Os Sonhos de Rose Weasley escrita por Cherry Pitch


Capítulo 1
Não Espere Eu Ir Embora


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic foi inspirada na música "Me Adora", da Pitty. Todos os trechos "soltos" presentes nessa fanfic foram retirados dessa música.
Espero que gostem


Juro solenemente não fazer nada de bom..



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Rose Weasley atravessa os corredores de Hogwarts. Um pequeno sorriso surge nos lábios da ruiva. Todos olhavam para ela. Alguns a odiavam, outros a amavam; alguns queriam destruí-la, outros queriam ser ela; alguns queriam bater nela e outros queriam beijá-la. E alguns queriam fazer todas as opções acima. 

Scorpius Malfoy estava encostado em um dos armários, também a encarando. Os dois eram praticamente rivais. Ambos jogavam no time de quadribol de suas respectivas casas (Rose na Grifinória, e Scorpius na Sonserina). Scorpius era batedor e Rose, goleira. 

Ela pisca para ele, que a observa, com um certo ódio, uma certa inveja. 

 

Você que não me ouve até o fim

Injustamente julga por prazer

Cuidado quando for falar de mim

E não desonre o meu nome

 

Ele achava que as mulheres não deveriam jogar quadribol. Ele era um dos que caçoava dela, dizendo que ela era lésbica, sapatão. Dizendo que ela paquerava as melhores amigas... Mas, no fundo, ele admirava a garota. Ela continuava forte. Ela ignorava o que eles diziam, e sempre estava com um sorriso no rosto. Presente em todos os jogos, sempre lá. Forte. Ela sempre o vencia, mesmo que por pouco. Enquanto seus amigos caçoavam dele por perder para uma garota, ele caçoava dela por ser lésbica, mesmo que ela não fosse. E ele fazia isso por orgulho. Mas ela... Ela sempre estava lá, não por orgulho. Ela fazia aquilo por ela. Porque ela queria, e enfrentaria tudo se fosse preciso, para realizar seu sonho. Se ela ficasse abalada por alguma das brincadeiras dele, ela não demonstrava. Nunca.

Ele nunca deixaria ninguém saber disso. Ele nunca admitiria, mas... Ele admirava a força de Rose Weasley.

 

Não espere eu ir embora pra perceber

Que você me adora

Que me acha foda

 

Rose Weasley, aquela que estava sempre bem. Aquela que estava sempre com um sorriso no rosto. Ela não conseguia ficar sempre assim, inabalável. 

Ela estava na Sala Precisa, deixando que as lágrimas caíssem. Ela não aguentava mais. Não aguentava mais as pessoas falando que ela estava apaixonada pelas primas, as pessoas criando boatos sobre ela com garotas, olhando para ela torto achando que ela era lésbica. 

Se ela realmente fosse, ela não teria problema nenhum com isso. Não era uma pessoa preconceituosa, muito pelo contrário! Seu primo, Albus, era gay, e ela não se importava com isso. Por que mudar o modo de agir com uma pessoa apenas pela opção sexual dela? Isso era incrivelmente injusto, e, além do mais, era um problema apenas dela!  De mais ninguém! Ninguém a não ser a própria pessoa deveria se importar com a opção sexual de alguém a não ser a sua própria!

Mas muitas pessoas ainda não entendiam isso. 

E Rose era perseguida. Garotas populares e patricinhas iam atrás dela, fazendo "brincadeiras". Elas achavam que eram apenas isso. Brincadeiras. Mas o que elas faziam era muito mais do que brincadeira. 

O que elas faziam era o motivo pelo qual as lágrimas de Rose Weasley caíam naquele momento. Ter que fingir que tudo estava bem, ter que fingir um sorriso toda vez que Scorpius Malfoy a irritava, com os amigos. Ter que fingir um sorriso a cada vez que a Parkinson a perseguia, para chamá-la de sapatão. 

Rose estava agora no chão, mordendo os lábios, tentando parar de chorar. Seus lábios já estavam sangrando, e as lágrimas não pararam de escorrer. 

