Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Sei que estou devendo muitas respostas a vocês, que não atualizei dia 15 como deveria, mas realmente ficou difícil.
Eu acabo de digitar esse capítulo, pois havia tido um bloqueio, mas agora que consegui organizar as ideias, já tenho mais um capítulo iniciado, totalmente empolgante. Espero finalizar ainda hoje e já programo.
Então, ainda irei revisar ambos, por isso, peço desculpas pela demora. Eu me odeio quando isso acontece.

Sem mais, boa leitura.



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Eu poderia passar a vida inteira deitada sobre esse colchão, entretanto, a minha barriga ronca de maneira audível, me lembrando que eu tenho que sair para comer algo. O que quer que o chefe tenha preparado para café da manhã, eu tenho certeza absoluta que deve estar uma delícia. O almoço de ontem foi tão maravilhoso que eu me senti sendo levada para outra dimensão, ou qualquer outro lugar próximo aos deuses. Elena riu demais diante das minhas expressões faciais e eu gostaria que Benjamin também estivesse aqui para a ver tão feliz. Eu me sinto bem quando divirto as pessoas, as faço rir.

Espreguiço-me, fazendo alguns ossos estalarem e ouço duas batidas contra a madeira. Eu levanto, caminho até a porta e abro, encontrando Elena Champoudry incrivelmente bela, apesar de estar somente de robe carmim. A beleza dessa mulher é surreal. Os cabelos dourados estão levemente desgrenhados, o rosto sonolento... Eu aposto que Benjamin tem uma centenas de fotos dela dessa forma.

Bon jour, mademoiselle Vidal.

Bon jour, mademoiselle Champoudry.

— Seu francês está ficando bom.

— Você é sempre tão generosa.

Elena ri e eu a acompanho.

— Vem, vamos tomar café da manhã, pois eu estou faminta.

Eu saio do quarto, fechando a porta atrás de mim, descalça mesmo. Eu devo admitir que sinto falta de pisar no chão sem qualquer barreira e fazer isso nessa mansão tão maravilhosa é muito bom.

O cheiro que vem da cozinha me faz salivar e a barriga roncar um pouco mais alto, e eu não me dou ao luxo de hesitar após a anfitriã se acomodar, pegando de imediato um croissant e colocando geleia de morango.

Eu posso ganhar uns cinco quilos aqui facilmente.

Bon jour, mademoiselle Vidal — diz Mirela.

Bon jour, Mirela. — Dou um pequeno sorriso, mordendo generosamente o croissant.

— Deseja café?

— Eu não bebo — digo, depois de acumular a bola de comida numa bochecha. — Desculpe. — Volto a mastigar.

— Não precisa se desculpar. Temos suco de laranja e chocolate quente.

— Ai, que dúvida. — Dessa vez, eu engulo antes de responder. — Acho que vou ficar com o suco.

Excusez-moi. — Ela se afasta.

Eu estou me sentindo num palácio.

— Que recepção maravilhosa. Desse jeito, eu nunca mais saio daqui.

— As portas estarão sempre abertas para você. — Elena sorri docemente e eu não consigo não retribuir.

— Você é tão maravilhosa. — Suspiro, quase derretida.

— Você quem é. Nem vem. — Seu sorriso amplia ainda mais. — Eu tive uma ideia. Que tal irmos ao salão?

— Eu vou adorar. — Bato palminhas. — Mas, deixa antes eu me abastecer.

***

Quero inovar, mas eu ainda não sei exatamente o que fazer. Nunca senti vontade de mudar a coloração dos meus cabelos e das vezes em que eu cortei, foi somente para tirar as pontas duplas, sem dar um modelo certo às madeixas, ou seja, eles estão abaixo dos meus seios, num V com camadas. Eu mordo o lábio inferior, ao lado de Elena, enquanto vamos no carro com Tobias e um segurança. Infelizmente eu não sei o seu nome, porque ele é proibido de nos dirigir a palavra, sendo, exatamente, um guarda-roupas, pelo fato de ser robusto e alto. Além de careca. Parece com o Jason Statham, mas eu optei por não comentar isso com ninguém.

Justine cuidou de agendar uma hora para nós duas e eu devo admitir que gosto desse privilégio, mesmo sentindo que estou abusando em alguns momentos. Sei que o tenho quando estou com os Carter, mas parece que com Elena, a coisa é muito mais séria.

