Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 10
Capítulo X • Penetra


Notas iniciais do capítulo

• ATENÇÃO! •

ANTES DE TUDO, gostaria de agradecer a fofa, maravilhosa e mágica REBS, que super RECOMENDOU A FIC!!!! ♥ Eu já agradeci a ela de todas as formas possíveis - e ela provavelmente já deve estar me achando uma chata ueheueue mas é que fiquei muito feliz MESMO! :')

Rebs, dedico esse capítulo a vc! ♥

Agora, voltamos à programação normal:

HO, HO, HO!

Estou assumindo o papel de Papai Noel e deixando um presentinho nesta linda manhã de Natal pra vocêsssss, pessoinhas iluminadas que acompanham esse meu clichêzinho hihihi :3

Espero que gostem, boa leitura e até as notas finais! ♥



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Depois de uma longa tarde de quarta-feira totalmente envolvida com o jantar que eu havia me proposto a preparar para Robert, ainda não conseguia acreditar em quanto eu tinha evoluído gastronomicamente.

Sempre me esforçava ao máximo nas aulas de Economia Doméstica e, constantemente, brincava de cozinhar em casa por conta própria. Mas tomar consciência do quanto tudo isso havia sido positivo era quase surreal.

Sinceramente, eu não fazia ideia do que o Müller gostava de comer – cogitei mesmo investir em hambúrgueres artesanais com muito queijo cheddar, porque é algo que não tem como não gostar.

No entanto, não sou nem um pouco modesta com o meu único talento e fascínio, e depois de muita pesquisa na internet e nos meus livros de receitas, decidi cozinhar um dos mais conhecidos – e deliciosos – pratos da culinária francesa: Canard à L’Orange com batatas assadas.

E para a sobremesa, que é indispensável, optei por um Cheesecake de frutas vermelhas de dar água na boca.

Quando enfim terminei de organizar a mesa do jantar, seguindo todas as regras de etiqueta que mamãe fez questão de que eu aprendesse quando ainda tinha apenas 10 anos, eu não podia estar mais orgulhosa de mim.

E, de repente, depois de ver tudo em seu devido lugar, comecei a ficar também muito nervosa, afinal, minha ficha estava caindo: Robert Müller iria jantar comigo, na minha casa.

E como minha mãe é uma renomada e requisitada advogada de sucesso, que faz viagens constantes, a dita casa estava sob a minha responsabilidade naquela noite. O que significava que Müller e eu ficaríamos a sós.

Céus, onde eu estava com a cabeça?

Respirei fundo diversas vezes tentando recuperar a calma e caminhei até o espelho da sala, checando uma última vez a minha aparência. Meu vestido preto retrô não era nem chique e nem casual demais e minhas sapatilhas também seguiam a mesma linha do meio termo.

Tudo daria certo, não tinha porquê me desesperar.

Conferi a hora em meu celular e já eram sete da noite, o horário que havíamos combinado. Quando meu cérebro ameaçou me entupir de ideias negativas sobre o meu convidado furar comigo, ouvi a campainha tocar e, por pouco, não tive um desnecessário surto psicótico.

Relaxa, Sophie, é só o Robert babaca.

Segurei na maçaneta, respirando fundo uma última vez e passando a mão por meus cabelos, milagrosamente soltos, na intenção de assegurar que eles não estavam bagunçados. Era maluquice, eu sabia.

Sequer tinha motivos para ficar tão nervosa.

Girei a maçaneta e o vi. Senti meus joelhos tremerem e fiquei assustada, porque todo esse drama era ridículo. Eu só estava dando utilidade à minha alma caridosa ao tentar animar um amigo que passava por uma fase difícil.

Porém, até onde eu tinha estabelecido, o Müller não se encaixava ao perfil de amigo de Sophie Dallas, e isso só tornou as coisas ainda mais estranhas e complicadas.

 - Boa noite – ele disse um pouco incerto, com as mãos nos bolsos, e depois sorriu – Cabelos soltos? Uau.

