Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 15
Capítulo XV • Coração


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vai o clima de fim de ano, hein?

Por aqui, tudo anda uma correria só - como sempre. Contudo, convenhamos, dessa vez até que eu não demorei tanto, né? Até porque leitores fofinhos merecem presente de Natal, e o Capítulo 15 é meu presente pra vocês. - ho! ho! ho! ✨

Então, é isso. Boa leitura! ♥

Ps.: Ah, não se esqueçam das Notas Finais. Tem recadinho lá!



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Depois do apedrejamento literal armado por Sam, minha cabeça, que já não andava muito no lugar desde que Sophie entrara de vez na minha rotina, se retorceu ao ponto de virar do avesso. Que tipo de pessoa era capaz de uma coisa como aquela? Por qual motivo?

E se alguém se machucasse?

Por conta de tantos questionamentos que eu me fazia, acabei ficando incomodado de verdade e senti que precisava dar um jeito naquela situação. Mesmo que Sophie já tivesse ido falar com o Diretor, comecei a pensar que não era suficiente.

Juntamos todos os cacos de vidro, limpamos o chão e, logo, eu me despedi da Dallas. Não contei nada à nerd, mas pretendia encontrar Joshua e, por mais bizarro que fosse, queria ouvir sua opinião, e quem sabe até algum conselho.

— Tranque a casa, tá legal? - estávamos na sua porta, e ela assentiu em resposta, garantindo que ia ficar tudo bem.

Seus olhos castanhos tremulavam na minha direção, e ela não parava de morder a parte interna da sua boca. Eu podia sentir o quanto ela estava apavorada, por mais que não tivesse posto em palavras.

Quase inconscientemente, eu me aproximei e, tocando seu rosto, nós nos beijamos mais uma vez.

A caminho da casa de Josh, me perguntava se aquilo ainda tinha a ver com apostas e desafios, e torcia para que sim, embora meu cérebro continuasse me acusando de algo completamente contrário.

...

— Ouvi o pessoal falando algo sobre atacar um lugar, mas não sabia que era sobre a casa da nerd – Josh contou ainda surpreso com o que havia acontecido. Estávamos assentados na beirada da piscina, no jardim dos fundos da sua casa, vigiando seus primos menores para que não se afogassem no auge de seus oito anos de idade.

— Essas coisas estão indo longe demais – afirmei, e não levou mais que dois segundos pra ele soltar uma risada seca.

— Müller, essas coisas sempre aconteceram com ela – Josh disse – Você é que nunca se deu ao trabalho de prestar atenção de verdade.

Foi como tomar um soco no estômago.

E, pra ser bem franco, eu não sabia o que era pior: me dar conta de que Joshua não era um tremendo tapado, ou enxergar o quanto fui um babaca no colégio; o quanto fui um babaca com Sophie.

Era óbvio que ela sempre sofreu nas mãos dos... bom, dos meus amigos mais próximos – principalmente as líderes de torcida. E, no fim das contas, eu só me espantara, porque agora, querendo ou não, ela também era minha amiga.

— O que eu faço, então? – perguntei realmente carente de uma direção.

— ...

— ...

Deve ser uma merda estar apaixonado, né?— Josh falou depois de um tempo, e começou a rir sem parar.

— Eu não estou apaixonado – disse, sentindo meu coração acelerar. De onde ele tinha tirado isso?

— Oh! Claro que não, eu é que estou – ele deu dois tapinhas nas minhas costas, e continuou se contorcendo de tanto rir – Ei, meninos, o tio Rob está apaixonado!

Logo, os dois primos de Joshua, que brincavam dentro d’água, começaram a cantarolar em alto e bom som, que eu estava apaixonado, enquanto me resumia a pensar na merda que havia feito escolhendo visitar Josh em vez de pedir ajuda a alguém com maturidade suficiente para entender o que eu estava passando.

— Eu. Não. Estou. Apaixonado. Droga — falei mais uma vez, sentindo todo meu corpo esquentar e esfriar diversas vezes. Dessa vez, Joshua se conteve e apenas rolou os olhos, pedindo também para que os primos me deixassem em paz.

