Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Dei uma corridinha por aqui e assim que atualizar, vou começar a responder.
Laila ainda está em Denver.
Eu não sei se contei a vocês, mas estou reescrevendo outra história.
Mas, provavelmente não vai ter crossover, já que algumas pessoas se perderam e só vai ser postada quando eu acabar alguma aqui.
Provavelmente eu vou acabar essa primeiro, mas tempo ao tempo.

Sem mais, boa leitura.



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Eu fito o teto, tentada a sair da cama, enquanto a minha mente relembra toda as centenas de vezes Damon me pediu para não o esperar aparecer para ir comer algo e luto contra a preguiça que se apodera de mim. E eu só vou fazer porque eu sei o quanto ele está cansado, depois da viagem de quase quinze horas, do que resolveu, dos problemas com o avô, das noites mal dormidas no hospital... Passa das seis da manhã, então Harry já deve ter almoçado com nossos pais. Eu suspiro, mas ainda assim, tateio a mesinha de cabeceira, em busca do meu iPhone. Abro as chamadas e como a última que recebi ontem foi a do Harry, eu retorno.

Meu doce. — Ele atende, de imediato e eu me derreto completamente por dentro.

— Bom dia.

Boa tarde. — Harry ri.

— Droga. E eu ainda calculei. — Faço beicinho.

Mas também não precisa fazer beicinho. Essas coisas acontecem.

— Para de me conhecer tão bem.

Sabe que eu me atenho a detalhes. E então, como foi a noite?

— Assim que Damon terminou de resolver tudo, viemos para o apartamento dele, jantamos e dormimos.

Harry ri outra vez.

Estavam tão cansados assim?

— Querido, você já atravessou o Atlântico?

Pouquíssimas vezes.

— Apesar de ter feito somente duas vezes, é muito cansativo. Quinze horas de voo esgota qualquer um, inclusive eu, cheia de energia.

E como estão as coisas?

— Tudo em ordem, por enquanto. Eu acordei tem poucos minutos e estou com uma preguicinha...

Se estivéssemos juntos, eu estaria levando seu café da manhã na cama.

— Eu amo você.

Eu também te amo. E muito.

— Você é tão maravilhoso para mim.

Como se você não fosse mais do que maravilhosa para mim.

Minha barriga ronca e eu faço uma careta.

— Eu te amo, mas eu me amo mais e vou comer agora.

Eu me deleito pela terceira vez com a risada dele.

Certo. Quer que eu ligue mais tarde?

— Sim, quando chegar em casa. Eu vou ligar para mamãe depois que eu matar o que está me matando.

Eu te amo.

— Eu te amo. — Encerro a chamada, deixando o smartphone na mesinha de cabeceira e saio da cama.

Calço meus chinelos, prendo os cabelos num rabo de cavalo e saio do quarto, de pijama e vou ao banheiro. Lavo o meu rosto, seco com a toalha branca, como todo o ambiente e vou até a cozinha, sentindo o cheiro de panquecas.

— Bom dia, senhorita Vidal.

Eu faço uma careta.

— Bom dia, senhora Lane.

Valerie ri e ergue as mãos.

— Eu já estou finalizando seu café da manhã.

— Obrigada. — Sento à ilha. — Você trabalha para Damon há muito tempo?

— Vai fazer um ano dentro de dois meses.

— Ele sempre foi maravilhoso assim?

— Dizem que antes de conhecer a Emily, ele era desprezível. Tratava as mulheres como objeto, mas ela foi de grande importância para que ele se tornasse esse homem. Damon já foi mais feliz. Eu lamento que você não o tenha conhecido no período em que eles estavam juntos.

— Cheguei em Londres esse ano. — Faço beicinho.

— Bom dia — diz ele, entrando na cozinha.

— Bom dia. — Eu me agacho para pegar Bob e quando levanto com ele, vejo Valerie se aproximando do Damon.

— Bom dia, querido. Como se sente? — Ela coloca a mão na testa dele.

