O Deus da Escuridão escrita por AnnaGrandchamp007


Capítulo 11
A mãe Hippie de Gale


Notas iniciais do capítulo

Oii! Bom, estou tentando voltar na rotina de postar mais capítulos.
Quem narra ainda é a Maya... Boa leitura!



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— Gale! – Assim que a porta se abre, um forte cheiro de especiarias invade minhas narinas. Nico e eu nos entreolhamos quando uma mulher abraça (Lê-se; Sufoca) Gale. Ela segura seu rosto e começa a avalia-lo, e depois beija sua bochecha. – Meu garoto. Você cresceu taaanto! Nem parece o mesmo menino que saiu daqui de casa...

— Hã... Mãe? É bom te ver, mas temos visitas. – Ele faz um sinal apontando para mim e para meu... Irmão. Estávamos parados na soleira da porta, pensando seriamente em uníssono se deveríamos mesmo entrar. – E têm acontecido algumas coisas... É melhor entrarmos não é?

— Não queremos interromper nada. – Diz Nico rapidamente, controlando bem pouco o deboche em sua voz.

— É claro que não. – Continuo, olhando para meus pés, que pareceram bem interessantes naquele momento.

— Vamos entrar. – Responde a mãe de Gale, sorrindo com gentileza. – E Gale, queria ter uma conversa rápida com você, seus amigos não vão se importar.

Seu tom era definitivo, e não interrogativo. Isso me deu certo calafrio, mas entrei seguindo Nico.

A sala de estar era pequena e ajeitada de um jeito muito familiar. O sofá bege tinha varias almofadas coloridas jogadas em cima, e o tapete vinho de camurça pareceu bem aconchegante. Uma TV antiga estava em cima de um móvel velho, e vasos de plantas cobriam os cantos empoeirados. As paredes tinham um sobre mão de tinta azul clara, com poucos salpicados de branco. A cozinha só era separada como outro cômodo por um balcão que tinha um aquário e um cesto de frutas em cima. Dentro da própria cozinha havia uma mesa, e com a quantia de ingredientes largados em cima, a mulher deveria estar cozinhando algo quando eles chegaram. Um curto corredor dava para duas portas de madeiras semiabertas (Provavelmente os quartos) e uma ultima no fim, que levava a um banheiro. A casa era tão simples e convidativa que era impossível não se sentir bem ali.

A mãe de Gale era um espetáculo a parte. Seus cabelos ruivos possuíam poucas mechas grisalhas, e estavam cortados bem curtos. Ela tinha olhos grandes e castanhos, que lhe davam um ar simpático com os óculos largos de aro rosa bebê. A pele era morena, e a mulher tinha a altura de Nico, além de ser um pouco magricela. Usava brincos grandes que davam a impressão de que ela tombaria sua cabeça a qualquer instante. Uma calça jeans estampada de flores e uma blusa branca e larga de seda completavam o visual, que lhe fazia lembrar uma Hippie da terceira idade ou coisa parecida. Ela olhava para nós como se pensasse; De que lixão saíram essas crianças, e o que meu filho esta fazendo com elas? Só ao vê-la tão arrumada percebi o quão maltrapilhos nós estávamos, o que fazia sentido, já que incendiamos um beco e quase morremos numa brincadeira de gato e rato com daemones. Super normal.

— Então... Vocês querem ir tomando um banho? Quero dizer, tenho dois banheiros aqui em casa. – Ela olha para Nico. – Use o banheiro do corredor, e você usa o do meu quarto.

Ela termina a frase sorrindo para mim. Eu mudo de posição, um pouco desconfortável.

— Não queremos incomodar, de verdade. Só precisávamos de um lugar para ficar quando nossos amigos vierem. – Responde Nico, tocando no punho de sua espada, distraído.

— Amigos? – A mulher levanta uma sobrancelha. Mas finalmente parece se render a preocupação. – Olhem. Eu não entendo o que está acontecendo. Poderiam explicar, por favor, porque do nada, o meu filho simplesmente fugiu da casa dos avós?

Gale suspira, se preparando.

— Eles não têm nada a ver com isso mãe. Eu fugi porque é insuportável ver as pessoas que te acolheram sofrendo com monstros. E não foi exatamente uma fuga. Eu estava indo para um lugar seguro.

Aparentemente, a gentileza natural da mulher vem à tona quando ela pergunta.

