Mischievous Destiny escrita por Raura


Capítulo 7
Because Maybe


Notas iniciais do capítulo

Não, não abandonei Mischievous,
sim, peço que me perdoem pela demora com a atualização.
Espero que apreciem esse capítulo tanto quanto apreciei escrever,
e não posso deixar de deixar aquele agradecimento especial beta consultura ♥

boa leitura!



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Particularmente eu não via a menor graça em um jogo de tênis, mas se eu quisesse provar que estava certo sobre o magnata Charles Augustus Magnussen, teria de passar por essa provação. Era uma excelente chance para me aproximar da sua única sobrinha e menina de seus olhos: Janine Magnussen.

Janine era a nova colega de quarto da namorada de John: alguns dias atrás ele queixava-se  das reclamações da namorada sobre sua nova colega de quarto, uma rápida pesquisa sobre e descobri que ela era colega de classe de Molly e Mary. Momentos como esse eu ainda me questiono se o Universo realmente é preguiçoso para existir essas coincidências.

Sempre existiram boatos sobre Magnussen ser um grande chantagista, o tipo de homem que não hesitava em fazer uso de métodos baixos para conseguir o que queria; mas como nunca ninguém provou nada e ele se mostrava ser um cidadão londrino exemplar, não haviam desconfianças sobre ele estar envolvidos em atividades ilícitas. Resolvi contribuir com a investigação secreta de Mycroft e dessa vez teria a chance de mostrar a todos quem ele realmente era. Nunca gostei do estilo lobo em pele de cordeiro... Aquele seu olhar de tubarão nunca me enganou.

Sabendo que Magnussen iria dar as caras no jogo de tênis, juntamente com sua sobrinha, concordei em ir assistir a partida com meus pais naquele sábado. Esse era o momento perfeito para começar a pôr em prática minha aproximação de Janine. Meus pais estavam tão concentrados assistindo o jogo e sequer notaram quando me levantei Mas claro, Molly Hooper percebeu minha saída.

Debrucei-me no balcão da lanchonete próxima ao banheiro feminino. Puxei meu celular e utilizei a câmera dele para saber o exato instante que ela sairia de perto de seu tio. O copo de refrigerante ao lado dela denunciava que uma hora ela precisaria vir para o banheiro em algum momento. Não demorou e a vi saindo do local distraída com seu celular. Assim como eu previra, ela foi ao banheiro e em alguns minutos ela estava de volta, novamente vidrada em seu smartphone. Aproveitei seu momento de descuido dela, e esbarrei nela de propósito.

— Oh! Desculpe-me! – pediu, finalmente desviando a atenção do aparelho e me encarando. Sorri gentilmente olhando no fundo de seus olhos.

— Sem problemas, senhorita...?

— Janine Magnussen - ela ajeitou o cabelo atrás da orelha e em seguida estendeu-me a mão para um cumprimento.

— Sherlock Holmes - tomei sua mão e pelos breves segundos que a segurei percebi que seu pulso estava um pouco mais acelerado que o normal.

— É um prazer conhecê-lo – ela sorriu demonstrando interesse. — Sabe, isso aqui é um tédio. Só vim por causa de meu tio… Você também não parece interessado com o que acontece na quadra, então o que acha de me fazer companhia em um drink?

Ela estava tão na minha. Não foi difícil cortejar Janine, pelo menos ela não era tão cabeça de vento quanto parecia, um pouco fútil, mostrando marcas e lugares por onde já passou em suas conversas, mas era algo ignorável. Fomos até um dos estabelecimentos e pedimos algo para beber. Aproveitei para deixá-la comentar sobre alguns fatos de sua vida e armazenei as informações que seriam úteis, como dias que ela praticava dança de salão ou onde o tio mais gostava de jantar.

— Falei demais... - Janine descansou o copo suado na mesa, inclinando seu corpo em minha direção. - Agora é sua vez de me contar sobre você.— Bom…

— Sherlock! - mamãe aproximou-se da mesa onde estávamos - Nós estamos de saída! Você vem conosco? - A atenção dela rapidamente passou de mim para Janine, o que foi um espanto para ela, afinal eu nunca converso com estranhos . — Oh, prazer em conhecê-la senhorita…?.

— Janine, Janine Magnussen - respondeu frisando seu sobrenome, como se lhe desse alguma autoridade - É um prazer conhecê-la, senhora Holmes, certo?

— Sim. - mamãe sorriu sugestivamente para Janine e contive a vontade de revirar os olhos. Senti que ela descansou sua mão em meu ombro, chamando minha atenção — Na verdade, Sherlock,  fique com sua amiga e depois nos encontramos em casa. Até mais!

— Melhor ir com sua mãe - Janine disse enquanto digitava em seu celular, levantando-se da cadeira. — Meu tio já está me esperando... Mas antes de ir me o empreste seu celular um segundo.

Tirei o aparelho do bolso e entreguei-o a ela Eu ia questionar o motivo dela querer o meu, sendo que estava com dela em mãos, então compreendi suas intenções. Janine digitou algo em meu aparelho e alguns segundos depois o seu emitiu um alerta.

