Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 17
Capítulo XVII • Escoltada


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei pra caramba, pra caramba MESMO.

Queria muito ter finalizado essa história no ano passado, mas a rotina corrida, a falta de ânimo e muita procrastinação me impediram completamente. E eu sinto muito :(

Ainda estou insegura com relação a esse capítulo, porque tem muito sentimento rolando, e eu precisava que isso ficasse bem explicado. Espero que esteja.

No mais, desejo uma excelente leitura.

E, plis, leiam as notas finais! ♥



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Eram por volta de seis da manhã quando finalmente chegamos a Washington. O quarto no qual ficaríamos hospedados era grande, e eu dividiria com Dylan e Josh - coisa que teria me deixado muito satisfeito há algumas semanas.

Agora, era no mínimo estranho.

Meu rosto ainda estava dolorido e esverdeado por conta do golpe que ganhei do meu suposto melhor amigo, totalmente insano com a ideia de eu estar afim de Sophie Dallas.

Qual é, aquilo era maluquice.

Eu gostava dela sim, como amiga. A gente tinha se beijado, beleza, mas não passara de calor do momento. Talvez uma química amistosa. Ou só hormônios demais.

Não sabia como explicar minhas emoções com relação à nerd, mas não era amor. Não podia ser amor

— Que merda, esqueci minha toalha. E minha touca - Josh reclamava sozinho, arrumando suas coisas próximo a cama.

Dylan, por sua vez, estava quieto. Sequer tocara na bagagem desde que botamos os pés no hotel, resumindo-se em observar a paisagem caótica e emitir sons baixos e sem muito ânimo.

Infelizmente, não posso dizer que agi diferente. Também mantive meu silêncio quase intacto, respondendo Joshua vez ou outra e evitando contato visual com o McAdams.

Honestamente, aquilo podia até não ser a melhor decisão, mas o que eu devia dizer a ele? Não fui eu quem pisara na bola. Não menti, nem omiti e muito menos revidei o ataque. Eu me controlei, e deixei que ele fosse embora sem nenhum hematoma.

Fui um amigo exemplar, por mais que duvidasse de mim.

Tão exemplar, que o desafio ainda estava de pé e rondava a minha mente, principalmente após a discussão com Dylan. 

Eu não estava apaixonado, e aquela viagem podia mesmo mudar tudo.

...

Pouco tempo depois da nossa chegada, e logo após o café da manhã, os professores que nos acompanhavam solicitaram "cordialmente" nossa presença no hall do hotel, ameaçando notificar os pais daqueles que resolvessem enrolar.

Assim sendo, logo todo o último ano se aglomerou por ali, causando um tumulto na portaria, tagarelando alto e fazendo um escândalo danado por “estarem indispostos e com muito sono”. Talvez eu estivesse ficando maluco, mas realmente comecei a pensar que aquela conversa era mesmo muita imaturidade.

Não passávamos de adolescentes superficiais e ingratos, mesmo tendo tudo nas mãos. Porra, aquela viagem tinha sido organizada para abrir nossos olhos quanto ao futuro profissional, e o mínimo que deveríamos fazer é mostrar respeito e parar de reclamar.

Balancei a cabeça em negativa e, percebendo que nada de bom viria daquele bate papo, resolvi me sentar numa das poltronas ali disponíveis, sem deixar de reparar nas pessoas ao meu redor.

E, bom, Sophie não estava por perto.

Olhei mais um pouco, erguendo o pescoço vez ou outra, e definitivamente não a vi no meio da galera e em lugar algum.

Estranho, pensei.

Até cogitei a ideia de me levantar e ir procurá-la, afinal, se ela não aparecesse, teria problemas com sua mãe. Contudo, e após fazer alguns cálculos mentais, percebi que, caso ela não desse as caras, podia significar que ela já estava com problemas, afinal a Dallas nunca fez o tipo de gente que perde a oportunidade de visitar universidades importantes.

