Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Consegui um computador para vir atualizar, então eis que aqui estou.
Quem está lendo a minha nova história, "A Face do Perigo", sabe que as coisas deram uma complicadinha para o meu lado, mas eu prometo que vou me esforçar ao máximo para me organizar e voltar a postar com regularidade.
Peço desculpas por não ter lhes respondido ainda. Eu vou me organizar para fazer isso até o fim da semana que vem.
Por que tanto tempo? Sem pc e celular lixo.
Perdoem-me. Isso não significa que eu não ame vocês.

Sem mais, boa leitura.



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Eu abro os olhos e me deparo com Harry adormecido. Sim, eu lhe pedi para me fazer companhia e que dormisse comigo, pois hoje eu viajo para Paris com Elena. O dia ontem foi tranquilo. Bruno apareceu no meu escritório para se despedir, Amélia me desejou boa viagem e agora eu tenho algo em torno de quatro horas para estar no aeroporto. Claro que eu estou ansiosa. E nervosa. E com o coração bem pequenininho diante da ideia de passar tanto tempo longe do Harry, já que nunca fizemos. Eu sei que não é tanto tempo assim e que duas semanas passam logo, porém, eu estou totalmente inclinada a ir para Denver, encontrar Damon. Depois do café da manhã do domingo, conversamos um pouco sobre seus negócios, já que eu fiquei curiosa e soube que ele tem a Go Applications & Technology, The Fire Rabbit, Blueberry Candy Shop, The Rabbit Hole e o Brown Roadster Haras.  A loja de cupcakes é em sociedade com a sogra, o restaurante, com a irmã e a GAT com o melhor amigo de infância.

Eu afago o rosto do homem ao meu lado e isso o desperta. Seu sorriso sonolento chega a ser ainda mais lindo do que o do Damon e o meu coração dispara, ficando impossível não retribuir.

— Bom dia.

— Bom dia. — Coloco uma mecha dos cabelos atrás da orelha.

— Volte a dormir. Eu vou fazer algo para você comer.

Eu simplesmente concordo e me rendo ao sono.

***

— Panquecas e chocolate quente para você. — Ouço Harry dizer e é o que me desperta.

Eu me espreguiço e sento, bocejando. Pego o elástico, prendo os cabelos num rabo de cavalo e vou lavar o rosto. Eu seco, volto ao quarto e me sento. Pego a bandeja, coloco no colo e pego os talheres. Iniciamos a refeição. Claro que não tem apenas panqueca e chocolate quente. Ele preparou torrada, tem geleia de morango, frutas em cubo e waffles.

— Você é maravilhoso. — Beijo sua bochecha, cortando um pedaço de waffle e lhe dando na boca.

— Eu já estou sentindo a sua falta.

— Não dramatiza. — Eu como minha panqueca. — Duas semanas passam logo.

— Que me dá a garantia de que vão ser duas semanas?

Eu dou de ombros e bebo um pouco do meu chocolate quente. Observo minhas malas e a roupa que separei ontem à noite na parede próxima à porta do banheiro.

— De qualquer maneira, passa logo. — Sou otimista e continuo com a minha refeição.

***

— Promete que vai fazer stories no Instagram para mim? — Harry questiona pela enésima e eu concordo.

— Assim que for possível, eu começo.

Estamos no mesmo aeroporto que Bruno veio me buscar quando eu cheguei e meus pais estão falando com Elena e Benjamin. Ele vai para Nova Iorque, tentar contratar o tal Castanheira, um dos melhores fotógrafos que eu já apreciei o trabalho. Claro que eu stalkeei o perfil do Benjamin e me deparei com centenas de fotos dele com Elena, porém, havia muito mais somente dela.

Justine está um pouco distante, falando com alguém numa chamada de vídeo. Totalmente profissional. Fiquei impressionada, não posso negar. Ela tem os cabelos dourados presos num coque formal, está de terninho de risca de giz e maquiagem discreta.

— Qualquer problema, me ligue a qualquer hora, Laila. Qualquer mesmo.

