Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 3
Capítulo III • Como odeio Sophie Dallas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, galeeeeeeeeera!

Tô na correria hoje, mas parei um pouquinho pra postar mais um capítulo, que espero mesmo que vocês gostem! Agradeço a todos os comentários e vamos que vamos! Estou bem ansiosa, euheueheu.

Boa leitura! ❤



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Que vontade de socá-la.

Eu já sabia do gênio sincero e agressivo da esquisitíssima Sophie Dallas, mas negar um convite meu era muito mais que um absurdo. Era uma grande, enorme, falta de senso do ridículo.

Se não fosse a maldita aposta, eu não teria tido o trabalho de mudar de turma para as aulas de Química, e muito menos estaria me importando tanto com o maldito “toco”. Porém eu deveria continuar insistindo nela – mesmo sem sentir um pingo de atração –, e rastejar por uma mulher nunca fez o meu estilo.

Depois que Sophie me deu as costas, eu me segurei para não chutar a máquina de refrigerantes mais próxima e segui para as aulas seguintes. Quando o último sinal tocou, recebi uma mensagem avisando sobre uma festinha organizada às pressas na casa de Samantha, minha ex-diversão de final de semana. Infelizmente pra ela, eu costumava me cansar muito rápido das coisas e logo decidira que queria dar um tempo na nossa relação.

Rooooob! Você veio! Adorei essa camisa, é nova? – foi o que Sam disse ao abrir a porta da sua casa, com seus cabelos ruivos ensopados e usando um biquíni vermelho, que realçava as suas curvas e seios fartos.

Nessas horas, admito, eu costumava repensar seriamente sobre a minha decisão.

— Claro que vim, Sam. E é sim. O pessoal já está aí? – perguntei, enquanto passava pela porta. Ela assentiu, informando logo em seguida sobre ter cerveja na geladeira externa e, que se eu precisasse de mais alguma coisa, ela poderia me ajudar. A malícia nos olhares e no tom de voz da ruiva me fizeram dar um sorriso de satisfação e pensar em como ela gostaria de me ajudar.

Talvez eu aceitasse.

Chegando à parte de trás da casa, vi que realmente todos marcaram presença. Dylan bolava um baseado, enquanto Josh bebia tequila nos peitos de Vanessa, a melhor e mais rodada amiga de Sam.

Os caras da equipe de natação e do time de futebol se encontravam espalhados pela área da churrasqueira, piscina e quadra – bebendo, fumando e falando alto. Todas as garotas da equipe de torcida estavam presentes também, o que sempre tornava as festas de Samantha inesquecíveis.

— Esse é bom? – perguntei a Dylan, que confirmou – Tô precisando relaxar.

— O que rolou?

— Sophie.

— Seja mais específico, não sou vidente – ele falou, parando o que estava fazendo e me encarando.

Contei que ela se recusara a sair comigo e até mesmo Josh deixou sua bebida bastante interessante de lado para rir da minha cara. Eu queria matar aqueles dois. E Sophie Dallas. Especialmente ela.

— Ah cara, não desanima – Dylan disse, após cansar de tirar onda comigo – a esquisita vai cair no seu papo, beleza? Vamos aproveitar hoje.

Concordei e, logo que o baseado ficou pronto, dei algumas bolas e parti para a bebida e cigarros. A música estava alta, o pessoal estava cada vez mais louco e, quando dei por mim, já era noite e eu estava num quarto.

No quarto de Sam.

Ela vestia apenas uma calcinha, rebolava em cima de mim, e vez ou outra nós nos beijávamos. Seus peitos eram hipnotizantes e eu podia sentir algo acontecer dentro do meu jeans. Não estava mais tão desnorteado, porém ainda não sabia como chegara ali e nem o quanto havia bebido. E, muito provavelmente, eu sequer descobriria.

— Você não quer esquentar mais as coisas, Rob? – ela perguntou ao pé do meu ouvido, quase ronronando. Sua voz macia e seu hálito quente de cerveja eram capazes de levar qualquer homem a loucura e eu pretendia aceitar, quando meu celular começou a dar um show.