— Muito melhor. Eu nunca tive uma noite de sono tão maravilhosa como essa, desde que Emily e eu nos afastamos.

— Isso é bom. — Ela se afasta. — Eu estou terminando de preparar o café da manhã.

— Sobre o que estão conversando? — Ele senta ao meu lado.

— Estávamos falando sobre você enquanto namorava com a Emi — diz Val.

Damon suspira e passa a mão no rosto.

— Eu era feliz e sabia, mas vacilei. — Ele lamenta.

— Já conversamos sobre isso.

Valerie simplesmente vai arrumar a mesa. Tomamos café da manhã, enquanto eu comento que liguei para Harry.

— Val, Laila e eu vamos almoçar no Rabbit Hole, pois eu vou na GAT, na loja da Julia e fazer turismo.

— Certo, querido. Divirtam-se e não trabalhe tanto.

— Pode deixar.

— Eu vou pegar no pé dele, Valerie. Nem se preocupe, — Eu me manifesto, bebendo meu suco em seguida.

— Sendo assim, eu vou confiar.

— Não estava confiando na minha palavra? — Damon franze o cenho e cruza os braços.

— Desculpa, mas esse ano está difícil acreditar. — Ela também cruza e o loiro ergue as mãos.

— Eu vou reconquistar a sua confiança.

— Eu sei que vai. — Valerie sorri.

— Diga a Jamal que saímos em... — Ele me olha.

— Meia hora, se eu não me perder em devaneios. — Sorrio imensamente e Damon ri.

— Ou quarenta minutos.

— Certo. — Val concorda.

Saímos da cozinha e, enquanto Damon entra no quarto dele, eu vou para o hóspede. Pego a primeira roupa que está na parte de cima da mala. Apesar de não ser do costume das pessoas fora do Brasil tomar banho pela manhã, é o meu, então eu pego meus nécessaires e vou ao banheiro de fora do quarto.

Eu prendo os cabelos, tomo uma ducha e uso a toalha e roupão dali. Tão cheirosos e fofinhos que eu sinto inveja das minhas falhas tentativas de deixar as minhas roupas assim em Londres. Escovo os dentes, volto ao quarto e visto o conjunto de lingerie cinza mescla.

Visto a camisa branca, com listras cinza na vertical, folgadinha e de botão, uma saia da mesma cor que o meu conjunto, curta e outra camisa, jeans, de botão. Calço tênis branco e arrumo minha bolsa de alça tiracolo, presente da minha irmã. Coloco a pulseira que Damon me deu, cuja eu amo muito, o relógio que minha mãe me deu de presente de aniversário e ao abrir a porta, Bob passa correndo pela frente.

— Que velocidade. — Eu rio e saio.

— Você está linda — diz Damon.

— Obrigada. — Sorrio. Como se você também não estivesse. Agora eu entendo porque ele riu. Damon usa uma camisa cinza mescla, uma camisa marrom claro e botas. — Podemos ir?

— Claro.

Despedimo-nos da Val e saímos. Damon chama o elevador e esperamos. Eu peço a guia do Bob e Damon dá. Eu amo demais esse garoto lindo. Eu acredito que seja impossível não amar um cachorro. Ainda mais ele. Entramos na cabine, descemos até o subsolo e vamos ao carro preto.

— Bom dia, senhor Lundgren, senhorita Vidal. — Jamal abre a porta e Damon indica que eu entre.

— Bom dia, Jamal. — Eu pego Bob nos braços e entro, colocando o cinto de imediato.

Damon não demora a entrar e colocar o dele. Então saímos da garagem.

— Bem que Valerie disse. — Comento, fazendo carinho na orelha do Bob.

— O que Val disse? — Damon me olha nos olhos.

— Que Jamal não te chama pelo nome.

— Já vai fazer um ano que ele trabalha para mim e mesmo tendo pedido, ele não faz. Eu dispenso essa formalidade com todo mundo.

— Por quê?