Ele vestia uma polo preta, calça jeans escura e um tênis estilizado. Seu perfume cítrico e suave provavelmente já tinha se alastrado por toda a vizinhança, porque não era possível um cara estar tão cheiroso.

Entretanto, foi o seu sorriso o estopim para que meu coração se descontrolasse. Como eu não tinha reparado em dentes tão brancos e alinhados antes?

Definitivamente, Robert Müller era a personificação da perfeição e aquilo me dava calafrios.

— Resolvi arriscar algo diferente – falei, referindo-me ao meu cabelo livre de elásticos e rabos de cavalo – Entra!

— Como você está? – Robert perguntou, passando pela porta e tirando suas mãos do jeans, ficando livre o suficiente para me cumprimentar com um abraço.

Ele só podia estar planejando me matar.

Correspondi ao contato – íntimo demais para a recente relação que tínhamos – com uma visível hesitação e rubor. Não tinha dúvidas de que ele percebera, porém não falou nada, resumindo-se apenas em rir e me fitar com aquele par de safiras.

— Estou bem, e você? – falei assim que nós nos soltamos. Ele meneou a cabeça sem dizer nada por algum momento, mas depois concluiu dizendo melhor agora.

— Espero que esteja com fome, eu me empolguei um pouco na cozinha – esclareci com sinceridade, tentando tomar as rédeas da situação. Eu não era nenhum tipo de tiete de Robert Müller, então não tinha motivos para ficar tão aflita ao lidar com ele.

— Estou morrendo de fome – sussurrou, como se contasse um segredo e depois deu uma risadinha – Espero que esteja tudo realmente bom, não estou afim de ter que ir ao McDonald's hoje.

Fiz uma careta e pedi para que confiasse em mim. Ele assentiu e, assim, pude levá-lo até a mesa do jantar, que estava totalmente pronta para ser fotografada por alguma revista famosa de decoração. Eu tentava manter contato visual com Robert, estudando a sua reação.

Era como se aguardasse a sua aprovação, ou coisa assim – e esse era um sentimento bem idiota. Eu não precisava da aprovação logo do Müller, certo?

— Sophie, que dia é hoje? – questionou, voltando-se para mim após analisar por longos minutos toda a decoração. Não entendi muito bem e, por isso, não consegui respondê-lo antes de continuar – Não sabia que já era Natal.

— Como assim? – do que aquele garoto estava falando?

— Minha mãe só usa pratos de porcelana e taças quando é Natal – ele me respondeu meio sério e, ao mesmo tempo, parecendo desacreditado. As engrenagens da minha cabeça estavam travadas e antes que eu pedisse para ele ser mais claro, Robert prosseguiu – Obrigado por ter preparado tudo isso pra gente.

Mordi o lábio inferior, quase inconscientemente, e balbuciei um “não foi nada”, pedindo em seguida que ele se acomodasse e ficasse à vontade.

— Vou trazer o nosso prato principal – anunciei, um pouco sem jeito. Acho que ele também estava, porque se atrapalhou todo na hora de se sentar.

Meu corpo parecia eletrizado, e no caminho até a cozinha foi inevitável dar pulinhos para tentar extravasar toda aquela energia que eu nunca tinha sentido.

Ninguém, exceto meus parentes, tinha provado a minha comida antes. Tratava-se da primeira vez que isso acontecia e meu convidado era, justamente, o capitão da Equipe de Natação do colégio.

Quando eu tinha me tornado tão inconsequente?

Equilibrei o refratário de porcelana com firmeza em uma das mãos e, com a outra, segurei uma garrafa de suco de uva comprada para a ocasião.

Nada de álcool para atrapalhar o meu estômago.

Caminhei rapidamente até a mesa e, ao me ouvir chegando, Robert se virou, me viu e se levantou para dar uma força.

— Você podia ter pedido ajuda – ele me repreendeu, segurando depressa o prato principal. Sua aproximação tinha sido rápida e inesperada, assim como o seu comentário, e isso com certeza me deixou parecendo um tomate.

