Whispers escrita por Gessikk


Capítulo 7
Ele contou histórias


Notas iniciais do capítulo

Pensaram que eu tinha desistido?? Finalmente voltei!
Agora pretendo focar bastante nessa fic para finalizar o mais rápido possível, já passou da hora deu tomar vergonha na cara e mostrar logo o final para vocês!
A fic vai ser pequena, a partir desse capítulo os acontecimentos vão acelerar e o final está próximo... Nos meus planos, a fic vai mais ou menos até o capítulo 12.
Quero agradecer a maravilhosa Keke que nunca desiste dessa fic e só com a ideia dela que eu consegui postar hoje esse capítulo!
Boa leitura.



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“Cause I have hella feelings for you
I act like I don’t fucking care
Cause I’m so fucking scared”

IDFC- Blackbear

 

O clima entre os três se tornou desconfortável. Stiles sentia ao mesmo tempo a necessidade de encarar o melhor amigo por horas e abraçá-lo e também, de desviar o olhar e rezar para que saísse logo do quarto.

Scott continuou abraçado a Lydia e como se não bastasse, começou a fazer um carinho intimo nos ombros dela. Aquilo era uma tortura para Stiles, seus dedos tremiam e se sentia prestes a ter um ataque de pânico.

— Lydia disse que você contou uma história sobre ter sido esquecido por todos — Scott falou com a voz intrigada e solicita.

Stiles suspirou e apesar dos inúmeros sentimentos que se debatiam dentro de seu peito, sabia que tinha que aproveitar a oportunidade para falar mais uma vez sobre o que tinha acontecido.

Scott sempre dava um voto de confiança para as pessoas que acabava de conhecer, isso até mesmo irritava Stiles, no entanto, naquele momento, estava grato por saber que tinha grandes chances do McCall acreditar e fazer com que Lydia confiasse mais nele.

O Stilinski contou tudo com detalhes, a voz melancólica e encarando as próprias mãos para não ter que observar o casal. Scott e Lydia permaneceram abraçados e Stiles estava tão triste por isso que não conseguia nem perceber o desconforto da Martin.

Ela não conseguia explicar aquela sensação, mas se sentia errada e até mesmo suja. Como se de alguma forma abraçar o seu namorado na frente de Stiles fosse algo ruim.

Sua testa estava franzida enquanto pensava sem parar na forma em que dormiu abraçada a Stiles e nas coisas que ele tinha dito. Os inúmeros sonhos que tinha tido antes de vê-lo no hospital também a perturbavam, a deixando ainda mais confusa.

Não sabia o que pensar, no que acreditar. Mas havia algo em Stiles, algo naquele rosto bonito e no cheiro tão familiar que a fazia duvidar de sua própria vida, de si mesma, como se percebesse existia um enorme buraco dentro de si.

Stiles parecia tão real e ao mesmo tempo tão distante, que Lydia não conseguia discernir o que devia fazer. Naquele momento ela só queria expulsar o incomodo de estar ao lado de Scott.

Estava tão desconfortável que precisou conter com muita força o ímpeto de afastar o namorado de seu corpo só para se livrar da estranha sensação de traição.

— Então, se você tiver falando a verdade, como podemos ajudar? — Scott foi gentil quando acabou de ouvir o que Stiles tinha a dizer.

— Vocês precisam lembrar de mim.  — Stiles respondeu frustrado, agarrando os fios do cabelo, puxando com uma força exagerada. — Talvez se eu falasse sobre nossa amizade, se os levasse para alguns lugares, vocês lembrassem.

Scott franziu o rosto e olhou para a namorada, esperando algum tipo de solução vindo da parte dela. Lydia espremeu os lábios e balançou os ombros, estava perdida demais nos próprios tormentos internos.

— Confio nos seus instintos, Lydia — Scott sussurrou enquanto apertava os ombros da garota em uma tentativa fracassada de lhe passar segurança. — Você acredita nele?

Lydia encarou Stiles.

Os malditos olhos castanhos, os malditos lábios finos. Por que tudo nele a fazia se sentir tonta?

— Ele merece uma chance — Lydia disse por fim, sem confiar em sua própria voz para pronunciar alguma frase longa.

