Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 2
Capítulo II • Convite suspeito


Notas iniciais do capítulo

Hello!

Agradeço muuuuuuito todo o apoio que recebi de vocês - amei cada comentário. E, como forma de agradecimento, estou postando mais um capítulo. Esse está no ponto de vista da nossa protagonista e eu espero que vocês gostem.

Boa leitura. ♥



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O dia amanheceu especialmente ruim naquela terça-feira. Não, eu não sou nenhuma garota de dezessete anos rabugenta e de mal com a vida. Simplesmente tive o azar de não ter ouvido o despertador, atrasado exatos quarenta e sete minutos e, muito provavelmente, ter perdido o meu teste de Química.

Tentei me apressar ao máximo na arrumação – o que não foi tão difícil, afinal, minhas únicas vaidades eram usar bloqueador solar e prender os cabelos em firmes rabos de cavalo.

Por sorte, eu não dependia de ônibus escolar para chegar ao inferno que é o Instituto Dimsdalle. Joguei-me dentro do meu carro e parti para a escola. Mamãe não estava em casa, então ela não saberia do meu atraso – ou, pelo menos, era isso o que eu esperava.

Caso contrário, a Srta. Janice Dallas ficaria um tanto quanto bastante nervosa. Ela é muito incisiva na minha boa educação, e exige sempre notas altas e comportamento exemplar. Felizmente para ela, eu nunca tive tendências a rebeldia. Na verdade, nunca tive nem contato com esse lado obscuro da juventude atual.

Minha mãe é do planeta da advocacia e está sempre indo e dando boas festas politicamente corretas. Meu convívio sempre foi tão maduro quanto a minha avó Jeneviv, e talvez isso tenha afetado um pouco as minhas relações do colégio.

O que quero dizer é que eu não sou muito sociável com pessoas da minha faixa etária. Nunca fui e, provavelmente, continuaria não sendo até o momento em que cheguei exasperada e ofegante ao colégio naquele dia.

O lugar estava praticamente vazio, o que significava que as aulas já haviam começado. O ponto positivo em ser uma pessoa que não causa problemas, é conseguir ser liberada na portaria facilmente e ter a chance de tentar entrar na sala do Sr. Turner para fazer a prova de Química Orgânica.

Eu havia estudado muito para ter de fazer a segunda chamada – com o triplo da matéria.

Toc-toc.

Essa era eu, batendo à porta da sala 23 e implorando para que aquele cara que costumava ser tão simpático comigo não estivesse de mau humor e me deixasse entrar.

— A senhorita não está – o homem armário de quase dois metros de altura apareceu abrindo a porta. Vestindo seu jaleco bem passado e checando a hora em seu relógio de pulso, prosseguiu – quinze minutos atrasada?

Conferi o meu – Na verdade, quatorze, Sr. Turner – eu disse prontamente e mais que imediatamente me arrependi por tê-lo corrigido.

Infelizmente, ser filha de uma advogada de sucesso e ter crescido em meio a tantos outros da mesma área, fez com que eu me tornasse uma pessoa um tanto quanto muito correta e detalhista.

E, naquele momento, o que eu menos devia ser era detalhista.

Por sorte e ao contrário do esperado, ele deu um sorriso torto e cerrou o olhar como quem diz ainda bem que vou com a sua cara e eu pude respirar, pois percebi que não tinha me dado mal.

Ainda.

— Entre, Sophie. O Sr. Müller precisa de uma parceira – ele avisou, enquanto eu entrava na sala e percebia que a prova seria realizada em duplas. Eu nunca curtira avaliações em conjunto, já que sempre acabava fazendo o trabalho dobrado por conta de pessoas que não se davam ao trabalho de estudar sequer uma linha.

E quando ele disse “Sr. Müller” eu tentei não entrar em pânico.

Robert Müller estava na minha turma não fazia muito tempo – e até hoje não sei como ele foi parar lá. Não o conhecia, nunca sequer me direcionara a ele, mas sabia da sua fama de mulherengo, baderneiro, atleta cobiçado e tantas outras coisas que faziam dele um indivíduo considerado especial no mundo adolescente.

Sim, o que estou tentando dizer é que ele era um dos populares.

E eu nunca fui muito fã dessa facção do colégio.