Ou, simplesmente, de uma pessoa que quebra regras sem um motivo.

— Sua mulher não chegou, se é isso que está procurando - Joshua comentou, jogando-se logo ao meu lado com um sorriso malicioso no rosto.

— Não faço ideia do que está falando - desconversei. Como ele sabia que eu estava pensando naquela nerdzinha?

— Por que insiste em negar que sente algo por ela? - ele perguntou curioso, cruzando as pernas e se aproximando de mim para que não precisasse falar muito alto.

Naquele momento, diversas situações passaram por minha cabeça – cada uma a sua maneira e intensidade. Não fazia tanto tempo que havíamos nos conhecido de verdade, mas eu concordava sobre o fato de que estar na presença de Sophie naqueles últimos dias tinha sim me dado uma perspectiva diferente da vida.

Então é, eu sentia algo por ela, mas não era nada romântico.

Até porque, e parando para analisar a fundo toda a situação, caso estivesse mesmo apaixonado por ela, eu já teria desistido do desafio e de todo o resto – ou seja, minhas amizades, meu status no colégio, minha vida como eu conhecia.

Mas não era pra tanto.

Sophie era só uma boa amiga que fiz por acaso, e que casualmente eu perderia, já que ela certamente não me perdoaria por sacaneá-la – o que talvez fosse até bom. Pelo menos, ela poderia tocar sua vida sem me ter por perto pra causar tantos problemas. Ela poderia voltar a se concentrar nos estudos, nos seus hobbies e...

— Aquele ali é o Anderson com a Sophie? - Josh perguntou mais pra si do que pra mim, me tirando das minhas viagens e pensamentos inúteis sobre o futuro da minha relação com a Dallas.

Esse babaca...— ameacei levantar da poltrona, e senti os dedos do meu amigo se enroscarem no meu pulso. 

— Calminha aí, rapazinho! - ele sussurrou, olhando ao redor para garantir que ninguém havia visto meu momento de instabilidade emocional. Que merda estava acontecendo comigo, afinal de contas? - Eles só estão caminhando um ao lado do outro, Müller. Trate de acalmar esse seu ciúme.

— Não estou com ciúmes, Joshua. Quer calar a boca?

— E por que está estrangulando o braço da poltrona, posso saber? - ele questionou com um riso sarcástico no rosto, verificando enquanto eu pressionava com toda a minha força o acolchoado do móvel.

Ok. Talvez eu estivesse exagerando.

Exagerando de novo — foi o que pensei, e estremeci com a lembrança da sorveteria.

Quão imaturo eu podia ser?

Fred só estava ajudando ela com as muletas e fazendo o papel de bom moço para o qual, pelo visto, ele tinha o dom.

Eu tinha que ligar o foda-se com relação àquilo. Fred não iria roubar Sophie de mim tão facilmente. E eu cumpriria aquela aposta: ia levar aquela nerd pra cama custando o que custasse.

E McAdams teria que me pedir perdão de joelhos.

.

.

.

Ok. Talvez a missão "separar Fred de Sophie" fosse um pouquinho mais difícil do que imaginei.

Já estávamos perto do fim da primeira visita, caminhando pelo corredor do Centro Universitário Santíssima Trindade, e o infeliz se manteve como um cão de guarda ao lado daquela nerd, sem desgrudar nem por um segundo - e sempre trocando sorrisinhos e comentários em meio às explicações.

Mas pior que ter de assistir as investidas do Anderson era, sem sombra de dúvidas, perceber o quanto aquela garota gostava da sua presença e de suas conversas intermináveis. Na real, ela gostava de ter a atenção dele, e isso só servia pra me deixar cada vez mais puto.

Eu realmente tinha que agir, tinha que impedir que todo aquele blá-blá-blá se transformasse num beijo daqueles, ou eu estaria muito ferrado, e minha reputação desceria ladeira a baixo sem força de atrito que a fizesse parar.

