Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olar. Capítulo programado, mas isso não significa que eu lhes ame menos.
A necessidade obrigou e eu vou responder os reviews anteriores em breve.
Lembram quando eu falei que teria uma surpresa? Então.
Esse capítulo vai ser narrado no ponto de vista do Harry.
Não é demais?
Agora vocês vão saber o que se passa na cabeça do nosso cabeludo quando o assunto é Laila Vidal

Sem mais, boa leitura.



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Harry

Eu nunca parei para pensar na possibilidade de machucar a Laila. Sinceramente, nunca parei para pensar que estaríamos assim, tão próximos e dependentes um do outro. Quer dizer, quando eu a vi através das portas do elevador, jamais pensei que poderia trocar mais do que algumas palavras com ela e olha só como estamos. Eu a machuquei antes mesmo de começarmos uma amizade, porém, isso não me impede de me sentir culpado, por isso, hoje em dia, sou capaz de mover céus e terra por aquela garota. E agora, eu estou diante do meu notebook, depois de ter passado a noite em claro, procurando algum presente à altura dela, já que seu aniversário se aproxima. O problema é que eu não sei sair da empresa sem ela, então, fica impossível ir numa loja física.

Eu poderia encarregar mamãe dessa tarefa; Eleanor tem um gosto tão incrível para absolutamente tudo nessa vida, que eu tenho certeza de que, por mais “simples” que fosse o presente, seria extraordinário, entretanto, eu quero dizer que eu mesmo me encarreguei de escolher. Solto um grunhido e passo as mãos pelos cabelos, tirando os fios compridos do rosto. Eu sorrio ao lembrar das vezes em que dormi com Laila me fazendo cafuné. Aquela garota tem mãos de anjo.

Laila é um anjo. Eu nunca conheci alguém tão incrível quanto ela. E só de pensar nela, eu já me pego sorrindo. Apenas amigos. Duas palavras que doem como o inferno quando ela pronuncia. E eu não tenho ideia do motivo. Massageio a ponte do nariz e inspiro fundo, levemente frustrado. Fecho o notebook e me recosto.

Eu entendo que Letícia só quer defender a irmã. Entendo de verdade. Se bem que, baseado no que Laila me contou sobre o relacionamento das duas, eu fico com um pé atrás com relação às suas tentativas, mas ela me parece estar se esforçando mais do que quando apareceu aqui.

Foco, Harry. Parece que está sendo contagiado pela mania da Laila em se perder em devaneios... Sorrio, lembrando da sua expressão de sonhadora. Impressionante como ela é tão doce. Laila consegue tanto de mim, com tão pouco...

Eu pego a camiseta preta, visto-a e levanto do sofá, pegando as chaves, saindo do meu galpão em seguida. Caminho em direção ao dela e destranco a porta e, para a minha surpresa, encontro Laila de joelhos, apoiando-se nas mãos em seguida. Ela usa uma legging preta, regata de mesma cor, tênis com amortecedor, tem os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo.

— Meu doce? — questiono, intrigado, quando ela ergue o pé direito.

— Já falo com você — diz, voltando a se concentrar no exercício. Ela conta até quatro e muda de perna, contando outra vez. — Oi. — Ela me olha por sobre o ombro e eu entro e fecho a porta.

— O que faz nessa posição? — Aproximo-me dela.

— Achei um aplicativo para exercícios. — Laila mostra a tela do smartphone, onde há um boneco mostrando o próximo exercício. — É maravilhoso. Ei. — E se coloca de pé num sobressalto. — Você não dormiu? — Aproximando-se em seguida.

— Não. — Eu me sinto incapaz de esconder a verdade dela. — Bateu uma insônia.

— O que houve? — E Laila coloca uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.

Os seus dedos roçam suavemente contra a minha pele, eriçando os meus pelos da nuca.

— Não sei. — Balbucio, desviando os olhos dos seus para os lábios. São tão tentadores.

— Não quer conversar?

— Não. — Eu me afasto um pouco, querendo manter a sanidade. — Vim apenas dar uma olhada em você. Achei que estivesse dormindo.

— Estou de pé desde as cinco. Já tem uns dias que faço esses exercícios.

— Melhor eu ir. Não quero atrapalhar seu desempenho.