Principalmente, porque ele era amigo – e ouvi boatos de que tiveram um lance por um tempo também – de Samantha Gray, a líder de torcida clichê e malcriada, que me odiava desde a 1st Grade, pelo simples fato de que, na época em que éramos vizinhas, eu ter ganhado um parque de areia no jardim e ela não.

Até hoje ela me atormenta com piadinhas de baixo calão ou fazendo seus amiguinhos da equipe de futebol esconderem meus pertences. Eles se acham superiores a todo e qualquer estudante e, o que mais me chateia, é que o restante das pessoas por aqui, acreditam que isso é verdade.

Mas não é.

— Olá – foi o que ele disse em voz baixa, quando eu finalmente me sentei ao seu lado – Eu sou Robert, mas pode me chamar de Rob.

— Oi, Robert – falei, incerta sobre aquilo – Sou Sophie, e pode me chamar de Sophie, se você se lembrar de mim depois que o sinal tocar e formos para salas diferentes.

Abri um sorriso sarcástico e me voltei para o professor, que entregava os testes. Uma folha para cada dupla, o que significava que, muito certamente, eu teria de realizar toda a prova, mesmo com a presença de Robert ao meu lado.

Ele não tinha cara de gostar de Química Orgânica.

Talvez a praia dele fosse Anatomia Humana. Principalmente a feminina.

— Você estudou? – perguntei, ao me deparar com muitas cadeias saturadas e insaturadas e fórmulas moleculares para decifrarmos.

Ele, mais do que prontamente, pegou a folha e começou a preencher alguns dos questionários. Sua letra era pequena, bem traçada. Não se parecia com os hieróglifos que costumam ser as letras de menino.

Assim que terminou, checou e me entregou, alegando que isso era tudo o que sabia. Peguei o teste e revi. Apesar de ter deixado algumas alternativas em branco, tudo o que preenchera estava correto e bem explicado. Sorri diante daquilo e terminei o trabalho que ele havia começado.

— Tem certeza de que está certo? – ele me perguntou. Seu tom de voz indicava duvidar, ou fingir duvidar, da minha capacidade intelectual. Estava, sem sombra de dúvidas, tentando me deixar irritada. Ou algo próximo disso.

— Absoluta – afirmei e me coloquei a encará-lo, pronta para o combate.

E, antes mesmo do combate começar, eu percebi que nunca tinha reparado verdadeiramente nele. Na verdade, nem oportunidade para isso eu havia tido. Eu costumava ignorar ao máximo as pessoas do Instituto Dimsdalle. Mas ali, naquele momento, eu descobri que seus olhos eram realmente azuis.

E que seu nariz parecia ter sido esculpido, feito exatamente para combinar com o par de sobrancelhas grossas e élficas que ele carregava no rosto. Ele tinha razão em conquistar tantas garotinhas desmioladas.

Ele era muito atraente. Perigosamente, eu diria.

— Tudo bem, então. Vamos entregar isso logo – ele falou e chamou pelo professor, que ficou confuso, mas bem satisfeito por termos sido os primeiros a terminar e, aparentemente, mandado bem na nota final.

Assim que o alarme para a troca de aulas soou, eu me despedi do Sr. Turner e agradeci por ter me deixado entrar depois do horário. Peguei minhas coisas e segui em direção a sala da Economia Doméstica que, por mais estranho que pudesse parecer, era a minha aula predileta.

Cozinhar sempre fora minha grande paixão.

Mamãe sabia que eu adorava decorar bolos e criar pratos principais com carne branca e muitas ervas aromáticas, mas ela não me apoiava para seguir carreira, o que me deixava um tanto quanto triste, afinal, era isso o que me fazia bem e ela não queria que eu alimentasse esperanças sobre ganhar a vida cozinhando.

— Ei, Sophie – ouvi alguém me chamar no corredor. Na verdade, não era alguém, eu sabia que se tratava dele.

— O que você quer, Robert? – perguntei, mais interessada em sair dali e ir para a minha aula.

— Pensei em te chamar pra sair, comer alguma coisa, talvez…

— Olha só, não estou interessada – eu o interrompi bruscamente. Por que ele estava me convidando para sair? Nunca sequer falara comigo, e agora éramos super amigos de laboratório? – mas aposto que você pode conseguir outra pessoa para te ocupar, certo? Obrigada pelo convite.

E saí, sem nem olhar pra trás.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Gostaram? ♥