— Se você quer ajudar a nerd, vai ter que ser esperto e ter sangue frio – ele começou a dizer, e eu senti meu coração retomar o equilíbrio de seus batimentos cardíacos. Josh estava falando sério dessa vez – Existem câmeras de segurança na quadra, e se estiverem funcionando, certamente captaram imagens daquele rolo com a toalha.

Ele explicou que o Instituto Dimsdalle não investe tanto nas câmeras de segurança que têm, e por isso muitas dão defeito e deixam de filmar. Contudo, e com sorte, eu conseguiria evidências mais concretas do que as montagens que Sophie entregara na Direção, capazes de punir de verdade Samantha e suas amigas.

E era justamente nessa parte que entrava o meu sangue frio.

Por mais perversas que fossem, elas faziam parte do meu circulo de amizade, e sempre tivemos um pacto de proteger uns aos outros. Portanto, analisando o caso de uma forma bastante dramática, o que eu estava prestes a fazer podia ser intitulado como traição.

E das grandes.

...

Terça-feira chegou como um sopro.

Joshua me ajudou com as orientações para chegar até a sala da Segurança, e ainda me deu seu molho de chaves do colégio – fruto de um suborno pago ao zelador num passado não muito distante –, e prometeu que não comentaria nada sobre o que eu estava prestes a fazer.

Quando perguntei o motivo para tanta colaboração, ele deu de ombros, pigarreou limpando a garganta e soltou entre risos:

Se é por amor, vale a pena, cara!

Bufei em resposta, mas decidi não discutir para não correr riscos de que ele voltasse atrás em sua decisão de me ajudar.

Assim que o sinal para o primeiro intervalo soou, peguei todo o meu material e desapareci, tomando cuidado para que ninguém me visse andando por corredores pelos quais alunos não costumam passar.

A sala com os equipamentos e imagens fica no terceiro andar do prédio, bem próxima à Diretoria. Com o coração quase saindo pela boca, atravessei toda a extensão linear e, logo ao fundo, no fim do corredor, encontrei a porta com uma placa com a palavra “Segurança” entalhada nela.

Tirei o molho do bolso, verificando mais uma vez se havia alguém por ali, mas não vi e nem ouvi ninguém. De consciência limpa, encaixei a chave correta no trinco e logo me vi dentro de um lugar pequeno, escuro e com cheiro de mofo.

— Que bagunça – pensei alto, deixando minha mochila num canto e trancando a porta mais uma vez.

Algumas telas estavam ligadas, iluminando o espaço apertado e sujo. Embora a emoção do momento fosse muito boa, e a ideia de vigiar toda a escola fosse melhor ainda, me concentrei na missão principal: encontrar registros da última sexta-feira.

Mal comecei a minha caçada, e já me vi diante o primeiro obstáculo: em pleno ano de 2017, as gravações eram feitas em impressionantes fitas cassetes.

Portanto, estava na torcida de que tudo estivesse rebobinado, ou eu passaria o resto do dia trancado naquela sala, correndo sérios riscos de sair dali com uma crise alérgica.

Ou coisa pior.

Todos os arquivos jogados sobre as mesinhas tinham datas antigas, de meses atrás, portanto não perdi tempo criando esperança de que tivessem sido identificados erroneamente.

Comecei a procurar por algum armário onde estocassem as fitas realmente relevantes, e usei a lanterna do celular pra facilitar a busca. Como eu previa, lá estava ele: velho, empoeirado e completamente trancado – e nem mesmo a penca de chaves que estava comigo foi capaz de resolver o problema.

Eu tentei todas as 19 chaves, e nenhuma foi capaz de abri-lo.

E quando enfim a ideia de arrombar o móvel passou por minha cabeça, ouvi a porta da sala de Segurança ser destrancada e, o mais rápido que pude, desliguei minha lanterna e me escondi num canto qualquer – torcendo para não ser pego.

