Blue Sky escrita por Calpúrnia


Capítulo 6
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá! Como vocês estão? Espero que bem. Cá estamos com mais um capítulo e preparem seus coração, porque daqui em diante, tudo vai ficar mais emocionante — pelo menos para mim. Sem mais delongas, divirtam-se!



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Capítulo Cinco

Escrito por G. de Oliveira

Uma vez Hiashi havia lhe dito que certos “não” serviam como alerta para que ela voltasse para a realidade. Talvez fosse verdade, apenas talvez, porque Hinata estava cansada de levar “não” na cara e sempre ser obrigada a desistir, afinal de contas, se ela estava lutando era porque valia a pena. Se realmente valia a pena, por que ela desistiria? Já havia desistido de várias coisas em sua vida, já havia aberto mão daquilo que lhe pertencia, daquilo que mais queria, e ela sabia que estava na hora de parar com isso.

E o mais engraçado era que seu pai estava na sua frente, tentando convencê-la de que ela estava louca. “Culpa de quem?”, ele perguntou e ele mesmo respondeu, “sim, daquela raposa desgraçada do Rokudaime!”. Cerrar os punhos não foi o bastante para abrandar sua raiva, nem mesmo batê-los na mesa. O homem a sua frente enrijeceu a postura, sabia o que estava por vir, sabia que receberia aquele vento de frieza Hyuuga.

— Naruto não tem culpa de nada, e sobre a minha decisão, isso não é problema de vocês, até porque se refere à minha vida pessoal.

— Você está envolvendo o Clã a partir do momento em que esse menino também é um Hyuuga.

— Oh, agora ele é realmente um Hyuuga. — ironizou. — Um pouco demorado para admitir, não, otou-san?

Hiashi suspirou. Relaxou os ombros e recostou-se na cadeira.

— Hinata. Eu não quero ir contra você e… não era minha intenção ofender Naruto. Eu simplesmente esqueço que você é melhor que eu.

Ela arregalou os olhos. Isso era definitivamente algo que ela não esperava vindo de seu pai. Hiashi era sempre tão duro, tão cego, nunca dizia que ela possuía, ao menos, uma única qualidade. Hinata queria saber o que estava havendo para ele dizer tal coisa. Quando ela poderia imaginar que Hiashi diria algo como “… você é melhor que eu.”?

— Otou-san... Eu… Bem, eu não sou melhor do que ninguém, menos ainda do que o senhor.

— Eu estou velho, Hinata. — ele sussurrou. — Está na hora de acertar algumas contas.

— Do que o senhor está falando? — perguntou hesitante.

— Nada demais. — suspirou.

A morena estreitou os olhos e respirou fundo antes de sentar de frente para o pai. Ele estava tão abatido, mais branco do que o normal e as expressões da velhice tornavam-se mais evidentes a cada dia. Até mesmo a frieza típica dos Hyuuga havia desaparecido de seus olhos perolados. Hinata não queria se preocupar, porém ela gostava mais quando seu pai lhe dava uma bronca do que lhe elogiava. A pura verdade era essa, porque pelo modo mais rígido ela sabia que ele a amava, mas daquela forma, tão fraco, tão amargurado, ela não sabia.

— Não esconda nada de mim, otou-san. Já passamos dessa fase.

Ele a olhou e sorriu levemente, um sorriso triste, distante. Vê-lo daquela forma deixou o coração de Hinata tão apertado quanto era possível. E impossível também.

— Você se parece tanto com a sua mãe. Os cabelos, os olhos, o sorriso… Esse sorriso, Hinata, eu sinto falta dele.

— Por que está dizendo isso, otou-san?

— Apenas por dizer. Acho que você precisa saber que você conseguiu. “Gentil como a mamãe e forte como o papai”.

