The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 3
Pontuações e encrencas


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Tudo bem? Cá vos trago mais um capítulo espero que gostem ;)



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POV Willow

Onde é que eu estou? Na Sala de Preparação, deitada numa maca enquanto estes seres esquisitos me arrancam os pelos do corpo, estão a ver todos os pelos que vocês podem tirar? Eles tiraram-me esses.

—Finalmente, já pareces um ser humano! - exclamam aqueles seres estranhos de cabelo cor de rosa e unhas do tamanho de um pepino. - Vamos levar-te ao Flavius.

O facto de estar nua em frente a tanta gente incomoda-me, mas calculo que hajam coisas piores, nomeadamente a criação do Flavius, da qual até tenho medo, ultimamente a coisa que mais fazem no desfile dos Tributos é fazer-nos pegar fogo, o que convenhamos, começa a ser cansativo. Ele chega-se a mim com o seu cabelo roxo, mas será que esta gente não faz mais que pintar o cabelo?

 

—Antes demais admiro a tua coragem - começa ele.

—Obrigada - agradeço sinceramente, já que ele parece não estar a ser fútil e superficial.

—Como tu já sabes a tradição que o Cinna criou de queimar os fatos está um pouco ultrapassada, por isso eu decidi fazer o mesmo, mas dar-lhe um toque diferente - conta-me.

—Vais fazer-me o quê? - questiono.

—Vocês são mineiros, logo os Carreiristas vêm os Tributos do 12 como fáceis de caçar, têm que fazer as pessoas lembrarem-se de vocês, ser ligeiramente intimidantes, como tal para ti e para o Harry eu desenhei fatos a combinar - ele destapa a criação e mostra-ma. - Este vestido vai queimar e deixar para trás as cinzas, o que é uma simbologia bastante forte.

Confesso que o vestido era bonito, ele faz-me o penteado e a maquilhagem, vou para a beira da charrete e os meus pais estão lá, ambos bastante maravilhados.

—Wow, tu estás linda! - elogia o meu pai.

—Obrigada - agradeço sinceramente e o Harry chegou, ele está com um fato parecido ao meu vestido.

—Ponham-se em cima da charrete, o desfile vai começar - anunciam e nós fazemos isso.

—Mostrem-se unidos! - alertam os meus pais. - Sorriam para o público, mas entrem sérios.

Vamos para a charrete, a nossa, é como de costume, a última a sair, fascina-me o facto de os cavalos estarem tão bem treinados, as charretes estão todas alinhadas. Permito-me sorrir ao público que está a enlouquecer comigo e com o Harry. O meu nome é gritado pelo público todo, quer dizer, o meu e o do 4. Atiram-me rosas, beijos e elogiam-me, a certo ponto eu e o Harry batemos na mão um do outro e apertamo-las para mostrar a força e a multidão vibra.

O Presidente olha muito para mim, ele sabe quem eu era, toda a gente sabe, mas vejo que o olhar ameaçador não vai só de encontro a mim, mas ao rapaz do 4. Eu não sei se as pessoas sabem, mas aqui ninguém tem culpa de ser filho e neto de quem é.

Assim que saímos vejo os Carreiristas do 1 e do 2 a olhar para mim como se fosse uma refeição, mas ao mesmo tempo, vejo que também olham de lado ao Finnick, eu e ele estamos lixados. O fato do Finnick era giro, eu não sei quem teve a ideia mas foi brilhante a água ser enxuta do fato. Geralmente o 8, o 10 e o 4 têm fatos horríveis, afinal o 8 é tecido, o 10 é pecuária e o 4 é o peixe, e convenhamos que ir vestido de trapos, de vaca e de peixe não é propriamente atrativo para ninguém, muito pelo contrário, dá vontade de rir.

—Estiveram muito bem, quero apresentar-vos umas pessoas - começa o meu pai.

—Esta é a Annie - a mulher ruiva olha para mim e dá-me um abraço.

—Olá Willow! Foste muito corajosa em voluntariar-te! - a mulher quase chora porque sabe que ou sou eu, ou é o neto dela, por isso é complicado, não a julgo.

—Obrigada, é um prazer Annie, eu lamento muito... - sou sincera e ela assente.

—Esta é... - a minha mãe é interrompida pela mulher.

—Johanna Mason! Soube da ameaça da machadada, miúda eu adoro-te! - eu começo a rir da fala dela.

—Harry, querias fazer a aliança com os carreiristas, não faças isso, estás a ver aquela mulher? - aponta para uma mulher ao lado dos do 2.

—O que é que ela tem nos dentes? - ele pergunta assustado e eu confesso que até dá arrepios só de olhar.