Era Mr. Torres, o técnico responsável por consertar os retroprojetores das salas e ensinar as professoras mais antigas a usar os recursos tecnológicos da nossa geração.

Ele futricou em algo nas telas, depois remexeu nuns papeis que estavam jogados pelas mesinhas ali dispostas. Senti meu nariz coçar, mas segurei para não dar o vacilo de espirrar na hora errada.

Vai embora, vai embora— eu pensava.

E quando enfim ele ameaçou sair da sala, tornou a dar passos pra dentro do cubículo, olhou para o chão por um momento e caminhou rumo ao local onde eu estava agachado. Como um estalo, eu me lembrei da minha mochila jogada logo na entrada.

Seria possível que ele tivesse visto?

Eu estava ferrado. Ferrado demais!

Senti meu coração acelerar e minha garganta se fechou. Não era um bom momento para me meter em encrenca. Meus pais já andavam tão preocupados com o divórcio, e ser motivo de problema não era uma opção.

Prendi a respiração, esperando muito que eu estivesse enganado, e então eu o vi, logo a minha frente. Contudo, e por mais improvável que pudesse ser, ele não havia me visto.

Na verdade, olhava para o meu tão estimado armário, o qual destrancou, checando em seguida as fitas com um foco tão grande, que mal foi capaz de notar a minha presença.

Com menos de um minuto – com certeza o mais longo da minha vida – ele deu meia volta e se foi, deixando a porta aberta e confirmando o que sempre acreditei ser verdade: eu sou mesmo um cara de sorte.

...

Saí da sala de Segurança o mais rápido que consegui, assegurando-me de que nada estivesse fora do lugar – embora tudo ali parecesse fora do lugar naturalmente. Peguei todas as fitas com a data da última sexta-feira, e sem tempo para checá-las, torcia para que eu não tivesse que voltar àquele estoque de ácaros.

As próximas aulas foram uma tortura sem fim. Eu não conseguia parar de pensar em como eu assistiria às filmagens sem ter um videocassete, e não parava de encarar Sophie na primeira fileira, anotando tudo o que o professor de Espanhol dizia, enquanto Fred insistia em pegar sua borracha emprestada.

Seria possível ele parar de errar tanto durante a anotação?

Apesar do incômodo na boca do estômago, me resumi em respirar fundo diversas vezes e superar. Afinal, eu e ela éramos amigos. Somente amigos. Havíamos nos beijado, mas era só isso: amizade. E, claro, quando cumprisse com o combinado, as coisas voltariam ao normal.

E eu sequer me importaria com as investidas do Anderson.

De fato, era um ótimo plano.

Assim que o sinal soou, em vez de seguir até a área das piscinas para o meu treino do dia, corri para a Biblioteca. Lá costumavam ter alguns equipamentos antigos, e esperava que o Instituto Dimsdalle não tivesse se desfeito de seus preciosos videocassetes.

...

Acordei no dia seguinte com resquícios do último sonho da noite. Era assustador pensar no fato de que meu subconsciente passara toda a madrugada projetando Sophies e mais Sophies, junto de diálogos estranhos demais e uma chuva de fita cassete.

Apesar de tudo, e felizmente, a missão tinha sido concluída com êxito. Encontrara a fita com imagens do dia em que as garotas deixaram Sophie completamente nua na área de treino, e fiz o favor de gravar as filmagens num Pen Drive e deixá-lo pendurado na maçaneta da sala do Diretor.

E então, o que me restava era torcer para que a curiosidade dele fosse aguçada de verdade.

Deixei o apartamento um pouco mais cedo que o normal. Aos poucos fui sentindo a ansiedade tomar conta de mim e, quando cheguei ao colégio, Joshua não conseguia parar de rir da minha completa cara de susto.

— Você tem que relaxar, cara! Se algo acontecer com a Sam, ninguém nunca vai suspeitar de você – ele afirmou convicto, enquanto pegávamos nossos materiais nos armários.

— Espero que tenha razão – desabafei, pronto para desmoronar a qualquer instante.