Hinata arregalou os olhos. Não pôde reagir, nem mesmo respirar conseguiu, porque tinha medo que aquele momento se quebrasse mostrando-se apenas um sonho, uma ilusão, talvez um genjutsu muito maldoso, porém eles estavam ali, e mesmo quando soltou uma lufada de ar nada se quebrou, nenhum fragmento se despedaçou.

— Otou-san? Como…?

— Não é a toa que ele é filho de Minato.

— Naruto?

— Ele é estranho, mas é forte, como Kushina, e gentil como Minato. Pelo jeito vocês têm algo em comum.

Antes que ela pudesse dizer algo, Ko bateu à parte chamando-a para receber alguns Hyuuga que acabavam de chegar das buscas. Ela estava ajudando Naruto no máximo que podia, disponibilizando os melhores para as missões. Hinata sabia que teriam sucesso, no final tudo daria certo. Todos ficariam bem.

— Já vou, Ko-san. — voltou-se para o pai. — Preciso ir.

— Vá, Hinata. Cumpra com seu dever. — disse suavemente.

— Hai. — despediu-se com uma reverência.

Ficou alguns segundos parada na porta, observando seu pai de olhos fechados e um sorriso tranquilo no rosto, um homem totalmente diferente daquele com quem ela estava acostumada. Poderiam ser a mesma pessoa? Suspirou e saiu da sala, fechando a porta delicadamente. Acompanhou Ko até seu escritório para receber os ninjas. Eles estavam ajoelhados.

— Levantem-se, por favor. — pediu gentilmente. — Como foram as buscas?

— Hinata-sama. — cumprimentou Rio, filho de Hikko. — Obtivemos sucesso.

— Kami-sama! Precisamos falar com Naruto agora mesmo.

— Já falamos, Hinata-sama. — disse Akihito.

— Já? — perguntou surpresa.

— Hai. Tomamos essa liberdade devido à urgência da situação. Esperamos que não se irrite.

— Não! Claro que não. Aliás, foi ótimo. Então, digam-me.

— Localizamos os criminosos. É um grupo de cinco pessoas, andam como se fossem viajantes, roupas nipônicas típicas, nenhum sinal de más intenções, porém os vimos em ação e foi exatamente como algumas testemunhas relataram: são rápidos como o vento, tão rápidos quanto o Yondaime foi, e a primeira coisa que fazem é matar e depois saqueiam o local.

Hinata estava chocada com a brutalidade. Ela não sabia que eles agiam dessa forma, mas sentiu um arrepio intenso percorrer todo seu corpo, alertando-a para o perigo que essas pessoas poderiam trazer. Eles precisavam agir o mais rápido possível, porque o desastre estava próximo demais. Ela não estava pagando para ver a sua paz destruída.

— Qual foi a ordem do Rokudaime?

— Ele disse que partimos amanhã, a justificativa é que precisam de um plano e para isso precisa falar com Shikamaru-sama.

— Entendo. Muito obrigada, Rio-san, Akihito-san. Podem ir descansar.

— Mas...

— Vocês merecem. — sorriu gentilmente. — Podem ir.

Eles fizeram uma reverência e saíram da sala, deixando-a sozinha. Hinata suspirou. Queria mais detalhes dessa missão e para isso precisaria falar com Naruto. Saiu do Clã e caminhou com certa pressa até o prédio Hokage. As pessoas pareciam tranquilas. Ela achou estranho, porque a notícia sobre os ladrões, com toda certeza, já havia se espalhado, porém talvez fosse a confiança e determinação de Naruto que permitiam que as pessoas se sentissem seguras atrás das muralhas de Konoha. Não os culpava, porque ela sentia o mesmo quando estava nos braços dele.

Chegou ao prédio e subiu as escadas até chegar à sala Hokage. Shizune estava sentada na sua mesa, de frente para a sala. Ao vê-la, a moça levantou-se e sorriu de forma tensa, tentando mostrar falsa segurança. Shizune tinha medo tanto quanto ela ou Naruto.

— Naruto está, Shizune-san?