— Antes era porque eu não podia usar o sobrenome do meu pai. Vivíamos em conflito até eu sair daqui e ir para Londres e só nos entendemos, depois que eu voltei, por causa da Ems. Segundo, porque a maioria do meu pessoal é mais velho e o fato de me chamarem de “senhor”, não significava que me respeitavam.

— Mas Emily fez maravilhas em sua vida, hein?

— Até ela sair dela. Realmente não era nada fácil meu não relacionamento com meu pai. Discutíamos muito mais pesado antes de eu me mudar. Ems estava para ir para Nova Iorque, sem mim e eu fiquei desesperado. Eu a amo demais, estava apaixonado na época e eu não queria terminar o que havíamos começado há pouquíssimos dias. Logan me deu o melhor conselho e sem provocações.

— Que bom que vocês se entenderam.

— Foi realmente muito bom termos nos entendido. Minha vida ficou mais leve, sabe? Eu fiquei menos estressado. O que está me fazendo mal agora é essa distância da Emily. Eu jamais imaginei que fosse acontecer.

— Tudo vai se resolver. — Afago o seu braço e ele me dá um pequeno sorriso.

Jamal entra numa garagem subterrânea. Eu olho ao redor e percebo diversas bicicletas estacionadas. Enquanto ia ao hospital ontem, percebi que esse é um dos meios de transporte mais usados por aqui.

Saímos e eu coloco Bob no chão, indo ao elevador. Damon aperta o botão para o último andar. Lá, uma loira nos recepciona com um imenso sorriso.

— Bom dia, Damon. Senhorita.

— Bom dia, Amanda — diz Damon. — Essa é a minha amiga.

— Laila. — Estendo a mão, ocultando meu sobrenome somente porque ela fez e como Damon dispensa formalidades, farei o mesmo por aqui.

— É um prazer a conhecer, senhorita. — Ela me cumprimenta.

— Por favor, me chame de Laila e o prazer é meu. — Sorrio.

— Como desejar.

Afastamo-nos e uma morena baixinha se coloca de pé.

— Você me parece muito melhor do que quando veio aqui. — Comenta.

— Eu vou considerar isso um elogio — diz Damon, irônico.

Ela ri.

— Jodie Hill. — E estende a mão para mim.

— Laila Vidal. — Cumprimento-a.

— Oi, Bob. Bom dia, garoto. — Ela se agacha e faz um carinho na cabeça do filhote.

— Como estão as coisas por aqui? — Damon questiona.

— Em perfeito estado — diz uma loira, saindo de uma porta, atrás de uma mesa com outra loira. — Isla tem sido tão maravilhosa que eu estou quase enlouquecendo de amores por ela.

— E Jasmine?

— Eis-me aqui — diz uma voz feminina e eu olho por sobre o ombro, encontrando uma morena. — Vi pelas câmeras de segurança que você tinha chegado.

— O que fazia no andar da segurança? — Damon franze o cenho e a cumprimenta com dois beijos.

— Fui ver se flagraram eu me pegando com alguém no elevador. Felizmente, não, pois eu ainda não peguei ninguém aqui dentro.

Damon ri. Quem fala uma coisa dessas para o chefe?

— Mas está interessada, pelo que vejo.

— O segurança é um gato, forte, inteligente, divertido e simpático. — Ela joga os cabelos por sobre o ombro. — Quero sim.

Ele balança a cabeça em negativa.

— Pessoas, essa é a Laila, uma amiga.

Eu cumprimento Jasmine, a mais próxima, que se apresenta como prima do Damon, o que justifica sua falta de inibição para com o loiro, e depois a loira, vice-presidente. Ela é tão linda. Ambas são, na verdade. A loira emana uma confiança impressionante, falando sobre as coisas da empresa e Jasmine não fica para trás.

Observo a secretária da vice-presidente. Ela está concentrada no seu trabalho e me parece do tipo que fica na dela.