— Pode deixar. — Eu concordo outra vez, enfatizando.

— Que você faça uma boa viagem, meu doce. — Harry beija a minha testa e eu fecho os olhos. — E jamais esqueça de que eu te amo.

Sinto seu toque em meu rosto e ele afaga minha maçã. Inspiro fundo, querendo absorver o máximo do seu perfume e eu o abraço, escondendo o rosto em seu peito. Harry me aperta e por fim, nos afastamos.

— Eu te amo — digo, sincera.

Abraço meus pais outra vez, recebo um beijo de cada um e vou com Elena em direção à sala de espera.

— Pronta para aprender sobre vinhos, espumantes e destilados? — Ela questiona, ao se acomodar numa das poltronas da imensa e confortável sala.

— Sem sombra de dúvidas. — Eu sorrio imensamente, me acomodando ao seu lado.

Salut, mon cher — digo, iniciando meus stories no Instagram. — Eu acabo de desembarcar no Aeroporto Charles de Gaulle, depois de menos de uma hora e meia de voo. — Encerro o primeiro e inicio o segundo. — Foi uma viagem tranquila, graças a Deus e eu estou com ninguém menos que... — Encerro para fazer o suspense. — Elena Champoudry. — Eu a mostro ao meu lado e ela acena.

Salut — diz, com seu francês impecável, voltando a fitar seu smartphone e eu encerro, iniciando outro.

— Linda demais, não é? — Arregalo levemente os olhos e Elena sorri.

— Linda é você. — E me dá uma piscadela.

Eu só tenho tempo de segurar minhas malas; o motorista da minha anfitriã se prontifica a pegar e eu sorrio, em agradecimento. Tobias. Vamos com ele em direção ao estacionamento.

— Elena, eu estou te atrapalhando? — Questiono, enfiando o aparelho no bolso.

— Claro que não, querida. — Ela me abraça de lado. — Eu te convidei, não foi?

— Sim.

— Então, fique tranquila. Foram apenas uns e-mails, mas nada de mais. — E beija a minha cabeça.

Meu smartphone toca e eu o pego do bolso, encontrando o nome do Harry. Eu sorrio imensamente e deslizo a tela para atender.

— Oi.

Chegou bem, pelo que eu pude ver.

— Pois é. — Dou de ombros. — Como você está?

Com saudades de você. Vou almoçar com mamãe e papai sozinho pela primeira vez desde que você chegou.

— Eu sinto muito por isso.

Ei, está tudo bem. Eu quero que cresça. Você vai assumir a vice-presidência de uma das cinco maiores empresas do país. Tem que ter muito conhecimento, além do mais, vai fazer a prova para entrar numa das maiores universidades do mundo.

— Já sinto o peso sobre meus ombros. — Suspiro. — Tenho pouco tempo para me preparar.

Você já tem se preparado, meu doce. — É sua vez de suspirar.

— Eu estou dividida, Harry.

Com relação a quê?

— Essa coisa de vice-presidência. Eu não vou negar que sinto falta dos meus parentes no Rio de Janeiro, mas... é tão contraditório. — Entro no carro e coloco o cinto, segurando o aparelho com o ombro.

Olha, tem muito tempo pela frente, amor. Muito tempo. A sua graduação, pós, mestrado, doutorado e pós.

— Eu nem sei se vou conseguir a graduação. — Confesso, voltando a pegar com a mão.

Sabe que não estará sozinha. Você tem a mim, ao papai e aos outros três maiores empresários daqui. Eu tenho certeza de que nenhum deles vai hesitar em te ajudar, mas, caso façam, eu ainda estou aqui.

— Eu já disse que eu te amo?

Hoje?

— Sim. — Sorrio.

Somente uma vez.

— Eu te amo. Muito obrigada por absolutamente tudo.

Não precisa agradecer, meu doce. Eu também te amo.

— Falamo-nos depois.

Certo. Não se esqueça de colocar gelo no hematoma abaixo do seu joelho.

