Na mente machucada de Lilith, aquela parecia uma boa ideia, assim que os meninos começaram o teste do time de basquete, a loira começou sua operação, em sua mente, fazer Nico entender como ele a machucava fazendo o que fazia, deveria fazê-lo parar, mas pensando bem, talvez não fosse uma boa ideia dando o troco na mesma moeda.

Logo, ela sentia os olhos intensos do lobisomem em sua pele, mas em momento nenhum ele saiu de onde estava, ajudando Jason, para ir falar com a garota, permaneceu calmo, no seu devido lugar, mas a mente dele estava longe de estar calma, ele pensava tanta coisa com aquela atuação fajuta de tentativa de o fazer ficar com ciúmes.

— Você não vai fazer nada? – Jason questionou, olhando Nico calmo, ora analisando a ficha dos concorrentes, ora olhando a namorada se esfregar em um dos caras do time.

— É isso que ela quer que eu faça – Nico deu de ombros. – Aqui não é lugar nem hora para eu ter a conversa que eu tenho que ter com ela.

— Entendo – o vampiro assentiu, chamando o próximo para fazer o teste de lançamento.

Não demorou muito para que todos os testes acabassem, Nico sabia que Lilith não iria conversar agora, não depois daquele show, então ele simplesmente foi até ela, a pegando de costas, pondo-a em seu colo, fazendo que um grito alto escapar da garganta dela, enquanto a loira segurava sua saia curta do uniforme de líder de torcida.

— Você está louco? – Questionou, fazendo o lobo rir.

— Não, Lilith, não estou – chutou uma porta de uma sala apenas forte o suficiente para a abri-la, vendo que estava encostada.

— Travis, Kate, desculpa atrapalhar, podem nos dar licença – Nico pediu vendo o casal que poderia chegar a se pegar naquela sala, claro se Kate não fosse certinha.

— Claro – a dijinh disse, dizendo ao Stoll que ele recolhesse suas coisas e saísse também.

Assim que os dois ficaram sozinhos na sala, Nico colocou o demônio sentado na mesa, fazendo a garota cruzar os braços abaixo do seio, irritada e confusa, querendo explicações.

— O que você va...– Lilith começou, mas Nico a cortou.

— Não me importo que fique com outras pessoas, não senti ciúmes em nenhum momento em que estávamos naquela quadra enquanto se esfregava no Nakumura, pode ficar com ele se quiser, nós terminamos aqui, não deveria ter levado um ano e meio pra perceber que não damos certo como um casal – Di Ângelo foi sincero, fazendo a menina entreabrir os lábios pasmas com a severidade das palavras.

Seus olhos lacrimejaram, mas ela não choraria, não ali na frente dele. Ela mordeu os lábios, olhando o chão, sentindo seu mundo desabar, apertou com força a mesa de metal, sentindo ela ranger e se moldar ali, quase sentindo o metal se soltar em sua mão.

— Desculpa, mas a tempos eu não sinto nada por você, achei que isso era normal, mas você me fez perceber uma coisa que eu deveria ter me tocado a muito tempo e não posso te prender a mim, não posso te iludir...

— Nico...até o fi...– ela se interrompeu, não poderia pedir aquilo a ele, ela suspirou e assentiu.

— Espero que seja feliz com a Thalia e que ela note que gosta realmente de você – Lilith disse pulando da mesa e saindo da sala, deixando as lágrimas por fim caírem.

Jessie olhou a amiga sair, respirando fundo, tentando se acalmar e logo soube o que aconteceu, revirando os olhos e voltando para dentro da quadra, com um sorriso travesso no rosto.

— O que aprontou dessa vez? – Meredith questionou, sabendo que a súcubo não prestava nenhum pouco.

— Nada, podemos dizer que não vou ficar com fama de vadia se for atrás do que eu quero agora – Jessie deu de ombros, fazendo a zombie revirar os olhos.

— Sinto te informar que está meio tarde para se preocupar se tem fama de vadia ou não, ela já está rondando a um bom tempo – Meredith disse sorrindo cínica, saindo da quadra, discando o número de Connor, precisaria dele naquele momento.

Lilith chegou em casa, batendo a porta com força e desabando, não tendo tempo de se esconder no seu quarto, jogando a cabeça para trás, as lágrimas não paravam de cair, ela não era idiota, sabia que Nico não a amava, mas ele não podia a largar, não agora, não até ela terminar o colégio.

Ouviu a porta do escritório do seu pai se abrir, fazendo ela tentar esconder a sua cara de choro, mas já era tarde, ele já tinha visto.

— Deixa eu adivinhar, aquele garoto finalmente te deu um pé na bunda? – o homem perguntou, rindo. – Tem sorte dele ter te aguentado por tanto tempo, você é uma vadia e nunca vai ser do tipo de mulher para casar, nunca vai segurar um homem – o pai da garota proferiu com nojo e satisfação na voz.

A loira se encolheu mais ainda na poltrona preta que estava sentada, deixando que as palavras de seu pai se acumulassem em seu cérebro, ela sempre soube que Nico nunca amaria, ele era perfeito demais, gentil, fofo, romântico, inteligente, popular, foi o primeiro que não a tratou como uma completa vadia.

Ela não soube quanto tempo ficou ali, mas ouviu alguém sentar no sofá ao lado, levantando o rosto e vendo seu irmão mais velho, que ligou a televisão.

