Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores.
Quase que eu não vinha hoje. Esse capítulo tinha menos de quinhentas palavras mais cedo e antes que me julguem, eu vou me justificar.
Desde quinta-feira, da semana passada, eu estou na correria. Fui no médico e ele me passou mais de uma dezena de exames para fazer.
Eu sou uma pessoa que não se dá muito bem com alimentos. Pode tirar a comida de mim, mas não tire a água.
Então, ontem, eu fiz a coleta de sangue. Sou muuuito medrosa. Cortei o dedo sábado e quase desmaiei. Detalhe: o corte foi pequeno, mas o sangue me deixou malzona. Quando a mulher terminou de coletar, eu passei mal e suei pra caralho sob o ar condicionado. Vocês não têm ideia de o quanto eu fiquei mal.
"Passei" o dia deitada. Entre aspas por causa de João Pedro que não me deixa quieta.
Finalizei o capítulo agora e nas notas finais, quero partilhar uma ideia com vocês.

Sem mais, boa leitura.



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Mesmo tendo marcado de sair com a Olivia, claro que Harry ficou de tocaia em mim. E é claro que eu lhe provoquei ao máximo. Nathan parecia estar ciente de que não ia rolar nada entre nós dois, mas isso não o proibiu de se juntar a mim no jogo de provocações. E eu cheguei a aproximar nossos rostos perigosamente, chegando a sentir o hálito quente do homenzarrão lindo e gostoso contra meu rosto. O que me fez salivar e desejar um beijo seu com muita, mas muita vontade mesmo. Entretanto, eu me mantive firme.

Quando cheguei em casa, eu peguei logo uma garrafa de meio litro de água gelada e subi com ela, bebendo absolutamente tudo antes de cair no sono. A última coisa que eu tenho querido é enxaqueca pela manhã. Ainda mais num domingo, quando tem chance de eu ir almoçar com os Carter.

Eu bocejo, viro de lado e grito a plenos pulmões ao ver Harry recostado contra o batente da porta, com os braços cruzados na altura do peito, os cabelos molhados e a cara de quem não dormiu. Puxo o cobertor para esconder a minha nudez e coro só de pensar na possibilidade de ele ter visto alguma parte do meu corpo que não deveria, apesar de minha alma garantir que não houve chance alguma.

— Quer me matar? — Eu sento, segurando firme o cobertor. — Porra, Harry!

— Pensou que fosse o Nathan?

— Pensei que estivesse sozinha. — Inspiro fundo. — Não foi para isso que eu te dei a chave. Para me matar de susto.

— Você estava soltando suspiros quando eu cheguei. — Ele passa a mão pelos cabelos e eu tento parecer imune a esse gesto. — Estava pensando nele?

— Nas oportunidades que deixei passar de o beijar.

— Você sabe que ele tem vinte e oito anos, não é?

— E?

— Idade para ser seu irmão mais velho.

— E? Pode me dar licença? Eu preciso vestir algo.

— Você dormiu pelada?

— É. Sensação maravilhosa. — Sorrio. — E eu não me importo nem um pouco com o fato de Nathan ter idade para ser meu irmão. Ele não é. Então, basta querer para acontecer. — Dou uma piscadela.

Harry simplesmente sai do quarto, fechando a porta. Eu levanto, pelada mesmo e vou ao closet, ciente de que ele já deve estar na sala, me esperando. Visto uma camiseta dois números maiores do que o meu e um short curto, de tecido leve. É primavera. Prendo os cabelos num coque, lavo o meu rosto, calço chinelos e saio do quarto.

E, como previsto, lá está ele, de cara fechada.

— Chegou de que horas?

— Vem cá. Você não deveria estar com a sua namorada? O que faz aqui?

— Vim ver você.

— Não precisa se preocupar comigo.

A campainha ecoa e eu me apresso a atender. Deparo-me com Nathan, deliciosamente gostoso, com um meio sorriso cafajeste de molhar a calcinha. Ele usa uma camisa cinza mescla, de mangas compridas, com gola redonda e botões, que estão abertos. Eu me coloco na ponta dos pés e o cumprimento com dois beijos, me deleitando com o seu perfume com toque de ervas.

