Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 9
Capítulo IX • Mocinha dramática


Notas iniciais do capítulo

Olá! ♥

Estou aqui mais uma vez, com mais um capítulo, que eu espero que gostem.

Tenho algumas coisas pra falar, mas vou seguir a força do hábito e deixar para as notas finais, certo?

Então é isso, boa leitura!



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No domingo, quando eu finalmente acordei e consegui superar a ressaca que tinha tomado conta de mim, resolvi passar um tempo na piscina de casa, enquanto alguns flashes da noite anterior me acertavam em cheio, fazendo eu me lembrar do quão babaca eu tinha sido com Sophie Dallas – e em como eu tinha estragado tudo.

No entanto, e mesmo assim, eu pensava no que faria para tentar reconquistá-la.

Não que eu estivesse confiante na ideia de ela me dar uma segunda chance e topar sair comigo mais uma vez. Meu otimismo estava escasso e minha força de vontade para continuar insistindo naquele desafio, perto de zero. Era como se eu já estivesse me dando por vencido, afinal, eu tinha feito tudo errado.

— Grande merda – pensei alto.

— Que vocabulário interessante – ouvi alguém dizer e logo percebi que era meu pai, escorado no portal da varanda. Ele caminhou até a área da piscina e se agachou, ficando mais próximo de mim – O que houve?

— Fui desafiado pelo Dylan e pelo Joshua – contei e, de imediato, franziu o cenho, abrindo em seguida um sorriso que diz “ah, esses jovens” – Mas não sei se vou conseguir cumprir – concluí.

Ele pensou um pouco, sentando-se na beirada da piscina para ficar mais à vontade. Frankie sempre foi um pai presente e amigo, e acho que por ter sido atleta na sua época do colégio, conseguia entender melhor a minha vida e amizades.

— Você é meu filho e sei que pode fazer e cumprir qualquer desafio – ele começou e depois respirou fundo, colocando uma mão em meu ombro esquerdo – No entanto, Rob, nem tudo lhe convém, entende? Nem tudo vale a pena.

— Entendo – falei. Eu realmente precisava colocar a cabeça no lugar – Valeu, pai.

— Você sabe que pode contar comigo, não sabe? – disse e eu assenti, respondendo que sim. Ele abriu um sorriso e balançou a cabeça em afirmativa, se despedindo e entrando em casa mais uma vez.

À noite, na hora do jantar, eu, minha mãe e meu pai estávamos assentados à mesa, como de costume, exceto pelo clima, que estava tranquilo demais, já que meus pais jantavam tremendamente calados.

É que, geralmente, eles discutiam sobre o trabalho entre as garfadas. Era algo meio medieval, para ser sincero, porém pelo menos havia algum tipo de interação.

No entanto, naquela noite não estava sendo assim.

— Vocês estão bem? – perguntei incerto e recebi uma troca de olhares como resposta. Meus pais então suspiraram, largaram os talheres e limparam a boca. Era como se eles tivessem ensaiado aquilo por horas, talvez até dias.

Depois da esquisitice sincronizada, minha mãe colocou sua mão sobre a minha, que ainda segurava a faca.

— Meu filho, a gente precisa ter uma conversa – ela disse e meu pai concordou com a cabeça.

— Sobre o quê? – falei apreensivo, tentando lembrar se tinha feito algo de errado – Minhas notas estão ótimas e não tomei mais nenhuma detenção e...

— Não é sobre você, querido – ela me interrompeu, recolhendo a sua mão. Larguei o garfo e a faca e perguntei sobre o que era então. Meu coração estava a ponto de sair pela minha garganta só de imaginar as suas próximas palavras.

Não podia ser, não podia ser.

— Sua mãe e eu decidimos nos divorciar, Robert – Frankie falou finalmente, curto e direto. E absolutamente cortante.

Meu coração quase parou de bater e senti meu corpo congelar. O pior tinha acontecido, afinal de contas: o casamento dos meus pais tinha chegado ao fim.

..