— Se tivesse ideia de o quanto eu estou resistente... Percebe que as minhas coxas estão mais grossas? — Ela dá um passo para trás e eu olho as pernas dela.

— Continua assim, que você vai longe. — Beijo sua testa. — Volto logo para o café da manhã.

— Certo. Eu vou apenas terminar e tomar um banho.

***

— ... se controlar, Letícia. Que inferno! — Ouço Laila dizer assim que entreabro a porta.

— Que culpa eu tenho se prefiro falar a verdade? — Letícia se defende. — Olha, para de passar a mão na cabeça do Harry. Ele saía com garotas de programa e pronto.

De novo esse assunto? Por que Letícia tem que ser tão geminiana? Sim. Eu realmente fiz pesquisas a respeito de signos por causa de Laila. E acabei me interessando um pouco. Acho divertido essa coisa de estereótipo. E admito que sigo muito à risca ser grosso, frio, controlador, antes mesmo de saber sobre. E eu vejo que ambas as irmãs Vidal fazem o mesmo.

— A vida dele não é da minha conta. Muito menos da sua, agora, para com isso antes que Harry apareça.

Eu abro mais a porta, querendo dar um fim nessa conversa descabida.

— Bom dia — digo, entrando.

— Apareceu a margarida. — Ironiza Letícia, recostando-se contra a cadeira e bebendo algo da sua caneca em seguida.

— Aconteceu algo? — Eu me aproximo de Laila e ela meneia a cabeça em negativa. — Então, por que você está de cara fechada? — Beijo sua testa.

— Apenas Letícia me tirando a paz. Você está com muita fome? Podemos comer na rua? Ou simplesmente beber algo? Sei lá. — Ela sai da cozinha e eu olho a irmã dela.

— Que parte do “eu não saio mais com garotas de programa”, você não entendeu? — questiono Letícia, somente para que ela me escute, olhando em seus olhos escuros.

— A parte do “eu não”. — Ela devolve, me olhando com veneno. — Você pode enganar a Laila, aquela lesada, mas a mim, não.

— Eu abri mão de muitas coisas nessa vida desde que me aproximei da sua irmã. E não deveria chamá-la assim. Ela é mil vezes melhor do que você.

— Somente pelo fato de ser uma garota sonhadora, que acredita em qualquer coisa que sai dessa boca imunda.

— Letícia, acho bom você parar de sujar a minha imagem para a sua irmã. Laila é ingênua demais e pode acreditar no que sai da sua boca, que parece gostar de espalhar a discórdia.

— Eu amo, na verdade. — Letícia sorri, venenosa. — Então, acho bom você andar na linha, do contrário, terei o maior prazer em separar vocês dois.

— Não vai pensando que vai ser algo fácil de fazer. Eu amo a sua irmã...

— Ama porra nenhuma, seu virginiano sem coração de merda. Vocês são as pessoas mais difíceis de demonstrar sentimentos.

— Mas quando fazemos, acredite, é porque realmente há sentimentos. E Laila saber e sentir isso, é o que me importa.

— Se não for namorar, recomendo que saia da vida da minha irmã. Laila merece ser feliz e ficar presa a você, não é um modo.

— Namorar a Laila? Ficou louca?

— Então sai da vida dela. Laila pode não demonstrar, mas acredite, há mais sentimentos nela do que imagina.

— Eu quero um chocolate quente — diz Laila, descendo a escada e eu me afasto de Letícia. — Com muito marshmallow. E bem cremoso.

Ela aparece na cozinha. Os cabelos castanhos estão presos num coque volumoso, fraco e com uns fios soltos. Usa somente uma jeans justa preta, camisa de mangas compridas cinza mescla e jaqueta de couro, e está incrível. Laila sequer se maquiou e usa botas de cano médio.

— Você está incrível — digo, me aproximando.

— Obrigada. Está tudo bem entre vocês dois? — Ela olha, desconfiada, de mim para Letícia.

— Vai trabalhar. Vemo-nos mais tarde — diz a irmã.

Laila concorda e vai em direção à porta. Eu me apresso em alcançá-la e gesticulo para que saia.

— Podemos mesmo comer na rua?

