The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 16
Visita ao Capitólio | Parte 2




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—Já disse que não vou usar essa coisa! Tenho cara de galinha, por acaso? - reclamo. Agora querem por-me uma coroa de penas, só ideias de gente sem cérebro.

—Que achas deste vestido? - uma miúda nova aparece com ele.

—Perfeito! - vejo-a dar um largo sorriso. - Se eu me fosse casar! Eu quero o Flavius!

—Aqui estou! - ele aparece e eu dou graças a deus. - Desculpa, pediram-me para fazer o design de outra vitoriosa! Mas aqui está!

—Estás a gozar comigo? Eu não vou para a noite de núpcias! - ele olha para o vestido e guarda-o todo preocupado.

—Desculpa! Este é o da Aline! Agora sim, vê se gostas! - vejo o outfit todo planeado e sorrio, isto sim, é algo giro.

—Adoro, Flavius! - ele sorri e ajuda-me a vesti-lo. - Fizeste o vestido da Aline?

—Sim, estamos com falta de estilistas, então pediram-me ajuda - explica.

—Achei estranho o meu vestido não ser mesmo vermelho... - divago.

—Não o pude fazer. As mulheres que vão de vermelho a estas festas, têm outros propósitos e não são os teus. Não queiras ser identificada - fico confusa.

—Porquê? - pergunto.

—Quanto menos souberes melhor, aliás tiveste muita sorte - fico confusa e ele sai. Estou oficialmente preparada. Saio do quarto e vou bater à porta da minha mãe.

—Uau! Filha, estás linda! - ela sorri.

—Obrigada mãe, tu também - entro e vejo que os meus pais estão ambos quase preparados. - Precisava de te fazer uma pergunta.

—Qual? - respiro fundo.

—O Flavius criou o vestido da Aline do 4, ele é muito vermelho. Perguntei ao Flavius porque não seguimos o clássico e optamos para uma cor mais forte no meu vestido e ele disse que eu não queria ter essa cor porque seria identificada como algo que tive sorte de não ser - ela parece ficar chocada.

—Ah, eu não sei que é, mas se o Flavius diz que é melhor não saberes, deve ter as suas razões - vejo que ela sabe mas não me vai contar.

—Ok, vou ver a Daisy - sorrio e saio. Bato à porta do quarto dela e do meu irmão.

—Maninha! Finalmente aprendeste a bater à porta! - ri-se mas eu continuo séria.

—Preciso de falar com vocês - digo e ele dá-me passagem, fechando a porta em seguida.

—Uau, estás linda, Willow! - a Daisy exclama.

—Obrigada. Mas o assunto é sério - eles parecem preocupados. - Já perguntei à mãe se ela sabe de algo e é óbvio que sabe e não me quer dizer. Vocês os dois, especialmente tu, Ryen, se não me contarem eu passo-me!

—Porquê especialmente eu? - reviro os olhos.

—Foste o mais novo a ganhar os Jogos, foste produtor, viveste cá, chega de razões? - ele faz aquela cara de "Eh, tens razão". - Então, o Flavius fez o desing do vestido da Aline que é extremamente vermelho. Perguntei-lhe porque não seguimos o clássico e escolhemos mesmo aquele meu vermelho típico como tom do vestido e ele disse que não o podíamos usar porque identificava certas mulheres e que devia dar-me por contente ter tido a sorte de não ser uma delas... E quando questionei porquê, ele disse que quanto menos soubesse melhor!

—Bem, ele... - interrompo-o.

—Diz-me a verdade, Ryen! - ordeno.

—Muito bem, eu tenho quase a certeza que esta festa tem como pretexto encontros entre vitoriosos e pessoal influente do Capitólio - fico confusa. - Prostituição. É um mecanismo complexo que já acontece há anos. Os vitoriosos mais atraentes e mais jovens, são os mais célebres. Os influentes do Capitólio pagam para terem noites com eles. O mais grave, é que não se pode dizer não, o Presidente é que recebe o dinheiro e obriga os vitoriosos a fazê-lo. A Aline é uma delas.

—Vocês sofreram disso? - eles encaram o chão. - Como assim? Vocês namoravam, não podia ser!

—Nós começamos a namorar por causa disso - revela a Daisy. - Eu estava em risco de ter que o fazer, o Ryen estava a tornar-se poderoso, mas continuava a ser obrigado a fazê-lo. A Penny foi chamada para ir, porque eu e ele fizemos isto no ano anterior.

—Como já te disse, é complexo, Willow. O Presidente espera que tenhamos 16, caso não os tenhamos, e depois obriga-nos. Eu tive que gramar com isto durante anos - o meu irmão parece magoado.

