E porque hoje é um "grande, grande, grande, grande dia", mais uma vez a Effie acorda-me. Eu vou vestir uma roupa normal e é hora de pequeno-almoço, chego com o Harry.

—Bom-dia! - cumprimentamos ao mesmo tempo e sentamo-nos.

—Bom-dia! - respondem os outros.

—Bem, hoje o vosso dia vai ser dividido, de manhã a Willow vai com a Effie tratar da postura para a entrevista e o Harry vai ficar aqui connosco, entretanto almoçam e trocam - explica o meu pai.

Vou então com a Effie, ela obriga-me a andar em cima dos saltos altos, mas faz-me doer os pés, treina comigo a postura, tudo para que esta noite tudo esteja simplesmente P-E-R-F-E-I-T-O, como ela diz.

Felizmente aquelas horas de tortura acabam e eu tenho finalmente descanso dela e das regras parvas de etiqueta do Capitólio, eu não sei se ela sabe, mas eu venho muitas vezes ao Capitólio.

Vou para a sala com os meus pais, às vezes pergunto-me como é saber que eu posso morrer e eles vão ver e não vão poder fazer nada?

—Como tu sabes as entrevistas são uma forma de arranjar mais patrocinadores, antes das entrevistas dos Tributos começarem, quiseram que eu, a tua mãe, a Annie e o teu irmão dessemos uma breve entrevista. Quanto à entrevista, convém teres uma arma, uma personalidade... - explica-me tudo.

Tentamos a doce, o meu pai fez-me umas perguntas mas eu não conseguia, tentamos a sexy, mas convenhamos, ser provocadora não é o meu forte, tentamos ser a coitadinha mas toda a gente sabe que isso não iria colar, tentamos ser a amiga, mas obviamente também não resultou e entre estas outras quantas que também não resultaram, demorando assim uma tarde inteira nisto.

—Sabes uma coisa? Enquanto continuares com esta atitude não é possível, não sei que podes fazer! - a minha mãe levanta-se e vai-se embora, o meu pai tenta ajudar mas eu acabo por ter que ir arranjar-me.

Fazem-me o penteado e o Flavius traz-me um vestido armado preto, era deveras bonito, mas não o que estava à espera. Fazem-me também a maquilhagem e vou para o corredor onde todos os outros Tributos se encontram por ordem, eu sou a penúltima, devido ao facto de ser rapariga e do 12. Olho para o ecrã para ver as entrevistas que se estão a dar.

—Olá!!! Hoje estamos aqui para uma noite de entrevistas, vamos dar a conhecer mais profundamente os Tributos da 99ª Edição dos Jogos da Fome!!!!!!! Mas primeiro temos aqui 4 convidados especiais, chamo ao palco Katniss Everdeen, Peeta Mellark, Ryen Everdeen Mellark e Annie Cresta!!!!!!!!!! - o público vibra e eles entram. - Então, Katniss, Peeta como é serem mentores da vossa filha?

—Já passamos por isto uma vez, não é? - o meu pai está descontraído.

—É verdade, Annie, como é ser mentora do próprio neto? - pergunta-lhe.

—Já fui mentora do meu filho, ser mentora do meu neto acaba por ser como ser mentora do meu filho... - responde ela.

—Concordo, afinal ele não teve mais nenhuma mãe... - o Caesar fala triste mas logo a seguir fala vira-se para a minha mãe.

—Katniss, como foi ver a Willow a voluntariar-se no lugar da pequena menina? - questiona.

—Como voltar atrás no tempo, acho que não fui a única, pois não? - provoca a multidão que afirma que sim.

—Ryen, o nosso mais corajoso vencedor do Distrito 12, como é ver a tua irmã nos Jogos? - o meu irmão senta-se melhor na cadeira.

—Um pouco intrigante visto que para mim o Finnick é um ótimo miúdo e quando eu estou no 4 fico sempre em casa da Annie com ele, porém eu queria que a minha irmã conseguisse sair vitoriosa, queria ficar com ela, mas ao mesmo tempo não quero que o Finnick morra, enfim só um pode ganhar e a sorte ficará do lado de quem estiver destinado a ganhar! - fala emocionalmente o meu irmão e a multidão está muito calada, como se estivesse a sofrer, o próprio Caesar fica mais embaixo.

—Ryen, não me faças chorar, senão quem vai entrevistar os outros tributos? Certo? - fala para a multidão a sorrir.

—Oh Caesar, já nos conhecemos há anos, tu sabes que não acreditaria! - toda a gente começa a rir.