Costumava ser muito bom com as garotas, mas a Dallas existia pra provar que, nessa vida, nem tudo vem fácil – e que sempre existem exceções. E, por mais orgulhoso que eu costumasse ser, devia admitir que ela, de um jeito muito inusitado, era a minha maldita exceção.

Se foi milagre ou universo com pena de mim, eu não sei. O fato é que, alguns passos depois, o Anderson finalmente pareceu ter encontrado ração em outro lugar, e, aproveitando da distração dele e do restante da turma, todos aflitos para irem logo almoçar, diminuí o passo para "alcançar" Sophie, que vinha caminhando lentamente - e com certa dificuldade - logo atrás do grupo.

— Ei, Sophie - falei casualmente, como se não tivesse calculado nada daquilo. Ela me olhou pelo canto dos olhos e eu senti meu estômago esfriar - Como você está? - perguntei, respirando fundo e tentando manter as coisas estáveis dentro de mim.

— Bem. Mas eu devia ter ficado em casa - ela respondeu e deu uma risadinha.

— Hum... Em casa? Por quê?— perguntei realmente curioso, afinal de contas, pra mim ela parecia estar curtindo bastante aquela excursão, agarradinha ao Frederick Anderson.

Sophie olhou pra mim por alguns segundos longos demais, e eu jurava que ela pretendia me dar uma resposta muitíssimo elaborada. No entanto, e por fim, acabei recebendo apenas um "estou cansada" e um dar de ombros bem desengonçado.

— Bom, mas se você ficasse em casa, não iria conhecer a Universidade de Washington... nem o bloco de Gastronomia— lembrei, cutucando de leve em seu braço. Sophie estava vestida em tons claros e com o cabelo preso numa trança frouxa com vários fios soltos, que balançavam conforme andava, o que só deixava ela ainda mais delicada do que de costume.

Como se isso não fosse suficiente, o sol fez o favor de invadir o corredor naquele instante, iluminando ela de um jeito que foi impossível não notar o quão linda Sophie era capaz de ser. E de um jeito só dela. Sei lá, era como se tivesse saído de um filme meio clássico adolescente. Nunca vou saber se isso faz algum sentido, mas era assim que eu a via.

E ela parecia um anjo, ainda que de muletas.

— Você está louco para dividir a mesma universidade comigo, não é mesmo? - ela perguntou cheia de ironia, abrindo um sorriso um pouco maior, e fazendo referência a uma conversa que havíamos tido. Engoli em seco diversas vezes, me sentindo ansioso sem motivo algum.

Eu precisava manter a postura e parar de surtar daquele jeito. Ela só estava brincando, como eu havia feito com ela no colégio.

Mas não teve jeito. A voz de Dylan me acusando de estar apaixonado voltou a invadir a minha mente. Que droga. Eu não me sentia dessa forma, éramos amigos. E Sophie era uma garota muito bonita e durona com quem eu gostava de passar o tempo. Anormal seria se eu não me sentisse daquele jeito com relação a ela.

— Não viaja - desdenhei. A essa altura, já estávamos na saída do prédio - Você é que está louca pra curtir a vida de universitária comigo.

— Desce desse altar, Müller - Dallas respondeu, enquanto observávamos de longe os outros alunos entrarem no ônibus. Uns minutinhos a mais, e chegou a nossa vez.

— Vem, deixa eu te ajudar – falei no automático, e em seguida segurei seus apoios de metal em uma das mãos, e em sua cintura com a outra. Com os braços entrelaçados ao redor do meu pescoço, Sophie agradeceu algumas vezes, e logo estávamos embarcados.

— Vamos sentar aqui - ela disse e eu, honestamente, pretendia concordar e me juntar a ela. Por alguns minutos nós permanecemos isolados em uma realidade paralela, e não posso negar o quanto era tranquilo por lá. Mas, ao erguer minha cabeça e olhar para o fundo do ônibus, vi a galera cochichando, rindo e nos encarando sem disfarce.

