Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 6
Capítulo VI • Agradecida


Notas iniciais do capítulo

Oizinho!

Se eu demorei um pouco mais do que eu previa? Sim. Infelizmente, tive uns contratempos (vulgo, bloqueio criativo) e custei a desenrolar o capítulo 6. No entanto, eu espero mesmo que esteja tudo certo e suficientemente bom euheueh e, principalmente, espero que gostem!

Boa leituuuuura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/707467/chapter/6

 

Desde o episódio na piscina envolvendo alguns dos garotos do time de futebol e Robert Müller, eu não conseguia parar de pensar no fato de que ele havia feito muito mais do que apenas me defender: ele salvou a minha vida.

Nunca me dei bem com água. Mesmo tendo feito natação quando criança, jamais tive coordenação motora para manter o controle dentro de piscinas e similares. Eu sei nadar, mas sou péssima nisso.

E, sim, o que quero dizer é que devido à minha limitada habilidade, as chances de algo bastante ruim me acontecer caso o Müller não tivesse aparecido eram grandes. Grandes de verdade.

Nós ficamos por um tempo andando pelo colégio – que já estava praticamente vazio, afinal, era fim do dia letivo e poucas pessoas ainda se encontravam em aula. Robert me fez companhia enquanto eu esperava minhas roupas secarem o suficiente para não ensopar o meu carro e poder ir pra casa descansar.

O engraçado é que nesse tempo nós não conversamos muito. O capitão da equipe de natação, que há dias vinha tentando todo o tipo de aproximação com relação a mim, quando finalmente teve a chance de falar qualquer coisa que desejasse, não esboçou nada além de sorrisos mansos e olhares preocupados.

E, se ele estava retraído, com certeza eu não estaria diferente. Tanto é que fui embora e só depois tomei consciência de que eu não o agradecera.

Por esse motivo, é que assim que o vi no dia seguinte, sozinho, sentando na arquibancada de concreto, apenas observando o campo de futebol vazio, tive de ir até ele para dizer o quanto eu estava grata.

— Ei... Atrapalho? – falei, sentando-me ao seu lado. Sua expressão era séria e um pouco cansada. Robert me olhou e logo balançou a cabeça, dizendo em seguida que não.

— Como você está? – ele perguntou usando de um tom de voz tranquilo. Mal se parecia com o garoto extrovertido que costumava zoar pelos corredores do Instituto Dimsdalle ou com o garanhão-pegador que era. Eu só conseguia me perguntar sobre o que haveria de errado com ele.

— Sim, estou melhor, – respondi – e você?

Ele abriu um sorriso e franziu o cenho, erguendo em seguida uma de suas sobrancelhas élficas – Eu? Eu estou bem!

Acho que ele ficou meio surpreso por eu, Sophie Dallas, estar me importando com o seu bem-estar. Certo, devo admitir que era estranho mesmo, afinal, eu o odiava. Ou, pelo menos, eu devia odiá-lo. Ser gentil com um cara que costumava rir da minha cara nunca esteve nos meus planos, porém eu não consegui evitar.

— Robert... – comecei, mordendo os lábios furiosamente e dando uma risadinha nervosa – Meio que eu preciso te agradecer...

— Agradecer? – ele me interrompeu, retomando sua postura natural e fazendo uma cara que dizia não sei do que está falando. Ok, aquele era o Robert Müller ao qual eu já estava um pouco mais habituada. Totalmente irônico, debochado e... Bonito pra caramba.

— Sim, por ontem – continuei, desviando o olhar, envergonhada – Por ter me ajudado, sabe? Na piscina.

— Hum, acho que eu me lembro de algo assim – ele começou – Pensei que estivesse me agradecendo por tê-la carregado em meus braços fortes...

Olhei-o imediatamente, arregalando os olhos e sentindo meu rosto formigar e corar. Ele abriu um sorriso e deu uma risada logo em seguida. Do que aquele garoto estava falando? 

— Ou por ter secado o seu cabelo com muito cuidado e sido um cavalheiro de alto nível – ele completou, ainda rindo da minha cara. Quando percebi que ele estava enchendo o saco, eu rolei os olhos e bufei. O Müller sempre seria um grande babaca.

Por que eu tinha pensado que agradecer seria uma boa ideia? Ele jamais deixaria de ser o fútil, metido e arrogante capitão da equipe de Natação do colégio, que só sabia rir da minha cara.

Argh!

— Poupe-me! – eu falei e, levantando-me para ir embora, senti uma mão segurar em meu pulso e, quando olhei para ele, Robert me encarava com um sorriso nos lábios e nos olhos – seus destruidores olhos azuis.