—Muito bem, foi um prazer falar com vocês. Para todos vocês, Katniss Everdeen, Peeta Mellark, Annie Cresta e Ryen Everdeen Mellark! - eles saem e a Tributo do 1 entra, em seguida o Tributo do 1, a do 2 e finalmente parei finalmente para ver a entrevista do rapaz do 2. - E agora, apresento-vos a todos Dylan Hawthorne, do Distrito 2!!!!!

—Olá Caesar, é um prazer! - cumprimenta-o ele.

—Prazer o meu rapaz! Então, como é representar o Distrito 2? - eu já sei a resposta.

—Uma honra, caso eu não tivesse sido sorteado ter-me-ia voluntariado! Desde pequeno que sonho em estar nos Jogos! - este rapaz é ridículo e parece que não ou a única a pensar isso, visto que o Finnick também está muito focado no que ele está a dizer.

—Muito bem! Está na tua origem que és filho do chefe dos Soldados da Paz em Panem, que curiosamente é o conhecido Gale Hawthorne, um antigo revolucionário... como é ser filho dele? - eu não acredito que o Caesar tocou neste assunto, o Harry dá-me uma cotovelada ao de leves, mas eu faço-lhe sinal para deixar ouvir.

—O meu pai foi manipulado na altura, felizmente ele chegou à conclusão que ser um Soldado da Paz é uma honra, tal como servir o Capitólio. Eu não tenho vergonha do meu pai, já a minha mãe bem podia ser outra, a Katniss Everdeen, nomeadamente! - responde ele com o coração frio, os meus punhos cerram-se e todos os Tributos olham para mim, o Finnick vem para perto de mim enquanto o público está indignado.

—Não ligues, ele só te quer provocar e atingir também os teus pais, tem calma! - ele tenta tranquilizar-me.

—Eh... muito bem! Tu, a Willow e o Finnick tiveram as pontuações mais altas, como é ser um rapaz com umas das pontuações mais altas? - agora é que está na altura de ver o que vai acontecer na arena de imediato.

—Não me admirou eles terem as pontuações mais altas, ela é irmã do ex-Realizador dos Jogos, filha do casal querido do Capitólio e ele é neto da Annie Cresta e do grande Finnick Odair, eu sou filho de uma sopeira e do Gale Hawthorne, o Soldado da Paz, fazer o quê? Era de esperar que houvessem vantagens? - o público fica ultrajado com a arrogância dele.

—Pois... então, Dylan Hawthorne, Distrito 2, obrigada pela entrevista e vamos ver-te nos Jogos! - ele só pode ter afastado patrocinadores, de certeza absoluta!

Os do 3 são entrevistados e a rapariga do 4 também, em seguida vai o Finnick e quero ver se vai haver tensão nas perguntas, depois do que aconteceu nos últimos minutos...

—E agora, a representar o Distrito 4, Finnick Odair! - o público vibra ao ouvir o nome dele e ao vê-lo entrar todo bonito, sim, eu admito que ele tem charme, bastante charme. - Bem-vindo, Finnick!

—Olá Caesar! - ele sorri para o apresentador e para o público.

—Então, conta-nos lá, como é que foi receber um 12 nos testes de aptidão? - questiona e eu presto atenção ao que ele diz.

—Eu fiquei bastante surpreendido, mas mesmo assim eu tenho noção que isso não vai fazer de mim melhor nos Jogos, o que conta para mim é o meu desempenho lá dentro - ele responde e a multidão aplaude a resposta que foi deveras boa.

—Muito bem, como é ter o nome de uma das figuras mais atraentes que já pisou o Capitólio? - brinca o Caesar.

—Não é nada fácil, Caesar, confundem-me muito com ele! Mas convenhamos, o encanto ficou, não acha? - a multidão feminina faz para deixar claro que sim e o Caesar ri-se imenso acompanhado do Finnick.

—É compreensível, ele tinha o mesmo efeito na multidão! Aprendeste alguma coisa aqui no Capitólio? - questiona interessado.

—Aprendi! Ofereci um cubo de açúcar à Willow, a rapariga do 12 e ela recusou, já a mãe dela me contou que o meu avô lhe fez o mesmo, com isto aprendi que as Everdeen não gostam de cubos de açúcar! - a multidão ri e aplaude-o, assim como o Caesar.

—Adoro este rapaz, não sou o único, pois não? - o Finnick conquistou o Capitólio quase todo, senão mesmo todo! - Muito bem, Finnick Odair, Distrito 4.