Na segunda-feira, eu sequer queria ter acordado. Encarar a realidade era a última coisa que pretendia fazer. No entanto, eu tinha treino na Natação e precisava me manter focado, mesmo que as circunstâncias não trabalhassem em prol disso.

Quando cheguei ao colégio, dei de cara com Sophie, babando no tal do Fred e isso só ajudou a piorar o meu humor. Mesmo que eu é que tivesse pisado na bola, uma parte egocêntrica e orgulhosa de mim teimava em botar a culpa nela por tudo ter dado errado.

Claro, pensar nisso era só mais uma confirmação da minha idiotice.

As aulas também se tornaram uma tortura. Eu não conseguia me concentrar e não conseguia produzir, porque somente um único pensamento vagava em minha cabeça: meus pais iriam se divorciar.

Era definitivo. Infelizmente era e, na hora do lanche, enquanto todos os meus amigos se divertiam comentando sobre a festa de Ryan, eu só fui capaz de me fechar completamente e procurar um lugar distante de tudo e todos.

Segui até a área gramada atrás do nosso colégio e, no caminho, senti meus olhos arderem, junto de um aperto no peito. Honestamente, não sou a pessoa mais emotiva do mundo. Porém, em certos momentos, é inevitável abrir uma exceção.

E a separação da minha mãe e do meu pai era uma grande exceção.

Então, sim, eu chorei.

Chorei até perceber que eu estava cara a cara com Sophie Dallas, e que ela me observava assustada. Automaticamente, e sem pensar muito, dei meia volta e comecei a caminhar para longe dela. A nerd não podia me ver daquele jeito.

Ninguém podia.

Ouvi ela gritar algo, perguntando o que tinha acontecido, mas escolhi ignorar e continuar caminhando até que ela desistisse de vir atrás de mim. Entretanto, a maluca não desistiu e, quando colocou uma de suas mãos em meu ombro, meu corpo ficou estático.

Ela se pôs à minha frente e eu ainda chorava. Envergonhado por conta daquela cena ridícula, demorei a tomar coragem para olhar em seus olhos. E, quando o fiz, ainda segurava o choro incansavelmente, na intenção de parecer menos fraco e frágil.

Foi quando, subitamente, Sophie colocou sua mão pequena e delicada em meu rosto e eu senti minha pele se arrepiar.

— Não chora mais, por favor – ela falou aflita – Não precisa falar nada, se não quiser, mas por favor, pare de chorar.

Aquilo foi um choque total, porque, de repente, percebi que Sophie Dallas estava preocupada comigo. Apesar de tudo, ela estava verdadeiramente preocupada.

Se aquilo fazia algum sentido? Não mesmo.

Porém, não pretendia reclamar. Até porque, e pra ser bem sincero, eu gostei.

Gostei muito.

..

— Você não devia ter me empurrado aquela menina – eu dizia, enquanto tentava cercar Dylan para que ele não fizesse mais uma cesta. Nós estávamos jogando um mano a mano no basquete, na entrada de sua casa, depois da aula.

E, bom, eu me sentia mais culpado que o normal depois que Sophie fez o favor de oferecer seu ombro amigo, ouvindo o drama que eu estava vivendo em casa.

Obviamente, aproveitei a oportunidade para pedir desculpas, mas não era suficiente. Realmente não era, e confirmei isso quando, inesperadamente, ela me convidou para ir a sua casa, onde ela disse que prepararia uma comida especial capaz de me deixar mais animado.

Se esse convite tivesse saído da boca de alguém como Sam, eu pensaria em muitas coisas mal-intencionadas. Mas como tinha vindo de Sophie, eu me resumi a pensar em comida de verdade.

E, claro, pensar também no fato de que eu tinha que me esforçar muito para não pisar na bola outra vez. A minha expectativa era alta com aquele encontro e eu não podia vacilar.

Na festa de Ryan, tudo o que fiz foi distanciar Sophie e, na intenção de evitar contratempos, decidi conversar com Dylan. Meio que nós tínhamos alguns assuntos a tratar mais do que pendentes.

