Uma batida na porta fez com que a garota acordasse com o coração disparado e nesse momento a menina quase surtou, afinal se seu coração não bombeava sangue como ele poderia estar batendo? Thalia se levantou em um pulo correndo para frente do espelho para verificar se suas presas estavam no devido local e sim estavam.

Ela queria beber sangue, estava com cede, mas também em pânico, mas antes que pudesse surtar realmente um pigarreio chamou sua atenção, se girando nos calcanhares viu o novato sentado em sua poltrona roxa com um copo de sangue na mão.

— Tive que entrar pela porta da frente, seu irmão te acobertou, mas ele claramente ficou puto com o fato de você estar desmaiada. – Percy disse vendo a garota caminhar calma até ele, com um ar desconfiado.

— Meu irmão me ajudou? – Perguntou surpresa e olhou para o relógio, seu pai ainda não estava em casa, ele chegava as oito e o relógio marcava sete e vinte três.

Jason não era nem um pouco próximo da garota, apesar de ambos morarem na mesma casa mal se viam, muito menos conversavam sobre algo a ideia dele ter a ajudado era estranha para a menina.

— Eu deveria perguntar porque você tá aparentando estar saudável? -  Ele perguntou enquanto Thalia bebia um gole do sangue que ela identificou como A-. 

A morena respirou fundo, sentindo o ar entrar pelos seus pulmões, ela também queria entender o que acontecia. Ela se sentou na beirada da cama quando sua porta foi aberta, Jason olhou para a garota com um ar preocupado que a menina tentou disfarçar a surpresa.

— É bom saber que tá bebendo sangue ainda, o que você fez Thalia? – Jason perguntou fechando a porta do quarto da menina.

— Eu não fiz nada. – A morena levou as duas mãos ao rosto tentando identificar o que ela poderia ter feito, seu coração batia a garota estava respirando não por costume e sim por necessidade seu corpo estava dolorido assim como sua cabeça.

— Thalia precisa falar a verdade se quiser nossa ajuda. – Jason disse se sentando ao lado da irmã que o olhou com os olhos marejados.

— Eu to com medo Jason, não sei o que está acontecendo. – A morena disse e ele a puxou para um abraço.

Jason sempre se preocupou com a irmã gêmea, mesmo que não demostre isso com muita frequência, ele a amava.

Uma lembrança veio na mente da garota, o machucado, tudo tinha começado a dar errado quando ela se machucou na floresta.

— O que você lembrou? – Jason perguntou ao notar a alteração do coração da menina.

— Eu não sei...- Ela mentiu e recebeu um olhar reprovador do irmão que respirou fundo e assentiu.

— Você não vai para a escola hoje, quanto menos gente te ver assim melhor, mas também não pode ficar em casa, seu coração batendo ia chamar a atenção do pai assim que ele entrasse pela porta da frente- Jason disse se levantando e pegando roupas para a garota.

— Aonde pretende que eu vá? Não tenho lugar para ir. – Thalia disse a verdade, suas amigas já deviam estar fora de casa, Nico estava puto com ela e a morena nem queria imaginar como ele reagiria ao descobrir que ele a tinha machucado, sem falar no pai e na irmã dele que por algum motivo odeiam vampiros.

— Vá para um lote público, algum lugar pouco movimentado, mas que você possa ir. – Jason disse tacando a roupa na garota que assentiu entrando no banheiro.

A menina saiu com os dois garotos indo para o primeiro local que veio à mente da morena, a biblioteca, além de ela ter quase certeza que não teria ninguém lá ela poderia pesquisar sobre o que acontecia quando lobisomens machucavam vampiros, como ambos já foram inimigos ela tinha quase certeza que não era a primeira a passar por isso.

A morena logo chegou no grande prédio branco antigo, pilastras gregas se estendiam dando uma dimensão maior ao local, rapidamente subiu as escadas colocando a mão no bolso irrompeu a gigante porta de dois andares que dava para um mar de livros, olhou para o mapa que se estendia na parede e foi para a área aonde imaginou que conseguiria informações, ciência e medicina.

Pegando os primeiros livros que viu começou a folheá-los em busca de informação deixando que o tempo passasse, teria que ficar ali até que seu pai fosse para o trabalho a noite novamente, logo tinha bastante tempo para ficar trancafiada naquele local.

Enquanto isso distante dali...

Nico colocou o último corpo no caminhão, apesar de sair para caçar ser uma sensação de liberdade ele não gostava da carnificina que era. O dia já tinha amanhecido e o moreno que estava na forma humana devidamente vestido queria apenas um banho e dormir, mas sabia que seu pai não o deixaria faltar a escola novamente.

Bianca se apoiou no irmão, a morena estava mais suja do que ele, se é que isso era possível.

— Quem era? – A garota perguntou baixo chamando a atenção do moreno.