—Enobaria, vencedora sobrevivente do 2 à guerra, ela quando soube do Quarteirão fez aquilo aos dentes para poder rasgar gargantas a Tributos, tal como já tinha feito no passado, por isso, não confiem nem no 1, nem no 2! - avisa a minha mãe e eu até senti um arrepio ao ouvir tudo o que ela tinha feito.

—Meninos, venham aqui! - chama a Annie os Tributos do 4.

—Vocês! - chama a Johanna. - Venham cá!

—Estes são a Amy... - eu interrompo a Annie.

—Finnick Odair, certo? - ele põe-se frente a frente comigo.

—Sim, Willow Everdeen Mellark, certo? - assinto. - O público enlouqueceu contigo!

—Digo o mesmo de ti! - ao sentir uma tensão a Johanna mete-se.

—Ei, estes são a Monica e o Marcus! - eu viro a cabeça para eles e sorrio.

—Olá! - cumprimento.

—Estes são a Willow e o Harry! - apresenta o meu pai vendo que eu e o Finnick não tiramos os olhos um do outro.

—Bem, eu acho melhor subirmos porque eles têm que dormir, amanhã vai ser um dia cheio! - o meu pai observa e nós vamos, assim que chegamos ao andar do 12 temos um Soldado da Paz lá plantado, ótimo!

—Gale - diz a minha mãe.

—Katniss, Peeta - cumprimenta os dois de uma forma um quanto estranha.

—Sabes, pergunto-me como educaste o teu filho, tu que eras religiosamente contra os Jogos, estiveste na guerra, tornaste-te um Soldado da Paz no Distrito 2 e ensinaste o teu filho que ir para os Jogos é uma honra! - alfineta a minha mãe.

—As pessoas mudam, mas tu e o teu marido continuam iguais e os vossos filhos também, um é vencedor e um brinquedo do Capitólio a outra voluntaria-se como Tributo! - desafia e eu ponho-me à frente. - Vi o desfile, estavas intimidante naquele fato.

—Obrigado, digamos que eu não tenho medo, ou seja, quero que me deixes passar! - empurro-o para o lado e toda a gente fica a olhar para mim, mal abro a porta. - O que é que estás aqui a fazer?

—Vim despedir-me, apesar de poderes sobreviver, nunca se sabe! - sim, o meu irmão estava lá dentro.

—Obrigada, mas eu não preciso da tua pena! - quase que o expulso.

—Não sei porque me tratas assim! - resmunga ele.

—A sério? Que eu saiba tu és implacável e ajudas à palhaçada das pessoas morrerem! - ele parece que vai explodir e agarra-me nos pulsos olhando para mim nos olhos.

—Eu não tive escolha, ok? Eu fiz isto tudo por ti! O acordo era eu ser o Realizador dos Jogos e tu nunca serias escolhida, mas tu, estúpida como és tinhas que te voluntariar, não é? - fiquei em choque e fui para o meu quarto. Atirei-me para cima da cama, como é que é possível que em troca da minha "liberdade" ele arriscasse a dele constantemente?

Acabo por adormecer, mais uma vez acordo com a Effie a abrir os cortinados e gritar estridentemente com aquele sotaque irritante do Capitólio "Hoje vai ser um grande, grande dia!", é então que reparo que estou com um pijama e não tenho maquilhagem na cara, provavelmente enquanto eu dormia, houve umas Avox que me vestiram o pijama e me retiraram aqueles químicos desnecessários e diga-se de passagem, ridiculamente caros da cara.

Levantei-me, vesti o fato que me foi indicado, e calcei as botas que me estavam indicadas, fiz a trança e fui para o pequeno-almoço.

—Bom-dia! - cumprimento toda a gente.

—Bom-dia - fazem o mesmo em uníssono.

—Agora que já estamos cá todos vamos dar-vos umas dicas. Não mostrem o que realmente sabem fazer bem, isso é um ponto negativo. No caso da Willow é o arco e a flecha e tu que sabes fazer? - questiona a minha mãe ao Harry.

—Sou bom com facas - ela assente.

—Não demonstrem nada disso, mal entrarem na sala, provavelmente os Carreiristas já lá estão, eles vão observar o que vocês sabem fazer, nomeadamente para recrutar pessoas, tal como já dissemos não confiem no 1 nem no 2, eles são matreiros, nomeadamente todos os anos que a Enobaria é mentora os Tributos costumam ganhar, no nosso ano tivemos sorte, ele desistiu e deixou que o matássemos, caso contrário na estaríamos aqui, portanto confiem nos do 4 e podem confiar nos do 7. No 4 a probabilidade é eles darem-se bem com tridentes e muito provavelmente sabem fazer anzóis, no 7 a especialidade são machados. Tenham cuidado com os do 3, são extremamente espertos e o mesmo acontece com os do 5, tenham cuidado com esses, não vos matam fisicamente mas têm planos na manga de certeza! - alertaram-nos.

