O Deus da Escuridão escrita por AnnaGrandchamp007


Capítulo 9
Deuses e seus caprichos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!!!!!!!!!



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Encarando aqueles vários daemones irritados, e provavelmente ansiosos para uma boa matança, eu não consegui fazer nada de mais. Só continuei segurando Nico, e rezando aos deuses que fizessem algo de bom para variar e o mantivesse acordado. Infelizmente, eu só podia desejar isso para receber a pequena vantagem de não ter de carrega-lo desmaiado, pois ele não conseguiria lutar, de qualquer forma.

Finalmente encontro uma das poucas deusas que não tive o desprazer de conhecer, pelo menos até agora. Mas isso não nos dava vantagem alguma.  E me deixava cada vez mais nervosa.

— Ei! Não é a hippie que dormia do lado do Nico? - Grita Gale, surpreso.

— Vejo que reconheceu Ponos.- Diz a mulher nojenta em resposta. Ela tenta fazer beicinho, mas não consegue, e aparentemente se irrita com isso. - Ele e outros de meus filhos andavam vigiando vocês, semideuses.

Só aí notei que o Daimone maior e mais assustador, tremeluzia com a imagem de um executivo. O mesmo homem que nos encarava a algumas horas, e que quando eu notei, atendeu o celular e saiu andando.

Pouco a pouco, os daimones tremeluziam com a imagem de pessoas normais. Eles estavam nos vigiando disfarçados. Isso que eu chamo de determinação.

— Imagino que não vieram até aqui para conversar. - Diz Nico de repente, me dando um susto tão grande que quase o derrubei.

— E imagino que vocês não vieram nessa... missão... na esperança de sair vivos. - Retruca a deusa. Vejo Gale estremecer levemente e pegar sua corda com a lâmina na ponta, que eu ainda não perguntei o nome. Ele segura com as duas mãos, o que na minha opinião, era sinal de que a coisa ia ficar tensa. Nico tenta se apoiar de pé sozinho, e quase cai. No momento que fui tentar ajudar, ele afasta minha mão com um gesto. Não posso dizer que não liguei para isso. O orgulho ainda mata alguém hoje, sem indiretas.

— Não sei do que você está falando. – Diz meu irmão (ainda não acostumei com isso). – Já enfrentamos coisas bem piores do que você e seus cachorrinhos de estimação.

Infelizmente, tive que discordar mentalmente de Nico. Nós realmente não viemos com tanta esperança de sairmos vivos. Afinal, é meio óbvio que essa é uma missão suicida, sem a menor noção de onde ir e de onde chegar, e tendo que enfrentar a possibilidade de despertar três deuses primordiais bem irritados e que detestam a humaninade.

É, mais um dia normal na vida de um semideus.

A mulher riu com gosto da nossa cara.

— Muito bom... Muito bom... Amo essas expressões. Amo essa vontade de se prender a vida que vocês, humanos tolos, tem. Pois bem, vou lhes dar uma... – Ela cai na gargalhada, o sarcasmo em sua voz cada vez mais óbvio. – Chance. Vou lhes dar uma chance. Meus filhos irão realizar agora a maior caçada já feita, e vocês são a caça.

Ela ergue os braços. Os seres tremeluzentes e furiosos atrás dela emitem alguns sons e começam a se preparar. No entanto, nós estávamos longe de estar prontos. Nico mal conseguia se manter de pé. Gale tremia dos pés a cabeça e girava a lâmina na ponta da corda, o que o deixava parecendo um ninja. Mas eu tinha a leve impressão de que no momento que ele fosse usar, ele tropeçaria na corda de puro nervoso. Já eu bem, estava tudo menos calma. Pensar nas possibilidades me deixou um pouco paranoica. Só de imaginar o que aconteceria nessa caçada, meu coração tentou cometer suicídio pela minha boca.

— QUE COMECE A CAÇADA!

Foi a ultima coisa que ouvi antes de correr.

Não pude deixar de fugir. Porém, após dobrar a primeira esquina, paralisei, e olhei para trás. Gale segurava Nico, e tentava realizar uma corrida manca dupla com ele. Alguns zumbis esqueletos estavam tentando segurar três daemones, enquanto os outros estavam andando calmamente, se aproximando cada vez mais dos dois, que corriam inutilmente. Fico morrendo de raiva e vergonha por ter fugido. Já falei que odeio meus reflexos?