— Quem era o que Bia? - Ele perguntou começando a andar fazendo sua irmã andar também.

— Não sou surda Nico, vi você mandando alguém ir embora ontem, quem era? – Bianca perguntou e o garoto riu.

— Acho que comeu uma planta que não deveria maninha, está alucinado, se tinha alguém lá ontem à noite e esbarrou comigo está junto com os corpos da noite. – O moreno mentiu, ele aprendera a mentir com o tempo, afinal ele vivia aprontando e quando seu pai consegue ouvir seu batimento cardíaco é melhor garantir que saiba fazer isso.

— Tá claro.- Bianca disse sem acreditar muito, mas não adiantaria discutir com o irmão mais novo.

Nico olhou no relógio e se xingou, estava atrasado para a escola, e começou a correr ainda tinha que tomar banho, pois tinha certeza que não entraria no estado que estava. Logo o moreno chegou em casa e começou a se despir assim que irrompeu a porta da sala, afinal não tinha ninguém em casa mesmo e se tivesse bom seria um lobisomem, logo já teria visto ele sem roupa, sem motivo para se importar.

Entrou no seu quarto tacando todas as roupas em cima da cama e entrando no banheiro e debaixo da água limpando qualquer vestígio de sangue ou terra que tinha em seu corpo com mais eficiência e rapidez que ele conseguia, algo que adquirira com o tempo de caçada.

Limpo, vestido e com uma quantidade absurda de perfume Nico se dirigiu a escola na expectativa de conseguir entrar no segundo tempo, assim que chegou na escola viu sua namorada que veio saltitando até sua pessoa.

— Como foi a noite? - Ela perguntou depois de um beijo demorado.

— Normal. – Ele disse fazendo-a sentar em seu colo. - Porque chegou no segundo tempo?

— Tive que lavar o cabelo e esqueci de acordar mais cedo para isso. – A loira disse fazendo Nico se esforçar ao máximo para não revirar os olhos.

O sinal que indicava que o segundo tempo iria começar tocou, logo os alunos que tinham se atrasado começaram a se dirigir até seus armários ou salas.

Ele caminhava de mãos dadas com Lilith para a sala, mas no meio do caminho só viu duas das três garotas que costumavam andar juntas, sendo que a mais importante para o garoto não estavam ali.

— Vai para sala, quero ver uma coisa. – O moreno soltou a namorada que olhou feio, mas não discutiu.

— Fada! - O moreno chamou se aproximando das duas amigas da sua princesa das trevas.

A loira olhou estranho para o garoto que nunca havia falado com ela e cruzou os braços já esperando uma implicância da parte dele.

— O que? – Ela perguntou e sentiu Piper se apoiar nela, para também encara-lo.

— Vocês sabem porquê da Thalia ter faltado? Ela não costuma fazer isso.- Nico perguntou tentando disfarçar o incomodo que gerava o modo que as duas estavam o encarando.

— Porque se importa? - Piper perguntou irritada.

— Sou amigo dela.- Nico disse não gostando do tom da morena.

— Amigo dela? Você só fala com ela se sua namoradinha lhe der autorização, sem falar que por não sermos populares você mal direciona a palavra a ela, então para mim você não é amigo dela, mas não Nico, não sabemos o porquê dela ter faltado. – A loira disse com raiva se virando para o armário para pegar suas coisas.

— Obrigado! – Disse ele e deu as costas, caminhando até a sala de aula.

O dia passou rápido e assim que anoiteceu Nico disse ao seu pai que iria sair para comprar algo para Lilith e começou a andar até a casa que passava a maioria das suas noites. Assim que parou em frente a grande mansão de pedra, mais parecida com um castelo do que realmente com uma casa, viu a luz do quarto da morena acessa e pegou impulso pulando e aterrissando em sua varanda com facilidade, batendo na porta da varanda com delicadeza.

Uma música alta tocava lá de dentro, então ele não tinha certeza se a morena o ouviria. Alguns segundos depois a pesada cortina vinho fora arrastada para o lado e Nico viu Thalia usando apenas uma blusa preta e uma calcinha, mas incrivelmente não foi isso que chamou sua atenção, mesmo através do vidro ele conseguia ver sua pele levemente corada, seu peito subia e descia em uma respiração calma e automática, seus lábios estavam avermelhados e ela piscara umas duas ou três vezes o encarando pelo vidro da janela, uma lista de coisas que a morena não deveria fazer ou possuir.

Nico abriu a porta da varanda e seus olhos logo foram ao curativo no braço da garota e ele ligou os pontos mais rápido do que deveria.

— Eu te machuquei ontem. – Ele afirmou e a garota abaixou a cabeça se sentindo culpada por isso, afinal ela sabia que ele ficaria puto.

— Sim...- Ela disse fraco e ouviu o menino grunhir enquanto levava as mãos ao rosto.