— Que merda – era minha mãe, totalmente insana do outro lado da linha – Eu já estou indo, só parei aqui na casa da Samantha – falei ao atender.

— Eu já cansei de falar sobre quando você some, Robert! Você tem um celular: use-o!— ela gritou – Quero você em casa em dois tempos!

E desligou. Simplesmente.

A ruiva fez um bico, pois sabia que eu tinha de ir. Demos mais alguns amassos e logo desci para ir embora. Era tarde e eu tinha aula no dia seguinte – e muito provavelmente dormiria na maior parte dela.

Liguei o carro e dei a partida. A noite estava fria e bem tranquila. Tocava algum hip hop na rádio quando, virando numa das ruas para sair do bairro de Sam, vi um carro parado e uma garota xingando nomes que jamais serei capaz de interpretar. Resolvi reduzir para ver o que estava acontecendo e, se eu pudesse, daria algum auxílio a ela. Abaixei o vidro e, quando encarei a garota em questão, meus olhos queimaram.

Sophie?

Ela estava com a mesma roupa que usara mais cedo, o que me fez deduzir que ainda não passara em casa. Quando falei seu nome, ela ergueu o olhar e logo bufou. Com certeza eu era a última pessoa que ela gostaria de ver naquele momento.

Não diria isto a ela, mas eu compartilhava do mesmo sentimento.

— O que houve? – perguntei curioso.

— Meu carro resolveu não mais ligar – ela contou, cruzando os braços e fazendo uma cara de eu não posso pirar.

Não sou um bom samaritano e muito menos o cavalheiro do ano, mas ali, naquele momento, eu vi a oportunidade perfeita para conquistar o coraçãozinho daquela maluca. Ou, pelo menos, ganhar a sua confiança.

— Eu posso te ajudar, você quer? – falei e, antes que ela respondesse, prossegui – Vou só estacionar o carro, espera aí.

— Não, não, não! – ela começou a dizer e eu pude ouvir enquanto seguia um pouco mais para frente e estacionava. Segurei o riso e respirei fundo antes de sair do meu Mustang e ir enfrentar a fúria.

— Você pode, por favor, relaxar? Só quero te ajudar – falei, no tom mais convincente e educado possível. Ela bufou novamente e começou a tagarelar sobre eu não valer nada, como o restante dos meus amigos.

— Eu não preciso da sua ajuda. – ela concluiu e seguiu até o capô aberto, checando o motor e tudo o que lhe parecesse fora do lugar. O carro dela era um Sonata preto e estava impecável: limpo, sem nenhum arranhão e reluzindo. Ela sabia como cuidar do brinquedinho e era estranho que ele não estivesse querendo funcionar.

Andei até onde ela estava e Sophie parecia querer rosnar de tanta raiva.

— Está tudo em perfeito estado, eu não consigo entender – ela falou para si.

— Você já checou a gasolina?

— O painel está registrando como tanque cheio. – ela me respondeu e, encostando-se ao carro, suspirou fundo com os olhos fechados – Minha mãe vai me matar.

Ela parecia realmente chateada e nervosa e, admito, eu fiquei comovido com aquilo. A Dallas podia ser esquisita, motivo de piada pra muita gente – inclusive pra mim –, mas precisava mesmo de alguma ajuda. Então, sem avisar, corri até o banco do motorista e chequei o painel.

Estava mesmo cheio.

Pensei por um momento que talvez ele tivesse travado. O painel do meu carro uma vez teve um defeito do tipo e isso podia ter acontecido com o dela. Saí dali rapidamente e segui até o meu porta-malas. Eu havia guardado alguns materiais de limpeza do meu pai e aquilo podia ser bem útil naquele momento.

— O que está fazendo? – ela perguntou, seguindo-me.

— Vou testar uma coisa.

Eu só saberia se o carro haveria parado por falta de combustível se ele reagisse diante a minha doação. Pretendia passar um pouco da minha gasolina para o carro dela, por meio de uma mangueira, pressão e muita inteligência acumulada.