Quando finalmente pudemos acomodar a comida, servir o suco e nos sentar para comer, o meu convidado fez uma breve pausa dramática, observando a minha obra de arte.

— Sophie, está tudo lindo – ele disse por fim, ainda encarando a comida como se ela fosse uma de suas garotas com quem costumava fazer coisas.

De certo modo, fiquei feliz por isso.

— Espero que esteja mais do que lindo.

Como uma boa anfitriã, eu o servi e, enquanto o fazia, devaneei sobre como o mundo era um lugar cômico. Nunca imaginaria estar jantando com um popular, menos ainda com o Müller.

— O cheiro está maravilhoso – Robert falou, interrompendo meus pensamentos e me forçando a olhar para ele – Estou salivando, Dallas. Anda logo com isso!  

— Ok, pode atacar! – permiti aos risos, assim que terminei de organizar o seu prato.

Era a hora da verdade.

Meu coração estava fantasiado de escola de samba.

Robert preparou a primeira garfada. Colocou na boca. Mastigou. Mastigou lentamente. Eu me sentia narrando um jogo de futebol em minha cabeça. Ele respirou fundo e, em seguida, fechou os olhos.

Eu nunca tinha visto alguém ter um orgasmo, porém acreditava fielmente que devia ser algo próximo da cena que presenciei.

Robert gemeu baixinho, ainda de olhos fechados, degustando a minha comida. Senti um arrepio tomar conta do meu corpo, subindo pelas minhas costas. Jamais havia sentido aquilo antes.

Sexy.

Essa palavra nunca foi muito recorrente no meu vocabulário, por motivos óbvios. Mas, naquele momento, tive a impressão de que passaria a ser, porque ele era sexy e essa constatação não quis sair da minha cabeça pelo resto da noite.

Depois de comer o Canard à l’Orange, resolvemos saborear o Cheesecake assistindo a um desses reality shows que envolvem cozinheiros talentosos e jurados tremendamente arrogantes e sem coração.

Robert Müller finalmente tinha conseguido parar de elogiar o pato. No entanto, continuou gemendo de prazer por conta da sobremesa, afirmando convicto de que eu devia me inscrever naquele tipo de programa que estava passando na TV.

— Você é sensacional, com certeza ganharia – ele falou, enfiando mais uma colherada na boca.

— Está falando isso por educação – rolei os olhos e tornei a prestar atenção às provas intensas aos quais os participantes eram submetidos.

— Sophie, eu já percebi que você não é nem um pouco modesta com o que sabe fazer – foi a sua vez de rolar os olhos. Colocou a sua tigela, agora vazia, no braço do sofá e me encarou – Então, por favor, continue não sendo.

Quase engasguei depois do seu mini discurso em apoio aos meus dotes e ri com o nariz, tentando terminar de comer e argumentar ao mesmo tempo.

— O que quero dizer é que para eu ganhar num programa desses – apontei para a televisão – eu tenho que me esforçar mais. Muito mais, Robert.

— Primeiro, pare de me chamar de Robert. É Rob, ok? – ele disse, parecendo farto por eu o tratar pelo nome inteiro – E segundo, o que te impede de se esforçar mais?

Por alguns segundos eu me limitei a ficar calada. Na verdade, haviam várias coisas que me impediam, e todas elas estavam diretamente relacionadas com a minha mãe e o fato de ela não aprovar a sua única filha, com um provável futuro brilhante, dedicando seu tempo à cozinha.

Ela realmente queria me ver advogando ou, sei lá, sendo médica. Janice desejava que eu fosse grande profissionalmente, que eu construísse o meu império perfeito.

Queria que eu fosse igual a ela.

— Não tenho tempo – falei por fim – e minha mãe... Bom, ela acha devo ter outras... Prioridades?

Dessa vez, quem permaneceu calado foi Robert. Ele me fitava intensamente, com um olhar curioso, abrindo e fechando a boca diversas vezes para dizer algo.

