Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 4
Capítulo IV • Grande piada


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Sinto que me adiantei um pouco na postagem euheuehe, mas tenho um bom motivo. Meio que eu só posto as coisas na pressa e nunca paro para agradecer a cada pessoinha que me incentiva e me apoia. Então, como hoje estou na tranquilidade de sexta-feira, gostaria de agradecer a Akyra Blandine, a Flávia Paixão, a Della, a Princess of Everything, a KelliNayara, a Lady Allen e a Gabriela Germano por todo o carinho em forma de palavras! ♥

Agradeço também os acompanhamentos e favoritos! Fico imensamente feliz por isso. :D

♥ No mais, boa leitura! ♥



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Ou o Müller havia enlouquecido, ou ele realmente estava tentando socializar comigo – mesmo que isso não fizesse o menor sentido. De qualquer modo, eu ia permanecer odiando a ele e a todos os seus amiguinhos muito mal-intencionados. Era o que eu fazia de melhor – e com razão.

Meu carro tinha sido um presente do meu pai, tecnicamente falando. Ele faleceu quando eu tinha cinco anos, devido a um câncer. Mas, no seu testamento, quando eu completasse meus 16 anos, teria o direito de usar parte da minha herança para comprar o carro que eu quisesse, pois era o presente que ele queria ter me dado pessoalmente.

E agora ele estava estragado.

Os malditos populares do colégio haviam vandalizado meu carro pelo simples fato de não irem com a minha cara. Eu só conseguia pensar em como o mundo era um lugar terrível.

— O que houve com seu carro? – minha mãe perguntou assim que cheguei em casa. Eu havia avisado por mensagem que ele parara na rua de uma das clientes dela e que eu o deixaria ali e iria para casa a pé.

— A garotada do colégio resolveu “brincar” comigo de novo – falei, farta daquilo tudo. Janice parecia querer matar alguém, mas se resumiu em me dar um sermão, como se eu fosse a culpada, dizendo que eu não podia abaixar a cabeça para eles, que eu devia me mostrar superior e etc.

— Eu faço tudo isso, mamãe. Mas eles me adoram muito para me deixar em paz – ironizei e disse que ia tomar um banho.

— Como foi sua aula de piano hoje? – ela perguntou antes que eu me fosse. Há pouco tempo havia entrado nas aulas de piano clássico, e eu fazia duas vezes na semana após o colégio. Eu queria fazer aulas de Culinária, mas piano parecia algo mais requintado para minha mãe e eu devia agradá-la.

 - Foi legal, interessante. – contei e ela sorriu em resposta.

Subi as escadas e joguei minha mochila num dos cantos do quarto. Estava cansada. Cansada daquele dia, das pessoas, da minha mãe. Eu costumava tentar pensar positivo, tentar sempre acreditar que aquilo tudo ia parar.

Mas não.

Samantha não me deixaria em paz, e nenhum de seus amigos.

E minha mãe seria sempre a minha mãe.

Enquanto a água quente do chuveiro caía sobre mim, eu pensava em muitas coisas. Pensava em Robert. O que será que ele estava querendo ao se aproximar de mim? Cogitei fazer parte de algum plano diabólico para, mais uma vez, ferrar com a minha vida.

Não era uma má hipótese.

Na verdade, fazia muito sentido.

No dia seguinte, fazia calor em Dimsdalle, o que seria ideal para pegar um sol. Porém como era dia letivo, a diversão teria de esperar.

Aproveitando que iria de ônibus escolar, segui para o ponto da rua onde meu Sonata estava estacionado, só para me certificar de que ele se encontrava inteiro. De quebra, ligaria para o Sr. Taylor, o meu mecânico de confiança, de modo que ele desse um jeitinho no meu xodó.

No entanto, quando cheguei a rua de trás, eu só conseguia pensar que nem em um milhão de vidas esperava encontrar com aquele garoto tão cedo e em condições tão dignas de desconfiança.

Caminhei com passos firmes em sua direção e o abordei da forma menos delicada possível. Que tipo de merda aquele garoto tinha no lugar do cérebro?

