Fazia calor, muito calor, era quase impossível suportá-lo de roupas. Zoro e Luffy àquela altura já haviam arrancado as camisas.

Nami ausentou-se por alguns minutos do convés para trocar de roupa também, procurou por algo leve como um vestido, mas apesar da massa de ar quente, também ventava muito naquela tarde. Ela certamente não gostaria que Brook visse o que sempre lhe negou. Optou então por um biquíni novo que comprara na última ilha que visitaram. Não era um modelo muito diferente dos que costumava usar, mas sua cor caía-lhe muito bem, era vermelho. Vestiu as duas peças colocando também um short jeans, amarrou o cabelo em um rabo frouxo e saiu.

Logo que fechou a porta do dormitório feminino, ouviu Luffy resmungar atrás de si, ele descia a escada que levava ao leme.

— Nami, como você consegue? — dirigiu-se a ela, chamando sua atenção com a voz alta. — Você é tão quente!

Elogios como estes eram frequentes para a ruiva, mas ela jamais escutara algo assim vindo de seu capitão. Sua mente apagou por um breve instante, repetindo a frase e procurando algum sentido nas palavras de Luffy. A navegadora não teve reação de imediato, ela nunca se sentira embaraçada assim. Entreabriu os lábios para respondê-lo, porém não lhe vinha palavras à boca. Não tinha coragem sequer para encará-lo.

Ela não se arrumara muito, qualquer esforço que colocasse em si seria desfeito pelo calor intolerável. Nami não concebia a ideia de ele finalmente tê-la notado, Luffy nunca antes reparou em qualquer roupa sua, por que então logo agora que ela estava de qualquer jeito?

O som dos passos do capitão tornaram-se altos, mais próximos, deduziu que ele estava perto do último degrau e ela ainda não havia se recomposto.

Era somente um elogio e um biquíni novo, ela precisava lidar com aquilo.

Quando finalmente recuperou suas forças e virou-se para ele, achou-o com a mão curvada na testa encarando o céu. A camisa vermelha pendurada pelo ombro, o suor escorria pelo peito seminu. Ele estava reclamando, não elogiando-a.

— Sol! Você é quente demais! — Apontou ao infinito azul sobre si, claramente irritado. — Eu não sei como você aguenta esse cabelo enorme, Nami.

Nami comprimiu os lábios, enfim entendendo o que acontecia. Sentiu-se estúpida por esperar uma atitude daquelas do capitão.

— Luffy, você é um idiota. — Suspirou cansada, deixando-o sozinho.

— O que foi que eu fiz? Namiiii, não me insulte sem motivos!

E talvez aquela tivesse sido a primeira vez que a navegadora desejou mesmo que uma bobagem dita por Luffy fosse verdade, mesmo sendo tão fora de seu personagem.