Quando percebi que ele estava demorando muito, eu me senti na liberdade de completar minha primeira fala. Não queria que ele pensasse que minha mãe era um monstro.

— E, de certa forma, ela está certa – dei de ombros – Cozinhar é e sempre será meu melhor hobbie. Nada além.

— Acho que você está errada – ele soltou sério. Por um instante, eu o enxerguei como uma pessoa madura, porém eu o conhecia e sabia que era só coisa da minha cabeça.

— E você? O que quer fazer da vida? – mudei de assunto, ajeitando-me no sofá. Eu estava certa de que ele responderia qualquer coisa sem sentido, fazendo piada com o seu futuro.

Mas não.

— Administração, na Universidade de Washington – ele respondeu imediatamente – Eu sou o único filho, então os negócios da família serão a minha herança.

— Você gosta? Digo, de Administração – perguntei, mais para disfarçar a surpresa do que por qualquer outro motivo.

— Gosto muito – ele deu um sorriso contido – Eu cresci vendo meus pais administrarem os supermercados, então aprendi muito.

— Mas e a Natação?

— O que tem ela? – questionou.

— É importante pra você, não é? – tentei esclarecer – Não pensa em ser atleta ou algo assim?

Ele balançou a cabeça e, no fim, concordou, dizendo que seria realmente interessante se tornar um atleta conhecido e bem pago, porém de um modo ou outro alguém teria de tomar conta da empresa de seus pais, e ele não queria que fosse outra pessoa.

— Tem que ser eu, Sophie. É o que eu mais quero. Não permitiria que entregassem tudo o que construíram para um estranho tomar conta.

Fiquei quietinha por alguns segundos, apenas processando o que ele tinha dito. Acabei sorrindo, porque eu conseguia entendê-lo e, francamente, era uma ideia muito bonita. Ele queria honrar o trabalho dos pais e eu achava isso totalmente válido.

— Isso é muito... – eu pretendia dizer que era algo muito legal da parte dele, quando ouvimos a porta da frente ser destrancada. Imediatamente, senti meu coração disparar.

Ela não devia ter voltado.

Não agora, não tão cedo. 

— Acho que alguém chegou – Robert tomou nota, enquanto eu tentava, às pressas, pensar em algo para dizer à minha mãe quando ela visse Robert, um garoto no auge hormonal, assentado em seu sofá, com a sua filha.

— Minha mãe vai me matar – eu pensei alto.

Robert se apressou em dar uma risada.

— Por quê? Não estamos fazendo nada de mais e...

— Eu não disse a ela que você vinha – sussurrei, ainda meio pasma com a confusão na qual eu, provavelmente, tinha me metido – Ela estava viajando, não devia estar aqui agora.

Vi Robert engolir em seco, começando a entender e compartilhar do meu drama.

— Quer que eu me esconda, ou fuja, ou algo assim? – ele sussurrou e eu me resumi a mover a cabeça em negativa. Não ia dar tempo de fazer nada além de apelar para todas as divindades existentes.

— Sophie, sou eu! Voltei mais cedo, não é maravilhoso? E eu trouxe... – mamãe começou a anunciar e, ao chegar à sala de televisão e perceber a presença da sua filha, ou melhor dizendo, eu, e de seu acompanhante mulherengo, ou melhor dizendo, Robert Müller, seu tom de voz foi se perdendo.

Eu estava de costas para ela, então tive que me virar para perceber sua feição gélida.

— O-oi, mãe – respondi, falhando terrivelmente na tentativa de não gaguejar – Maravilhoso mesmo.

— Quem é esse? – ela perguntou direta, largando sua bagagem e atravessando a sala, ficando frente a frente com o Müller, que reuniu forças e coragem do além para se levantar e estender a sua mão para cumprimentar Janice.

Eu podia sentir meus joelhos bambos.

— Sou Robert, Robert Müller – ele disse, como se estivesse pronto para negociar a sua alma – É um prazer.