— Sophie, foi só uma brincadeira – ele disse, dando de ombros levemente e me fazendo sentar de novo ao seu lado – É claro que sei do que está falando e eu devo te dizer que não fiz nada além da minha obrigação!

Parei por um momento.

Meu cérebro processava diversas informações e nenhuma delas estava me levando a um lugar onde eu permanecia odiando aquele maldito garoto. Que droga ele estava usando pra se tornar tão bom e educado? Por que estava sendo tão gentil comigo?

E por que eu não conseguia ignorá-lo?

— Obrigação? – eu perguntei, erguendo uma das sobrancelhas.

— Claro! – ele respondeu de imediato – Aquilo o que eles fizeram não se faz com ninguém. Aquilo foi... Merda! Foi uma estupidez sem tamanho!

Seu tom de voz manso se tornou agressivo e zangado. Será que era nisso que ele estava pensando todo esse tempo antes de eu chegar? Será que ele estava realmente pensando que o pior podia ter acontecido comigo? O Müller se preocupava comigo?

— Foi sim – lamentei.

Ficamos calados por um tempo, apenas observando o gramado verde e as árvores ao redor do campo balançarem devido o vento. O colégio era um belo lugar quando os alunos não estavam por perto para estragar tudo.

— Podíamos tomar sorvete hoje, – Müller comentou e, em seguida, olhou para mim e eu correspondi o olhar – que tal?

— Está me chamando para tomar sorvete com você? – questionei, totalmente descrente de que aquilo podia ser levado a sério.

— Sim! Se a senhorita não estiver muito ocupada, claro – ele respondeu do seu jeito mais abusado e sedutor. Balancei a cabeça em negativa, rindo com o nariz e totalmente desacreditada.

Tentei desconversar, dizer que eu tinha de estudar Matemática e adiantar um tremendo trabalho de Biologia, porém não deu. E, assim que o último sinal soou, Robert já me esperava do lado de fora da minha sala para me escoltar até a sorveteria próxima ao Instituto Dimsdalle.

— Eu não ia fugir – falei, ao vê-lo escorado na parede futricando algo no celular.

— Sou meio precavido – ele respondeu brincalhão, seguindo ao meu lado até estarmos fora do colégio. Obviamente, nosso desfile lado a lado ganhou alguns olhares e uma atenção que eu não estava preparada para lidar. No entanto, como Robert não se pronunciou sobre o assunto, resolvi que o melhor era ignorar a idiotice alheia e focar no fato de que eu estava louca para tomar sorvete de chocolate.

Quando chegamos ao Gelatto, a pequena sorveteria da Sra. Antonella, seguimos imediatamente até a sessão de self service para encher as nossas taças com muitas calorias coloridas e cremosas. Descobri que Robert também era um fanático por sorvete de chocolate e, claro, ganhou pontos positivos comigo por esse motivo.

Nós nos sentamos na parte externa, onde outros alunos também passavam o tempo batendo papo. O dia não estava quente, mas fazia sol em Dimsdalle, e ventava bastante. Curiosamente, nem mesmo a presença de Robert foi capaz de deixar o clima menos interessante e agradável. Na verdade, descobri que ele sabia ter uma conversa bacana e plausível, e isso foi bem legal.

— Fazia muito tempo que eu não tomava sorvete – comentei.

— O que você costuma fazer no seu tempo livre? – ele perguntou, enquanto saboreava mais uma colherada da sua bomba calórica.

— Bom, eu estudo pra caramba – falei, desajeitada. Não queria soar como a nerd do século, embora eu realmente não estivesse muito longe de ser a nerd do século. E soubesse que ele tinha plena consciência disso.

— Além de estudar? - Robert questionou.

— Faço aulas de piano, caminho nas manhãs de sábado e cozinho - respondi, após pensar um bocado.

Ele arregalou os olhos e eu fiquei sem entender o motivo da sua surpresa, até que ele fez o favor de esclarecer.

— Você cozinha? Tipo, faz comida?

— Bom, é. Qual o problema? - perguntei, apesar de já estar bastante acostumada àquele espanto natural das pessoas. Não era levada muito a sério quando eu falava algo sobre minha paixão pela área da culinária.

— Você cozinha bem? - o Müller perguntou, colocando sua taça de sorvete sobre a mesa e se inclinando para frente, com um leve sorriso escondido em seus lábios.

Se eu cozinhava bem?

Não costumava ser muito modesta quanto ao que eu realmente apreciava fazer. Sendo muito franca, eu era do tipo que arrancava a espátula da mão da minha dupla durante as atividades práticas na aula de Economia Doméstica. No entanto, naquele momento, diante do olhar faminto do capitão da equipe de Natação, eu não consegui abrir a boca para dizer que sim, que eu cozinhava bem.