— Bem, e porque você não ficou nesse lugar seguro filho? Você mesmo me dizia que existem muitos seres ruins aqui perto de casa.

— Tive uns contratempos.

Eu assistia a conversa movendo a cabeça de um lado ao outro. Mãe e filho tinham muitas diferenças visíveis, mas se pareciam de algum modo indescritível. Nico ainda parecia querer ir embora.

— Do que vocês precisam? – Pergunta a mulher, se virando para mim. Eu estava meio acuada, mas mesmo assim disse:

— De um lugar para ver quando os romanos chegarem.

E foi assim que fomos parar no teto do prédio. Ou melhor, na “cobertura”. Olhamos para a cidade. Pelo visto o incêndio havia sido apagado, mas vez por outra um repórter passava conversando assiduamente com alguém, provavelmente perguntando o que causou o fogo. Mal imaginavam que era um daimon da Grécia antiga o causador. Até que vi algo que pareceu esfriar a noite uns 10 graus; O Daimone que na teoria derrotamos passou numa maca, sendo levado para uma ambulância estacionada bem na rua em que estávamos. Ele estava todo queimado e os olhos arregalados estavam enevoados. Aquilo era estranho e assustador. Tendo aquela visão, não é a toa que quase cai do prédio quando Gale se aproximou.

— NÃO ME DÊ SUSTOS ASSIM! – Grito, com meu punhal ainda na mão.

— Uau, você está bem estressada.

— Porque será? – Retruco, voltando a me sentar na beirada do prédio, com os pés balançando soltos a 20 metros do chão. Pode parecer loucura, mas a sensação de liberdade era maravilhosa.

— Você acha que eles virão? – Pergunta Gale, a voz um pouco frágil demais.

— Sim... – Murmuro.

— Minha mãe... Ela...

— Tudo bem. – Interrompo. Ele e sua mãe tiveram uma conversa demorada e Gale pareceu acabado depois dela.

— Acho que todas as mães são assim.

— E isso te faz sentir melhor quando ela te xinga? – Pergunto meio irritada. Ele parece surpreso.

— Não é isso. Ela só fica preocupada demais, e acaba falando algumas coisas... Não que sejam mentiras, mas é que dói ouvir.

— Desculpe, não entendo o que você quer dizer. Para mim, seria ótimo ter uma mãe assim.

Gale fica me observando, como se tentasse me ler.

— Do que você está falando? – Então ele chega a alguma conclusão. – Maya, sua mãe...

— Se ela morreu? Sim. – Meus olhos não ficam vermelhos e nem me sinto mal. Aquela era uma sensação horrível. Mas achei que não pudesse piorar; Primeiro, durante a luta, quase deixei os dois morrerem por não querer me lembrar de algumas coisas. E agora, sinto uma inveja tão grande de Gale por sua mãe que parecia que o sentimento iria me corromper. – Mas não de um jeito normal. E não consigo me sentir tão mal por ela. Chame-me de egoísta se quiser.

— Como assim? – Meu amigo ficou horrorizado. Eu esperei que ele me julgasse. – Maya eu sinto muito.

— Não diga isso. Já é horrível o suficiente eu não sentir. Aliás, eu sinto sim. Sinto que sou uma total idiota por ter quase desistido desta luta, quase deixei vocês dois morrerem. E sinto muita inveja por não ter uma mãe como a sua.

Ele ri.

— Você é uma figura Maya. De qualquer forma, eu sinto mesmo por qualquer coisa que você tenha passado, mas você vive no presente. Todo mundo sente medo, até você.

Pela primeira vez, sinto uma ligação tão forte que parecia que eu ia explodir. Meu peito se apertou, e as palavras de Gale realmente me tocaram. Antes que eu pudesse agradecer, ouço um barulho. Nico se aproxima mancando.

— Maldita... Caixa...

Ele tinha tropeçado em uma caixa no instante que chegara. Isso que eu chamo de sorte. Antes que Gale fizesse um comentário, Nico o interrompe.

— Prestem mais atenção! Os romanos já chegaram.

Olhei para algumas ruas distantes, e distingui alguns pontinhos que lembravam formigas. Eles marchavam em ordem, e fico surpresa por não ter visto antes.

— Bom, então vamos nos encontrar com eles.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem, favoritem e recomendem se gostaram... E até o próximo capitulo! Bjuuuus de luz e tchau!

Obrigada por ler!



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