Dylan obviamente estava no meio.

Por um instante, cheguei a pensar no que poderiam estar falando sobre mim, mas não demorou até minha ficha cair sobre algo ainda pior e mais sério: o que será que falavam dela?

Tornei a olhar pra Sophie, que se acomodava num dos bancos da frente, e foi impossível ignorar os fatos que caíram no meu colo.

É, tinha muito mais em jogo ali do que somente a minha vida. Era foda admitir, mas definitivamente naquele instante me senti tomando um banho de água fria, tendo que aceitar tudo o que, até o momento, eu vinha engolindo.

Eu gostava dela sim. Não era amor, mas eu gostava. E sim, também me sentia totalmente responsável por qualquer coisa ruim que acontecesse a ela - aquele tornozelo machucado, por exemplo, era prova disso.

Aquilo era culpa minha.

Mas ao mesmo tempo eu só... não sabia o que fazer. Transar com Sophie era o trato que tinha com meus amigos de anos. Nunca havia precisado pensar em outras pessoas além deles. Sair da bolha sempre foi difícil pra mim.

Sair da bolha e fazer uma amizade fora dela então, nem se fala.

No fim das contas, e naquele instante, eu só precisava destravar e tomar uma atitude. Olhei ao redor e, pelo que percebi, Anderson não estava presente. Certamente acabou entrando no outro ônibus. Assim sendo, ninguém tentaria se apossar da companhia de Sophie novamente caso eu me afastasse.

E eu realmente não queria que passássemos a viagem ouvindo risadinhas e piadinhas sussurradas. Ela não merecia nada disso. Portanto, e após analisar da melhor maneira que consegui naquele rápido instante, eu acabei avisando que não sentaria com ela, mas sim ao fundo, com o time de futebol.

— O quê? Por quê?— ela perguntou baixinho, olhando para meus amigos por cima do banco.

— Eles... bom... Foi o combinado - menti com plena consciência de que aquela desculpa tinha mesmo sido péssima.

Sophie pareceu pensativa enquanto seus olhos castanhos vasculhavam tudo o que estava ao nosso redor, de um jeito confuso. Meu estômago ainda estava gelado quando ela, finalmente, tornou a me olhar de volta.

— Você está... com vergonha de mim? - perguntou com aquele ar de dedução.

Porra. Não. Não mesmo!

Eu queria gritar que não estava. Queria sentar ali e simplesmente protegê-la o resto da viagem. Mas aí continuaria sentindo aquelas coisas estranhas, e os caras ficariam sacaneando e falando sabe lá Deus o quê a seu respeito, o que aliás não era justo, quando o babaca da história era, justamente, eu.

...

A hora do almoço chegou e retornamos juntos ao hotel para uma refeição ao estilo Hogwarts, onde todo o último ano dividiu uma única mesa no meio do salão reservado para o Instituto Dimsdalle.

No caminho, tentei diversas vezes me aproximar de Sophie novamente, mas, por um motivo bastante claro, ela apenas olhava em minha direção e logo em seguida, mesmo mancando, apressava o passo, ou fingia não notar a minha presença.

É, eu havia sim negado aquela ideia maluca de "ter vergonha" dela, no entanto não acho que ela se convenceu disso. Principalmente, porque me mantive firme na decisão de me juntar a minha gangue de idiotas. Era mesmo o meu lugar.

E eu merecia passar por tudo aquilo. 

Foda. Estava tudo uma merda, e as coisas ficavam sempre mais esquisitas quando eu me pegava pensando no fato de que eu estava me doendo por Sophie Dallas.

Que tipo de mel aquela garota tinha no corpo pra me fazer sentir daquele jeito?! Eu, Robert Muller, capitão da equipe de natação, com musculatura definida, dentes brancos e definitivamente o tipo ideal de qualquer mulher em sã consciência.