— Sério que vai ficar chorando por conta de homem? – Michel questionou, já sabendo também do termino dos dois, já que Jessie tinha espalhado a notícia.

— O pai está certo, eu sou uma vadia, como eu poderia esperar conseguir algum relacionamento sério? – a loira questionou, fazendo o Michel revirar os olhos.

— Você sempre foi muito sentimental para um demônio. É só um garoto, acorda pra vida, ele não era o amor da sua vida, agora para de chorar que daqui a pouco os clientes do pai estão aqui e eles não vão querer ficar se você não estiver pelo menos tentando se bonita.

— Eu sou bonita. – Lilith disse diminuindo o choro.

— E mais uma vez você se prova sendo iludida maninha, acha que se você fosse bonita o Nico teria te largado pra ficar com outra? – Michel questionou rindo revirando os olhos. – Agora se levanta, lava esse rosto, ajeita a maquiagem, coloca uma roupa curta porque você vai ter que rebolar bastante hoje se quiser manter essa casa.

A loira respirou fundo, seguindo para o andar superior, sabia o que seria obrigada a fazer naquele dia, seu pai só a havia parado de a forçar a fazer sexo com os clientes deles por conta de Nico, e isso tinha complicado bastante as coisas, agora que ela estava solteira novamente, com certeza ele a faria fazer aquilo de novo.

Fez o que sempre fazia e o que seu irmão tinha mandado, finalmente escondendo a cara de choro, voltando para o primeiro andar, evitando mexer no celular para não voltar a tudo aquilo, sabia que precisaria de tempo para conseguir mexer no aparelho que tinha a foto dela e do Nico de protetor de tela.

A campainha tocou, a fazendo suspirar e se levantar, vendo Michel sair da sala, ele nunca ficava quando os clientes do pai da garota estavam para negociar. Assim que abriu a porta se surpreendeu ao ver Meredith parada ali.

— O que faz aqui? – Questionou, com medo dos clientes do pai da garota chegarem e obrigarem a zombie a participar também.

— Por incrível que parece, eu me importo com você e sei o que seu termino com Nico vai causar na sua casa – respondeu baixo, pois ninguém lá dentro poderia escutar.

— Como voc...– começou, mas foi cortada.

— Você bebeu demais e me contou, nunca toquei no assunto, já que claramente você não queria que eu soubesse.

— O que faz aqui? – Questionou, mais calma e mais baixo, cansada.

— Olha, você é maior de idade, sei que só atura isso porque não tem pra onde ir, mas Connor tem uma casa de praia, ele está no carro e quando eu contei a história ele decidiu que não deveríamos deixar isso acontecer.

— Você está sugerindo... – Lilith questionou pasma, quase voltando a chorar.

— Sobe, taca suas coisas pela janela do seu quarto que nós vamos pegar aqui em baixo e sai por lá, não vou deixar seu pai e seu irmão te tratarem como uma vadia e um lixo para conseguir dinheiro. Lilith você é linda, inteligente e tem um futuro brilhante pela frente, larga isso para trás e vai viver sua própria vida, sem medo de ser presa a isso. – Meredith apontou para dentro da casa suspirando.

A loira chorou novamente abraçando a zombie, começando a pedir desculpas, ela estava consciente de que não fizera coisas boas tanto para ela quanto para os outros. Mas elas não tinham tanto tempo, a loira disse que era engano, subindo pro seu quarto, avisando que ia retocar a maquiagem.

Respirou fundo, contendo as lágrimas e tendo um sorriso nos seus lábios, pegou dinheiro, roupas e tudo que precisaria começando a por em sua mochila, Connor pegou as coisas dela vendo a loira pular com agilidade e parar perfeitamente em pé no quintal da sua casa, por isso ela era a capitã das líderes de torcidas.

Os três correram dando a partida no carro e indo para o mais longe possível, torcendo que quando os homens da casa notassem, eles já estivessem distantes o suficiente.

— Obrigada, aos dois – Lilith disse sorrindo, calma.

— Que isso – Connor deu de ombros. – Eu coloquei uma ilusão na casa, deve desaparecer em algumas horas, mas eles vão achar que você está lá.

— Meredith... – a menina chamou do banco de trás, vendo a zombie a olhar. – Me desculpa por tudo, sei que fiz você fazer muitas coisas...

— Ele sabe... – Matharu disse olhando o namorado. – E tá tudo bem, eu entendo, não tenho raiva de você.

— A propósito, a Jessie implica com seu cabelo natural, mas ela já tentou descolorir para deixar igual o seu algumas vezes, mas a tinta não pega nela – Lilith confessou, fazendo a zombie rir, revirando os olhos. – Eu agendei a consulta pra você, eu ia te contar, mas a Jessie me convenceu que era melhor não, já que você tinha nos deixado, é semana que vem, se ainda tiver interesse – Lilith tirou o papel da capinha do celular desligado, entregando a menina.

— Obrigada...– disse sorrindo feliz, olhando o papel.

Connor sorriu para ela, sabia que ela estava tentando conseguir a consulta para ver se poderia servir de experimento para a cura zombie, eles tinham discutido muito por conta disso, mas de acordo com ela, ela já estava morta, pior do que aquilo ela não conseguiria ficar.