— O que pensa que está fazendo? - questionei Robert, que estava ajoelhado olhando por baixo do carro na sua parte traseira. Agarrei a gola de sua camisa, fazendo com que me encarasse. Haviam várias chaves, garrafas e outros materiais espalhados ao seu redor, jogados no asfalto, e suas mãos estavam totalmente sujas de graxa.

— Te dando uma mãozinha, ué – ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Seus olhos estavam muito azuis naquela manhã, principalmente porque o sol não permitia que suas pupilas crescessem tanto. Eu acabei ficando sem reação, até que ele continuou falando – Poderia, por gentileza, soltar a minha camisa?

E abriu um sorriso simpático.

Soltei-o lentamente, peguei minha chave na mochila e logo caminhei na direção do banco do motorista, destrancando a porta, acomodando-me e ligando o carro.

— Se quiser fazer um teste, dê uma volta pelo quarteirão. Acho que está tudo sob controle – Robert disse, escorando no carro e ficando logo ao meu lado. Olhei-o novamente e não conseguia definir o que eu estava sentindo com relação a tudo aquilo. Por que ele estava sendo tão gentil? Por que estava se importando tanto?

Pedi licença quase sussurrando e fechei a porta. Engatei a marcha e acelerei, disposta a dar uma volta ao quarteirão, como o meu mais novo aspirante a pseudo melhor amigo sugerira. Aparentemente, meu carro estava funcionando perfeitamente e eu não teria de ir para o colégio de ônibus, afinal de contas.

Quando retornei ao ponto de partida, Robert estava juntando todas as suas coisas e colocando no porta-malas do seu carro, que estava do outro lado da rua e eu sequer percebera. Ele parou o que estava fazendo e caminhou até mim, abaixando um bocado e escorando com suas mãos em seus joelhos para me encarar e dar mais um longo sorriso amigável.

— Tudo certo, motorista? - ele perguntou.

Assenti – Tudo certo sim, Robert.

Cogitei abrir um sorriso, mas a verdade é que tudo aquilo era bem duvidoso, então optei por me manter neutra. Ele sorriu e disse que não tinha feito nada de mais, somente o necessário. Acho que ele esperava que eu agradecesse, mas eu também não o fiz. Robert era melhor com as palavras, trejeitos e arte da sedução do que eu podia imaginar – mas eu não cairia na sua lábia, não mesmo.

Tornei a ligar o carro e dei partida, resumindo-me em um até mais, Müller.

Aquele menino só podia estar fazendo hora com a minha cara. Por que justo Robert Müller resolvera ser tão educado comigo? Tão prestativo? Minha cabeça ainda era um emaranhado de pensamentos loucos que não consegui afastar enquanto eu seguia para o Instituto Dimsdalle.

No entanto, esses pensamentos tiveram pouco tempo de duração. Ao chegar ao colégio, fui abordada por Samantha Gray e sua gangue trabalhada na maquiagem e apliques de cabelo.

— Fiquei sabendo que o seu carro parou de funcionar – Samantha disse, fazendo bico e mexendo nos cabelos ruivos com o dedo indicador – É mesmo uma pena, fofa.

— Vocês deviam mesmo me deixar em paz, não acham? – respondi seca e tentei atravessar a muralha de meninas com 50 de QI. Obviamente, elas não permitiram a minha passagem.

— Não terminamos de conversar, Sophie!— ela falou com a sua voz estridente e eu recuei quando ameaçou chegar perto de mim – Você devia sair dessa escola, ninguém aqui se importa com você – ela fez uma breve pausa e prosseguiu – Céus… Você é tão gorda!

Samantha tinha uma fixação por me menosprezar e isso não era nenhuma novidade. Sua mania de me intitular a gorda do século também não. Tudo bem, eu não tinha o corpo atlético dela, porém até onde eu sabia, minha estrutura lipídica era bastante saudável e estava tudo certo para mim.

— Devia comer menos na hora do lanche, não acha? - ela continuava falando, enquanto eu tentava ignorá-la até que se cansasse da brincadeira sem graça e me deixasse passar. Ela era tão patética.

— Sabe, eu tenho aula agora. Se não é importante pra você, pra mim é – falei, abusando do meu deboche e da minha cara de tédio. No entanto, eu me sentia totalmente aflita e incomodada com aquela situação. Ainda ouvia seus insultos e, por mais durona que eu fosse, ouvir todas aquelas coisas me afetavam.