E Rose Weasley dormiu no chão da Sala Precisa, enquanto suas lágrimas secavam nas bochechas vermelhas da ruiva. 

 

Será que eu já posso enlouquecer?

Ou devo apenas sorrir?

 

❤️  

 

Rose Weasley sonhou com Scorpius Malfoy. 

Por que ela tinha que estar apaixonada por alguém tão babaca? Por que precisava ser o sonserino? Por que ela tinha que sonhar com ele dizendo que todas as palavras ditas por ele antes eram mentiras? 

Rose levantou-se num sobressalto. Ela tinha acabado de acordar de um sonho com Scorpius, e sentiu o chão duro da Sala Precisa embaixo de si. A ruiva levanta rapidamente do chão. As lágrimas do dia anterior ainda marcavam a face desta. 

Ela pega um espelho e olha para si mesma. Rose faz um feitiço para que as lágrimas não apareçam mais. 

E naquele dia ela voltaria a sorrir como se fosse inabalável. Como se nada nem ninguém fosse capaz de derrubá-la. E a ironia disso tudo é que, enquanto todos pensavam que ela era indestrutível, ela quebrava por dentro.

 

❤️

 

Rose Weasley caminha novamente por aqueles corredores. 

Seus cabelos ruivos jogados para o lado, cobrindo um de seus olhos; o fantasma de um sorriso estampado em seus lábios rosados e carnudos; todos olhavam para ela. Os garotos de todas as casas a olhavam com desejo. Exceto um. Exceto o único que recebera um espaço nos sonhos da ruiva. 

Scorpius Malfoy. 

O único que a encarava como se planejasse algo para distraí-la durante o jogo daquele dia. 

Rose, dessa vez, deu um sorriso sincero para o loiro. Ela se dera ao luxo de fazer aquilo uma vez, porque ela sabia que ele não saberia diferenciar o sorriso melancólico que dera dessa vez dos outros. 

 

❤️

 

O sorriso que Rose Weasley dirigira a ele no corredor naquela manhã tinha sido diferente. Ele tinha certeza disso. Não sabia direito explicar como sabia, mas algo no jeito em que seus lábios se curvaram, ou na profundidade de seus olhos verdes... Ele sabia que ela tinha dado um sorriso verdadeiro para ele. 

E Scorpius gostou da sensação de ser o único garoto ali que tinha conseguido aquele sorriso dela. Mas... Por que ela sorrira para ele? Ele transformava a vida dela num inferno, tanto no campo quanto fora dele, ele fazia piadas com algo que não era ao menos real... Por que ela sorrira?

E Rose Weasley mal sabia que aquele único sorriso mudou tudo. 

 

❤️

 

Rose Weasley estava em sua posição no jogo. Dali, ela conseguia ver Scorpius Malfoy confiante, em sua posição. A ruiva morde os lábios. O garoto segurava uma das bolas. E ela não podia deixar o garoto fazer um gol. 

Ela ouve o apito que marcava o início da partida. O primo de Rose, James, já estava procurando o pomo de ouro. E Scorpius agora voava em direção aos três aros atrás de Rose com a goles na mão. 

E ele lança a bola. 

Rose voa mais rápido do que nunca para agarrar a bola. Ela sente o peso da goles em sua mão e consegue ouvir a plateia gritando "Weasley é a nossa rainha". Rose sorri. No passado, eles gritavam para o seu pai, Rony, "Weasley é o nosso rei". E agora ela sabia como o pai se sentia. 

Ela iria honrar o nome Weasley naquele dia. Ela iria vencer aquela partida. Tanto a Grifinória quanto a Sonserina estavam invictas. Se a Grifinória vencesse aquele jogo... A Taça das Casas seria da Grifinória. 

 

❤️

 

Ela tinha agarrado todas a bola todas as vezes que Malfoy lançara. E a maior parte das outras também. Rose olha para o placar. 140 a 50. A única chance da Sonserina agora era o pomo de ouro.