Eu arregalo os olhos.

— Diga ao papai e a mamãe que eu cheguei bem, que mandei beijo e os amo.

Direi. Até mais.

— Até. — Encerro a chamada. — Droga.

— O que houve? — Elena me olha.

Eu lhe conto sobre o que aconteceu no apartamento do Harry, antes de irmos para a balada do fim de semana.

— Agora eu aposto que ele sabe que eu apareci por lá.

— Ah, mas não precisa ficar assim. — Ela retira o cinto e eu faço o mesmo. — Vocês vão ficar duas semanas longe e você pode agir como se não soubesse do que ele está falando.

— Eu já sou vista como uma lesada mesmo.

— Não diga assim. — Elena sai do carro quando o Tobias abre a porta para ela e eu enfio o smartphone na bolsa tiracolo e saio quando ele faz o mesmo.

— Obrigada, senhor Tobias.

— Não tem de que, mademoiselle. — Ele sorri. — E pode me chamar somente de Tobias.

— O senhor vai me chamar somente de Laila?

— Em momento algum.

— Então eu não farei.

Elena ri e segura na minha mão.

Eu deixo meu queixo cair diante da fachada da mansão. Eu deixo para observar o jardim depois, me atendo à beleza à minha frente. Eu jamais saberei descrever. As paredes são brancas, impecáveis. O tom escuro da porta contrasta incrivelmente bem. Então eu lembro que Elena é arquiteta e deve ter feito algum trabalho recente nesse monumento. O que é meu apartamento se comparado a isso? Ou a minha casa no Rio de Janeiro?

— Acostume-se. Todos por aqui são assim.

Douce Elena — diz uma mulher, após abrir a porta dupla.

Ela envolve Elena num abraço apertado e a loira não solta a minha mão, mas retribui ao abraço da mais velha. Eu a observo: ela deve ter mais de cinquenta anos, os cabelos grisalhos e os olhos verdes. Tem tanta ternura neles.

— Oi, Mi. Eu nem passei tanto tempo longe. — Elas se afastam um pouco e eu vejo Tobias e Justine entrarem. — Essa é a minha convidada de honra. — E ela me indica.

— Laila Vidal. — Estendo a mão para a mulher e ela sorri.

— Mirela. — E me cumprimenta. — Seja muito bem-vinda.

— Obrigada.

— Vamos, entrem. O almoço está pronto e vai ser servido em instantes.

***

Eu coço a minha nuca e observo a decoração do quarto onde Elena disse que eu ficarei hospedada. Eu achei que, por se tratar de um “quarto de hóspedes”, a decoração fosse simples, resumida a uma cama, armário, mesinhas de cabeceira e uma poltrona, porém, eu estou diante de uma maravilha. As paredes são brancas, como em todos os cômodos que eu vi da mansão Champoudry, com uma cama de casal, extremamente confortável, com direito a recamier e dossel. O piso é de madeira cinza, o lustre, de tirar o fôlego e eu estou sem palavras até o momento.

— Aqui é o closet. — Elena me puxa até uma porta e eu a acompanho. — Mirela já acomodou suas roupas, eu espero que não se importe.

— De maneira alguma. Os lingeries são novos, então não tem motivo para eu ter vergonha.

A loira ri.

— A outra porta é a do banheiro. Tem uma varanda. — Ela me puxa até a porta francesa dupla e eu mordo o lábio inferior.

Será que aqui vocês pintam as unhas em estilo brasileirinha? Ba-dum-tss. Elena abre a porta e eu vejo o jardim frontal.

— Nossa! — Exclamo, vendo uma imensidão de flores de vários tipos. — Que divino.

— Precisa ver a minha vinícola em Champagne. Quando formos lá, eu vou te ensinar absolutamente tudo sobre vinho e espumante.

— Eu vou amar aprender. — Eu a olho. — Aqui é lindo demais.

— Mais tarde, vamos sair para jantar. Quero que conheça todos os pontos turísticos daqui e espero que não se importe de termos companhia.