— Bom dia.

— Bom dia. — Dou um sorriso tímido.

— Vim te buscar para tomar café da manhã lá em casa.

— Eu vou adorar. Deixa só eu pegar meu smartphone. Entra. Fica à vontade.

— Com licença. — Nathan entra e enfia as mãos nos bolsos dianteiros da jeans preta. — Harry.

— Nathan.

Eu subo a escada rapidamente e não demoro a descer. Saímos do apartamento, deixando o outro moreno sozinho. Caminhamos de braços dados até a escada e descemos só um lance. Entramos no primeiro e eu me surpreendo com a claridade, o que contrasta com o do Harry. A decoração, mesmo sendo industrial, é totalmente diferente de tudo o que eu já vi.

— Nossa! — Exclamo. — Aqui é lindo!

— A casa é sua. — Ele me guia um pouco mais para dentro. — Vem, vamos comer. Eu estou faminto.

***

Eu abro a porta do meu apartamento e o sorriso imenso que eu carregava, após uma refeição agradabilíssima com o Nathan, se esvai do meu rosto imediatamente. Harry continua aqui. Não é exatamente por ele ainda estar aqui, mas sim por parecer que ele não moveu um músculo. Eu entro, deixo a chave na fechadura e me sento na poltrona, a fim de me dar uns minutinhos de descanso, antes de ir trocar de roupa para ir almoçar com os Carter.

— Como foi o café da manhã? — Ele me olha.

— Maravilhoso. — Eu me espreguiço. — Conversamos e nos divertimos demais.

O toque do meu smartphone impede que ele fale algo e eu o pego, encontrando o nome da minha mãe adotiva.

— Oi, mãe. — Atendo de imediato.

Oi, filha linda. Está disponível para um almoço?

— Com você e o papai, sempre.

O seu irmão está aí?

Eu sorrio maliciosamente e o olho.

— Irmãozinho, mamãe quer saber se você aceita almoçar lá.

— Primeiro: eu não sou o seu irmão. Então não me venha com esse seu humor, cheia de provocações, porque eu não estou para gracinhas.

— Não vem você descontar suas frustrações em mim, está bem? Eu não tenho nada a ver com você e seus problemas. — Volto à ligação. — Mãe, é melhor você saber com ele porque eu não quero estragar a manhã maravilhosa que tive.

Eu vou ter uma conversa séria com vocês dois quando chegarem aqui.

— Isto é, se ele for.

— Eu vou — diz, irritado.

— Problema seu. Mãe, mais tarde nos falamos. Tenho algo muito importante para te contar.

Certo, meu amor. Vejo vocês mais tarde. Beijos. Amo você.

— Beijos e eu também amo você. — Encerro a chamada e enfio o aparelho no bolso outra vez.

— O que você tem?

— Você quem veio com grosseria para o meu lado. — Eu levanto. — Estou dentro do meu apartamento. Não tenho que passar por algo assim. — E subo a escada, entrando no meu quarto e closet em seguida.

Eu pego um vestido de manguinhas, cinza mescla, na metade das coxas e justo, uma camisa de mangas compridas e botão jeans e tênis branco, separando para o almoço. Decido tomar um banho, a fim de relaxar, escovo os dentes e ao fim, eu me visto, aplico batom e rímel. Arrumo uma bolsa branca, de alça tiracolo, de couro, com meu smartphone, reprodutor de música, batom, carteira com documentos e dinheiro. Calço meus tênis, solto os cabelos e saio do quarto, com a toalha em mãos. Estendo na área de serviço.

— Aonde vai? — Harry questiona.

— Vou para a casa dos nossos pais. — Vou até a cozinha, onde eu bebo água.

— Não vai esperar por mim?

— Você teve tempo de se trocar. Não foi porque não quis. — Deixo o copo no escorredor.

— Eu vou de carro.

— Eu não me importo. — Vou até a porta, onde eu pego as minhas chaves. — Tenho dinheiro, posso pagar um táxi, tenho o endereço, ainda falo inglês e não estou louca. — Abro a porta e saio. — Tranca tudo, por favor. Se eu não estiver pedindo demais.

