The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 8
Being a Victor




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Acordo num quarto branco, com roupas de hospital, estou curada, estou bem. Não tenho qualquer tipo de ferimentos, quem me visse não pensaria que estive durante uma semana numa arena a lutar pela minha vida.

—Willow - entram os meus pais e abraçam-me.

—Pai! Mãe! - faço-o de volta. Eles sentam-se na beirada da cama e suspiram.

—Tu conseguiste - eu assinto. - Como te sentes?

—Honestamente, não absorvi nada do que se passou na arena. Ainda é tudo muito novo, estou confusa - eles parecem entender-me.

—Lamentamos pelo Harry - quando eles pronunciam o nome dele uma dor invade o meu coração.

—Eu não pude fazer nada, eu não o podia ter salvo, não como ele fez comigo diversas vezes durante os Jogos - digo com dificuldade em respirar.

—Foi exatamente o que senti quando o Finnick morreu por mim - diz a minha mãe regressando ao passado dela. De certeza que estava a ver aquela cena toda de novo, o meu pai abraça-a e de seguida junta-me ao abraço. 

—Posso? - o Ryen bate à porta e abre-a um pouco.

—Claro - respondo. Ele corre para mim e abraça-me com um carinho e uma força incompreensível.

—Willow! Eu fico tão contente por estares bem! - vejo lágrimas nos olhos dele. - Por momentos pensei que não fosses regressar.

—Eu regressei graças ao Harry - os meus pais sorriram fraco e o meu irmão ficou confuso. - Se não fosse o Harry eu não estaria aqui, ele fez o Capitólio idolatrar-me.

—O Capitólio revoltou-se na fase final dos Jogos porque não quis que tu e o Finnick ficassem separados, quando vocês se iam matar, o povo dos Distritos e do Capitólio saiu lá fora e revoltou-se perante o Presidente Fog - contou-me o meu irmão e noto os meus pais a fazerem um olhar reprovador, como quem diz "Não era para lhe contares agora!".

—Como está o Finnick? - a minha mãe sorri.

—Está bem, a Annie está com ele - fico tranquila ao saber que ele está mesmo bem.

—Vamos acabar com isto, neste momento tens que voltar para o nosso andar e arranjar-te, hoje à noite é a entrevista com o Caesar - assinto com a cabeça e levanto-me.

Visto um vestido de cetim branco e simples e sou levada de novo para o meu piso, visto que o hospital é um piso subterrâneo do edifício dos Tributos. Os meus pais estão comigo, a porta está protegida por dois Soldados da Paz, sendo um deles o Gale.

—Lamento imenso pelo Dylan - limito-me a dizer e ele demonstra raiva.

—Claro que sim - abre passagem e eu entro, lá dentro encontro a Effie e a equipa de preparação a tomar chá.

—Willow!! - toda a gente vem ter comigo e me abraça, mal consigo respirar. A Effie é a única que fica frente a frente comigo.

—A minha vitoriosa - sorri e noto que tem algumas lágrimas nos olhos. - Tu és tão forte e inteligente como os teus pais, eu tenho orgulho nesta família.

—Effie, não chores! Não serve de nada! - sorrio fraco, dizem que este sorriso é o do meu pai.

—Mas vá, eu tenho que parar de te atrasar porque tens que te arranjar para a tua primeira entrevista como vitoriosa! - ela limpa as lágrimas e bate palminhas. Eu vou como a equipa de preparação que me maquilha, me penteia e me arranja as unhas das mãos e dos pés. Mais tarde o Flavius vem ter comigo e toda a restante equipa nos deixa sozinhos.

—Nunca te cheguei a congratular - sorri-me e abraça-me.

—Não tens razões para o fazer, eu matei imensa gente - digo e ele suspira.

—A tua mãe disse o mesmo ao Cinna. O teu pai foi de todos os vitoriosos do Distrito 12 o que menos matou. O Haymitch, a tua mãe, o teu irmão mataram imensa gente, mas isso não faz de ti assassina, faz de ti sobrevivente - diz-me sacando um vestido e uns sapatos do meu guarda-roupa, provavelmente preparam isto tudo desde o momento em que fui declarada vitoriosa.