— Sua mulher vem aí. Vou deixar os pombinhos a sós, até mais! – Josh falou entre risos, referindo-se à Sophie, que vinha em nossa direção, andando lentamente enquanto checava algo em uma apostila. Rolei os olhos e nos despedimos mesmo assim.

— Vai tropeçar se não olhar pro caminho – a abordei e, rindo, ela baixou a apostila e me encarou. Dallas parecia feliz, e aquilo me confortou de alguma forma. Flashes dos meus sonhos começaram a me acertar, e por alguns segundos senti meu corpo se arrepiar.

— Hoje temos palestra, sobre a viagem para Washington – Sophie me informou, mostrando em seguida a apostila sobre universidades que estava lendo. Tentei entender o porquê de tanto entusiasmo, já que a viagem não era novidade.

Era tradição o último ano viajar para cidades maiores e visitar alguns campi de prestígio. Com a sorte que tenho, em nosso ano a programação era ir a Washington DC, justamente onde eu pretendia cursar Administração caso recebesse um convite.

— Eu não fazia ideia, mas na Universidade de Washington existe curso de Culinária – ela contou, enquanto retomávamos nossa caminhada. Quando ameacei dar um sorriso, finalmente entendendo aonde ela queria chegar, seu corpo todo estremeceu e Sophie começou a dizer, desesperada, que não pretendia me seguir ou coisa assim.

— É só que eu não estava tão animada com essa visita, e agora parece tão mais interessante – concluiu.

— ...

— ...

— Você não vai falar nada? – a Dallas questionou, franzindo o cenho.

Você está querendo me seguir até Washington!— provoquei e vi sua feição de dúvida se transformar em puro desprezo totalmente teatral.

— Robert Müller, por que é tão convencido?

— Não sou convencido, só estou constatando os fatos.

— Eu não iria para Washington por sua causa, falo sério.

— Mas iria adorar estar na mesma universidade que eu no ano que vem, certo?

E então, antes que Sophie pudesse dizer algo, o sinal soou e ela correu para a sua primeira aula, e eu segui para a minha, sem conseguir tirar o sorriso do rosto, pensando naquela conversa.

...

A palestra aconteceu logo após o intervalo, e foi longa, mas bastante esclarecedora sobre o nosso cronograma. Sairíamos na quinta à noite, chegaríamos na sexta-feira de manhã e voltaríamos no sábado por volta das 18 horas.

Visitaríamos a Universidade de Washington e outras duas, também importantes no mercado acadêmico. Ficaríamos hospedados num hotel próximo ao Centro, em quartos para três pessoas cada um, e tanto o café-da-manhã como o almoço eram por conta do Instituto Dimsdalle. À noite, tínhamos a liberdade para sair, jantar fora e visitar pontos turísticos, desde que voltássemos até as dez e meia da noite.

Outras regras estavam dispostas nos panfletos que foram entregues a todos, juntos de papeis que nossos pais tinham de assinar. E era isso.

Por mais descompromissado que às vezes eu pudesse parecer, estava realmente animado com aquela viagem – e principalmente com o meu futuro.

...

Depois da palestra, o último ano seguiu para o ginásio, para a aula de Educação Física. Todos pareciam muito empolgados, e conversávamos sem parar sobre o nosso destino, até o professor exigir foco nas práticas do dia.

Resolvi treinar um pouco de basquete. Já fazia tempo que não exercitava outras habilidades além da Natação e isso me deixava um pouco mais entediado do que eu gostaria de ficar normalmente.

As turmas estavam divididas em meninos e meninas, e a maioria delas estava na quadra ao lado jogando vôlei, inclusive Sophie. Era raro vê-la num jogo já que sempre preferiu os livros às atividades físicas, então sempre optava por modalidades que não exigissem tanto esforço.

Foi legal, de qualquer modo. Foi legal vê-la participar de algo diferente.