 Foi quando algo estranho aconteceu. Ao mesmo tempo que Scorpius jogava a goles na direção dos aros, James e o apanhador da Sonserina voavam em direção um ao outro. Quer dizer, em direção ao pomo. Que estava no meio dos dois. 

E as pontas dos dedos de James e do apanhador da Sonserina tocaram o pomo de ouro ao mesmo tempo. 

No mesmo centésimo de segundo que a goles atingira Rose Weasley. Bem na barriga. As mãos da garota tocavam delicadamente a bola, que empurrava a ruiva para fora da vassoura. 

 

❤️ 

 

Scorpius observava enquanto a goles atingia a barriga de Rose. 

Ele não podia deixar a garota atingir o chão. Primeiro, ele pensou que era por não ser tão cruel e ignorante para não se importar. Mas depois... Percebeu que a garota era a graça da sua vida. Ele percebeu que ele esperava ver aquele brilho vermelho no corredor antes do início das aulas. Ele percebeu que ele gostava de ver os lábios rosados e carnudos se mexendo, formando palavras dirigidas a ele, mesmo que o objetivo delas fossem atingi-lo. Ele percebeu que sua vida inteira era tentar incansavelmente que Rose Weasley não agarrasse a bola lançada por ele. Ele percebeu que sua vida inteira era resumida em tentar vencer Rose Weasley. E ele sempre perdia.

E ele percebeu que o fato dele se importar tanto com o fato de que Rose Weasley estava caindo de sua vassoura era que ele estava apaixonado por ela. 

 

❤️

 

Rose Weasley estava caindo de sua vassoura. Ela sentia o peso da bola forçando seu corpo para baixo, além da dor alucinante no seu estômago. Os gritos que ela antes ouvia durante o jogo tinham cessado. Ela não sabia se todos realmente tinham parado de gritar ao perceberem o que estava acontecendo, ou se era ela quem estava perdendo a consciência. 

A última coisa que Rose sentiu foi um par de mãos fortes tocando suas costas. 

 

❤️

 

Antes que se desse conta do que estava fazendo, Scorpius mergulhou no ar, com a sua vassoura, em direção a Rose. Ela já estava caindo. 

Ele nunca se perdoaria se deixasse o corpo da ruiva atingir o chão. Ele nunca se perdoaria se, quando realmente importava, ele não fosse rápido o suficiente. 

O vento batia nos fios loiros de Scorpius, que estavam sendo empurrados para trás. Se Scorpius não estivesse tão preocupado em conseguir segurar Rose, ele teria agradecido mentalmente por não ter que se preocupar com os fios loiros nos seus olhos. 

Mas ele não conseguia se preocupar com mais nada, não conseguia ver mais nada a não ser o corpo de Rose Weasley sendo empurrada pela goles que lançara segundos antes em direção a parte térrea do campo. 

Ele não podia perdê-la. Não naquele momento. Ele não podia perder Rose Weasley quando ele finalmente tinha percebido que a amava. 

Dez metros. 

Nove. 

Oito. 

Sete. 

Seis. 

Seis metros antes que Rose Weasley encostasse não chão, Scorpius Malfoy conseguiu segurá-la. 

Depois disso, o garoto ficou flutuando, junto com a ruiva, em sua vassoura. Ele segurou-a pela nuca e olhou seu rosto. Seus olhos estavam fechados.

Ela estava inconsciente. 

Assim Scorpius esperava... 

Não. Ela não podia estar morta. Ela simplesmente não podia. 

— Não vai embora, por favor... - ele sussurra, com o rosto próximo ao dela. - Por favor, por favor... Eu não posso me deixar ao luxo de perder você... 

Scorpius pousa a vassoura no chão. Ele corre de encontro a madame Pomfrey, que já estava com uma maca ali. 

— Por favor, madame Pomfrey, você pode fazer alguma coisa por ela?!

Madame Pomfrey olhou para Rose. 

— Eu... Eu não sei. Eu espero que sim. - quando Scorpius correu atrás da maca, a diretora McGonagall segurou-o, mas Scorpius tirou a mão da diretora de seu ombro. 