Simplesmente não consegui contar nenhuma vantagem na frente dele, porque... Bem, porque eu me toquei de que aquele, infelizmente, ainda era Robert Müller.

Eu sequer devia estar ali, de papo com ele.

Ele não era meu amigo, e eu tinha que me concentrar nisso.

— Estou aprendendo - respondi num tom de voz mais baixo e abri um sorriso suave.

Ele emitiu um som insatisfeito, cerrou o olhar e deu um leve tapa na mesa, encostando-se em sua cadeira, sem deixar de me encarar nem por um segundo.

— Você deve ser terrível— ele disse finalmente, após toda aquela inquietude.

Seu comentário me acertou em cheio. Eu esperava por qualquer coisa, menos por aquilo. Quero dizer, ele só podia estar brincando comigo. Como podia ser tão grosso e insensível? E se eu estivesse mesmo aprendendo? E se eu realmente não fosse boa?

Ele não se importava em me magoar?

— Não sou terrível! - respondi, começando a ficar irritada.

— Meu Deus, você deve ser terrível mesmo! - ele continuou, ainda com seu tom de deboche e me encarando com seus olhos azuis, que brilhavam.

— Não sou!— rosnei.

— Só acredito vendo. Ou melhor, experimentando— Robert sugeriu, cruzando os braços. Eu larguei minha taça de sorvete e também cruzei os braços, sem parar de fitá-lo.

Aquilo era um desafio?

Já elaborava uma resposta à altura, quando um garoto bronzeado, vestindo uma regata de basquete surgiu ao nosso lado. Robert levantou e o cumprimentou daquele jeito que os garotos fazem. Seu nome era Ryan e, pelo o que entendi, comemoraria seu aniversário no fim de semana.

— Você vai, certo? - ele perguntou e Robert assentiu, sorrindo. De fato, ele não parecia o tipo de gente que recusa uma boa festa.

— Estarei lá, cara!

— Avise o Dylan, não encontrei com ele hoje - ele completou, coçando a nuca e nisso, seu olhar vacilou em minha direção, notando a minha presença. Ryan abriu um sorriso engraçado e prosseguiu - Se quiser, pode levar ela também.

Automaticamente, fiz minha melhor expressão de ponto de interrogação. Aquilo era algum tipo de piada? Ou, talvez, apenas uma alucinação? Porque, francamente, eu não era o tipo de garota que era convidada a ir a festas da galera do colégio. Sequer se lembravam da minha existência, pra ser ainda mais sincera.

Robert logo trancou o sorriso que tinha no rosto e olhou para mim também. Acredito mesmo que estava estudando algumas formas de me dispensar sem ser grosseiro, afinal, ele não ia querer uma Sophie atrás dele enquanto tentasse se divertir.

Não que eu me importasse com isso de ser desconvidada também. Na verdade, não estava nem um pouco interessada em festinhas de gente inconsequente.

— Tudo bem por você? – foi o que Robert disse para mim, voltando a sorrir. Ryan o encarou, parecendo não entender o que estava acontecendo ali, mas quando viu que o Müller não estava brincando, ajeitou a postura e permaneceu observando o desenrolar da nossa conversa.

Devo dizer que, assim como o, em breve, aniversariante, eu também me sentia perdida em meio àquela situação estranhíssima. Robert havia mesmo me convidado a ir com ele em uma festa regada a álcool e drogas ilícitas?

— Você está zombando de mim? – perguntei, cruzando os braços e franzindo o cenho. Ele riu e disse que não.

— Estou falando sério. Vamos comigo, vai ser legal! – completou.

— Eu não vou nessas festas, Robert – lembrei a ele o óbvio. No entanto, o Müller apenas deu de ombros.

— Sophie, pra tudo tem uma primeira vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tenho algumas coisinhas a dizer e escolhi falar ao final, porque sei que pessoas ansiosas sequer leem as notas iniciais euheuehe (sou dessas). Então, antes de tudo espero mesmo que tenham gostado. Estou preparando algo realmente bacana para o próximo capítulo e tomara que minha inspiração não falhe!

Agradeço a todas as pessoinhas iluminadas que comentam, que apoiam e me motivam. Cada acompanhamento e favorito faz com que eu queira dar procedência a essa história. Vocês são demais! ♥ Séeeeeerio.

Aos leitores fantasmas, eu também agradeço. De coração messssmo! hihihi Entretanto, gostaria de reforçar que eu não mordo e amo cada palavrinha que vocês me escrevem. Podem mandar reviews e até MPs - eu vou responder tudo! ♥

Enfim, acho que é isso. Até o próximo capítulo!