Ele ajuda a vestir-me e quando olho ao espelho fico surpreendida. Desta vez a minha maquilhagem era leve e o vestido era um azul bebé que em comparação ao vermelho ardente da entrevista me deixa um pouco desarmada.

Esperei meia hora e fui finalmente encaminhada com a minha mãe, que era mesmo a minha mentora. 

—Onde está o Finnick? - perguntei-lhe.

—Segundo o que fui informada, é suposto o vosso primeiro encontro ser mesmo quando forem entrar - eu bufo. - Muda essa atitude.

—Que atitude? - ela faz com que a olhe nos olhos.

—O teu discurso nos Jogos, o teu ato de tentativa de suicídio vai ter consequências não só em ti, como em todos nós! Os Distritos e o Capitólio revoltaram-se por tua causa, tu desafiaste o Presidente Fog e acredita que as consequências não vão ser boas. Por isso tu vais lá fora e vais desculpar tudo com a imagem da rapariga que estava desesperada, confusa e perdida no meio de tanta coisa que lhe estava a acontecer, como estar loucamente apaixonada - diz-me e eu engulo em seco.

Começo então a ouvir o hino do Capitólio, significa que o programa vai começar. O Caesar entra e cumprimenta o público todo que está bem agitado.

—Já percebemos que estão todos entusiasmados para finalmente verem os nossos amados vitoriosos desta 99ª Edição dos Jogos da Fome. Pois não percamos para ver o primeiro encontro do nosso mais recente casal favorito desde que venceram os Jogos. Sem mais demoras, deiam as boas vindas ao nosso atraente e romântico Finnick Odair, do Distrito 4 e à nossa rapariga ardente, Willow Everdeen Mellark, do Distrito 12! - eu entro ao mesmo tempo do Finnick e quando nos vemos vamos a correr um para o outro. - Olhem os pombinhos, tão fofinhos, não acham? - o público vibra e eu sorrio quando olho para ele. Sentamo-nos lado a lado e damos as mãos. - Então, como é que se sentem com o reencontro?

—Eu estava sempre a perguntar à minha mãe quando o iria ver - digo e o Caesar ri.

—Eu sinto-me ainda mais vivo - toda a gente faz um "awn".

—Como ficaste ao ver que a Willow poderia morrer? - pergunta-lhe.

—Eu senti naquele momento que a tinha que salvar, eu não poderia deixar que ela morresse ali, desprotegida - ele responde e a plateia derrete-se.

—Como te sentiste quando ele te pegou ao colo? - dirige-se a mim e eu fico corada.

—O meu coração acelerou imenso, pensei que me fosse saltar da boca - confesso e não estava a mentir.

—Apesar de todo o romance, também toda a gente reparou naquela tensão entre vocês na caverna - ouve-se um "uhhh". - Que pensam as vossas mentoras acerca disso?

—A minha avó adora a Willow e quer que eu seja feliz, se ela me fizer feliz tudo bem - ele olha para mim.

—A minha mãe não sei que pensa ao certo, ou mesmo o meu pai e o meu irmão, mas eu penso que eles querem que eu seja feliz. Quanto ao meu tio Haymitch a esta hora deve estar a comemorar com umas belas garrafas da sua bebida favorita o facto de eu voltar e de ter encontrado alguém - toda a gente se ri.

—Tenho aqui algo bastante bom para vocês, na verdade uma mensagem do Presidente Fog. Vocês os dois terão ambos uma casa no Distrito 4 e no Distrito 12, e puderam mudar-se para uma delas, vocês é que decidem! Sendo que, podem ir visitar as vossas famílias durante o restante ano! - anuncia e eu e ele ficamos mesmo contentes com isso, mas por outro lado desagradados.

—Agora vamos lá ver alguns momentos marcantes dos Jogos - começam a passar e eu estava entre os braços do Finnick.

A seguir à entrevista fomos para uma espécie de sala com transmissão para toda a Panem ver. Nós a sermos coroados. O Presidente Fog dirigiu-se primeiro a mim.