Se algo acontecesse a Rose, seria culpa dele. Ele tinha jogado aquela goles na direção dela, ele tinha jogado com força demais. Ele não teria sido rápido o suficiente para salvá-la. 

Scorpius chegou na enfermaria. Ele ficou observando a madame Pomfrey tratar de Rose lá dentro, mas da porta. Ele sabia que não poderia entrar, e se aquilo era o máximo onde ele podia ir... Era até ali que ele iria. Mas ele não sairia dali até Rose Weasley acordar. Ele não sairia daquela porta até falar com ela. 

 

❤️ 

 

Rose estava desacordada, e sonhando. Ela sonhava que Scorpius Malfoy realmente a amava. Que ele a admirava, que ele a achava forte. 

Rose sonhava que ele estava com medo de perdê-la. 

E, por incrível que pareça, a esperança de que esse medo fosse real, de que ele realmente estivesse sentindo isso, a fazia querer ficar. Ela queria, com todas as forças, ficar ali e saber que aquilo era real.

Também havia sua família, que era uma grande parte dos motivos que ela queria ficar.

Jogar em um time de quadribol profissional - o que iria acontecer com certeza se ela ficasse, pois ela já havia recebido um pedido de um time profissional para jogar quando ela terminasse Hogwarts -. Casar e ter filhos. Ver seus irmão, Hugo, e seus primos terminarem Hogwarts, e vê-los realizando seus sonhos. 

Ela precisava ficar. 

E ela não precisava ficar apenar por causa de um garoto, mesmo que não fosse um garoto qualquer, mesmo que fosse Scorpius Malfoy. 

Ela precisava ficar por ela. Ela precisava ficar para realizar seus sonhos. E, entre esses sonhos, havia, sim, um garoto. 

Entre esses sonhos, havia os cabelos loiros de Scorpius Malfoy. Entre esses sonhos havia a esperança de juntar os Weasley com os Malfoy. 

Entre esses sonhos havia as mãos pálidas de Scorpius Malfoy em seus cabelos vermelhos como o fogo, ou em suas bochechas cheias de sardas. 

 

❤️

 

Scorpius estava sentado no chão, em frente a porta da enfermaria, faziam dias. Ele não sabia dizer quantos. Talvez apenas um. Talvez dois, ou até mesmo três. 

Ele prometera a si mesmo que ficaria ali até Rose acordar. Ele devia isso a ela. 

Ele via madame Pomfrey entrar e sair da enfermaria. Ele via vários alunos de todos anos entrarem na sala branca para curar ossos quebrados, pancadas em lugares diferentes no corpo, enxaquecas, enjoos e alergias. Todas as noites o Malfoy entrava na enfermaria, mesmo sendo proibido de fazê-lo, e conversava com ela. Ele faria o mesmo naquele dia.

 

❤️

 

Os sonhos de Rose Weasley eram tão reais... Realistas era a palavra certa. Porque não era possível que Scorpius Malfoy estivesse realmente ali ao seu lado. Mas a voz dele, aqueles dedos finos e gelados segurando sua mão e acariciando seu rosto... Mesmo que ele nunca tenha feito isso com ela antes, parecia tão real... 

— Rose... - dizia ele, no sonho. Ele coloca um lírio por entre os fios vermelhos dela. - Um dia, eu fui até o dormitório do seu irmão, Hugo... - ele começa a contar. - E encontrei uma carta. Uma carta antiga. A folha estava até amarelada... - A voz dele estava embargada. - Era uma carta de amor, datada dos anos 70, estava escrito no topo da folha. Alguém provavelmente a esqueceu debaixo da cama, nessa época. E parece que ninguém nunca encontrou... - ele aperta os olhos, como se tentasse impedir as lágrimas de caírem. - Vou ler pra você...

 

Meu Lírio. Eu estou apaixonado por você. Eu deveria ter percebido isso desde o primeiro momento.

Eu sei que persigo aquele seu amigo sonserino, e me desculpe. Você deve me odiar, eu sei. você deve me achar um babaca. Eu também sei disso. E eu também sei que essa carta provavelmente nunca será entregue a você.

