Strange Desire escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Strange Desire


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitor.
Esse conto de apenas 1 capítulo e finalizada, surgiu a partir de um vídeo publicado no grupo Nyah! Fanfiction Oficial, no Facebook.
A história se passa antes dos eventos da série (pq eu nem mencionei a Nancy e o Will)
Boa leitura.



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A luz vermelha do laboratório de revelação deixava o clima ainda mais excitante. O olhar confuso de Steve não combinava muito bem com sua mão direita, erguida na direção do rosto de Jonathan. A reação de Byers também não foi das mais tranquilas. Ele deu alguns passos para trás, esbarando nas bacias de água, onde seu filme era revelado. O contato visual não foi quebrado, embora estivesse sentindo o corpo ferver e um desejo incontrolável de abrir a porta e sair correndo, antes que aquilo tudo se concretizasse.

Steve estava mais perto e não havia nada que Jonathan pudesse fazer, pelo menos era nisso que ele queria acreditar. A mão atlética de Steve se afundava no pescoço do outro rapaz, já não havia mais para onde ir, então os rostos se aproximavam. Era como ver uma imagem em câmera lenta, não havia pressa, mesmo que seus corpos explodissem por dentro. E, embora as chances de alguém entrar naquela sala fossem muito altas, tudo aquilo aumentava ainda mais o clima excitante.

Quando os lábios de Steve se encontraram com os de Jonathan, seus olhos se fecharam e a luz vermelha se tornou apenas um borrão. Foi um beijo confuso, os dentes bateram em um momento que inclinaram a cabeça para o mesmo lado, as respirações aceleradas, as línguas se tocando, o reconhecimento tátil com as mãos presas no pescoço um do outro... mas, em todo caso, foi um beijo gostoso.

Abraçar já não era mais um problema, sentir a mão sobre o peito de Steve também se mostrou uma tarefa simples. Talvez a mordida exagerada, mas aquilo foi, com certeza, o estopim para eles se tocarem. Era viciante, precisava de mais, esfregar o seu corpo contra o dele, mesmo que com as roupas atrapalhando, a camiseta puxada para cima, o zíper da calça aberto. Aquele já era um ponto em que não dava mais para voltar atrás.

Chegar a esse momento não foi tão gostoso como Jonathan recordava, tanto é que o machucado em seu olho direito ainda doía cada vez que passava a mão por cima. Mas, naquele momento, a dor parecia mais um pequeno ponto distante no meio daquela confusão.

 

Tudo começou no final do verão, quando Steve e seus amigos nadavam no lago e Jonathan, por acaso, estava entre os galhos dos arbustos, com uma câmera na mão. Ele não planejou estar ali, nem tirar fotos daquelas pessoas. Mas estava, e tirou. Quando o grupo viu que era observado, perseguiu Jonathan pela floresta. O resultado final foi a câmera de Byers destruída no chão.

Steve pegou a câmera e tentou ver o que poderia fazer, Jonathan limpava o sangue que escorria de sua boca, olhou para a câmera e depois para Steve.

— Pode levar até a loja do Sr. Maclaren e ver se ele consegue salvar alguma coisa. — Steve falou, seu olhar encontrando com o de Jonathan.

— Você não precisa fazer isso. — Jonathan pegou a câmera das mãos dele.

— Fazer o que?

— Fingir que se importa.

Jonathan virou-se e caminhou, sentindo uma dor na perna esquerda.

— Espera, eu ajudo você a chegar em casa. — Steve colocou as mãos na cintura e observou o outro rapaz andando de maneira desajeitada. — Eu não queria que aqueles caras machucassem você.

— Ficar olhando de longe não é a melhor maneira de demonstrar ajuda. — Byers não se virou para falar, ele apenas gritou, enquanto continuava seu caminho, deixando para trás um Steve arrependido.
 

A presença dos jogadores do time da escola era uma das coisas que Jonathan passou a tentar evitar, principalmente a presença de Steve. Seu desejo era poder socá-lo diretamente no queixo, entortando seus preciosos dentes brancos, até vê-lo cair no chão, implorando o colo da mãe. Mas, agora, não era mais um soco que ele imaginava no meio do rosto de Steve.