Por pensar nos Carter, Harry ainda não me ligou e eu estou insegura de fazer. Eu sei que, com minha ausência, ele pode estar mais focado no seu trabalho e como ele é vice-presidente, o peso do fardo é grande.

— Liga para ele — diz Elena, me despertando.

— Eu estou insegura de o atrapalhar.

— Diz isso a ele e depois eu quero saber da resposta.

Eu saco o aparelho da minha bolsa tiracolo, presente da víbora da minha irmã, que já me encheu o saco ao ver onde eu estava pelo Instastories. Não só ela, claro. Algumas pessoas já me pediram para levar lembranças, como se eu fosse voltar para o Brasil ao sair daqui. Ainda tenho que ir ver Damon, eu apenas não sei quando. Corro os dedos pela agenda e inicio a ligação.

Meu Doce. — Harry atende de imediato.

Eu me derreto completamente, como açúcar virando caramelo só de ouvir essas duas palavras tão calorosas e cheias de amor. Eu sinto meu rosto esquentar e sorrio toda boba.

— Oi — murmuro, corada.

Estava pensando em te ligar agora mesmo.

— Eu ia fazer mais cedo, mas fiquei insegura de te atrapalhar.

Isso é algo que você nunca fará, meu doce. Sempre terei tempo para você. Como estão as coisas ai? E você, como está?

— Está tudo tão incrível. Eu sinto como se estivesse sonhando.

Eu adoraria estar ao seu lado agora para te dar a certeza de que tudo é realidade.

— Eu adoraria ter você aqui. E eu estou bem, obrigada e você?

Além de morrendo de saudades de você, eu estou bem, também, obrigado.

Tobias estaciona e eu retiro o cinto e o espero abrir a porta para mim.

Merci — murmuro para ele, que apenas aquiesce e saio. — E mamãe e papai? — Eu me apresso a seguir Elena.

Papai está numa reunião agora. Está bem. Eu acho que vão te ligar no almoço. Mamãe está trabalhando e muito bem também.

— Que bom. Eu preciso desligar agora. Liguei mesmo para ouvir a sua voz.

O que vai fazer?

— Elena marcou uma hora para nós duas num SPA maravilhoso por aqui. Soube que é um dos melhores.

Relaxe e se divirta.

— Obrigada. Bom trabalho.

Obrigado. Eu te amo.

— Eu te amo. — Encerro a chamada e entro com a loira.

— O que ele disse? — Ela me olha.

— Que eu nunca o atrapalharei e sempre terá tempo para mim. — Coro outra vez e ela me abraça de lado.

Vamos até o balcão da recepção onde uma loira impecavelmente vestida num terninho de risca de giz sorri para nós, totalmente receptiva.

Bon jour, mademoiselle Champoudry.

Bon jour, Antoinette — Elena responde. — Essa é minha amiga, Laila Vidal.

Bon jour, mademoiselle Vidal. — A loira sorri para mim.

Bon jour. — Dou um pequeno sorriso.

— Acompanhem-me, s’il vous plaît.

Eu posso não ser a poliglota da vida, mas graças ao fato de Elena costumar falar francês com algumas pessoas, eu estou conseguindo entender umas poucas palavras. Falta apenas melhorar a pronuncia de algumas e adicionar outras centenas de milhares ao meu vocabulário. Uma pena eu não ter tido aulas quando mais nova.

***

Eu balanço a cabeça de um lado para o outro, enquanto gravo um boomerang com a câmera frontal do meu smartphone para o Instagram. Isso agita meus cabelos recém cortados um pouco abaixo dos ombros, mas que resultou uma leveza impressionante e eu estou maravilhada com o resultado e tão empolgada com a reação das pessoas (do Harry, mais especificamente), que posto sem hesitar. Mordo o lábio inferior.

Tive uma manhã sensacional, com direito a massagem relaxante, esfoliação, apesar de ter ouvido Harry falar que não é muito fã desse procedimento, pois as células mortas devem sair da pele por conta própria, manicuro, pedicuro e cabeleireiro. Fizemos um lanche com frutas e mais coisinhas saudáveis, das quais eu não recordo o nome agora e tudo o que eu quero é ir para o almoço, pois estamos com uma hora de atraso.