— Janice Dallas, mãe da Sophie – minha mãe respondeu à altura e respirou fundo, enquanto o cumprimentava – Müller?

Robert assentiu e, por mais inusitado que fosse, mamãe pareceu relaxar de uma hora para outra. Ela se ajeitou em seu terninho e deu meia volta no sofá, indo até a bancada.

— Não sabia que vocês dois eram amigos – ela comentou, mexendo em sua bolsa que lá estava, tirando uma barra de chocolate dela e me entregando – Aqui, pega, presente de viagem.

Ela me deu um sorriso amigável, enquanto eu pensava na melhor forma de definir a minha relação com Robert.

— É recente – falei sem jeito, ficando de pé, e sorri de volta, intercalando meu olhar entre o chocolate e o Müller, que tinha voltado a respirar com um pouco mais de tranquilidade – A gente anda mandando bem nas aulas de Química Orgânica, tiramos a maior nota da turma na última prova.

Por acaso, eu me vi alimentando a ideia de que nós dois tínhamos uma amizade saudável, do tipo que mamãe aprovaria. Eu não precisava fazer nada disso, afinal, nós não tínhamos nascido para sermos super amigos. Só que... Pareceu boa coisa defender a relação, seja lá qual fosse, que eu tinha com ele.

Pareceu o certo.

— Foi mesmo – Robert completou, tentando me acompanhar – O Sr. Turner, nosso professor, ficou bem orgulhoso.

— Ah, é? – Janice falou, como se estivesse interessada naquilo. Talvez estivesse, porque ela estava rindo. E era o seu sorriso verdadeiro e não o sorriso robótico, ou o sorriso cheio de desdém – Isso é ótimo!

Ela estava frente a frente conosco, de braços cruzados, reparando em cada detalhe de nossos corpos e da casa. A essa altura, todos nós estávamos de pé, esperando que o clima se tornasse mais favorável para relaxarmos.

Felizmente, mamãe nos fez o favor de se sentar na poltrona da sala, permitindo que nós dois nos acomodássemos no sofá novamente. Ela pensou um bocado, fazendo desenhos com os dedos sobre o braço do seu assento.

— Vamos ter um baile de gala no sábado – ela começou a dizer – E seria bom que Sophie tivesse um acompanhante. Já que agora são amigos, poderia ajudar minha filha nisso, não é, Robert?

O quê?!

Comecei a sentir palpitações e o sangue ser bombeado em meu ouvido. Era quase como receber uma bofetada. O que a minha mãe estava pensando ao, praticamente, recrutá-lo para ser meu par em um baile?

Ela não tinha esse direito, ela não podia simplesmente tomar conta das ações de todo mundo. Janice não podia empurrar para Robert essa responsabilidade.

Meu Deus, nós sequer éramos amigos de verdade.

Eu queria falar, gritar, esbravejar que ela não devia fazer aquilo. Era vergonhoso, humilhante e...

— Claro! – e o Müller aceitou. Certo, claro que ele aceitaria. De fato, ele pretendia sair vivo da minha casa, então era mais que óbvio que aceitaria.

Rob, não precisa fazer isso se não quiser, eu vou entend... – comecei a falar e ele me interrompeu, dizendo que ele queria.

— É um baile de gala, Sophie. Isso vai ser demais! – ele falava como se fosse uma criança, empolgada com sua festinha de aniversário temática do Batman – Será um prazer, Sra. Dallas.

— Por favor, pode me chamar de Janice – mamãe falou e abriu um sorriso, levantando-se e avisando que iria tomar um banho.

Ela saiu da sala, carregando sua bagagem e sua bolsa de mão, deixando apenas vários pontos de interrogação por toda a parte. Acabamos nos recuperando depois de um tempo e dando risadas nervosas.

— Você não precisa ir, se não quiser – sussurrei para Robert – Falo sério.

— Ei, se não quer que eu vá, é só falar – ele fez uma cara de ofendido.