Eu fecho e vou até o elevador, o chamando. Harry sai do meu apartamento e eu não me dou ao trabalho de o olhar. Estou chegando ao meu limite com essa palhaçada toda. Entro assim que as portas se abrem e ele vai para o seu apartamento. Aperto o botão para o térreo, irritada.

Saio do prédio e caminho um pouco, rezando para que não chova. Gesticulo para o primeiro táxi e fico feliz quando ele para. Entro, dou o endereço da mansão Carter e me recosto. Pego meu iPod nano, cinza espacial, ligo e conecto os fones, colocando nas orelhas. Aperto o play, continuando com a playlist.

Eu observo a paisagem ao redor, perdida em devaneios. Quando o táxi para, eu pego a carteira, retiro o valor da corrida e saio, caminhando em direção à entrada. Cumprimento o pessoal da portaria, passo pelo portão de pedestres, guardando o iPod, e sigo até a porta, que é aberta pela Eleanor.

— Cadê o Harry? — Ela franze o cenho, me abraçando.

Eu retribuo.

— Estava estressado demais para me fazer companhia. Deixei-o para trás, vim de táxi e espero que isso não seja um problema.

— De maneira alguma, desde que se entendam. — Ellie me puxa para dentro. — Como foi o fim de semana?

— Maravilhoso. — Vamos, de mãos dadas, até o sofá. — Como você está?

— Bem, querida. — Sentamo-nos. — Eu só não estou gostando desse clima tenso entre você e o Harry.

— Desculpe. Ele tem sido um grosso comigo. Eu não vim a Londres para passar por esse tipo de coisa. Basta o que a minha família já me fez.

— Como você está?

— Ah, mãe, eu não sei. Eu não estou gostando do modo que Harry tem me tratado, sabe? Ele está tão arisco. Nós não éramos assim.

— Vamos, realmente, ter uma conversa.

— Lalinha. — George desce a escada. — Bom dia, querida.

— Bom dia, pai. — Eu levanto e vou até ele, o abraçando. — Como você está?

— Bem, e você? Eu não estou nem um pouco feliz de ver esse rostinho assim.

Suspiro.

— Estava justamente falando com mamãe sobre isso. — Volto para o sofá e me sento. — Mas, eu quero fazer uma pergunta a vocês.

— Faça. — George arregaça as mangas compridas da camisa e cruza os braços, diante de nós duas.

— Eu posso fazer uma tatuagem? — Olho dele para Ellie e eu observo as sobrancelhas dela se erguerem de imediato.

— Amor, precisa pedir aos seus pais.

— Vocês são meus pais. Os do Brasil... — Eu balanço a cabeça em negativa. — Eles nem se importam comigo. E eu temo mais decepcionar vocês do que a eles.

— O que pretende fazer? — George questiona.

— Um ramo de flor na lateral do seio. É um lugar discreto. E se eu não puder, avise.

— Por mim, não tem problema — diz ele. — Harry fez uma sem nos comunicar nada com antecedência. Agora, eu estou pensando no que seus pais vão pensar.

— Eu nunca prestei para eles. — Dou de ombros.

— Não diga assim, querida. — Ellie coloca o meu cabelo atrás da orelha.

— E você, me permite fazer a tatuagem?

— Claro que sim. Eu posso ir com você?

— Eu vou adorar! — Abraço-a. — Obrigada. Vocês são incríveis.

— Não precisa nos agradecer. — George afaga meus cabelos.

— Por favor, não contem ao Harry. — Afasto-me, a fim de os olhar.

— Nem se preocupe, querida. Isso cabe somente a você dizer.

— Desculpem a demora — diz ele, entrando. — Olivia apareceu lá em casa, quando eu estava saindo.

— Tanto faz — mamãe murmura e levanta, indo até ele. — Como você está, querido?

Eu me desligo deles, não me importando nem um pouco com o Harry e o fato de Olivia ter ido lá. Agora, só falta eu lembrar o nome do tatuador que fez o trabalho nele, para eu ir lá, fazer o orçamento. A imagem que Mia e eu encontramos é linda demais. Eu já anseio para saber como vai ficar. Estou ciente de que vai doer como o inferno, por se tratar de algo feito apenas sobre ossos, mas eu sei que vai ficar lindo.