Mas eu te amo.

Eu te amo, Lírio.

Isso pode parecer ridículo. Eu posso parecer um idiota apaixonado, mas eu sei apenas que eu não conseguiria viver sem esses seus enormes olhos verdes me encarando, mesmo que seu olhar seja de reprovação, como normalmente é. Eu não conseguiria viver sem ver seus cabelos ruivos ao vento, voando como folhas de outono em frente ao pôr do sol.

Se isso é uma carta de amor? Provavelmente. É uma carta, e com certeza é de amor. Porque eu amo ouvir a sua voz, eu não me canso de ouvi-la. Mesmo que esteja falando sobre um romance trouxa que leu nas férias, ou até mesmo sobre a droga do dever de Poções! Mas eu ouviria você falar sobre qualquer coisa.

Mas o que eu mais quero ouvir de você, sei que nunca ouvirei.

Que é você falar que me ama, como eu te amo. Eu já deveria ter desistido de tentar. Meus amigos falam para eu parar. Todos eles. Dizem que não vale a pena. Que todas as garotas gostariam de me beijar, ou de ficar comigo. Mas o coração quer o que quer. E o meu quer você. E é isso que me impede de tentar. É isso que me impede de parar de pedir que você fique comigo. É isso que me impede de parar de implorar por um beijo. É isso que me impede de parar de flertar com você. E, mesmo nas vezes que eu flertei com outras garotas... Eu pensava em você. Eu pensava em como seus olhos ficam brilhantes quando você está com raiva, ou em como você ficaria com ciúmes.

E eu te amo, Lírio.

E eu nunca vou parar de te amar.

Com todo o amor...

Pontas.

 

— E eu sei que... Que pode ser ridículo, mas eu lembrei de você ao encontrar essa carta. E... Como eu sou covarde! Eu só falo meus sentimentos, só me declaro, quando você está dormindo profundamente. Mas espero que você lembre... Que eu te amo, minha rosa. Lembre disso. O Escorpião ama a Rosa, tal como Pontas amou Lírio.

 

❤️

 

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Scorpius.

Ele beija a testa, que normalmente era rosada, mas naquele momento estava pálida, de Rose. Ele deixa o papel amarelado no qual a carta estava escrita em baixo de um dos vasos com flores ao lado da cama de Rose. E sai da enfermaria, se dirigindo para o lugar em que sempre ficava, na porta da enfermaria.

Ele se senta no chão, e apoia o rosto nas mãos. Depois, empurra os fios loiros para trás. 

Será que ela se lembraria? Será que ela ao menos sabia o que ele fizera? Ou... Ela poderia lembrar no formato de um sonho. E provavelmente não acreditaria. Em que mundo Scorpius Malfoy se declararia para Rose Weasley?

Scorpius encosta a cabeça na parede. 

Naquele mundo. 

Naquele louco, louco mundo... 

 

❤️

 

Rose Weasley abriu os olhos naquela manhã. Ela se viu deitada na cama da enfermaria, e a luz do sol iluminando seu corpo. Seus cabelos pareciam o fogo crepitando em uma fogueira, e sua pele, como papel, mais pálida do que nunca. 

A madame Pomfrey não estava na enfermaria, e apenas uma coisa passava pelos pensamentos da ruiva.

O lírio que tinha acabado de cair dos seus cabelos. Ela se abaixa para pegá-lo, mas sua barriga dói. Em sua mente, o lembrete constante de que Scorpius Malfoy estivera ali. 

E o terror de não ter certeza se ele realmente disse aquelas palavras que estavam gravadas em sua mente superavam boa parte da dor. 

Ela se força a se abaixar e pega o lírio. 

A flor ainda não estava seca. 

Pelo contrário, as pétalas brancas da flor ainda brilhavam, ainda mais iluminadas pela luz do sol que entrava pela janela. 

Rose sorriu. Se Scorpius realmente esteve ali... 

A carta. 