—O teu alfinete é curioso - observa.

—Era da minha mãe, um símbolo do meu Distrito - sorrio para ele que assente. Em seguida ele coroa o Finnick e faz um discurso sobre o quão valentes fomos e fizemos honrar a nossa legacia, uns continuaram-na e outros trouxeram-na de volta para o topo.

Quando tudo acaba eu volto exausta para o meu andar juntamente com a minha mãe, o Finnick e a Annie, que saem no 4º piso.

—Ah... adeus... penso eu... - digo e ele fica a olhar para mim. Tentamos arranjar uma forma de nos despedir mas não sabíamos que fazer. Acabamos por dar um abraço, ele saiu com a Annie e eu subi com a minha mãe.

—Foi tudo atuação? - ela quebra o silêncio.

—Eh... - não tinha resposta para ela.

—Vocês gostam um do outro, nota-se - eu baixo a cabeça. - Não fiques envergonhada, mais tarde ou mais cedo aconteceria.

—Eu estou confusa com tudo o que se passou - limito-me a dizer e o elevador abre. Quando entramos vejo lá dentro a Enobaria e a Johanna. - Mas o que é que raio está a acontecer.

—Viemos felicitar-te, bem-vinda aos vitoriosos - diz a Enobaria e eu assinto.

—Miúda, tu és o ser mais carreirista que eu conheci na minha vida toda! - diz a Johanna e não sei se devo levar isso como um elogio ou um insulto.

—Na verdade, eu vi os teus Jogos, deixei muito a desejar em comparação a ti - respondo-lhe e ela ri-se.

—Eu acho engraçado como tu e o Ryen são parecidos com a Katniss - eu sorrio forçado. - A parte gira é que ambos deixam a diferença, ele foi o mais novo a ganhar os Jogos em toda a história, tal como foi o mais inesperado e mais novo Realizador dos Jogos, tudo para proteger a irmã. O que é que ela fez? Voluntariou-se e ganhou, fazendo algo que nunca ninguém conseguiu, fez não só os Distritos revoltarem-se, como o Capitólio. Vais sofrer as consequências de uma forma... tu e o Finnick.

—Então eu vou suportá-las e se for necessário... - não acabo a frase porque toda a gente fica a olhar para mim naquela sala.

—Mas mudando de assunto... tu e o Finnick já sabem onde vão viver? - questiona-me o meu pai.

—Ainda não decidimos, não falamos nisso sequer. Com licença, tenho que ir descansar, afinal amanhã partimos - eu vou para o quarto e fecho a porta. Atiro-me para cima da cama, e fico a olhar para o teto. 

Quando dou conta estou a dormir. Eu sei que estou a dormir porque voltei à arena de volta. O Harry aparece-me à frente e eu fico imensamente feliz. Até que ele me espeta com uma faca na barriga e me começa a dizer que eu o matei, que eu fui e ainda sou a culpada do que está a acontecer e que vou pagar caro por isso ter acontecido.

—NÃO! HARRY! - acordo sobressaltada aos berros e com dificuldade em respirar, começo a chorar.

—Willow - o meu pai vem a correr e eu abraço-me a ele. - Shhh, está tudo bem, estás salva, está tudo calmo.

—O Harry, ele... - eu não consigo falar porque estou a soluçar. - NÃO!!

—O Harry já não está aqui, vai para o Distrito 12 quando chegarmos lá - eu continuo a chorar.

—Eu sou um monstro, eu sou uma assassina - digo e ele faz com que o olhe nos olhos.

—Tu não és um monstro, não és uma assassina, és uma sobrevivente como a restante família. Eles querem deitar a nossa família abaixo, tal como querem deixar o nome Odair no lixo, mas nós continuamos a lutar e assim será sempre! - eu fecho os olhos com força e a única imagem com que me deparo é com o Harry a ser morto. O meu pai fica a adormecer-me, mas por alguma razão eu não consigo fazê-lo. Algo me diz que este é o primeiro pesadelo de muitos, tal como a primeira noite de muitas sem dormir.

 

Continua...

 

 

 


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