— Alguém conseguiu tirar você do hospital? — Questiona uma voz masculina e eu olho na direção, encontrando um moreno que aparenta ter a mesma idade que Damon, de mãos dadas com uma loira linda, ambos se aproximando. — Quem foi?

Olho para Damon na mesma hora em que ele me indica.

— Laila Vidal. — Apresso-me em me apresentar e eles me cumprimentam.

— Laila é uma amiga, que trabalha numa das cinco maiores de Londres. — Damon continua.

— Conheceu os outros dois? — O moreno questiona, Harry Fitzpratrick.

— Holly e Frederick. Sim. Ela é maravilhosa. — Sorrio, lembrando o quanto Holly foi importante para mim.

— Como conseguiu tirá-lo de lá? — Alice Scott questiona.

— Ultimato. — Eu olho para Damon e ele revira os olhos. — Eu precisava fazer, nem comece.

Mais uma vez, ele se rende.

— A conversa está boa, mas eu preciso voltar ao meu trabalho — diz Paige Davis. — Vejo vocês depois, Laila, foi um prazer a conhecer.

— Igualmente. — Aceno.

— Nós também já vamos — diz Damon e seu smartphone toca. Ele o pega do bolso e olha a tela. — É a Camila. Com licença. — E se afasta. — Oi, Camila.

— Vocês se conhecem há muito tempo? — Alice indaga.

— Conhecemo-nos no início do ano. — Sorrio.

E antes que ela faça mais alguma pergunta, Damon se aproxima.

— Laila, vamos? Tenho que ir no escritório da Camila.

Despedimo-nos do pessoal e vamos até o elevador. Damon o chama e o casal de amigos dele se juntam a nós, bem como sua prima.

— Isla vai ficar furiosa se você for sem falar com ela — diz ela.

— Diga-lhe que eu volto mais tarde. — O loiro pede. — O que eu tenho que resolver é muito importante. Eu ainda tenho que falar com papai...

— Certo.

Em poucos segundos, resta somente Damon, Bob e eu dentro da cabine e nós saímos no estacionamento. Entramos de imediato e o loiro pede a Jamal que nos leve ao escritório da advogada.

— Que pressa. — Coloco o cinto.

— Meu tempo acabou de diminuir. Desculpe.

— É sempre assim?

— Quase sempre. Desculpe.

— Tudo bem. Isso me dá mais um pouco de noção para a vida de empresária. — Eu sorrio.

Não que Harry faça diferente, mas não é tão corrido assim. Talvez seja porque ele só tem negócios no ramo de construção, ao contrário de Damon.

No prédio, eu opto por ficar na sala de espera e Damon nem hesita em entrar no escritório sozinho. Sento numa das cadeiras, aceitando a água que a secretária da Camila me oferece, coloco Bob no meu colo e pego meu smartphone, ligando para Eleanor.

Ah, querida, que saudades de você — diz de imediato e eu sinto meus olhos marejarem.

— Ah, mãe, também estou com saudades de você. — Faço um carinho no Bob e Jamal se aproxima, trazendo um pote e uma garrafa de água para o filhote. — Obrigada. — Dou um pequeno sorriso para ele, colocando Bob no chão para que possa beber sua água.

Que simplesmente concorda. Esse homem mal fala.

O que faz, querida?

— Estou esperando Damon resolver a compra de um haras.

Como estão as coisas aí?

— Tranquilas e corridas. Damon tem negócios em áreas distintas...

E você, como está?

— Com licença — diz a secretária, voltando com minha água. — Aqui está.

— Obrigada, querida. — Eu pego o copo de cristal e bebo um pouco. — Eu estou bem, mãe, obrigada e você? E o papai?

Estamos bem. Com saudades da nossa garota.

Eu sinto meus olhos marejarem outra vez.

— Quanto amor eu tenho por vocês. São sempre tão maravilhosos comigo.

É o mínimo. Você é tão maravilhosa conosco. Escute, eu estou encerrando o expediente aqui. Posso ligar para você depois?