—Eu não vou confiar nos do 7 e muito menos nos do 4! Os do 7 pelo que vi costumam ser matreiros e vocês viram como a rapariga do 4 olhou para mim? Só para não falar no Finnick! - protesto.

—Tu e o Finnick lembram-me a tua mãe com o Finnick! Eram iguaizinhos! - isto é tanto Finnick que eu já nem sei.

—Muito bem, meninos têm que ir! - vamos para o Centro de Treinos e mal chego lá vejo o rapaz do 2 nas lanças, lança uma e fica mesmo no centro, resolvo ir para o pé dele, o Gale e a Katniss juntos, só que a nova geração. Eu sei trabalhar com o arco e a flecha, por isso a lança não deve ser muito diferente. Atiro no centro e sorrio, primeira vez que fiz isto e correu bastante bem.

—Olá 12 - fala comigo. - Não lanças mal.

—Olá 2 - faço o mesmo. - Obrigada.

—Tens alma de carreirista - diz do nada e eu olho para ele, nós parecemos parentes, somos muito parecidos.

—Não, eu sou do 12 com orgulho - lanço outra lança.

—É uma pena a tua mãe não ter escolhido o meu pai, podíamos ser irmãos, se bem que seria mais difícil matar-te - tive vontade de lhe atirar com a lança.

—Estou feliz com a vida e com a família que tenho e se acabar nestes Jogos ao menos sei que cresci em condições, ao contrário de ti, ser filho de um Soldado da Paz revolucionário não me parece fácil - provoco já que ele estava a fazer isso comigo. - Agora se me dás licença, eu vou indo.

—Gostava de te ter na aliança carreirista - conta ele, deve achar que isso me vai fazer amochar, deve pensar.

—Pois, é pena que eu não tenha alianças com carreiristas! - quando eu estava a ir embora aparece o Finnick, a sério que tinha que vir este?

—Olhem só a família do esquadrão 451 toda junta! - refere o 2.

—Não por muito tempo, adeus! - vou embora e encontro o Harry a fazer fogo. - Boa! Conseguiste fazer fogo sem mostrar o fumo!

—Obrigada, não é muito difícil! - sorrio para ele.

Almoçamos na cantina, conheci um pouco dos miúdos do 7, são simpáticos, é pena que pelo menos um tenha que acabar morto... os do 4 também se sentaram connosco o que colocou em causa a aliança carreirista, na verdade o Distrito 4 não se alia aos Distritos 1 e 2 desde que a Annie é mentora, ela tem divergências com os carreiristas e sendo que foram eles que mataram o colega dela, não a culpo por não querer que os Tributos que ela acompanha passem pelo mesmo.

Houve algumas aulas de sobrevivência porque convenhamos, a desidratação e a fome podem fazer com que muita gente morra, assim como as temperaturas, lembro-me de ter havido um ano em que a arena era desértica gelada, muitos Tributos morreram congelados, no ano em que foi desértica quente, muitos também morreram. Se me perguntassem o lugar mais mortal de sempre eu diria que era a arena, porque nunca se sabe o que vai acontecer lá dentro.

Assim que chego ao andar do 12 os meus pais estão lá dentro com a Effie que está toda animada.

—Queridos, queridos, temos uma boa notícia, uma notícia fantástica! - eu já sei que não vou achar.

—A Enobaria veio falar connosco, o Dylan quer-te na aliança carreirista - eu já esperava isto.

—Eu não quero, eu sei o que eles fazem, ok? Eu não quero ser uma carreirista! Eu não quero que me aconteça o que aconteceu ao colega da Annie e a ti pai, o Dylan quer simplesmente acabar comigo e com o Finnick ele deixou isso claro para nós os dois! - explico o meu ponto.

—Eu concordo, por mim não fazem aliança com eles - diz o Peeta.

—Eu também apoio, não há aliança carreirista! - apoia a minha mãe.

Jantamos e vamos dormir, amanhã é dia de ir para o Centro de Treino pela última vez, de manhã treinamos, de tarde fazemos as provas das aptidões e de noite vamos ver as pontuações na televisão.

Vou dormir, eu não consigo deixar de pensar na cena de hoje, eu tenho que ter muito cuidado na arena com os carreiristas, toda a gente tem, mas eu e o Finnick estamos em maus lençóis. O Dylan tem uma fixação em nós os dois nada saudável e é isso que nos pode fazer morrer.