—Quando eu soube que o teria que fazer, nós os dois vimos isto como escapar. Juntamo-nos e fomos para as revistas e para a media contar esta história toda. Como já não podiam fazer-nos isto, eles castigaram-nos e "sortearam" a Penny - fico com pena deles.

—Mas vocês não se amam? - questiono.

—Agora sim, no início não - revela o meu irmão.

—Eu lamento imenso por vocês - abraço-os aos dois.

—Meninos! - a minha mãe entra. - Vamos lá! O Finnick já está impaciente por causa da Willow.

—Ok, estamos a ir - vamos para a sala do apartamento. Sim, o hotel tem apartamentos para as famílias. Nós somos uma delas.

—Uau! Tu estás linda! - diz o Finnick quando apareço.

—Obrigada, tu também! - dou-lhe um bate chapas.

—O que é que nós perdemos? - questiona o meu pai.

—Nada, continua tudo igual. Mas estamos no Capitólio, há que celebrar o amor! - eles parecem perceber o que eu quero dizer.

—Vamos lá! Não queremos chegar tarde! - apressa o meu pai e saímos os seis.

—A tua avó? - pergunto ao rapaz lindo a abraçar-me.

—Está com o Haymitch e com a Johanna - sorrio. Assim que chegamos ao átrio, um carro de luxo está pronto para levar-nos. Chegamos lá rapidamente. 

A extravagância é bastante visível, o que eu não gosto nada. Fotógrafos por todo o lado e mais algum. Repórteres a fazer imensas perguntas, queriam que eu andasse, mas eu resolvi ficar.

—Willow! Como foram as férias no Distrito 4? - um homem pergunta-me.

—Foram fantásticas, adorei-as! - muitos flashes ofuscam-me os olhos.

—Como vai a relação com o Finnick? - questionam.

—Vai ótima, não poderia estar mais feliz! - sorrio.

—O Ryen gosta do Finnick? - o barulho das câmaras é incomodativo.

—Sim, eles são amigos - respondo curta e direta.

—Como se sente em ser mentora no próximo ano? - pergunta delicada que eu respondo como todas as outras.

—É desafiante - sinto que chegam de respostas.

—Quer dizer algo para o 12? - assinto.

—Penny, minha querida! Beijinhos para ti e para a tua mãe! Posy, espero que estejas a recuperar bem do parto. Beijinhos para ti, para o Casper e para a Prim - fico relutante em dizer a última parte, mas pronto. - Caleb, espero estar de volta ao Distrito na próxima semana, depois podemos ir à padaria do meu pai com a May. May, beijinhos e adoro-vos a todos. Tenho muitas saudades de todos e espero ver-vos brevemente!

Saio dali e vou para dentro, quando chego todos começam a celebrar imenso. Olho em volta e vejo a Aline na banca das bebidas alcoólicas, sinto dó dela. Do outro lado vejo a Hayley, que pelos vistos também é obrigada a fazer isto. Sinto-me incrivelmente mal com isto tudo, quem me dera poder parar tudo.

—Aí estás! Porque ficaste a responder? - pergunta o meu irmão.

—Preciso de chegar ao coração das pessoas, especialmente no Capitólio. Pode ajudar na coisa de ser mentora - pego num copo de champanhe e bebo-o.

—Queres dançar? - o Finn convida-me e aceito. Dançamos e dançamos e dançamos, ao menos ninguém me chateava. Quer dizer, diversas pessoas do Capitólio vieram cumprimentar-me, mas ficou por aí. Tudo fica muito calado quando o Presidente começa a falar.

—Quero desejar os parabéns a uma jovem vitoriosa muito corajosa. Voluntariou-se para representar o Distrito 12 e lutou bravamente nos Jogos. Além de ser uma guerreira excecional, sabe que nem tudo tem que ser feito com o uso da força, mas sim com a cabeça. Afinal, quando ela matou mais utilizando a sua inteligência que o seu arco e as suas flechas. Não é verdade? Proponho que brindemos às suas conquistas - todos o fazem e é então que o Haymitch cai ao chão após beber o copo. 

—HAYMITCH! - vou a correr e chego perto, ele não consegue respirar e eu agarro a mão dele. No entanto, rapidamente ele fica mole e deixa de se mover. - NÃO! NÃO! HAYMITCH! 

—WILLOW! WILLOW! - o Finnick chega-se perto de mim para me abraçar, mas eu recuso e abraço-me ao cadáver estendido no chão. Abstraio-me do mundo. Há agitação por todos os lados, mas eu fico ali. Tiram-me à força e eu debato-me, mas não consigo mais lutar. Olho para cima e vejo o Presidente a beber do dele e a levantá-lo. Aquele discurso, era tudo uma espécie de "sermão". Eu matei o Haymitch ao desafiar o Capitólio e o Presidente tratou de me mostrar que não sou imparável. E eu não sou.

 

Continua...


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