Ergo as mãos. As conhecidas sombras se erguem do chão e se aproximam das minhas mãos. Eu direciono as sombras para os daemones. Elas não os machucam, mas os jogam para trás com o impulso. Nico e Gale ficam me observando de olhos arregalados. Faço sinal para eles correrem, e eles o fazem sem reclamar.

— Como você faz isso? – Pergunta Nico, uma sobrancelha erguida, enquanto corríamos.

— O que? Você não faz? – Retruco, estranhando.

— Gente a conversa está ótima, mas olha quem veio participar!

Alguns daemones se aproximavam, de desfazendo em sombras e voltando a forma de homens correndo. Um deles sacou uma espada, e outro atirou usando um arco e flecha. Gale conseguiu usar a corda para girar e afastar a flecha. Foi quando percebi a armadilha idiota, que eu insistia em cair. Quatro daemones viraram outra rua e nos fecharam em um beco. Sem fazer ideia do que fazer, eu paraliso voltada para os daemones. Foi quando eles começaram a quase lutar para ver quem entrava primeiro no beco. Aproveito esses três segundos de descanso para vasculhar uma saída; Umas escadas barradas, caixas de papelão, garrafas de bebida jogadas no chão e uma grade, que leva a um muro baixo, provavelmente de alguma casa.

Odeio a cidade. Quando precisamos de algo, isso nunca aparece. Por fim, me viro para Gale.

— Se algo acontecer, você consegue escalar aquela grade com o Nico?

— Estou bem, eu consigo lutar. – Diz Nico, fazendo um gesto e se mantendo em pé por alguns segundos antes de ter que se apoiar na parede.

— Normalmente quando você faz viagens nas sombras, o que acontece? – Pergunta Gale, e mesmo com seu tom casual, percebi que ele pareceu bem preocupado.

— Bom... – Nico começa, parecendo constrangido. – Geralmente, eu desmaio, ou fico com bastante sono.

Estou um pouco cansada também, é verdade. Parece que meus ossos não obedecem ao meu corpo. Mas a sensação é conhecida, e eu tento ignora-la.

Infelizmente um daemone (que lutava com dois machados de aparência pouco amigável) escolheu esse instante para vencer o outro com ferocidade. O outro daemone (que lutava com uma espada de ouro imperial), deixou a arma cair no exato instante que morreu, bom ou foi o que pareceu. Ele desapareceu em cinzas, após pegar fogo. Um detalhe que anoto mentalmente é que no momento que o daemone 2 (o que perdeu a luta) desapareceu em chamas, o daemone 1 (o que venceu) que possuía uma longa capa a afastou do fogo. Talvez tenha sido puro reflexo, mas se aquelas coisas fossem mortais, elas tinham que ter alguma fraqueza, certo?

O ser que veio na minha direção era o mesmo homem que encontramos e que me encarava. Ele ficou mais parecido com um humano, mas observando-o mais de perto, percebo que seus traços eram divinos demais para serem mortais. Ele possuía a pele acinzentada totalmente limpa de sujeiras, rugas e quaisquer outras coisas que o deixariam mais normal. No seus olhos não havia uma só veia, e as íris eram cor de vinho. Cada traço de seu rosto era perfeito de um jeito quase errado. Seus cabelos eram loiros, bem ajeitados e caiam em cascatas até o ombro. 

Ele me observou, aprumando-se, e limpando o terno (sim, a capa se encolheu e se tornou um terno, e não, eu não bebi nada de estranho no café da manhã) com as mãos. Os dois machados dourados se encolheram. Um ficou muito pequeno, até ficar do formato e virar literalmente um celular, mas precisamente um Iphone. Já o outro machado se alargou e esticou, formando uma maleta, num piscar de olhos. Foi impossível não esconder a surpresa.

— Wow! - Ouço Gale dizer atrás de mim. - Cara, eu amo essas transformações! Queria saber em que Wikipédia eles ensinam fazer esse tipo de coisa!

Olho para baixo,  guardando mentalmente que se eu sobrevivesse, ia considerar a possibilidade de contar algumas das coisas estranhas que já vi, só para ver a reação de Gale.

— Olha, parece que eu venci a caçada. - Sua voz não expressava felicidade, mas algo entre tédio e certeza. Como se dissesse; "Uau, que novidade", (com sarcasmo).

— Você não parece surpreso. - Observo, simplesmente para ganhar tempo.