Acordo desta vez com a Effie a dizer na mesma voz estridente e irritante, "Toca a acordar! Hoje vai ser um grande, grande, grande dia!", a arena deve ser mesmo muito má porque se eu vou sentir falta disto...

Volto a vestir a mesma roupa de ontem, faço a mesma trança e vou para a mesa, os meus dias de descanso estão a acabar, só de pensar que a semana no paraíso está a acabar dá-me frios na barriga, na verdade eu gostava mais de estar na Vila dos Vitoriosos, era melhor para todos, menos para a pequena Penny.

Vou treinar um pouco as facas, mas definitivamente não sou muito boa, presto atenção nas habilidades dos carreiristas, são letais, mas muitos não são muito bons com certas coisas, provavelmente têm a mesma tática que nós.

A seguir ao almoço vamos para a sala de espera, eu sou a última, tenho sorte, chega a um ponto em que já estou demasiado aborrecida, finalmente chamam-me e eu dirijo-me para a sala. Maior parte já está cansado para ver as aptidões dos últimos Tributos, mas toda a gente olha atentamente para mim, talvez porque querem ver do que sou capaz.

Pego no arco e atiro, mas achei que isso não ia servir de muito, então resolvi fazer algo que ficou para a história, havia um boneco na sala, desenhei-lhe a cara do Presidente Snow e atirei-lhe com uma flecha, fazendo um dos presentes engasgar-se, vou-me embora, subo para o andar.

—E então? O que é que fizeste? - questiona-me o meu pai e agora é que me dei conta que fiz asneira.

—É uma história engraçada... estava lá um boneco então eu desenhei a cara do Snow e atirei-lhe com uma flecha... - o meu pai bate com as mãos na testa e sobe-as até aos cabelos. 

—Tens noção que essa ação vai-se refletir na arena em ti, mas não apenas em ti e também no teu colega, no teu irmão e nos teus pais! - reclama a Effie, nesse momento entra a minha mãe muito séria, já deve saber o que eu fiz. Olha para mim e assente aprovadoramente e começa a rir, fazendo-me rir também.

—Boa pontaria filha e que ideia mais brilhante! - elogia. - Conta-me lá, qual foi a reação deles quando desenhaste a cara do velho e atiraste a flecha?

—Houve um que se engasgou! - conto e ela ri-se enquanto o meu pai parecia voltar atrás no tempo e a Effie está indignada.

—Muito bem! Isso é bom! Vão tomar um banho e vistam-se para vir ver as pontuações.

Faço o que ela me diz, tomo o meu banho, visto uma roupa básica e meto o cabelo numa maquineta esquisita que o põe todo sequinho. Volto para a sala, o Flavius também lá está, assim como o meu irmão. A emissão começa com o Caesar Flickerman a divulgar as pontuações dos Tributos. Os do 1 tiveram um 9 cada um, o que é bem alto até, os do 2 foram mais alto, ela teve 10 e ele teve 11, o que é altíssimo, os do 3 tiveram um 7 cada um, os do 4 já foi diferente, ela teve um 10 e ele teve um 12, pontuação máxima! Os do 5 tiveram um 9 cada um, os do 6 tiveram um 8, os do 7 tiveram um 9, os do 8 tiveram um 7, os do 9 tiveram um 7, os do 10 tiveram um 8, os do 11, ele tiveram um 10 cada um e depois vem o momento da verdade.

—E agora, Harry Dornan com uma pontuação de... 9 - revela e nós felicitamo-lo, que parece estar contente, não é para menos, eu devo estar com muito menos que o 3.

—E por fim, mas não menos importante, Willow Everdeen Mellark com uma pontuação de... 12! - eu fico surpreendida, a Effie felicita-me, assim com o Flavius, o Harry e o meu pai, mas é então que eu me apercebo de uma coisa e da razão pela qual a minha mãe não me felicitou. Ponho as mãos na cabeça com os cotovelos nas coxas fazendo toda a gente ficar preocupada.

—Vocês não percebem que ter um 12 é mau? - toda a gente ficou confusa.

—Eu e o Finnick estamos no topo da lista dos carreiristas - a minha mãe confirma e é então que o meu pai realmente se toca do mesmo e toda a gente fica confusa. - Vocês não acham estranho eu e o Finnick sermos praticamente ameaçados por um carreirista do 2 e logo a seguir ter uma pontuação superior à dele? Eles querem ver-nos mortos.

 

Vou para o quarto sem jantar, eu estou com um grave problema, definitivamente um grave, grave problema!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ;)
Que estão a achar da fic?



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