Jonathan não se recordava exatamente quando foi que aquela perseguição começou, ah... talvez desde sempre. Não ter popularidade em uma escola de cidade pequena, no meio do nada, parecia ser pior do que um rato no esgoto. Não era que ele se achava ruim, só não era bom em fazer amizades. No jardim de infância, por exemplo, colocavam minhocas dentro do saco em que estava o lanche preparado por sua mãe. Na terceira série, prenderam-no no armário do vestiário por um dia inteiro, e ninguém sentiu sua falta (talvez essa parte doesse mais). Já grande, na oitava série, foi surpreendido uma vez com uma caixa de chocolates em cima de sua mesa e com um cartão dizendo ser de uma admiradora secreta. Byers passou a tarde toda no banheiro, o presente lhe deu uma bela dor de barriga.

A vida de Jonathan poderia ter sido mais tranquila sem os outros jovens ao seu redor. Mas os adultos também não lhe davam sossego. Certa vez, o professor de Educação Física, o Senhor Hamilton, um homem calvo e com pouca paciência, obrigou-o a correr em volta da quadra por uma hora, e depois mandou que subisse a corda, até tocar a sineta no teto, unicamente porque Byers atrasou-se para sua aula, o motivo era que Jonathan estava ocupado demais juntando as folhas de seu fichário, que fora arremessado para o alto e o vento fez seu trabalho, espalhando as folhas para lugares diferentes.

Tudo isso ocorria com os olhares distantes de Steve Harrington, o jovem mais popular da escola desde que estava no jardim de infância. Jonathan via-o sempre entre aqueles que o perseguia, maltratava e ria de seus contratempos. Era claramente um inimigo. Pois assim esperava que fosse até o fim. Mas havia algo que ele não esperava acontecer, um traço delimitado na linha da vida, onde Steve lhe ajudaria em uma situação em que Jonathan se via encurralado por três alunos do último ano, ameaçando-o no banheiro masculino.

A escola estava passando por um novo sistema de alarme contra incêndios, por isso todos estavam do lado de fora para o treinamento. Não, não todos, Steve estava ali... a primeira vez que Steve não ficou apenas como observador, nem riu, não se omitiu. Ele se colocou na frente de Jonathan e com algumas palavras de ordem, os rapazes saíram... não foram por bem, deixaram claro que uma hora Jonathan estaria sozinho e então ele não iria escapar.

A ameaça parecia uma leve lembrança, quando Steve o ajudou a se levantar do chão, prometendo que aquela cena não iria se repetir novamente, ele iria conversar com o pai que, então, falaria com o diretor. Jonathan queria que aquilo fosse verdade, e não apenas uma promessa vazia, como as que sempre lhe faziam.

 

Jonathan abriu os olhos, estava na sala vermelha, sua visão levemente turva, as mãos abraçavam as costas de Steve e seus lábios molhados. O gemido escapando pela boca de ambos. Como antes, a cena ainda parecia se desenrolar em câmera lenta, como foram as lembranças que o açoitou naqueles minutos em que eles se beijavam. Aos poucos ele se recordou do porquê Steve estar ali dentro, ele precisava ganhar alguns pontos e aumentar sua nota para não ser expulso do time, o treinador mandou que fizesse qualquer atividade extracurricular fácil como, por exemplo, fotografia.

— Eu acho que... — Steve deslizou as mãos por sobre a jaqueta jeans de Jonathan, puxando as calças para poder fechar o zíper. Constrangido com a sujeira que se revelava em suas roupas. — Preciso daquelas fotografias para amanhã de manhã.

— Claro, claro, as fotografias. — Jonathan moveu o corpo apressadamente, recompondo-se da mesma maneira e depois mexendo de qualquer jeito nos objetos sobre a mesa. — Como eu estava explicando, as imagens precisam de um tempo para — ele respirou fundo — precisam de um tempo para...

A mão de Steve tocou na mão trêmula de Jonathan, tentando dar-lhe confiança.

— Acho melhor eu voltar amanhã, tenho um treino mais tarde e preciso me preparar.

— Certo, amanhã. — Jonathan abaixou a cabeça, observando o rolo de filme completamente perdido sobre a mesa. — Amanhã a gente se vê.

Steve confirmou e saiu da sala, no exato momento em que Rebecca Dursley entrava com sua maleta cor de rosa.

— Oh! Olá Steve, hoje não vai participar da nossa aula de fotografia? — Ela perguntou, sem se preocupar com o olhar apaixonado que lançava para ele. — Eu trouxe uma torta de morango para dividir.

— Obrigado, Rebecca, mas hoje eu preciso ir. Te vejo amanhã. — Então ele saiu.

— Ele não é um sonho? — O comentário de Rebecca não foi direcionado exatamente para Jonathan, na certa ela sequer o vira ali dentro.

De qualquer forma, Jonathan respondeu baixinho.

— Infelizmente.


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Notas finais do capítulo

Comentários são bem vindos.
Beijos.