— Sim, Hinata-san. Vou avisá-lo.

— Obrigada. — sorriu.

Esperou alguns segundos até a morena permitir que entrasse. Na sala estavam Naruto e Shikamaru, ambos sérios e concentrados demais para reparar na sua presença. Ela simplesmente se aproximou da mesa e observou o mapa que desenvolveram.

— País da Chuva, hein? — murmurou.

— Olá, Hinata.

— Oi, Shikamaru. — sorriu. — Oi, Naruto.

— Hina. A que devo a honra?

— Recebi as notícias. Partimos amanhã?

— Sim. E quero agradecer pela disponibilidade dos seus, foi de grande ajuda. — sorriu.

— É a minha vila. Tenho meus deveres para com ela. Então, qual o plano?

— Bom, — começou Shikamaru. — vamos cercar o País da Chuva com Hyuugas, vocês ficarão vigiando cada movimento desses malditos. O Clã Yamanaka vai tratar de apagar esses caras caso cheguemos a um extremo. Levaremos também os médicos, não podemos no arriscar. Kiba e Shino também vão, farão parte do rastreamento. Sakura, Naruto e Chouji entrarão na vila e ficarão juntos no centro. Você, Sasuke e eu ficaremos nos limites da vila, perto da floresta. Colocarei Kiba e Shino por perto caso precisemos de alguma ajuda. A intenção é não ferir nenhum civil, poderíamos evacuar a vila, mas chamaria atenção demais e temos de prendê-los. Matá-los está autorizado.

— Entendi. — ela assentiu um pouco avoada. — Você é realmente incrível, Shikamaru-kun.

Ele riu preguiçosamente.

— Tudo isso é problemático demais. Bom, esse é o plano. Estejam preparados.

— Hai.

— Como vão os velhotes do Clã, Hinata? — perguntou o Nara.

— Bem até demais. — resmungou. — Antes não estivessem. Que eles não me ouçam.

Riram.

— Eu vou indo. Preciso descansar antes dessa missão problemática. Tchau, problemáticos.

— Tchau, problemático. — disseram Hinata e Naruto em uníssono.

O Nara sorriu e saiu arrastando os pés como sempre fazia. O silêncio na sala estava um pouco desconfortável. Naruto sentia que algo estava de errado, ele podia sentir a aflição emanando dos poros de Hinata.

— Ei, vem cá.

Ele puxou-a para si e abraçou-a. Hinata o apertou com tanta força que ele pôde sentir alguns ossos estralando.

— O que houve, hime?

— Nada. — murmurou.

— Tudo. Não quero que me esconda. — ergueu o rosto dela. — Pode falar.

— Otou-san.

— O que foi dessa vez? — suspirou.

— Ele está estranho. Eu não sei… Está te elogiando, me elogiando. Otou-san não é assim. Está tão… amargurado.

— Ora, você deveria ficar feliz. Hiashi me elogiando? Milagres acontecem, hime!

Ela sorriu, porém não durou muito.

— Não sei…

— Não precisa se preocupar, hime, ele apenas percebeu que você é incrível.

— Pode ser. — sorriu.

— E Kotarou-kun? Como vai?

— Ele está ótimo. Estou ajudando-o com o Byakugan. Ele é incrível, aprende tudo bem rápido. Gostaria de ter mais tempo mais ao lado dele do que me é permitido.

— Ah, mas você consegue dar um jeitinho, 'ttebayo. — riu.

Hinata acariciou o rosto de Naruto.

— Eu te amo tanto... — murmurou com os olhos cheios de água.

— Não chore. Eu também te amo muito, hime. Muito.

A Hyuuga voltou a abraçá-lo, deixando que suas lágrimas escorressem, molhando a capa de Hokage. Ela se afastou tentando tirar o molhado da peça e enxugando suas próprias lágrimas, porém elas não paravam de cair. Naruto voltou a abraçá-la, e em questão de um segundo estavam sobre a cabeça do Yondaime, na muralha dos Hokages. O vento vinha levemente em seu rosto, balançando seus cabelos em uma dança tranquilizante.