— Não vai falar comigo? — Harry questiona e eu o olho.

Desgraçado. Eu sei muito bem o que você está querendo, Harry Carter, mas você não vai ter.

— Ah, você chegou. — Dou um sorriso sem expor meus dentes e o desfaço sem cerimônia. — Mãe, você já acertou tudo para o coquetel? — Eu a olho.

— Não. Eu preciso da sua ajuda.

— Mesmo? — Ergo as sobrancelhas.

— Sim, amor. — Eleanor se aproxima. — Claro que sim. Você tem um excelente gosto e é minha filha.

Eu sorrio imensamente, enquanto percebo Harry sentar ao meu lado.

— Eu serei sua assistente.

— Eu vou adorar. O problema é que não achamos o seu vestido.

— Isso é o de menos. Ontem, eu falei com uma vizinha da Mia, dei o modelo que eu quero e ela disse que terminaria ainda essa semana.

— Eu achei que fosse querer algo da Louis Vuitton ou da Ellie Saab.

— Ah, eu não achei nada que me agradasse. Não que eles não trabalhem bem, eu só não quero algo que custe tão caro, porque eu ainda não encontrei seu presente. É nisso que eu não tenho limites para gastos.

— Sabe que não precisa se preocupar com meu presente. — Ellie senta ao meu lado.

— Sabe que não adiante me dizer que eu não preciso me preocupar, pois isso está me matando desde o dia em que eu soube do seu aniversário.

— Ah, Laila. O que eu faço com você e essa sua cabecinha? — Ela me abraça de lado e beija meus cabelos.

— Então, eu acho que vou pegar o vestido na sexta-feira pela manhã. É coisa simples, ela me garantiu que não demoraria muito tempo.

— E quanto custou? — George questiona, sentado na poltrona.

Eu hesito. O lado bom de ser pisciana desligada é que sempre que eu faço isso, significa que eu estou tentando lembrar.

— Ih, pai. — Faço uma careta. — Agora eu não lembro. Aconteceram tantas coisas de ontem para cá e você sabe que a minha mente é fraca.

— Não diga assim. — Ele me repreende.

— Mas você sabe que eu estou falando sério.

— Certo. Certo. Quando lembrar, me diga.

— O senhor não vai pagar.

— Quem disse que não?

Eu olho para Ellie.

— Nem me olhe. Vocês que são teimosos que se entendam. — Ela ergue as mãos.

— Pai, não. Eu estou trabalhando para ser uma pessoa independente.

— Mas você já é. Eu apenas quero lhe dar de presente.

— Eu já ganhei presentes demais de todos vocês. Chega por hoje e por enquanto. E por alguns meses.

— É o que vamos ver amanhã — diz mamãe e eu a olho.

— Não. Por Deus. Parem com isso e vamos logo focar no assunto principal: o coquetel.


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Notas finais do capítulo

É o seguinte. De ontem para hoje, eu pensei em fazer um grupo no FB.
Pensei nisso anteriormente, partilhei a ideia, entretanto, não tive respostas.
Dessa vez, o negócio é diferente. Vejam.
Eu tenho apenas duas histórias em andamento por aqui, as outras que estou escrevendo, ainda não têm previsão.
Por que um grupo, Tai?
Porque eu poderia soltar alguns spoilers, pontos de vista de outros personagens. Tipo, para quem lê Oposto Complementar, saberia o que se passa na cabeça do Harry diante dessas reações e crises de ciúmes com a Laila.
Para quem leu Amor Ardente e ficou se perguntando porque Emily reagiu daquela forma com Damon, poderia saber o motivo.
Eu ia abranger todas as minhas histórias. Dar um final alternativo por lá.
Eu apenas não sou boa com edição de fotos, mas a diva que me deu a capa dessa história e de Sempre Na Minha Mente, me disse que eu posso pedir edições a ela, nos fins de semana.
Já pensaram?
A decisão é única e exclusivamente de vocês.
Eu não sei se vai sair, porque eu mal tenho leitoras, mas se eu tiver dez pessoas me pedindo para fazer, farei.

Beijos e até mais.
PS: Não sei se volto dia 5/4, pois ainda tenho mais exames para fazer.