— Ei, cara, eu te fiz um favor – ele falou, quicando a bola incansáveis vezes, driblando e, finalmente, fazendo um arremesso de potencial – Sarah é gostosa e boa de cama, vai dizer que não te deixou mais alegrinho?

Observei a bola dançar em cima do aro, torcendo para que ele não marcasse mais um ponto e, ao mesmo tempo, lembrando do que eu tinha feito.

Depois de abandonar completamente a Sophie com o aspirante a príncipe encantado, Frederick Anderson, eu fui atrás da loira gostosa, de nome Sarah, para continuar o que havíamos começado. Nós nos beijamos, bebemos, fumamos e, em algum momento, que não sei dizer ao certo, fomos para algum quarto e transamos.

Normalmente, eu me sentiria muito bem, porém – e por mais bizarro que fosse – estava mais para muito culpado. Eu tinha prometido tantas coisas à Sophie e, no fim, eu acabei sendo, simplesmente, o Robert Müller de sempre – e esse Robert Müller nunca iria ganhar o maldito desafio.

— Não mesmo, Dylan – respondi, observando a bola passar pelo aro e dar mais um ponto para o meu amigo – Sabe o quanto foi difícil convencer a Sophie a ir àquela festa?

— Não faço ideia – ele respondeu, dando sua risada mais debochada – E acho que você está se preocupando demais com aquela esquisitona.

— Ela é difícil, ok? Esse desafio se tornou um inferno, porque ela é difícil pra caramba – comecei a falar, recuperando a posse de bola – E me odeia. Eu acho.

 - Você está muito preocupado com essa garota e isso é que vai te fazer perder – Dylan retrucou, tentando me impedir de chegar próximo à tabela para arremessar – Não falamos nada daquele dia na piscina, mas eu não fiquei nem um pouco feliz por você ter acabado com a nossa diversão.

Dylan tinha uma expressão fria em seu rosto. Ele não media muito as consequências do que fazia e, claro, eu não esperava que ele fosse entender o quanto aquela “diversão” poderia ter custado caro, caso fosse longe demais.

E nós não tínhamos tocado no assunto desde o dia em que brincaram de afogar a Dallas – logo, achei mesmo que ele já tinha deixado isso de lado. No entanto, quando ele mencionou o acontecido, foi como tocar numa ferida que eu nem sabia que existia. 

Vocês podiam ter matado a Sophie!— respondi em alto e bom tom, dando-lhe um empurrão e arremessando a bola, que sequer encostou na cesta ao marcar mais um ponto pra mim.

Dylan não pegou a bola desta vez. Ela quicou e depois rolou, até parar na grama, logo ao lado da mini quadra. Ele ficou me encarando, rígido e quase espumando pela boca. Fiz o mesmo, porque eu não ia admitir que tirasse a minha razão em defendê-la.

— Pare de se preocupar tanto com essa menina e você vai cumprir o combinado – ele disse, finalmente – Ela não é nada, não é ninguém. Encha ela de álcool e faça o que deve fazer, ponto final. Não seja essa mocinha dramática, Rob. 

— Eu não sou uma mocinha dramática – respondi, bufando.

— Não é o que está parecendo.


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Notas finais do capítulo

Antes de TUDO, devo agradecer a todos os seres iluminados que comentaram no capítulo passado! Vocês brilharam muito, viu?

E agradeço também aos que se preocuparam comigo. Eu estou bem melhor e o apoio de vocês é sem igual! ♥ Obrigada mesmo, gente.

Agora, bom, vamos falar sobre o capítulo. Quero pedir desculpas, porque muita gente estava esperando uma Sophie cozinhando para um Rob (inclusive eu rsrsrsrs), mas quando comecei a escrever, senti que devia esclarecer certas coisas e mostrar o lado humano de Robert Müller, então eu é que resolvi fazer uma ~mudança de planos~ ueheuheueh.

Mas óh: já estou de férias - aleluia, amém, glória ao papai do céu - e o próximo fim de semana é puramente natalino. Quem sabe vocês ganham um belo presente de Natal, hein?

É uma possibilidade.

Até logo ♥ e beijinhos!