O McCall concordou com a cabeça, tendo plena confiança na opinião da namorada. Observou Stiles por alguns segundos e coçou o queixo, confuso pela sensação de déjà vu que o invadia ao olhar para o garoto sofrido.

— Isso quer dizer que vamos dar uma volta com ele e tentar lembrar de alguma coisa? — Scott perguntou confuso com a situação estranha, olhando fixo para a namorada.

Ele sabia que tinha algo errado com Lydia, mas não sabia o quê e não estava disposto a perguntar na frente de um total desconhecido que jurava o conhecer.

— Ele ainda precisa descansar. — A Martin falou sem nem pensar, a voz protetora. — Podemos fazer isso amanhã.

Scott estranhou a preocupação da namorada e mais uma vez analisou Stiles. Percebeu que de fato ele parecia exausto e sem nenhuma condição de sair daquela cama.

— Você não está pensando em deixar ele continuar aqui, não é?

— Por que não? — Lydia se sobressaltou e finalmente se desvencilhou do toque do McCall. — Ele é inofensivo e eu sei me cuidar sozinha!

Quando Lydia cruzou os braços acima do peito, Scott sabia que isso era sinal de discussão. Por isso, soltou um longo suspiro e olhou de relance para Stiles.

— Vamos deixar você dormir um pouco — Murmurou para Stiles e agarrou a mão da namorada, a puxando para fora do quarto.

O Stilinski observou em silêncio, a expressão triste e incrédula. Se remexeu na cama, encarou o teto e se perguntou como conseguiria dormir depois de saber que seu melhor amigo estava com a sua namorada e que os dois estavam em algum lugar da casa tendo uma típica discussão de casal.

Ele só queria voltar no tempo, queria que tudo voltasse ao normal. Não aguentava mais enfrentar aquele inferno de solidão.

**

Depois de algumas horas, o que para Stiles pareceu uma eternidade, Scott apareceu no quarto. Ele parou em frente a porta e abriu um sorriso sem graça que era muito familiar para o Stilinski.

— Não conseguiu dormir, cara? — O McCall perguntou na tentativa de começar algum assunto. Stiles apenas negou com a cabeça, estava cansado demais. Cansado de tudo. — Se importa se eu ficar um pouco aqui?

— À vontade — Daquela vez, Stiles obrigou que sua voz se liberasse através da garganta seca.

Scott entrou e sentou em uma poltrona perto da cama. Ficou em silêncio por um longo tempo, brincando com os dedos e por fim, decidiu dizer o que queria, após respirar fundo.

— Vou dormir aqui hoje, então é uma boa oportunidade para você me contar uma das suas histórias.

Esperançoso, Stiles virou a cabeça em direção ao melhor amigo que não lembrava dele. Aquele simples movimento causou dor em seu corpo, mas o Stilinski ignorou, o que importava era que Scott estava disposto a ouvi-lo.

— Você acredita em mim? Que nós somos melhores amigos?

O McCall lambeu os lábios e pensou bem antes de responder. Existia algo familiar no garoto, mas temia que fosse apenas uma armação ou que o tal Stiles fosse louco e acreditasse em uma mentira.

Por isso, Scott não queria dar muita esperança, tinha receio de acabar magoando Stiles. Não queria piorar a situação de alguém que já parecia estar sofrendo tanto.

— Quero que você me faça acreditar — Concluiu com aquela frase, os olhos firmes e testa franzida.

Ansioso, Stiles concordou com a cabeça algumas vezes e se ajeitou na cama, desconfortável. Os dedos se tornaram agitados, batucando sobre as pernas magras enquanto tentava pensar em uma forma de fazer Scott acreditar.

— Você tinha asma antes de virar lobisomem — Começou com aquela frase, um mínimo sorriso se formando nos lábios, pois apesar da situação triste, era bom relembrar da amizade com Scott. — Nenhuma garota queria você por causa disso e era feio, magrelo e vivia andando com aquela bombinha de asma.

— Eu nunca fui feio! — McCall se defendeu por instinto, sem nem se dar conta da intimidade com que falou, como se de fato, conhecesse Stiles há muito tempo.

— Com quatorze anos você cismou que precisava beijar na boca — Stilinski continuou a história, ignorando a interrupção de Scott. — Ninguém queria você, mas estava desesperado e claro, tinha a mim para ajudar!