— Eu ligo depois do almoço, pode ser? Dentro de duas horas e meia.

Perfeito. Seu pai e eu já vamos estar mais disponíveis. Veja se come bem.

— Nem se preocupe com alimentação. Sabe que eu sou faminta. — Bebo mais água, meando o copo.

Sei sim. Eu te amo.

— Eu te amo. Tenha cuidado.

Você também, querida.

Encerro a chamada e fito a imagem da tela. Harry e eu estamos sorrindo imensamente. Jamal não demora a se afasta, tão silencioso quanto quando chegou. Coloco o copo de água na mesinha de centro ao meu lado. Pego Bob nos braços e faço algumas fotos com ele, postando no Instagram a primeira em que ele me deu uma lambida generosa na bochecha. Faço-lhe um pouco de carinho, distraída, bebericando um pouco mais da água vez ou outra, quando meu smartphone toca. Eu sorrio imensamente só de ver o nome dele.

— Oi, amor. — Atendo de imediato.

Boa tarde?

— Bom dia. — Eu rio e ele me acompanha.

Como você está?

— Bem, obrigada e você?

Também, mas morto de saudades de você.

— Nem me fala nessa bendita. Eu falei com mamãe há alguns minutos.

Mesmo? E como foi?

— Morremos de amores uma pela outra, mas foi breve, porque ela já estava encerrando o expediente. Está a caminho de casa?

Ah, sim. Sim, eu estou.

— E como estão as coisas no meu apartamento?

Tudo em perfeito estado. Acabei dormindo lá de ontem para hoje.

Eu franzo o cenho.

— Mesmo? E eu posso saber o motivo?

O cheiro do seu perfume no travesseiro foi o que me deu sono.

Eu sinto as maçãs esquentarem fortemente.

Eu já disse que eu te amo? — Harry questiona, depois de eu ficar em silêncio por um tempo. O seu tom de voz é sério.

— Hoje, não — murmuro, corada ainda.

Eu te amo, Laila Maria.

— Eu te amo, Harry Carter.

Preciso desligar agora. — Ouço o barulho do portão abrir. — Ligo para você mais tarde.

— Certo.

Eu te amo.

— Eu te amo.

Encerro a chamada. Que esse tempo longe realmente sirva para nos nortear. Damon sai da sala, se despedindo de Camila. Eu simplesmente aceno e o sigo para fora, com Bob à frente.

Vamos de imediato ao restaurante que ele tem em sociedade com a irmã. The Rabbit Hole. O local é maravilhoso, a fachada igualmente, mas eu nem tenho muito tempo de ver, já que preciso me despedir do Bob. Em seguida, vou ao banheiro, a fim de lavar as mãos e limpar a minha bochecha lambida pelo filhote mais cedo.

Damon está sentado à mesa com um casal. O homem é loiro, aparenta ter mais de cinquenta anos e eu julgo se tratar do seu pai, pois há semelhança entre o mais velho e a irmã dele. A mulher tem os cabelos castanhos e é tão linda que eu praticamente babo por ela. Esta, julgo ter menos de cinquenta.

— Pai, Ju, essa é a Laila. Lalinha, esses são meu pai e minha madrasta-barra-ex-sogra — diz Damon.

— Laila Vidal. — Estendo a mão primeiro para ele.

— Logan Lundgren. — Ele me cumprimenta.

— Julia Zimmermann. — Ela me cumprimenta.

Eu me sento depois de Damon puxar a cadeira para mim e agradeço com um pequeno sorriso. Damon fala com o pai sobre a compra do haras e recrutar alguns estudantes de medicina veterinária para estagiarem, enquanto almoçamos.

A comida está maravilhosa e Damon dispensa sobremesa, me restando fazer o mesmo.

— Damon... — Logan balança a cabeça em negativa.

— Pai, eu estou precisando fazer isso.

— Você vai ter tempo para continuar vivendo? — Julia questiona.