Eu fiquei muito confusa, ele nunca me ofereceu um cubo de açúcar, ou ofereceu? Ofereceu! Eu mandei-o dar uma volta e recusei! As outras entrevistas demoraram séculos a passar, por outro lado, eu estava nervosa. Vou para o palco quando me avisam que vou entrar.

—E chegando ao último Distrito, o Distrito 12, Willow Everdeen Mellark! - introduz-me e eu começo a sorrir.

—Olá Caesar! - cumprimento-o.

—Quando entraste ali parecias a tua mãe! Juro, fiquei arrepiado! - eu sorri. - Aliás, quando eu te vi naquela carruagem o meu coração parou!

—Obrigada Caesar, eu quando estive lá em cima só pensava "Wow, agora já não sou a única da família sem chamas! - toda a gente riu.

—Agora mais a sério, Willow. Todos admiramos a tua coragem, foste a segunda voluntária feminina no Distrito 12, sendo que a primeira foi a tua mãe há exatos 25 anos. A tal menina foi despedir-se de ti?

—Sim, veio.

—E o que te disse? - isto lembra-me a entrevista da minha mãe.

—Que sabia que eu conseguia ganhar! - toda a gente se derreteu. 

—Eu também sei que sim, aliás a tua pontuação, juntamente com a do Finnick foi a mais alta! Como te sentiste? - eu já sabia que ele me ia fazer aquela pergunta.

—Surpreendida, eu penso que um 12 nunca me vai definir, nem qualquer outra coisa que me digam que sou, eu sei que o meu valor nos Jogos não está nos testes, e mesmo que eu não ganhe, eu sei que dei o melhor de mim - o público aplaudiu-me.

—Muito bem, por último, acho que toda a gente gostava de ver o teu vestido! - eu assinto, levanto-me e começo a girar, de repente o vestido que outrora era preto, era naquele momento vermelho com brilhantes. -OH MEU DEUS!!! Acho que temos aqui uma nova Rapariga em Chamas!!!!! Obrigada Willow, foi um prazer!

—O prazer foi meu! - realmente isto até correu bem.

—Willow Everdeen Mellark, Distrito 12! - eu saio do palco e lá fora fico a ver a entrevista do Harry.

—E por último, mas não menos importante, Harry Dornan, Distrito 12!!! - anuncia o Caesar e o meu companheiro entra.

—Olá! - cumprimenta.

—Conta lá, como foi viver no Capitólio? - o Harry está muito confortável.

—Um paraíso se eu ganhar adorava viver aqui! - todo o público ri.

—Ahahah, se eu te tivesse como vizinho não me importava nada! - humoriza. Os meus pais chegam entretanto.

—Muito bem, estiveste fantástica! - eu sorrio e abraço-os agradecendo, no entanto vemos o resto da entrevista.

—E como foi conviver com a Willow e o Finnick? - presto extrema atenção agora.

—Intenso... - ele não dá pormenores.

—Porquê? - aquela curiosidade excessiva do Capitólio está a ser aguçada.

—Ah, sabe Caesar, não sei se posso dizer... - faz-se de misterioso.

—Conta-nos! - a plateia começa a insistir.

—Está bem, está bem, eu conto! Na verdade, aqueles dois gostam um do outro, está na cara de toda a gente, mas eles não admitem um ao outro - toda a gente fica muito contente e eu fico indignada, logo a seguir o Finnick aparece quando o Harry também aparece, a Annie vem atrás do neto, mas eu sou mais rápida e encosto o Harry à parede.

—Como assim? Eu e ele gostamos um do outro? A entrevista é suposto ser sobre ti e não sobre inventares histórias! - a Effie fica ultrajada, o meu pai puxa-me e o Finnick também é segurado para evitar confusões.

—Sabem vocês os dois? Ele salvou-vos a vida! - a minha mãe reclama.

—Ele fez-nos parecer burros! - eu argumento.

—Não, ele fez-vos parecer fascinantes e interessantes, o que no vosso caso não pode fazer mal, já que vocês estão constantemente a ser levados como sombra dos vossos antepassados, parabéns agora têm mais patrocinadores porque estão apaixonados e isso pode salvar-vos a vida, têm aqui as testemunhas vivas e prontas para falar! E agora vai cada um para o seu lugar! - nós subimos eu estou emburrada, vou para o quarto, tiro o vestido, o penteado e a maquilhagem, visto o meu pijama e deito-me, finalmente dou-me conta amanhã vou para a arena e estou "apaixonada" pelo Finnick Odair.