O toque do meu smartphone me assusta e eu olho a tela, encontrando uma chamada de vídeo de Harry. Eu atendo de imediato, o encontrando boquiaberto ao me olhar. Eu passo a mão pelos cabelos e a mulher que estava cuidando dos meus fios se afasta.

— Você está divina! — É tudo o que ele diz, depois de alguns segundos, que para mim, foi uma eternidade, de observação.

— Jura? — Ergo as sobrancelhas e ao olhar para além dele, o encontro entrando no La Fleur D’or.

Claro que sim, meu doce. Eu passei uns cinco segundos procurando o que dizer. Estou sem palavras.

Eu sinto minhas maçãs esquentarem.

— Você é um lindo.

E você, uma maravilhosa.

É a Laila? — Ouço mamãe questionar e eu quase saltito na cadeira, enquanto Harry concorda. — Deixe-me vê-la. Deixe-me ver a minha menina. — E quando ela aparece na tela ao lado do seu filho, eu a vejo ficar igualmente boquiaberta. — Ah, meu Deus! — Eleanor exclama. — Como você está ainda mais linda.

— Awn, mãe. — Eu sinto meus olhos marejarem. — Você gostou?

Eu adorei. O que Elena está fazendo com você, hein?

— Maravilhas, mãe, acredite. Eu estava querendo inovar, mas não sabia como.

Quando o seu pai te vir, vai ficar todo babão. — Ellie ri e eu a acompanho. — Onde está a minha chefa?

Eu olho ao redor e a vejo atrás de mim, há uns três metros de distância, conversando com a mulher que estava cuidando dos meus cabelos.

— Conversando. Às vezes eu fico insegura de a estar atrapalhando.

— Bobagem — diz Elena e eu a olho por sobre o ombro. Dessa vez, ela está exatamente atrás de mim. — Já conversamos sobre isso.

— Desculpe. — Encolho os ombros e ela os afaga.

— Tudo bem, Laila, só não repita.

Ela costuma fazer isso demais. — Mamãe me repreende e eu me encolho ainda mais.

É a minha menina? — Dessa vez, papai questiona e Eleanor concorda. — Deixem-me vê-la.

— Pai! — Exclamo ao vê-lo.

Minha menina! Como você está maravilhosa. E radiante. E linda.

— Obrigada, pai. — Eu levanto e vou com Elena em direção à saída.

— Quando você volta? Já estou morrendo de saudades.

— Ela não vai nem tão cedo — diz Elena, aparecendo ao meu lado. — Estamos indo almoçar e depois passearemos pela capital.

Ora, Elena, já deve ter aproveitado a companhia da Laila o suficiente. Devolva-a, por favor.

Ela ri e vai até a recepção.

— Pai, eu preciso desligar. Tenho que pagar a minha parte.

— Negativo — diz Elena. — Meu presente.

— Meu aniversário já passou. — Apresso-me até ela. — Amo vocês. Assim que der, eu ligo.

— Cuide-se — diz papai e eu recebo um beijo de cada um. — E se divirta.

— Amo vocês demais. — Encerro a chamada e pego minha carteira de dentro da bolsa.

— Vamos. — Elena me puxa para fora.

— Ah, não. — Resmungo e cruzo os braços. — Elena.

— Você é minha convidada e não foi nada de mais.

— Não é porque eu sou sua convidada que você vai ficar pagando tudo para mim. — Marcho até o carro e Tobias abre a porta para mim.

O que contém os dois seguranças extra está atrás.

— Ei, dividimos a conta ontem. — Ela entra e coloca o cinto e só então eu lembro de fazer.

— Eu não gosto de ter as pessoas pagando as coisas para mim. Além do mais, eu tenho alguns trocados. Não se compara ao que você tem, mas é alguma coisa.

— Não fica chateada, vai. — Elena me abraça de lado e afaga meu ombro. — Eu não me importo em pagar.

— Desculpa se pareço ser chata.

— Eu entendo você, acredite. Eu quem devo pedir desculpas.

Eu suspiro.

— Não vim para cá com essa intenção.

— Eu sei. Estamos relaxando, porque quando formos a Champagne, vamos trabalhar tudo, garota.

— Está bem. Desculpe mais uma vez.