— Vou. Eu só vou sobrecarregar Paul e tia Megan por enquanto, além da Alice, já que ela é minha contadora pessoal. — Ele faz uma careta. — Ainda não falei sobre essa compra com ela, que vai ficar furiosa quando vir o valor que eu pretendo tirar para pagar o haras. Mas eu realmente preciso fazer.

— Eu nunca interferi nos seus negócios. — Logan gesticula para o garçom e Damon pega a carteira. Eu faço o mesmo e ele me impede. — Eu vou falar com os professores. Vou mandar os melhores.

— Certo. Se quiser que eu fale com o pessoal apareço por lá segunda-feira.

— Pode deixar.

Os homens pagam a conta e eu vejo que não sou a única que não está muito feliz com essa ideia de ter sido mantida de fora.

Saímos do restaurante e Damon fiz que iremos à Blueberry Candy Shop, o que muito me agrada. Julia, ele e eu nos despedimos do Logan, que vai voltar para a universidade e vamos os três para a tal loja.

A fachada é a coisa mais linda, no maior estilo americano para tal negócio. Damon abre a porta e gesticula para que eu entre e eu faço, sem hesitar.

— Como aqui é lindo! — Exclamo, embasbacada. — Eu nunca mais quero ir embora.

— Obrigada, querida. — Julia passa por mim, indo ao balcão. — Cupcake ou brownie?

— Oh, deusa! Eu posso provar de tudo um pouco? — Questiono, gulosa.

Damon ri, atrás de mim e me guia até o balcão. Mais uma vez, eu não hesito em me acomodar.

— Você pode tudo — diz Julia, me servindo um cupcake pequeno que eu sou capaz de acabar numa bocada só.

— Eu juro que pago.

Os donos do local riem.

— Eu não estou preocupada com isso, querida. — Julia sorri para mim. — Eu estou preocupada com você. — E olha Damon.

— Podem ir conversar em qualquer lugar, desde que eu tenha quem me sirva mais... — Dou de ombros, cortando o pequeno cupcake ao meio, salivando descaradamente.

— Nem se preocupe. — Julia fala com alguém sobre me servir mais provas e se afasta com Damon.

— Esse é o favorito do senhor Lundgren — diz a garota que está me servindo, colocando um brownie no meu prato. — De chocolate amargo.

Eu salivo de imediato.

— Quem faz essas delícias?

— A senhorita Zimmermann. Ela é maravilhosa, não é?

— Sim. — Eu como um pedaço do brownie.

— Foi feito especialmente para o nosso chefe. O que a senhorita acha dele?

— Por favor, me chame de Laila. — Dou um pequeno sorriso. — Damon é um excelente amigo para mim.

— Ele é um excelente chefe. Sabia que, de vez em quando, ele serve algumas mesas? E ainda nos defende com unhas e dentes seja lá de quem for.

Eu sorrio imensamente.

— Eu não sabia.

Eu passo um tempo conversando com a garota de cabelos avermelhados. Eu percebo que Damon não tem discriminação na hora de contratar. Tem garçons e garçonetes de todos os gêneros e opções sexuais.

***

— Você está bem? — Questiono, enquanto vamos para o apartamento de Damon, depois de um dia agitadíssimo.

Ao sair da BCS, com Damon falando com Alice ao telefone, fizemos um pequeno tour pela cidade, onde eu conheci a história do centro comercial de Denver. Vi a fachada da casa noturna, onde iremos por volta das nove da noite. Desde o instante em que ele saiu do escritório com a Julia, que ficou estranho.

— Eu só estou um pouco preocupado com a Emily — diz, suspirando em seguida. — Jamal, vamos dar uma passada no hospital, por favor.

— Como queira, senhor.

— O que aconteceu com a Emily? — Volto a questionar.