— Ei, cabeça de vento, vamos jogar – Joshua chamou, tirando sarro da minha cara e eu rolei os olhos em resposta. Dylan, que jogava no time adversário, se manteve calado por um bom tempo desde que saímos da palestra, resumindo-se em me observar como se estivesse tramando algo.

Eu só torcia para que Josh não houvesse dito nada sobre o que eu havia feito.

Não que eu tivesse medo do que Dylan pudesse aprontar comigo. Na verdade, há algum tempo eu já não vinha pensando tanto nisso. Ficava cada vez mais insignificante a segurança do meu carro, ou da minha reputação como um todo.

O ponto chave de toda essa situação é que Dylan sempre detestou as pessoas distintas e deslocadas do colégio. Todos nós achávamos divertido zoar com os diferentões, mas ele sentia algo diferente.

Sempre vi isso, porém acho que nunca quis enxergar o quanto fazer o mal era prazeroso pra ele.

E, para o meu azar, Sophie sempre fora uma dessas pessoas meio maluquinhas, reservadas ao extremo, e eu temia que ele fizesse algo realmente ruim com ela.

— Anda mais pensativo que o normal, Müller – Dylan comentou pela primeira vez, assumindo a posse de bola e quicando rumo à cesta. Corri para alcançá-lo, tentando impedi-lo de marcar algum ponto.

— Anda me observando mais que o normal, McAdams – respondi segurando o riso, abrindo os braços e o cercando com todo o meu corpo. Ele rosnou baixinho, tentando de todas as formas escapar de mim, mas assim que resolveu passar a bola, eu a peguei e quiquei para longe dele.

Dylan me seguiu como um lobo feroz, e não demorou a aparecer na minha frente, me impedindo como antes eu havia feito.

— Você está me devendo um desafio cumprido. Não acha que está demorando demais? – questionou desafiador.

Dei meia volta e joguei a bola para Joshua, que driblou outro colega, arremessando em seguida e marcando uma incrível cesta de três pontos.

— Ainda tenho temp... – comecei a falar para Dylan, até sermos interrompidos por gritos histéricos vindos da quadra ao lado. Dessa vez, ninguém correu para pegar a bola que acabara de atravessar o aro.

Samantha entrara no meio do jogo de vôlei das meninas, falando alto, como jamais vi fazer antes. O nosso time de basquete todo parecia ter congelado, e nos limitamos a assistir ao espetáculo prestes a começar.

Você está sempre arruinando a minha vida, não é, Dallas?— entendi pela primeira vez, em alto e bom som, o que a Gray estava falando, e senti uma pontada acertar o meu estômago ao perceber que o alvo era a esquisitíssima Sophie Dallas.

Sempre teve tudo, sempre ganhou tudo do seu papaizinho, e como se isso não bastasse, quer acabar com o meu futuro?! — Sam parecia terrivelmente irritada, enquanto Sophie a fitava em silêncio, parecendo não entender muito bem do que ela estava falando.

Não se faça de idiota, onde foi que conseguiu aquele vídeo?— a líder de torcida questionou mais uma vez, dando um empurrão em Sophie.

Senti meu corpo todo tremular.

Mr. Garden tinha, enfim, assistido ao vídeo e, evidentemente, chamado Samantha para um papo daqueles, que não a deixou nem um pouco feliz. E a culpa era completamente minha.

Sophie tentou se recuperar do solavanco, e em seguida começou a dizer algo bem baixinho, que só Samantha conseguiu ouvir. Já a ruiva, ao responder, não poupou nem voz e muito menos força física.

Ela esbravejou algo como “por sua causa, eu não vou poder viajar com a turma!” e, nesse instante, Joshua, que estava logo ao meu lado, olhou pra mim e sussurrou pelo canto da boca:

— Você não vai fazer nada? – assim que sua última palavra foi dita, Sam empurrou mais uma vez Sophie, que se desequilibrou e foi parar no chão da quadra, gritando de dor.  

Honestamente, mal calculei o que estava prestes a fazer.

Por puro instinto, eu corri em direção à nerd e me ajoelhei ao seu lado, perguntando se ela estava bem.

