Provavelmente Percy arrumou a casa. Esse foi o primeiro pensamento em entrar na pequena casa do Jackson; as paredes de pedra davam um ar frio na casa, mas a lareira quebrava completamente isso estando acessa. Aquele lugar era simples, era baseado em conforto e usabilidade, não em ser elegante.

— Eu comprei algumas coisas para a gente fazer, não costumo participar de muitas festas de pijamas, então pedi pro cara que estava pondo os preços no mercado me indicar alguns doces, ele era um centauro muito simpático – comentou Percy pegando as sacolas de compras e pondo na mesa.

— Posso fazer pipoca caramelizada com chocolate e irmos assistir um filme, depois se sentirmos fome, cozinho outra coisa, pode ser? – Anne questionou, vendo que tinha achocolatado e milho de pipoca e era apenas daquilo que ela precisaria.

— Adorarei experimentar, não sei cozinhar muito bem, minha comida é resumida em peixe cru – admitiu, já que obviamente no fundo do mar não tinha fogo ou energia elétrica, sua antiga vida era bem chata.

— Então sinto lhe informar que vai ficar viciado na minha pipoca e eu não vou ficar fazendo com frequência – se vangloriou começando a arrumar as coisas para cozinhar, vendo o dragão marinho se sentar em uma das cadeiras do balcão.

— Eu posso te prender aqui e você vira minha escrava – sugeriu, rindo, observando a garota.

— Minha mãe é a rainha das fadas, se ela imaginar que eu corro perigo um exército vem aqui em menos de um segundo – acabou com o plano do menino depositando a pipoca na panela.

O moreno ficou calado, apenas a observando cozinhar, olhando cada detalhe dela. Seu corpo pequeno e cheio de curvas, porém curvas delicadas, magras, seu cabelo loiro cacheado preso em um coque que ela tinha feito no carro devido ao vento, sua pele branca, delicada, seus olhos cinza que tanto o encantava.

Ele se perguntou se a mãe dela era parecida com ela quando seu pai a namorava, era estranho, mas ele conseguia imaginar o seu pai apaixonado por Atena, talvez até mais do que um dia ele fora por sua mãe ou pela mãe de seu irmão mais novo Tyson, afinal, se Atena foi um terço, ou é, do que Annabeth se mostra ser, não via como não se apaixonar.

Percy se levantou sigiloso, caminhando até ela, abraçando-a por trás, sentindo o seu corpo se arrepiar pela surpresa, mas também pelo toque, ela não entendia como ele conseguia ser tão quente; abraçou-a com força, dando um selinho em seu pescoço, vendo seus olhos cinza se fecharem por alguns segundos antes de se abrirem novamente.

— Não íamos conversar antes? – perguntou, não realmente incomodada com ele ali.

— Não quero que seja apenas minha amiga, mas também não quero apresar as coisas – admitiu, soltando-a e se encostando na bancada de madeira escura com a parte de cima de mármore branco.

Anne não se virou para olha-lo, sentia seu coração acelerado e a falta do abraço dele, continuou apenas fazendo a pipoca, que estava quase pronta. Não falou nada por um tempo e quase sentia ele ansioso para saber o que ela falaria, mas se concentrou em terminar o que fazia, colocando por fim em um pote grande a pipoca prometida.

A Chase se virou para ele, sentindo seu coração acelerar mais ainda em o vê-lo, mais alto do que ela, pele bronzeada, olhos verde-mar, cabelo negro liso, só de observa-lo sentia seu folego faltar; caminhou até ele, sem nada dizer, o beijando, sentindo ele corresponder de imediato e a puxar mais para aquele beijo.

— Eu estou disposta a tentar, eu quero tentar – Annabeth disse, separando o contato com ele, vendo-o sorrir.

— Fico feliz que queira – complementou, selando seus lábios ao dela em mais um beijo.

Percy se afastou, caminhando até o pote de pipoca, pegando e levando algumas a boca, notando que realmente precisaria escraviza-la ali para ter mais daquilo.

— Sobe aí – disse se virando de costas, abaixando um pouco para ela pular.