— Tudo bem. — Elena afaga meu braço. — Agora, vamos comer, pois eu estou faminta.

***

No Brasil, eu costumava ouvir algumas pessoas dizerem que comiam pratos de pedreiro. Isso é uma comparação ao fato de alguns homens que trabalham dessa forma comerem muito, pois o gasto de energia é grande, já que fazem trabalho braçal durante um dia inteiro. Normalmente é uma montanha de comida. Eu imaginava que, por se tratar de uma pessoa elegante e tão conhecida mundialmente, Elena Champoudry, que não tem segundo nome, fosse o tipo de pessoa que amasse comer escargot, mas ela prefere um imenso prato de macarronada, bem montanhoso, bem prato de pedreiro.

E foi exatamente isso o que comemos de nos fartar e agora estamos pensando no que comer de sobremesa. Isto é, se ainda houver espaço.

— Que tal fazermos assim: saímos para caminhar e fazer a digestão e então comemos algo pela rua. — Ela sugere, depois de olhar o cardápio de cima abaixo.

— Excelente ideia, mas podemos esperar um pouco? Eu realmente estou muito cheia. — Eu bufo e quase abro os botões do macacão para poder respirar melhor.

Elena pede a conta. Ela usa uma calça jogging verde militar, um cropped de alças finas num tom envelhecido e uma flatform. Ela deveria ditar moda. Se fosse daquelas It Girl, ou melhor, It Woman, eu estaria seguindo todas as suas tendências de maneira assídua. E felizmente dividimos exatamente meio a meio e ao fim, saímos do restaurante. Eu não tenho ideia de em que momento Tobias e os demais seguranças fizeram sua refeição, mas arrisco que tenha sido quando ainda estávamos no SPA.

Ao sairmos, eu vejo que já são outros seguranças. Elena parece acostumada a isso e como prova, ela simplesmente entra no carro e eu me apresso a fazer o mesmo.

***

— Como pode estar tão maravilhosa assim? — Damon Oliver Lundgren questiona e eu sorrio, completamente sem graça.

— Você me parece cansado. — Comento, após o observar de maneira atenta e ele simplesmente suspira.

— Eu estou bem, peixinha. — Seu sorriso não alcança seus olhos e isso me deixa triste.

— Ah, Damon, eu não gosto de te ver assim. Anda, diz logo o que está acontecendo.

— Nada. — Seu tom me passa uma confiança impressionante. — Eu juro.

— Onde está? — Observo o local.

— No hospital, desde ontem. Meu avô paterno foi internado.

Awn, eu sinto muito — murmuro. — De verdade.

— Obrigado, Lalinha.

— O que houve com ele?

— Vovô tem mais de noventa anos. Passou por uma guerra, a segunda mundial.

— Ah, sim. Eu gostaria de poder fazer algo.

— Com licença — diz Elena e eu a olho, diante da porta entreaberta. — Posso?

— Claro. — Eu me sento e cruzo as pernas sob mim.

— Olá, Damon. — Ela lhe dá um pequeno sorriso.

— Oi, Elena. Você está bem?

— Sim, obrigada e você?

— Também.

— Dois mentirosos. — Eu cruzo os braços.

Estou no quarto onde fui hospedada, depois de uma tarde maravilhosa com ninguém menos que Elena, conhecendo mais um pouco da capital francesa, tão linda que eu jamais terei palavras para descrever a magnitude disso. Hoje, jantamos na torre Eiffel e chegamos há cerca de vinte minutos. Eu resolvi me retirar, pois Elena parecia desconfortável com algo e agora, a vendo dessa forma, percebo que a coisa é séria.

— Desculpe, Laila, mas eu tenho que ir para Nova Iorque. O meu sogro teve um pequeno problema mais cedo e o meu namorado precisa de mim.

— Ei, não precisa se desculpar. — Seguro em sua mão. — Eu volto a Londres sem problema algum.

— Negativo. Você vem para cá. Eu estou precisando de você aqui — diz Damon.


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Notas finais do capítulo

Isso é um spoiler imenso para quem ler Encontro de Sedução. Tudo o que vem acontecendo, na verdade, desde que Elena e Benjamin entraram na história.
Juro que, dessa semana, as respostas não passam. Não me abandonem.
Amo vocês demais.



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