— Não. — Eu fecho a porta. — Vamos comer lá em casa.

***

Eu sei que não deveria ficar pensando nisso, mas, é quase impossível. Letícia é muito cobra, ao passo que é verdadeira. Ela foi sincera demais para mim, logo de manhã, após eu ouvir parte da sua conversa com Laila. Agora, eu olho para a minha assistente, focada no seu trabalho, enquanto tento manter a cabeça no lugar. Eu não posso acreditar na ideia de que despertei qualquer sentimento em alguém como Laila. E o que me fode é não saber qual, exatamente.

Eu te amo, disse ela, certa vez, me pegando totalmente desprevenido, e depois desse momento, eu não consigo não sentir o mesmo por ela. Eu só não sei qual tipo de amor é. Ou sei que não é o fraterno.

— Vamos almoçar com o papai também? — questiona ela, com sua doce voz, trazendo-me para o agora. — Ou ele tem alguma reunião?

— Eu não sei. — Admito.

Permanecemos um tempo nos fitando. A beleza dela, singela e excepcional, me atrai tanto que eu não sei passar um dia sem vê-la. Os olhos castanhos me fitam com doçura, apesar de ela expressar que se preocupa comigo.

— Você está bem? — Laila quebra o silêncio e eu desperto, percebendo suas maçãs coradas.

— Sim, meu doce.

— Estou te percebendo meio estranho. — Ela franze os lábios, aparentemente intrigada e os entorta para o lado. — Não quer me contar o que está te incomodando?

— O que você e Timothy faziam antes de eu chegar? — questiono, lembrando da noite de ontem.

— Hã... Conversávamos. Ele chegou de viagem e foi de imediato procurar o amigo.

— Ele soltou alguma gracinha para você? — Recosto-me na cadeira e viro-me em sua direção, fazendo Laila franzir o cenho dessa vez.

— Do que está falando? — Ela realmente me parece não entender.

— Eu não estava brincando quando falei que ele é cafajeste. — Cruzo os braços. — Fala, Laila.

— Não! — E pelo seu tom, eu já sei que a ofendi.

— Desculpa. — Apresso-me a pedir e passo a mão pelos cabelos. — Desculpa.

— Olha, Harry, não há motivos para sentir ciúmes de mim, está bem? Somos apenas amigos e eu posso muito bem ficar com alguém, porque é o que você faz.

Eu resisto à vontade de fechar a cara. Sério?

— Tem razão — digo, seco e volto a atenção para o computador. — Então, quer dizer que você vai fazer tudo o que eu faço pelo simples fato de eu fazer?

— O quê? Não! Eu sou uma pessoa livre, está bem? Assim como você. Eu te amo, mas é somente isso.

Somente isso? Como ela pode dizer algo assim?

— E isso não é o bastante para você? — Eu a olho.

— Isso é tanto para mim que você não tem ideia. Eu apenas não vejo necessidade de ter ciúmes. Quantas vezes você chegou no meu apartamento depois de uma noite de prazer? — Seu rosto ruboriza lindamente. — Desculpa. — Ela toca as maçãs com as pontas dos dedos. — Em alguma dessas vezes, eu te julguei? Eu reclamei com você?

— Não.

— Eu simplesmente te recebi, depois de ter meu sono interrompido por você, desci a escada e fiquei te fazendo carinhos. E sabe por quê? Eu te amo. Eu não espero nada em troca por nada do que eu faço. Exceto, o mínimo de respeito. Eu jamais, na minha vida, mediria esforços para fazer algo por você, sua mãe ou seu pai. Vocês são extremamente importantes para mim desde o dia em que entraram na minha vida. O amor é incondicional e eu sinto que é recíproco. Eu apenas não vou tolerar que entre na minha vida para me dizer o que eu devo fazer.

Duas batidas contra a madeira me impedem de ficar num silêncio constrangedor.

— Entre. — Autorizo e a porta é aberta.

— Primo! — exclama Tobias, entrando no meu escritório. — Quanto tempo!

E eu gostaria que Laila se escondesse debaixo da mesa dela, porém, eu sei que é algo que ela não vai fazer. Ao longo dessas poucas semanas, eu percebi que ela adora conhecer pessoas. Por mais que elas não permaneçam mais do que algumas horas na sua vida.