— Eu não sei e é exatamente isso que está me matando. Eu fico tentado a ligar para ela, mas fico com medo de ser confundido. Meus sentimentos estão caóticos. Eu estou puto com ela. Por ter feito o que fez comigo, quando sabia que não havia vestígios do moleque inconsequente em mim, puto por haver uma possibilidade de ela estar grávida e escondendo isso de mim. Eu poderia buscar informações a respeito disso? Claro que sim, mas eu quero que ela chegue até mim e diga. E justifique tudo o que me fez.

Eu o puxo para um abraço, mesmo que de lado e Damon retribui.

— Eu sinto tanto por isso.

— Eu sei, Laila e agradeço a empatia.

— Não precisa agradecer. Você é uma pessoa maravilhosa. — Permito que se afaste e olho nos seus olhos. — Tudo vai ficar bem.

— Eu gostaria de ter sua fé. — Ele suspira.

***

Depois de vermos o senhor Lundgren, que nos garantiu que já se sentia melhor e que está ansioso para voltar para casa, Damon e eu fomos para o apartamento, somente porque o avô o dispensou de fazer companhia essa noite. Prometemos voltar pela manhã para um almoço com ele, por mais que façamos somente companhia a ele. Casper é um homem tão maravilhoso que eu estou completamente arrependida de não o ter conhecido antes, apesar de não ter havido possibilidade.

E agora, estou diante do espelho no quarto de hóspede. Eu estou usando um vestido de mangas compridas, preto, coberto de paetês e justo em minhas curvas. Eu calço sandálias simples, de tira fina, prendo no tornozelo e pego a clutch de mesma cor, devidamente abastecida. Felizmente meu batom é vermelho matte e eu passo a mão pelos cabelos, os colocando para o lado.

Saio do quarto e encontro Damon fazendo o mesmo. Eu nunca o vi tão despojado, com uma camisa azul escuro, com bolinhas brancas, de mangas, jeans clara e tênis azul escuro com branco. Ele guarda o smartphone e a carteira.

Despedimo-nos do Bob e saímos do apartamento. Damon me apresenta as vizinhas de andar no instante em que elas saem e nós quatro entramos na cabine.

Na garagem, vamos até um Range Rover preto, lindíssimo por sinal. Entramos, vamos em direção à saída e logo estamos rumando para Fire Rabbit. Damon dirige bem demais, e o caminho até lá é tranquilo. Eu me distraio mexendo nos berloques da pulseira que ele deu.

— Você está bem? — Ele estaciona. — Quando quiser ir embora, é só avisar.

— Eu estou bem e não quero ir ainda, mas caso não me aguente mais dando despesa, basta me mandar de volta a Londres.

— Fica tranquila que nós estamos indo bem. — Damon sorri, me incentivando. — Não é porque eu tenho meus problemas que não posso te ajudar.

— Eu só não consigo entender como pode os Carter terem tanto amor por mim, enquanto minha família pouco se importa comigo. Avisei que vinha para cá e só minha irmã me interrogou como a uma criminosa. Papai me mandou ter cuidado, como sempre e só. Eles mal têm se comunicado comigo. É como se, minha saída do país tivesse sido melhor para eles do que eu poderia imaginar.

— Foi melhor para mim, assim eu te conheci. — Ele sorri outra vez. — Vamos nos distrair? Quero te mostrar mais um dos meus negócios.

Saímos do carro e eu observo a fila quilométrica.

— Mas, eita. Como vamos entrar? — Eu olho para Damon e ele ri. — Esqueci.

Aproximamo-nos do início da fila e os seguranças abrem a passagem para Damon, que me guia. Continuo sendo guiada por um corredor até um salão amplo. O lugar é lindíssimo e a exclamação escapa.

— Uau!

Eu mal tenho tempo de olhar ao redor, Damon me leva ao bar, onde estão alguns conhecidos.

— Quer ir para camarote ou área VIP? — O loiro questiona e eu o olho.

— Aqui está ótimo. — Peço um cosmopolitan. — Vou para a pista em instantes.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pelo capítulo imenso, mas como Laila está acompanhando Damon e ele tem dias cheios, eis que isso se reflete nela.
Até breve,



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