Revirou os olhos, pulando logo em seguida nas costas do garoto, sendo carregada até o quarto dele.

Era simples, tinha uma cama de casal, um guarda roupa que ocupava toda a parede da porta, uma televisão presa a parede com uma escrivaninha em baixo, aonde tinha o notebook já aberto com o cabo HDMI ligado a ele.

Percy deixou Annabeth e a pipoca em cima da cama e foi até a escrivaninha, por o filme, tinha uma varanda com uma porta de vidro que dava visão para o mar, mas a cortina estava fechada deixando o ambiente escuro e acolhedor, apenas sendo possível ouvir o barulho das ondas batendo na areia.

— Tem alguma preferência entre esses filmes? – Percy apontou para a televisão, onde estavam capas de quatro filmes.

— Nunca assisti nenhum desses, O Espelho das Fadas, adoro rir de como eles retratam-nos em filmes – Annabeth disse, vendo Percy rir e colocar o escolhido para rodar.

Logo eles estavam abraçados debaixo das cobertas assistindo o filme selecionado, as vezes Annabeth comentando coisas como: que absurdo, isso não é assim, já que o reino das fadas em si era escondido até mesmo das outras espécies.

— Como é lá? – Percy questionou, vendo os créditos começarem a subir na tela, indicando o fim do filme, bem bobinho para falar a verdade.

— Tudo que tem lá são nas cores dourado, branco e prata, tem muitas plantas e animais, mas não é como se vivêssemos dentro de árvores, afinal, árvores são árvores, não moradia, bom é um lugar normal, mas normalmente fazemos tudo voando por lá – explicou dando de ombros. – Não vou muito lá, não sinto como se fosse meu lugar.

Percy assentiu, tentando imaginar o local, o que veio foi a casa da loira, pois parecia muito com o que ele descreveu e fazia sentido ser. O moreno sorriu de leve, a puxando para um beijo calmo, que foi correspondido sem hesitar.

Annabeth sorriu, separando o beijo, sentando-se de frente para o dragão marinho que sorriu para ela.

— Qual sua brilhante ideia? – perguntou, já imaginando que ela deveria estar pensando em algo.

— Vamos descer para a praia? – sugeriu e ele logo se levantou a pegando no colo, para irem para a praia.

A loira riu, enquanto era carregada até a areia, porém ele não parou por ai, continuou a descendo, entrando na água, vendo a fada arregalar os olhos.

— Não Percy, não quero me molhar – resmungou e ele riu.

— Relaxa sabidinha, não vai se molhar – disse, continuando a ir mais fundo no mar.

Annabeth sentiu a água começar a envolve-la, mas não a molhar, mesmo tocando sua pele, logo a loira estava completamente de baixo d’água, mas conseguia respirar perfeitamente e quanto mais fundo eles iam, mais coisas que eles não eram tão comuns assim.

Peixes circulavam eles, nadando sem se importar muito, corais começavam a surgir, o que a fez pensar que eles estavam mais longe do que ela pensava que eles estavam, até mesmo duas sereias conversando eles acabaram por ver.

— É o mais perto que eu posso chegar – comentou, apontando com a cabeça para a cidade.

Era lindo, o grande castelo, brilhava por si só, repleto de pérolas, mas ao mesmo tempo pareciam ruinas de algo que um dia talvez tivesse habitado a superfície, aquela era a parte de trás do castelo, a sua frente, podia se ver a cidade, ainda com pontos brilhantes, algumas casas já apagadas.

— Como a lu...

— Encantamento, não temos eletricidade aqui em baixo, então meu pai deu um jeito de convencer alguns bruxos a fazerem com que as pérolas propagassem luz para não dependermos do tempo lá de cima – Percy explicou, fazendo a fada assentir.

— É lindo – disse sorrindo e ele assentiu.

— Prefiro lá em cima.

Annabeth assentiu, ela não conseguia se imaginar morando em um lugar como aquele, mesmo sendo lindo, parecia tão solitário, tão frio.

Percy respirou fundo, olhando a fada, a beijando novamente antes de voltar para a superfície e ambos ficarem na areia, abraçados, olhando as estrelas do céu.