— Você está me esmagando, Naruto-kun.

— Talvez assim sua dor passe para mim. Não gosto de te ver assim.

Ela sorriu.

— Gomen! Vou parar. — disse enxugando as lágrimas e respirando fundo. — Pronto. Acabou.

Naruto sorriu docemente, um sorriso tão gentil que chegou a doer ainda mais no coração da Hyuuga. Nem mesmo ela conseguia entender aquelas lágrimas, fazia um bom tempo que ela tinha parado com essa besteira de chorar por bobagens.

— Eu não sei por que e talvez nem você saiba, mas você sente dor, eu vejo nos seus olhos. Só quero que você saiba que eu farei tudo por você.

— Não me proteja. — disse bruscamente, arrependendo-se de imediato. — Gomem, Naruto-kun.

— É Neji?

Hinata deu de ombros. Talvez fosse.

— Estou superando. Por favor, vamos esquecer, okay? Eu não quero pensar nisso, seja lá o que isso for.

— Tudo por você, hime. Vem cá.

Abraçou-a enquanto observavam a tarde virando noite. O céu alaranjado, as nuvens caminhando preguiçosamente por aquela imensidão. Hinata sentia-se como se fosse aquelas nuvens, nadando em uma vastidão sem fim, algo que poderia lhe agradar se fosse antes, porém naquele dia não. Naquele dia ela não queria nadar, não na vastidão.

Δ

Ela ouvia os gritos agoniados de seus homens. Os 150 Hyuugas que ela levou consigo morrendo rapidamente como se fossem formigas a serem esmagadas. Seu chakra estava acabando com mais pressa do que ela previu, mas Hinata não estava disposta a desistir, e nem poderia. Nem sabia como conseguia se preocupar com todos se esforçando, lutando bravamente em uma batalha amaldiçoada.

Com um único golpe ela conseguiu fechar todos os Tenketsus do penúltimo inimigo e prendeu-o. Ele tinha os olhos arregalados, porém havia um sorriso sádico em seu rosto, algo assustador. Alguém lhe dissera que ele gosta de sentir dor, era seu prazer. A Hyuuga se arrepiava só de pensar nisso.

O plano arquitetado por Shikamaru foi executado com o máximo de empenho possível. Desde o momento em que chegaram à vila, tudo saiu como o planejado, nenhuma falha, a não ser o fato de que eles eram muito fortes e estavam quase acabando com os ninjas de Konoha. Mas quem disse que eles desistiriam? Em momento algum abaixaram a guarda ou pensaram em deixar para lá. Jamais. Lutaram com tudo que tinham, prontos para morrer.

No meio de sua luta, Hinata viu seu pai lutando com o último inimigo, segundo ela julgou, porém em algum momento perdeu-os de vista. Hiashi tinha sido teimoso, ela insistiu para que ele não fosse, quase fez um escândalo, e de nada adiantou, ele foi de qualquer jeito. Não havia jeito de convencê-lo. Suspirou. Por que ele era assim?

Ela sentiu. Um chakra enfraquecido, mas, ainda assim, capaz de qualquer coisa, inclusive de matá-la. Hinata virou-se e acabou caindo, vendo sua própria morte naquele sorriso demoníaco do nukenin. Seus olhos roxos mostravam que ver seu sangue era apenas uma diversão. Não soube explicar, mas pensou em seu pai. Pensou que esse era o homem com que ele estava lutando. Ouviu quando alguém gritou seu nome, talvez Shikamaru, e então, silêncio.

Hinata fechou os olhos. Abriu-os e, de repente, estava vivendo tudo de novo. A Quarta Guerra, Neji morrendo. Seu pai morrendo. Os olhos perolados arregalaram-se ao ver o sangue escorrendo lentamente pelas costas de Hiashi. O silêncio era tão grande que ela conseguia ouvir o coração dele.