— Oi, Tob. — Eu levanto.

— Tob um caralho!

Eu rio e vou cumprimentá-lo.

— O que faz aqui?

— Vim ver a sua nova assistente.

Eu fecho a cara.

— Se veio somente para isso, pode dar meia volta. — Indico a porta.

— Não seja o mesmo Harry rabugento de sempre. Tia Ellie disse que ela é um doce de menina. — Ele inclina a cabeça para o lado. — E, depois de tantas fotos no Instagram, acho que ela está aqui.

— Oi — diz ela, docemente.

Não seja doce com esse outro canalha!

— Tobias Carter. — Ele se aproxima dela, estendendo a mão. Laila o cumprimenta e ele beija o dorso da mão dela. — Ao seu dispor.

— Laila Vidal. — Ela sorri.

— Eu espero que esse humor de 100 anos do Harry não esteja lhe afetando.

— Na verdade, é o contrário — digo, manifestando-me. — Laila quem me contagia.

— Mesmo? — Ele me olha, de sobrancelhas erguidas.

— O que faz aqui? — Repito e cruzo os braços. — E pode soltar a mão da Laila.

Tobias faz e sorri, malicioso.

— Tio George me ligou, pedindo uma ajuda com a contabilidade.

Eu franzo o cenho.

— Como?

— Brincadeira.

Reviro os olhos.

— Por que infernos você não fala sério? Porra, Tobias!

— Calma, seu velho ranzinza. Eu estava brincando. Eu, hein? — Ele olha para Laila. — Como você aguenta?

— Nunca me fiz essa pergunta. — Ela dá de ombros e se senta.

— Eu realmente vim ver você. Conhecer sua namorada.

— Oh, não. — Laila arregala levemente os olhos e eu me preparo para as duas piores palavras que ela pode dizer. — Harry e eu somos apenas amigos.

Eu volto a me sentar, irritado.

— Agora que conheceu a Laila e me viu, pode ir.

— Podemos conversar lá fora? Vai ser rapidinho.

Eu suspiro e levanto, indo com ele até o lado de fora. Tobias me puxa para longe de Amelia e fica de frente para mim.

— Eu não tenho o dia todo. — Resmungo.

— Se você sente algo pela menina, por que não diz logo?

— Do que você está falando? Ela sabe que a amo. Tobias, vai embora. Nós temos um almoço com mamãe.

— Mais tarde eu apareço lá para finalizarmos essa conversa.

Eu me afasto, voltando ao escritório.

— Vamos almoçar?

— Claro. — Laila levanta. — Eu estou faminta.

Agasalhamo-nos e saímos.

Seguimos caminhando em direção ao restaurante de sempre e assim que a vê, Laila vai em direção a mamãe. Eu entendo o amor que uma sente pela outra: mamãe é uma mulher incrível e Laila, segue o mesmo caminho.

— Espero não estar atrasado — diz George, aparecendo.

— Claro que não, pai — digo.

Ele afaga meu ombro ao passar por mim e abraça Laila. Ela é sempre tão carinhosa, receptiva... E eu tenho que admitir que sinto um pouco de inveja de como ela faz isso com naturalidade. Eu nem sei há quanto tempo não abraço o meu pai. Já mamãe... Por ser um pouco parecida com Laila, ela ainda me rouba um abraço ou outro.

— Vem aqui você também — diz Eleanor, me puxando para um abraço e eu sorrio e retribuo. — Você está bem, querido? — Seu tom de voz soa baixo e eu percebo que ela não quer que ninguém além de mim ouça.

— Depois conversamos. — Aperto-a e ouço sua risada.

— Vou estar esperando. — Ellie me afasta e afaga o meu rosto.

Eu puxo a cadeira para Laila e papai, para mamãe. Sentamo-nos em seguida e o garçom se aproxima com os cardápios.


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Notas finais do capítulo

Parece que a conversa dele com a mãe e o primo vai ser confidencial.
Desculpem, amores, mas vocês não podem saber o que está acontecendo com o Harry, mas saibam que o presente que ele vai dar a Laila vai ser babado!
O problema é que eu ainda não sei o que vai ser...
Enfim. Bom início de semana.



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