— Não é isso – respirei fundo – Minha mãe tem mania de controlar tudo e todos. Ela não pode fazer isso com você.

— Nem com você – retrucou, deixando-me sem argumentos por tempo suficiente para que ele completasse – Olha, se quiser que eu vá, eu vou. Sem problemas mesmo, acho até que vai ser legal.

Balancei a cabeça, desacreditada. A cada instante, eu parecia me afundar mais e mais em Robert Müller. Estava chegando à conclusão de que não dava para escapar.

Ele também estava por toda parte.

— Você é louco – afirmei, sorrindo.

— Eu sou normal, a louca é você – ele falou e, após me analisar por alguns segundos demorados, continuou – E, finalmente, aprendeu a me chamar de Rob. Estou orgulhoso!

Rosnei de mentirinha e dei um soco leve em seu ombro. Ficamos rindo e falando sobre qualquer coisa até que minha mãe voltasse para bater papo com a gente, experimentar do pato e continuar agindo da forma mais inesperada possível.

Quando Rob foi embora, eu sentia algo diferente. Uma coisa meio contagiante. Eu não parava de sorrir, mesmo quando mamãe me chamou para ter uma conversa séria comigo.

— Por que não me disse que traria um garoto pra cá? – seu tom de voz demonstrava irritação e compaixão ao mesmo tempo. Ela nunca tinha agido assim e eu fiquei confusa.

— Estava com medo – admiti.

— Medo? Medo de quê? – ela caminhou até o sofá e deu duas batidinhas no lugar vago ao seu lado, para que eu ficasse junto a ela e, como um cachorrinho bem treinado, eu o fiz.

— De você proibir – falei apreensiva – Ele está passando por uma fase difícil e não queria ter que desmarcar nada. Queria que ele ficasse feliz hoje.

— Ele parecia feliz – mamãe constatou com seu ar superior.

— Sim e foi legal – comecei a dizer e, ao mesmo tempo, me dar conta do quão louca eu devia estar para admitir aquilo. Tinha sido mesmo muito legal – E se você proibisse, não teria sido.

Mamãe ficou calada por um momento. Depois passou a mão por meus cabelos, dando um sorriso materno.

— Para a sua sorte, a mãe dele é minha cliente – ela contou e eu fiquei um pouco chocada. Minha mãe e a mãe de Robert, unidas por um divórcio. Eu me sentia numa novela mexicana – Caso contrário, você estaria muito encrencada.

— Desculpa não ter falado nada – lamentei e ela disse que tudo bem.

— Mas se isso acontecer de novo, eu não terei tanta paciência – ela completou e, depois de um tempo, foi para o quarto.

Minha cabeça parecia um furacão de pensamentos, lembranças, ideias. Enquanto pulava os canais da televisão, em busca de algo interessante, eu repassava aquela noite sem parar e, no fim, eu comecei a aceitar que tinha gostado de verdade da companhia de Rob.

E eu tinha feito ele feliz.

E nós tínhamos mais um encontro marcado.

Meu celular apitou e eu corri até a bancada da cozinha para pegá-lo. Devia ser ele, avisando que tinha chegado em casa, ou qualquer outra coisa. Destranquei a tela, pronta para acabar com a curiosidade.

Mas, para a minha surpresa, não era o Müller.

 

Ei, que bom que me passou o seu contato!

Vamos tomar um sorvete amanhã, depois da aula?

Espero que sim.

Enviada por: Fred A.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? :D

Como podem perceber, o capítulo foi enorme. Eu realmente gostei disso e queria saber o que acharam.

Além disso, também quero anunciar que estou elaborando um novo projeto, que pretendo divulgar em 2017 e tals, e talvez eu demore para atualizar Mudança de Planos - mas não muito, prometo.

No mais, é isso. Aproveitem esse dia tão especial com as pessoas que te fazem bem! ♥

Desejo um ótimo fim de ano a todos e boas festas!

Beijos de luuuuuuuz!

*-*