— Você por acaso se dava bem com as garotas? — Se envolvendo com a história que era contada, o McCall interferiu mais uma vez.

— Eu estava obcecado pela... — Antes que pudesse dizer o nome de Lydia, Stiles se mordeu a própria boca e corrigiu a frase: — Por uma única garota, não tinha nem vontade de tentar ficar com alguém.

Scott fez uma expressão estranha, uma careta. Algo naquela frase lhe deu uma nova sensação de familiaridade, como se soubesse muito bem de qual garota Stiles se referia.

Pensou em perguntar o nome da menina, mas Stiles foi mais rápido ao voltar a falar:

— Eu convenci a você de que era uma ótima ideia ir para uma festa para encontrar alguma garota disposta a beijar... — Mais uma vez Stiles sorriu enquanto falava. As lembranças eram nítidas em sua cabeça. — Você tentou ficar com umas três garotas e todas recusaram. No final da noite você estava tão triste que eu acabei pagando uma garota para beijar você!

Stiles riu fraco, o som soou estranhamente triste e seu corpo doeu em protesto.

— E assim foi o seu primeiro beijo. Você se gabou durante meses porque a garota deu em cima de você e eu só tive coragem de falar a verdade anos depois!

— Não é possível que...

Scott parou de falar no meio da frase porque ficou subitamente enjoado. De repente sentiu como se fosse atingido por um murro forte no meio rosto. Fechou os olhos e diante de suas pálpebras fechadas surgiu imagens confusas, fora de contexto e aceleradas.

Um jeep azul. Blusa xadrez. Alguém ao seu lado no banco de reserva do jogo de Lacrosse. Colas durante a prova. Detenção. Conversas sobre garotas e sobre o mundo sobrenatural.

O McCall entreabriu a boca e sugou o ar como se o oxigênio não tivesse mais disponível a ele. Arregalou os olhos, encarou o Stilinski e levantou da poltrona com brutalidade.

— O que foi? Você lembrou de alguma coisa?! — Stiles perguntou com esperança, medo, confusão.

Scott não respondeu. Saiu do quarto com passos duros e mais uma vez Stiles ficou sozinho.

**

Stiles viu alguns programas aleatórios na televisão, andou pelo quarto, mesmo com dor e sem coragem de ir para outro cômodo. Também tentou, sem sucesso, entender o que Scott e Lydia conversavam na sala.

Foi quando decidiu ignorar a ansiedade que corroía seu estomago e finalmente conseguiu dormir, que Stiles mais uma vez foi surpreendido no quarto. Daquela vez foi Lydia que entrou.

Ela surgiu no quarto escuro, fechou a porta atrás de si e andou rápido até Stiles. Foram os passos pesados que o despertaram do sono conturbado.

— Você contou para ele? — Ela estava irritada, aflita e Stiles nem conseguia vê-la. Piscava os olhos de maneira sonolenta, lutando para se acostumar com a escuridão.

— O quê?

— Você falou alguma coisa sobre namorar comigo? Ou como a gente dormiu? Eu disse para você não contar!

Com o raciocino lento, Stiles demorou para conseguir responder. Sentou na cama com dificuldade e tateou a cômoda ao seu lado até acender a luz de um pequeno abajur.

— Eu não falei nada, Lydia. — Disse assustado, magoado quando finalmente pode enxergá-la.

— Então por que ele está estranho desde que conversou com você?!

— Eu não falei nada sobre nós dois.

A forma como ele disse e o jeito que a olhou fez com que Lydia se sentisse culpada, mesmo sem saber o porquê. Stiles sempre a deixava confusa.

— Não quis duvidar de você, é só que...

— Você não me conhece, não é? Não tem motivo para acreditar em mim. — Mal-humorado pelas dores, ansiedade e estresse, Stiles pronunciou a frase amarga, triste.

— Stiles — Ainda confusa e odiando ver a expressão triste do menino, ela só pronunciou o nome que parecia cada vez mais conhecido.

— Eu não estou bem, Lydia. Só me deixa sozinho, vai ficar com o seu namorado.

Stiles se sentiu ainda pior ao dizer aquilo e o coração de Lydia se partiu.

Ela se levantou em silêncio e respeitou o pedido do garoto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não tenham desistido de mim, nem da fic.
Beijinhos



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