma enfermeira, Esperança foi capaz de sobreviver durante dois anos indo pelo menos três vezes na semana ao hospital. Depois que completamos dois anos a situação dela agravou muito, e seu cérebro foi perdendo a capacidade de realizar atividades simples, como respirar, então os médicos pediram a internação dela. Conforme os meses iam passando mais máquinas eram necessárias. Nada era barato, e meus pais se matavam trabalhando para conseguir todo dinheiro que fosse preciso para Esperança continuar sobrevivendo.

Lembro que no nosso aniversário de 3 anos nossos pais passaram com a Esperança no hospital, nessa época Esperança estava muda.

Com a ciência e a tecnologia avançando, eles começaram a desenvolver um tratamento que poderia fazer a doença reduzir o avanço, e também causar pequenos choques no cérebro para que ele “religasse” algumas funções básicas.

No nosso aniversário de 4 anos comemoramos em casa, até mesmo tiramos uma foto, e nela aparece Esperança e eu no colo de nosso pais, ela com alguns aparelhos embutidos, porém com o sorriso mais lindo que já vi. A foto foi tirada justo num momento em que eu a estava tentando contar uma piada, todo atrapalhado, e ela riu, foi uma deliciosa gargalhada, eu fiquei bobo quando a vi rindo e não consegui desviar meu olhar, e isso fez nossos pais rirem também, mas se você ver a foto, só vera os sorrisos dos outros três e a minha cara surpresa olhando para minha irmã. Guardo essa foto como um tesouro, junto com um desenho que Esperança fez pra mim quando tínhamos 5 anos. Seria meu primeiro dia na escola, e eu estava muito nervoso porque Esperança não podia ir junto, mesmo estando bem, e isso era um absurdo na minha cabeça, então ela desenhou algo para me fazer sentir mais tranquilo, ela nos desenhou juntos de mãos dadas na entrada de uma escola infantil... Mais ou menos, afinal uma criança não desenharia com tanta perfeição quanto um adolescente, por exemplo. Mas o desenho foi lindo o suficiente para me fazer ficar feliz. Em troca do desenho que ganhei, fiz um para Esperança. Desenhei-a com seu coelho de pelúcia, sorrindo da forma mais parecida com que tinha guardado em meu coração. Não ficou igual, e eu iria jogar quando Esperança me pegou no flagra. Ela tomou o desenho de mim e com um enorme e lindo sorriso me disse “Obrigada”. Aquilo fez o meu coração transbordar de alegria.

Alguns dias depois que fizemos 6 anos eu cheguei em casa após a aula e estava muito ansioso para contar à Esperança o quão bem eu tinha me saído nas atividades de matemática, mas quando cheguei tudo que vi foi minha querida irmã desacordada, pálida, sem respirar nos braços de meu pai. Eles correram com ela para o hospital e voltaram no mesmo dia, só que sem a Esperança. Lembro claramente das palavras que meu pai disse enquanto tentava controlar as lágrimas que caiam sem parar “Gui, você não poderá mais proteger a Esperança, porque ela agora dormiu para sempre”. Eu comecei a chorar antes mesmo dele terminar de falar. As lágrimas borraram tudo e não consegui manter os olhos abertos. Meu pai me abraçou e choramos junto. Minha mãe chorava num canto do sofá enquanto nos observava, ela era e é mais forte do que nós dois. Poucos dias depois foi o funeral da Esperança. O caixão pequeno e cor de rosa. Eu não consegui chorar durante o funeral de tanto que eu tinha chorado nos dias anteriores. Antes de cobrirem o caixão com a terra, eu joguei para minha amada Esperança o que ela mais amava, seu coelho de pelúcia.

E hoje, no dia em que estou completando 18 anos, minha mãe está dando a luz a uma criança. A minha pequena Valentina, forte e cheia de saúde. Esperança nunca será substituída, mas eu sei que lá do céu ela está nos olhando e me mandando proteger a Valentina, porque ela será o anjo que finalmente irá cicatrizar a ferida que ficou em nossos corações.

A mensagem que quero deixar registrada é: Dê valor às vidas que você ama, porque não sabe quem poderá morrer amanhã.


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Notas finais do capítulo

É isso!

Kissus :*



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