Talvez o pessoal tivesse razão nesse ponto: ela só podia ser muito doida para não perceber o que estava perdendo. Ou talvez maluco fosse eu por levar em conta a opinião de tanta gente babaca, ao invés de prestar atenção naquela criaturinha, que mesmo naquelas circunstâncias, tinha sim adquirido um lugar na minha vida.

Contrariado, decidi parar de pensar nisso e me juntar à Joshua e aos outros caras, que falavam sobre carreira, notas e provas finais. Por certo tempo, consegui distrair a minha cabeça e me concentrar no futuro, afinal, eu não seria capitão para sempre.

Uma hora ou outra deveria assumir a vida adulta, e tinha medo de não estar tão pronto como gostaria.

— E aí, vamos dar uma volta pelo bairro hoje? – Josh mudou de assunto após algum tempo. Conforme o cronograma, logo após o almoço visitaríamos a minha tão esperada Universidade de Washington, e depois estaríamos liberados para dar uma volta pra ver a cidade.

Honestamente, ainda estava ansioso para visitar a universidade, mas com tudo aquilo acontecendo na minha vida pessoal, pensar em sair era uma das últimas coisas que planejava fazer.

Só queria não estar vivendo aquela situação complicada envolvendo Sophie Dallas. Só queria que tivéssemos nos conhecido em uma situação mais adequada, e que minha reputação ou qualquer coisa assim não estivesse em jogo.

Enquanto os caras combinavam de ir até uma pizzaria por ali perto, comecei a refletir sobre minhas decisões. Me questionar, na verdade. Transar com Sophie era tentador, e não digo isso só porque estava envolvido num desafio maluco, querendo provar a todo custo que eu ainda era digno da admiração e do respeito colegial.

Digo isso como um homem que realmente aprecia o sexo oposto.

Mas ao mesmo tempo me parecia errado fazer isso dentro dos termos de Dylan. Eu realmente me importava com ela, droga. Então... será que ele tinha razão? Será que eu estava sentindo coisas por aquela garota?

Virei meu pescoço, distraído, e ali estava Sophie, cortando um bife como uma dessas personagens que só vemos nos filmes, ou propagandas de comercial de margarina. Assistir aquilo em câmera lenta dentro do meu cérebro me fez pensar ainda mais no soco que eu tinha ganhado.

E se eu... E se de repente eu realmente estivesse...?

O que eu faria?

...

A visita à Universidade de Washington tinha sido excelente. Tinha mesmo. Conhecer alguns dos professores do curso de Administração, visitar as salas de aula e imaginar a possibilidade de estudar ali era, de fato, de mexer com a cabeça de qualquer um que tivesse o mínimo interesse em ter um curso superior no currículo.

No entanto, admito: tudo teria sido melhor se ela estivesse afim de olhar na minha cara.

Mas não estava.

Perdi a Dallas para o Anderson, que a escoltou mais uma vez durante todo o percurso, e sempre aos risos, em especial quando passávamos pelo bloco de Gastronomia – que, a propósito, também era impecável e digno de receber aquela nerdzinha.

Gostaria de ter dito isso a ela, porém não deu.

Mais tarde, voltamos para os nossos quartos e, tão rápido quanto uma chuva de verão, vi todo mundo se arrumar para jantar fora.

Eu não estava no clima, mas vesti uma roupa bacana e segui aquele bando de idiotas, que só sabiam falar do que pretendiam fazer com as garotas quando retornássemos ao hotel.

— Você está quieto. O que aconteceu? – Josh perguntou quase sussurrando. Dylan estava por perto, e vi que ele ficou nos encarando e tentando ouvir a conversa.

— Sono, muito sono – menti.

— Devo fingir que acredito, ou...? – ele respondeu.