— A-acho que torci o t-tornozelo – ela murmurou gaguejando, e minha preocupação se transformou em raiva. Muita raiva. Virei o rosto na direção de Sam, que empalideceu ainda mais que o normal ao me encarar.

Toda a sua personalidade forte e imponente se desfez, e aquilo foi extremamente gratificante de se ver.

— Fui eu que entreguei seu vídeo ao Mr. Garden. Você aprontou com a Sophie, e agora vai pagar por isso – falei pausadamente, sem esboçar nenhuma expressão facial, e a líder de torcida não disse mais nada.

A quadra inteira tinha parado para ver o que estava acontecendo, e quando assumi o que havia feito, todos se entreolharam, e depois tornaram a olhar em minha direção, pra lá de espantados.

Apesar de tudo, não tive tempo para me preocupar com a galera. Sophie gemia de dor e ela precisava de mim, então a coloquei em meu colo, levantando devagar e saí dali, indo rumo à Enfermaria.

...

Mais tarde, e já em casa, enquanto eu ainda lutava para organizar minhas coisas depois da mudança, ouvi a campainha tocar e minha mãe atender a visita de última hora.

Imaginei que pudesse ser alguma amiga, ou mesmo um fornecedor mais urgente da empresa. Contudo, não demorou mais que dois minutos para que minha mãe e Dylan surgissem à porta do meu quarto.

— Ei, filho! Dylan está aqui – ela falou, permitindo que ele entrasse – Fique à vontade, viu?

— Obrigado – o capitão falou e logo começou a analisar o cômodo, como quem não quer nada.

— O que faz aqui? – perguntei confuso, largando as caixas de papelão de lado.

— Costumávamos ser mais amigos, não acha? – ele me olhou diretamente, pousando as mãos na cintura.

— Ainda somos, até onde eu sei. Por que diz isso? – caminhei até ficar frente a frente com Dylan, e ele torceu o nariz, dando de ombros.

— Quando vi chamarem Sam depois da palestra, fiquei curioso para saber do que se tratava. Pareceu sério, sabe? – ele começou a contar, com a voz mansa, embora acusadora – E aí, de repente, aquele show acontece no ginásio. Quero dizer, como amigos, você devia ter me dito.

— Dito o quê? Que armei pra Samantha? – ri de canto, sem acreditar naquele papo – Pisei na bola com vocês, traí sua confiança e não me arrependo. É isso que quer ouvir?

Quando senti meu tom se alterar gradualmente, respirei fundo, balançando a cabeça e tentando espantar aquele ódio que havia tomado conta de mim.

— Não ligo pras merdas que Samantha faz, não ligo que tenha armado pra ela – Dylan respondeu carregado de deboche.

— Então o que faz aqui? O que quer saber?

Em resposta, ele deu uma risada sinistra, abafada, olhando para o chão. Achei que fosse falar algo, mas aí, com um piscar de olhos, acertou um soco no meu maxilar, e antes que eu pudesse raciocinar sobre o que tinha acontecido ali, Dylan agarrou a gola da minha camisa e me colocou contra a parede.

Seu olhar era psicótico, assustador.

Engoli em seco diversas vezes, mandando que ele me soltasse, mas não soltou. Ao contrário disso, segurou ainda mais firme, respirou fundo, olhou no fundo dos meus olhos e praticamente cuspiu suas palavras:

Você está apaixonado pela nojenta Sophie Dallas.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo, gostaria de agradecer pelos comentários que recebi. Eu fico sempre muuuuito contente em saber o que estão achando de cada trechinho da história, então.. não tenham medo de opinar, eu imploro! euheueh

O segundo recadinho das Notas Finais, na verdade, é meio que um convite. Estou iniciando um novo projeto de fic original aqui no Nyah e, se você curte uma história um pouco mais adulta e sensual, ficaria honrada em te receber por lá também: https://fanfiction.com.br/historia/747580/Doce_como_Mel/ ❤

No mais, é isso. Desejo um feliiiiiz Natal a todos, e um próspero 2018!