Acredito que afete a qualquer um, eu não seria exceção.

Estava a ponto de ser grosseira e empurrar a nojenta da Gray para que me deixasse passar, quando fui impedida. Uma voz surgiu logo atrás dela e de sua corja e todas as meninas ficaram histéricas.

— Samantha, acho que já deu – era o Müller, escorado nos armários atrás da ruiva e suas amigas, de braços cruzados e com um tom de voz irritado. Ele ainda estava sujo de graxa e parecia mais suado do que antes. O que ele estava fazendo, afinal de contas? Será que o calor havia afetado os seus miolos?

Por que, afinal de contas, ele estava me defendendo?

As garotas se viraram juntas e viram que se tratava do capitão da equipe de natação e, logo, ficaram todas pasmas. Menos Samantha, que manteve a pose, o nariz arrebitado e a cara de galinha metida.

— Rob! Por que está sujo de graxa? Você bebeu? Tão cedo? – ela perguntou torcendo os lábios e franzindo o cenho. Seguiu até ele, prestes a tocar seus braços, quando ele a impediu e andou até mim – O que você pensa que está fazendo? – ela gritou histérica.

— Dando atenção a quem merece – ele disse e, olhando nos meus olhos, ele perguntou se eu estava bem. Ainda um pouco chocada com a atitude dele, só assenti com a cabeça enquanto as garotas seguiam para a classe atrás de uma Samantha enfurecida.

— Por que você fez isso? – eu perguntei, depois de analisar se aqueles urubus já tinham ido embora – Você não precisava ter feito isso, Müller. Eu sei me virar.

— Precisava – ele disse e suspirou – Dá pra você ficar satisfeita uma vez na vida? Que merda.

— Você é meu herói agora? Está me perseguindo? – de repente senti todo o meu incômodo em tê-lo por perto se transformar em fúria e desdém do mais puro tipo.

Não conseguia entender o que se passava na cabeça daquele garoto que, há poucas semanas, adorava rir das minhas desgraças e, desde a nossa prova juntos, insistia numa amizade pra lá de estranha e duvidosa.

Tudo bem, ele tinha consertado o meu carro. Tudo bem, aquilo tinha sido gentil. Porém, todas aquelas informações não me eram nem um pouco fáceis de compreender. Eu não fazia parte do grupo de pessoas com quem Robert costumava interagir, então nada daquilo fazia muito sentido. Não podia fazer.

— Eu estou tentando te mostrar que eu não sou esse idiota que você pensa que eu sou. Ou, pelo menos, não esse completo idiota – ele riu. Acho que ele mesmo sabia reconhecer que era um canalha – E depois de ontem, quero mesmo provar que eu não tive nada a ver com o que houve com o seu carro e...

— Foi a Samantha – interrompi.

— Era isso que ela estava falando com você?

— Sim – lamentei. Em seguida, pensei um pouco. Talvez ele estivesse sendo sincero e eu tinha de ser com ele também. Respirei fundo na tentativa de soar menos irritadiça – Desculpa ter sido grossa com você. Agradeço por ter consertado o que, pelo visto, não estragou, mas eu não devo confiar na sua laia.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos e, em seguida, ajeitou o corpo.

— Você é bem chata – falou sério e sedutor. Na verdade, não sei se aquele era um comportamento sedutor ou se era, simplesmente, ele falando do seu jeito natural. Robert exalava beleza e infelizmente eu tinha que admitir isso – mas eu ainda quero ser seu amigo.

E sorriu.

Aquilo era maluquice demais. Ele realmente estava empenhado em conquistar minha confiança. Mal parecia se lembrar de que os seus amigos adoravam tirar onda com a minha cara e de que o seu mundo era o oposto do meu. Nós não havíamos nascido para sermos amigos. O destino não queria isso.

E eu não ia contradizer o destino.

— Obrigada, mas eu prefiro me manter segura longe de você – respondi e me despedi. Eu tinha aula de Literatura Inglesa e já devia estar atrasada. Não queria mais ter que aguentar todo aquele papo suspeito. Não queria mais ter que pensar naquilo.

Eu e Müller, amigos.

Grande piada!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? ❤ Até logo!



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