— Quem? — Franzo o cenho e a olho.

— Seguranças. Eu não saio sem, pelo menos, quatro em meu calcanhar.

— Por quê? — Eu me preocupo.

— Sofri uma tentativa de sequestro há mais de um ano, então...

— Oh, eu não sabia. Sinto muito.

— Tudo bem. Tem muito tempo já, mas ainda é melhor prevenir.

— Por mim, não tem problema algum. Sairemos com um exército se for necessário.

Mais uma vez, Elena ri.

— Adoro esse seu senso de humor. — Ela faz um carinho nos meus cabelos. — Vou deixar que descanse um pouco.

— Eu não estou tão cansada assim.

— Então, que tal irmos dar uma volta? Estou louca para que veja os pontos turísticos.

Eu dou um gritinho e me apresso a verificar meu estado no espelho.

— Deixa somente eu escovar os dentes e fazer uma maquiagem leve. — Vou ao banheiro e encontro meu nécessaire ali.

— Eu vou ao meu quarto e não demoro.

Escovo meus dentes, admirada com a beleza do ambiente, tão bem iluminado que incomoda um pouco, devo admitir. Mas, pelo que eu pude observar, Elena não gosta muito de variar as cores. As neutras predominam por aqui, e quando aparece uma ou outra, é em tom pastel ou ainda mais suave. Não que eu já tenha visto tudo por aqui. Somente esse quarto, a sala de estar, de jantar e cozinha, até o momento.

Aplico um batom rosa claro, dou um pouco de cor às maçãs e saio.

— Tudo certo? — Questiono, quando Elena volta e pego a bolsa de cima do recamier.

— Sim.

Além de linda, ela tem um excelente gosto para roupas. Ela usa uma calça jeans clara, de corte justo, e cintura alta, uma camisa preta, de renda e mangas compridas e sapatilhas. Os cabelos loiros estão soltos. A maquiagem é simples, mas acredito que, se a vir sem, não fará tanta diferença.

Saímos do quarto e descemos a escada tranquilamente, quando eu vejo Mirela.

— Tobias já está pronto. — Ela vai até a porta.

Merci, Mi. Qualquer problema, não hesite em me liga.

— Claro. Tenham uma excelente tarde. — E abre.

Eu agradeço e vou um pouco atrás da Elena. Durante o voo, ela me deu algumas aulas de pronuncia. Eu sempre quis aprender francês, mas minha mãe nunca ligou muito para isso. Eu poderia não estar passando vergonha nesse momento.

Entramos no carro e eu vejo um homem no banco da frente. Julgo que seja um segurança. Elena se junta e Tobias ocupa o seu lugar. Colocamos o cinto.

— O meu chefe é excelente na cozinha, mas você precisa conhecer outros sabores por aqui — diz Elena. — Na hora do lanche, eu vou te levar a um dos meus lugares favoritos.

— Já estou ansiando.

Elena me conta um pouco da história de Paris, o que ouvira do seu pai, Olivier, um homem de coração imenso, segundo ela, que foi quem lhe instruiu sobre vinhos e espumantes. Ela teve que reerguer a Vins Champoudry, vinícola da família e hoje em dia, exporta para o mundo todo.

Diante da famosa Torre Eifell, Elena me conta que ela foi construída para celebrar os cem anos da Revolução Francesa. Eu fico embasbacada com a beleza da torre e com o francês da minha guia turística.

Em um momento ou outro, eu encontro os olhos dos seguranças em nós, porém não é algo tão desconfortável assim.

Depois seguimos para o Arco do Triunfo, mas é claro que, não sem antes, eu fazer algumas fotos e stories e entrar na torre.

Fazemos uma pausa para o lanche e eu experimento éclair. Seguimos para o Museu Louvre e encerramos na Place de la Concorde e eu devo informar que não poderia ter guia melhor para tal coisa.


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Notas finais do capítulo

Bom fim de semana.
Beijos e até os reviews.



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