Tum-tum-tum-tum…tum…tum…tum…tum…

O tempo havia parado. As respirações aceleradas deram lugar àquele coração que estava parando. Hinata não conseguia se mexer, até o momento em que alguém puxou o nukenin, prendendo-o, talvez fosse Sasuke. Lentamente, o corpo de Hiashi caiu. Em um movimento rápido ela conseguiu pegar seu corpo, que possuía uma ferida aberta no peito. Ela não disse uma única palavra, não viu quando o Uchiha matou o criminoso.

Hiashi sorria, exatamente como Neji.

— Hinata.

— Shh. Não fala nada, otou-san. Um médico está vindo. — disse com a voz embargada.

— Na verdade… — tossiu. — não precisa, já estou morto. Só quero dizer que… estou orgulhoso.

— O quê…? Otou-san! Por favor, fique quieto!

Ele secou as lágrimas da filha, ainda que outras surgissem no lugar, e acariciou seu rosto como um pai faria enquanto canta uma canção de ninar para a filha.

— Estou orgulhoso de você, de quem você é e de todo o seu esforço e força. Eu… Eu não fui o pai adequado para você, Hinata, mas eu… eu amo você.

Hinata soluçava, apertando o pai contra si enquanto tentava estancar o sangramento.

— Eu amo você, minha filha, e sinto muito, de verdade. Sinto tanto… Mas está tudo bem, vou ver sua mãe, seu tio e Neji. E você… cuide de Hanabi.

— Não! Não! — berrou. — E eu? Eu?

— Naruto cuidará de você. Sim, ele vai. — sorriu. — Você se tornou tão gentil quanto sua mãe e tão forte quanto eu, e mesmo assim você é muito melhor do que nós dois jamais fomos. Obrigado… por ser minha filha.

Hiashi deu um suspirou pesado e sorriu por uma última vez.

— Otou-san! Otou-san! OTOU-SAN!

Ela gritava, chorava desesperada tentando fazê-lo voltar, porque sabia que sem ele, ela estaria fadada ao fracasso. No final das contas, Hiashi era uma fortaleza que a protegia e ao mesmo tempo dava as coordenadas para que ela pudesse seguir em frente. Mas… a fortaleza foi derrubada. Era sua culpa? De novo?

— Um médico, por favor! — berrou entre os soluços. — OTOU-SAN! Por favor, por favor…

Hinata abraçava-o, molhando o rosto tranquilo de Hiashi com suas lágrimas. Aquela impotência, a dor, estava lhe deixando quebrada. Ele sabia. Quando ele disse que estava ficando velho, aquela aura de amargura, ele sabia, sabia que morreria e mesmo assim não fez nada mudar isso. Não era justo perdê-lo daquela forma, não logo quando ele estava aceitando-a.

Ela viu Sakura próxima de si.

— Sakura, por favor, faça alguma coisa.

A rosada ficou sem saber o que fazer. Quando achava que a morte de Neji era surpresa o bastante, Hiashi também morre. Tentou sentir qualquer sinal de vida no Hyuuga, mas não havia sinal nenhum. Hinata olhava ansiosa, esperançosa, mesmo sabendo que não havia jeito. Talvez…

— Hinata… Sinto muito…

— Não. — murmurou. — Não pode ser. Não pode acabar assim, otou-san, não desse jeito.

Logo depois de Sakura veio Naruto. O loiro olhava chocado a cena. Até mesmo Hiashi ia deixá-los? Até mesmo o imponente Hyuuga Hiashi? Ele agachou-se ao lado de Hinata, abraçando-a pelos ombros, enquanto Sakura colocava o corpo do Hyuuga no chão com a maior delicadeza.

— Ele… Ele disse que está orgulhoso e mesmo assim… foi embora. — murmurava Hinata. — Isso é justo?