— Finja que acredita, por favor – pedi. Não queria que Dylan ouvisse e ficasse sabendo das conversas que costumava ter com Joshua, e nem de coisa alguma a meu respeito. Eu só precisava provar que ele estava errado, por mais difícil que isso estivesse parecendo ser com tantas evidências contra mim.

...

A noite foi longa para a maioria da turma, mas não para mim. O pessoal deu um jeito de beber às escondidas, e acho que até rolou sexo em um quarto ou outro.

Já eu não consegui curtir nada.

Não vi Sophie desfilando pelas ruas de Washington e nem no hotel. E também não tive coragem de ir procurá-la, afinal, estava irritada comigo.

Presumindo que já tivesse ido dormir pra aproveitar a última visita, acabei fazendo o mesmo, e por isso é que acordei tão cedo na manhã seguinte - bem antes do horário previsto pelo alarme.

Na verdade, meio que ouvi pessoas conversando no corredor e não pude evitar a curiosidade.

Olhei ao redor e Joshua babava ao meu lado, enquanto Dylan estava coberto até a cabeça. Por isso, e ao me levantar, tentei não fazer muito barulho para não atrapalhar a soneca das crianças.

Caminhando bem devagar, finalmente alcancei a porta, destranquei e girei a maçaneta. Ao abrir, admito que já estava pronto para encontrar algum tipo de problema - sei lá, atletas na pegação, líderes de torcida escondendo um baseado, ou até mesmo algum dos esquisitões tentando espionar alguém pela fechadura.

Diversas situações possíveis passaram por minha cabeça, mas não aquilo.

Aquilo ia muito além do que eu poderia julgar errado.

Senti meu estômago oscilar entre quente e frio. Meu coração acelerou, os joelhos tremeram e uma confusão se instalou dentro da minha cabeça, que tentava a todo custo entender o porquê de Sophie Dallas ter deixado o quarto de Frederick Anderson àquela hora da manhã.

Por um breve momento, cogitei a possibilidade de intervir e perguntar o que diabos tinha dado na cabeça daquela garota para estar no quarto de outro cara.

Quero dizer.. ela tinha dormido ali?!

Pensar nisso só me fez sentir mais e mais aflição, e uma vontade tremenda de arrebentar o rostinho de Fred. Que merda. Eu já não havia avisado pra ele ficar longe? Então por que ele continuava voltando sucessivas vezes?!

Não bastava ajudar com as muletas e pronto?!

Respirei fundo. Tão fundo que pensei ter sentido uma vertigem pesada, dessas que escurecem nossa visão e nos levam direto a um desmaio digno de Bela Adormecida.

Pena pra mim que passo longe de ser uma princesa da Disney.

Quem me dera eu fosse. Pelo menos algo teria acontecido para me impedir de ver o que eu vi. No entanto, nem mesmo voz eu encontrei para gritar com aqueles dois babacas.

Quando Sophie se virou para ir embora, Fred a segurou pelo pulso e a puxou de volta. Sem perder tempo, encostou a sua maldita boca na dela, forçando um beijo aparentemente sem graça, mas que me destruiu por dentro.

Meu estômago tornou a esfriar e esquentar; o coração parecia querer sair pela boca. Eu estava tão perdido, tão furioso e magoado.

Eles tinham mesmo se beijado. Sophie tinha beijado ele.

Ela... ela... não era pra ela beijar outra pessoa além de mim, era? — foi o que pensei na hora.

Sophie— falei, recuperando parte dos sentidos. E acho que nem foi tão audível assim, porém pareceu suficiente para fazer aqueles dois se desgrudarem.

Silêncio. Olhares. Confusão.

— R-Rob ..


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?

Gostaria de saber também o que vocês esperam para a conclusão de Mudança de Planos. Tenho algumas ideias prontas, mas estou aberta a sugestões.

Obrigada por todo apoio, e mais uma vez peço desculpas pelo sumiço.

Amo vocês, e até o próximo capítulo!



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