Sophie, felizmente, fez o favor de permanecer calada dessa vez. Ela parecia perplexa com a minha atitude e eu sabia que aquilo ia deixar ela um pouco menos arisca com relação a mim.

Ou, pelo menos, era o que meu otimismo esperava.

— Prontinho, vamos testar – falei, sorrindo para ela, que se recuperou e, depois de rolar os olhos, foi tentar arrancar com o carro. No entanto, enquanto ela caminhava até o banco do motorista, percebi algo estranho, que até então eu não tinha notado – talvez por estar à noite, ou talvez por eu ter bebido um bocado antes de estar ali.

De qualquer modo, eu descobri que o carro dela estava mesmo com o tanque vazio, e que mesmo ela conseguindo ligá-lo, como felizmente conseguira, logo o tanque voltaria a ficar vazio e seu Sonata tornaria a dar defeito.

— Sophie, desliga o carro – falei, tentando entender o que tinha sido aquilo. Havia um baita vazamento na parte traseira e aquilo não tinha cara de ser algum defeito casual. Os tubos pareciam terem sido cerrados.

— O que houve? Ele funcionou, ué – ela falou, sem entender o motivo de eu tê-la chamado. Fiz um gesto com a mão para que ela visse os tubos e, nesse momento, a única coisa que ela parecia querer fazer era chorar. Literalmente mesmo.

Ela se virou, escorando nas rodas e se sentando no asfalto, olhando para um ponto fixo. Eu não entendi direito o que ela estava fazendo, até o momento em que ela começou a falar que me odiava.

E que odiava todo o colégio.

— Vocês não prestam.

— Ei, eu não fiz nada disso! – eu disse em minha própria defesa, erguendo as mãos em sinal de redenção. E, sinceramente, eu não havia feito. E sequer ficara sabendo dessa brincadeira de mau gosto. Teria sido engraçado se eu não estivesse ali, vendo o resultado de tão perto.

Ela sacou o celular e mandou uma mensagem. Depois disso, ela pediu para que eu me afastasse do carro. Relutante, obedeci e continuei falando que eu não tinha nada a ver com aquilo. Sophie nunca confiaria em mim. Eu ia perder a maldita aposta e a culpa  seria minha por ter amigos tão sacanas. Não que eu não fosse um sacana também.

Eu só conseguia pensar no que fariam com o meu carro.

— Sophie, é sério! Eu não tenho nada a ver com isso! – não sei quando, mas, de repente, comecei a falar num tom muito mais alto do que estou acostumado.

— Foda-se! Foda-se você e toda a sua turma – ela respondeu a altura e se colocando de pé – Vocês não gostam de mim por eu não ser como vocês, então o que você quer comigo? Me deixa em paz!

Ela pegou sua mochila e depois fechou o carro, trancando e ligando em seguida o alarme. Ignorou o restante da minha insistência em fazê-la acreditar em mim e começou a andar em direção à avenida mais próxima.

Falei que podia levá-la em casa, falei que podia ajudá-la e de nada adiantou. Peguei meu Mustang e a segui, lentamente, pedindo para que ela entrasse na droga do carro. Eu precisava ganhar a aposta.

Eu precisava que ela confiasse em mim para ganhar a maldita aposta.

— Não vou entrar no seu carro, Robert – ela falou, sem nem olhar para mim.

— É perigoso! Está tarde! – eu dizia e repetia, enquanto ela andava tranquilamente sem deixar de me ignorar – Entre no carro, Sophie! Você vai sair por aí sozinha e eu vou me sentir culpado se alguém fizer algo com você.

Foi então que ela parou, respirou fundo e me olhou finalmente.

— Vocês já fizeram algo comigo. Na verdade, já fizeram muitas coisas. – ela disse friamente e depois abriu sua mochila, tirando dela um molho de chaves, com um chaveiro dourado e outros coloridos. Caminhou para dentro de uma casa grande e bonita e eu demorei a perceber que ela morava ali.

A poucos metros de onde o seu carro estava.

Ah, como eu odiava Sophie Dallas.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Comentem! ❤