Ela se dirigiu até a mesa ao lado de sua cama. E um sorriso imediatamente surgiu em seu rosto. O papel amarelado estava ali em cima. Scorpius realmente fora lá! Não tinha sido apenas uma de suas fantasias bobas... 

Rose resolveu correr atrás do Malfoy. 

Ela sabia que madame Pomfrey iria dar uma bronca nela que qualquer um jamais esqueceria, mas... Ela não ligava. Ela precisava ver Scorpius. 

Ela correu para fora da enfermaria e se deparou com algo que não esperava. 

Scorpius Malfoy sentado na frente da porta da enfermaria, dormindo. Sua expressão estava leve. Ele não estava nervoso, como normalmente estava quando Rose o via. Ele estava tão... Calmo. A beleza dele não estava mais fria como o gelo, como normalmente era. Agora a beleza dele estava... Angelical. Sim, essa era a palavra certa. Sua pele antes pálida estava corada, como se ele e Rose tivessem trocado de pele um com o outro. Seus cabelos, sempre brilhantes e no lugar certo, estavam espetados e despenteados. 

Rose sorriu ao penar que ele era lindo mesmo assim. E sorriu ainda mais ao saber que ele estava ali esperando por ela. Que ele realmente falara aquelas palavras do sonho, e que ele estava preocupado. Que tudo que ela tinha sonhado que ele sentia... Era de verdade. 

A garota encostou-se no batente da porta da enfermaria, e tentou adquirir uma expressão despreocupada, mas estava difícil tirar o sorriso do rosto. 

— Scorpius Malfoy dormindo na porta da enfermaria para me esperar? Estou honrada! - Rose falou, com o tom de voz alto o suficiente para acordar o loiro. 

Ela obteve o efeito desejado. Scorpius acordou, e olhou para ela sonolento. Ele piscou os olhos várias vezes, provavelmente achando que não era real. Que era apenas um sonho. Rose sabia como era aquilo. O lírio caído no chão e a carta em cima da mesa provocaram o mesmo efeito nela. 

 

❤️

 

Scorpius abriu os olhos, sonolento. Ele tinha ouvido uma voz familiar chamando seu nome, e isso o acordara do sonho. 

Quando ele olhou para frente, a primeira coisa que viu foi.. Vermelho. Muito vermelho. Quando a sua visão parou de ficar enevoada... 

Rose. 

Ele piscou várias vezes. Ele esperara tanto tempo para vê-la acordada que naquele momento parecia uma miragem. Parecia uma imagem de um sonho. 

Mas daquela vez era real. 

— Rose! - ele se levantou rapidamente e abraçou-a. - Não se atreva a fazer isso de novo!

Quando ele soltou a ruiva, viu um sorriso no rosto dela. Droga! Ela o odiava! Certo?... 

— Não é exatamente o meu hobby pular de vassouras. Mas... - ela ergue uma sobrancelha. - Você dormir em frente a a porta da enfermaria esperando por mim... Não era exatamente o que eu esperava. 

Scorpius coloca a mão na nuca, e sente seu rosto ficar vermelho. 

— Scorpius... - ela coloca as mãos no rosto do garoto. Seus enormes olhos verdes encarando-o com... Carinho? Amor? Ele não sabia. Ele nunca sabia dizer o que se passava na cabeça dela ao olhá-la nos olhos. - Eu lembro, Scorpius. 

— De... De quê? - pergunta Scorpious. E aquela tinha sido a primeira vez que ele gaguejou na vida. Aquele era o efeito que Rose Weasley tinha sobre ele. 

— O Escorpião ama a Rosa, tal como Pontas ama Lírio. - diz ela, sorrindo, mas com uma pequena lágrima escorrendo timidamente pelo rosto pálido da ruiva. 

E ela beija Scorpius. 

Primeiro, ele fica surpreso, mas depois... Ele coloca as mãos no rosto da garota, e aproveita o momento que sonhou durante tanto tempo. 

E os sonhos de Scorpius Malfoy se entrelaçaram aos de Rose Weasley. 

Tal como os lábios dos dois estavam entrelaçados naquele momento. 


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?


Malfeito feito.