— Quando se passa séculos com seus treze irmãos, você os conhece o suficiente para saber quem vence nessas... - Ele saboreia a palavra - disputas.

O homem olha para nós, com um misto de pena e nojo. A arrogância dele começava a me irritar.

— Olha em que situação vocês se encontram... Se quisessem mesmo parar a caçada, teriam que parar de agir um pouco como animais feridos e prestes a ser enjaulados.

Eu avanço um passo, mas paro. Apesar de estar quase saltando na cabeça desse idiota, arrogante e nojento, tento me lembrar de qualquer coisa sobre os filhos daemones de Éris. Mas como sempre minhas lembranças se mantinham enevoadas. E por mais que eu soubesse como desfazer a névoa, ainda não estou pronta para reviver tudo, mesmo que isso me mate em qualquer luta que venha a aparecer.

Será que Nico e Gale merecem morrer por que eu estou com medo de me lembrar? 

O pensamento me faz tremer. O que eu faço? Não. Ainda não. Melhor deixar essa carta na manga, por enquanto.

— Quem é você mesmo? Como você disse, são muitos irmãos, não me lembro do nome de todos...

— Perfeitamente compreensível. - Diz ele educadamente, mas seu olhar era selvagem. - Me chame de Hisminas. Vocês são?

— Gale. - Diz Gale (Ah, sério?). - Filho de Hermes.

Nico e eu o olhamos com raiva.

— O que raios, você tem na cabeça?

— Poderia tentar não revelar nada ao inimigo?

— Mas ele disse o nome dele para a gente! É falta de educação não falar o nosso, em troca.

— Em que parte de ele é o inimigo, que você não entendeu?

Hisminas começou a rir. Eu avanço com o punhal. Só então mato a charada, tão óbvia.

Hisminas, daemon das disputas e discussões. Cuja força crescia com disputas e discussões, mas que não era bom em batalhas reais.

— Você não deveria ser mulher? - Pergunto do nada, parando a acirrada (e meio sem sentido) discussão de Nico e Gale. - Quer dizer, HISMINAS, é nome de mulher, certo?

Nico vem mancando em minha direção, sacando sua espada de ferro estígio. Seus olhos estavam avermelhados, o que me deixou super preocupada.

— Do que você está falando?

— Vão me deixar de fora? - Pergunta Gale, irritado. Os olhos dele também estavam vermelhos, e me deixaram bem assustada.

— Nem em um milhão de anos eu faria isso. - Digo, antes que Nico respondesse algo mal-educado e iniciasse outra discussão. - O que você fez com eles? - Vocifero, a poucos centímetros de Hisminas.

— Eu? Eu só provoquei um pouco a realidade. Se eles brigaram, é porque já estavam ressentidos de alguma coisa. Não coloque a culpa em mim.

Desesperada, olho ao redor. Então uma imagem brota na minha cabeça.

Hisminas não gosta de fogo.

E claro! Ele não é bom em combates corpo a corpo. Logo, o fogo, uma arma que pode ser mortal, dependendo de como usado, pode feri-lo muito bem. O modo dele de vencer é provocando ressentimentos e criando intrigas. Não lutando. Me lembrei das garrafas de bebidas. Mas Hisminas nunca me deixaria chegar até ele. Podia ser fraco, mas era um deus, de qualquer forma.

— Ei, Nico. Gale. Aposto que vocês dois não conseguem jogar aquelas bebidas ali, no Hisminas. 

O daemon estremece. Sua aparência  fica menos suave. Mas animalesca. Então do nada ele tremeluz, e se divide em dois. Agora, eu tenho certeza, que ele estava menos masculino, e ao invés de dois machados flamejantes, agora tenho quatro machados flamejantes para me preocupar. É nada tenso. Isso sem contar com a possibilidade dos outros daemons se cansarem de esperar e vierem atrás de nós, ou então Nico e Gale esquecerem de tudo e lutassem feitos loucos (Sei lá, vai que acontece).

— Aonde pensam que vão? - Dizem as Hisminas, de repente. Elas eram horripilantes. - A diversão começa agora!v


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Notas finais do capítulo

Gente, obrigada por ler, e se puderem deixar seu comentário dizendo o que acharam, ia ser muito bom. Brigaduuu de todo jeito, e até a próxima!!!!!!!
BEIJOSSS!!!!!!!!!!!!!



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