— Não acredito, você só pode estar brincando! — Usopp exclamou boquiaberto com o que ouvira.

— Por que logo você?! — Sanji explodiu em ódio, claramente o oposto do atirador que mostrou-se somente surpreso. — Seu bastardo! — Agarrou o capitão pela gola, chacoalhando-o sem medir forças.

Luffy de fato não entendera o motivo do alvoroço, estava muito confuso. Aquilo não era grande coisa para ele.

— Você é realmente muito sortudo, Luffy-san, ver tamanha beleza tão de perto é para poucos... — disse Brook acariciando o queixo e absorto na perversão de seus pensamentos.

Sanji soltou o companheiro apenas para poder chorar num cantinho. Sua vida era tão injusta quanto podia sequer imaginar ser e ainda depois de ouvir a história do capitão sentiu-se mais como um desgraçado.

— Não sei qual é o problema, eu só vi ela pelada. — Luffy deu de ombros, sem qualquer noção.

O choro do cozinheiro aumentou drasticamente ao ouvi-lo, passando então a socar a parede irado. Até mesmo Franky que costumava ser indiferente quanto a esses assuntos inspirou profundo tentando engolir o que escutara.

— Como isso aconteceu, Luffy? — questionou curioso, apoiando seu enorme corpo ciborgue no corrimão da escada que levava ao deque superior.

— Eu já disse! — reclamou. — Eu estava procurando por ela pra pedir uma carona pra Sabaody e sair o quanto antes de lá, vi um prédio e pulei, mas o teto era muito frágil e não me aguentou. Eu cai e ela estava tomando banho — Escorria sangue do nariz de Sanji e Brook enquanto ouviam atentamente a história. —, aí ela atirou um raio em mim, que eu pensei que fosse me deixar lento como o Noro-Noro Beam, mas não aconteceu nada!

Robin riu de seu canto, cobrindo a boca com a mão de maneira adorável. Próximo a ela estava Zoro, que tinha as sobrancelhas erguidas na testa. Às vezes o espadachim custava acreditar no quão estúpido Luffy poderia ser.

— Depois disso nós viramos amigos, ela me deu carne e comida, e aí ela tirou a roupa...

— Quem tirou a roupa? — Uma voz fria exalando maldade interrompeu, fez com que os homens do convés estremecessem. Eles viraram cautelosos para a dona da voz, temendo por suas vidas, sem ousar soltar a respiração.

— Hancock — respondeu o capitão de imediato, com um sorriso inocente.

— Não é justo! — Sanji retornou a reclamar. — Como ele teve o privilégio de ver aquela deusa nua?!

— Duas vezes! Duas! — o músico completou, reclinando-se inconformado.

— Não entendo o que tem de tão importante nisso! — resmungou, aquele assunto estava mesmo lhe enchendo.

— Que absurdo! — Uma aura diabólica envolveu a ruiva e eles souberam que algo de ruim aconteceria no instante em que ela abriu os lábios para falar.

— Eu acho você muito mais bonita, Nami — Luffy interviu antes que som algum saísse da navegadora, não como uma forma de se livrar da bronca que logo viria, mas soou estranhamente sério, ela não foi capaz de enxergar além de seus olhos que exalavam sinceridade. Afinal, Luffy não sabia mentir.

E aquela sentença tão sincera que a pegou de guardas baixas, fez sua raiva sem sentido esvaziar-se de si. Nami baixou os punhos cerrados junto com o olhar, sentindo o rosto queimar enquanto torcia para que não percebessem. Comprimindo os lábios em nervosismo, a ruiva pensou no maior número de respostas satisfatórias que poderia dar no instante seguinte, sem conseguir pronunciar uma sequer.

Sua mente tinha ido pelos ares, repetia incontáveis vezes o que acabara de ouvir, o que impossibilitava uma trajetória lógica para sua atual situação.

Sem quaisquer alternativas, Nami andou até Luffy com um sorriso que não podia facilmente disfarçar, o agarrou pela camisa aberta e o puxou para fora do convés.

Ninguém da tripulação os viu novamente por algumas horas.