— A vida não é justa, hime, nem uma fábrica de realização de desejos.

— Mas… — olhou para Naruto. — por que ele me deixou?

— Ele apenas foi ser livre, você não acha isso justo?

Ela olhou para o corpo inerte do pai. Não queria pensar em nada, apenas chorar a morte daquele que ela mais amou na vida.

Δ

O início é sempre composto de algo muito vasto. Talvez uma luz muito branca ou colorida, e muito provavelmente, um buraco. Um gigantesco buraco para fazê-lo afundar. Esse era o começo da vida. Mas e o fim? Hiashi sempre se perguntou como morreria e o que veria nesse momento. Era estranho porque quando de fato morreu não viu nada, porém sentiu. Lembrou-se apenas da voz de seu irmão dizendo como era bom ser livre no dia em que morreu. Nunca pensou que chegaria o dia em entenderia essa frase.

Sentir aquela katana atravessar seu peito foi um pouco doloroso, claro que doeria, e mesmo assim ele sentiu feliz assim que seus membros pararam de se mexer. Claro que não era nenhum orgulho sentir-se assim, só que a dor passou tão rápido. Ainda teve tempo de falar para Hinata. Sim, falou o quanto a ama e o quanto estava orgulhoso. Não esperava que ela o perdoasse, mas sabia que essas palavras eram necessárias para acabar com qualquer dúvida ou rancor. Era bom.

Seu caminho havia sido traçado e estava seguindo-o sem olhar pra trás. Qualquer um diria que ele deveria se preocupar com as filhas que deixou, porém ele criou-as bem o suficiente para que fossem fortes, verdadeiras guerreiras, pessoas diferentes dele, que são capazes de seguir em frente. Hiashi não se considerava o melhor pai do mundo, nem era um pai realmente, estava mais para carrasco, mesmo que esta fosse uma imagem criada. A verdadeira era outra, uma que só sua falecida e amada esposa conhecia. Gostaria de ter tido a oportunidade de mostrá-la para suas filhas, talvez pudesse fazê-las perceber que as ama mais que tudo.

Então esse era o fim. Não havia buracos ou luzes brancas, nem coloridas. Era apenas uma vastidão, e ele via sorrisos, ouvia as gargalhadas, sentia a felicidade e a plenitude. Era um belo fim até mesmo para um carrasco. Ali ele sorriu como nunca fez em toda a sua vida. Sentia-se seguro, completo, e sabia que não tinha por que se preocupar. Estava tudo bem.

Tudo bem.

Δ


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Notas finais do capítulo

Funny fact: mesmo depois de tanto tempo que escrevi esse capítulo, sempre acabo em lágrimas. É um dos capítulos mais emocionantes que já escrevi, sinceramente. Eu sempre acabo chorando porque é tão cheio de sentimentos, essa dor da perda, mas também a liberdade que o Hiashi sentiu na morte depois de tanta coisa difícil em sua vida.
Bom, como eu disse, a partir daqui tudo vai se transformar num leve caos (nada muito preocupante). Eu sou a escritora dos sentimentos, das emoções, então vocês lerão muito sobre eles. A partir de agora, será isso: sentimentos. Pura emoção. Espero que você estejam com os corações preparados e a mente bem aberta à possibilidades, porque algo inacreditável está chegando (até mesmo para mim que escrevi).
Mais uma coisa: estou com outra fic ativa chamada "Boruto" que retrata todas as emoções das pessoas ao redor de Naruto e Hinata com o nascimento do Boruto. É mais uma história cheia de emoções e sentimentos. Acredito eu que vocês vão gostar, então estou deixando o link: https://fanfiction.com.br/historia/709524/Boruto/
Pretendo também trazer outras histórias (NaruHina e SasuSaku) para vocês, mas é algo para depois.
De qualquer forma, espero que tenham gostado do capítulo. Espero por alguma reação de vocês. Obrigada por ler!
Até mais! ♥