— Pronto, assim posso vê-lo outra vez - ela me devolveu o celular sorrindo. — Até outra hora,  Sherlock. - ela se aproximou de mim, ficou na ponta dos pés e deu-me um beijo estalado em minha bochecha. Sorri e acenei falsamente enquanto ela caminhava em direção à saída que tinha combinado com seu tio , Mandei uma mensagem de texto para Molly e consegui alcançar meus pais no estacionamento. Quando cheguei, eles ainda estavam no lado de fora do carro me aguardando. Tiraram algumas fotos e Molly e mamãe dividiam um algodão doce rosa.

Entramos no carro e eles estavam combinando de se encontrarem com Mycroft logo para irem almoçar. Mamãe ainda comentou que tinha mais planos para aquela tarde, com Molly. Ambas irão ter um dia de compras para os preparativos da viagem de Hooper no meio da semana.

 . . . . . . .

John descobriu sobre Janine, logo na segunda feira, assim que recebi uma mensagem dela durante a aula optativa. Assim que ele acabou vendo o nome dela no meu smartphone ele não me deu sossego, desgastando minha paciência insistindo para termos um encontro duplo (o que na minha cabeça eu associo com uma tortura medieval). Eu teria que estar muito fora de mim para concordar em ir num encontro duplo com Janine, John e Mary. Meu problema era principalmente com a Morstan. Algo nela me dizia que se tivesse chance, ela jogaria algo em minha direção. Se esse objeto fosse afiado, melhor ainda.

Naquela atípica manhã ensolarada de terça, que de certeza não duraria tanto, inclusive era possível ver uma ou outra nuvem mais escura; Janine apareceu no campus, dizendo que não tinha interesse algum em assistir suas aulas daquele dia. Como eu também estava sem paciência para o os discursos sem sentido dos professores, aceitei seu convite para um café.

Fomos na cafeteria que ficava próxima a minha casa, Janine contou algumas histórias sobre sua infância e a perda de seus pais quando era nova . No meio de um suspiro, ela disse que não sentia saudades deles por não se lembrar, sentia-se mal por isso. Mas, desde então, ela foi criada por Charles Magnussen. Ela era a verdadeira proprietária  de tudo que envolvia o sobrenome Magnussen, seu tio apenas administrava até ela ter idade para assumir. Janine não escondia o quanto idolatrava o tio, pergunto-me se ela ainda sentiria o mesmo se soubesse como ele realmente era.

— Sherlock… - ela disse com a voz delicada, acariciando minha mão por cima da mesa - ainda não sei nada sobre você.

Eu estava seguindo adiante com o plano, não poderia dar pistas para ela que era tudo uma farsa, que ela era apenas um peão nesse jogo de xadrez que eu comecei a jogar contra Charles. Retribuí o carinho segurando sua mão. Com meu polegar eu brinquei com o anel que ela usava em seu indicador. Era uma joia no mesmo nível da Família Real Britânica. Vi pelo canto de olho ela abrir um sorriso.

— Meu irmão é irritante demais e nossos pais vivem tentando por fim em nossas implicâncias, mas na maioria das vezes eu não tenho culpa de nada e sempre é ele quem começa.

— Imagino que seu irmão também pense não ser culpado - ela comentou com uma risada. — Mas.. e a garota?

— Que garota? - levei alguns segundo para me tocar que ela se referia a Molly. — Ah, Molly Hooper, ela está lá em casa enquanto seu pai viaja a trabalho. Você a conhece, vocês estudam juntas, certo?

— Eu não reparei muito nela naquele dia do jogo de tênis... na verdade eu só a vi de costas... Mas sim, sei quem é. Minha colega de quarto e Molly são amigas.   Sherlock…? - ela ergueu os olhos para mim - Eu achei que não tivesse namorada… - comentou astutamente fingindo casualidade.

— Não tenho.

— Ótimo! - o sorriso dela alargou-se ainda mais. No mesmo instante, seu celular apitou, chamando sua atenção. Conferiu a mensagem no visor e soltou um suspiro de frustração — Preciso voltar, a última coisa que preciso, é meu tio enchendo meu saco porque matei aula novamente.

Janine me acompanhou até em casa e peguei o carro para levá-la de volta ao colégio. Durante o trajeto do carro ela se ocupou em mexer no seu celular e mandar mais mensagens. Estacionei em frente ao colégio e desci para abrir a porta dela.

— Obrigada pela companhia - ela agradeceu inclinando-se para beijar minha bochecha, mas senti o beijo no canto dos meus lábios. — Até logo, Sherlock.

Apoiei-me no carro e enquanto acendia um cigarro observando ela se afastar, meu sistema implorava por tabaco. O sinal tocou anunciando o fim das aulas. Já que eu tinha ido até ali, aproveitaria a oportunidade de oferecer uma carona a Molly.

Vi Mary saindo sem a companhia de sua amiga e estranhei, sabia que elas tinham combinado um almoço com John pois eu também estava incluso na programação, mas dispensei o convite. Joguei meu cigarro no chão e dirigi-me em direção a saída para alcançá-la

— Mary - chamei.

— Ah, olá, Sherlock. -  Morstan virou-se para me encarar, com uma expressão fechada. Atirar uma lança em mim talvez ainda fosse pouco para saciar sua vontade de me matar.

— Onde está Molly? Pensei que vocês fossem almoçar juntas.

— Ah… Molly… Molly  estava com dor de cabeça e foi para casa mais cedo. - a expressão se dissolveu em preocupação em seus olhos — Eu não tive mais notícias dela...

— Hm… Vou indo então.  Despedi-me de Mary com um aceno de cabeça.

Agora estava curioso, os fatos indicavam que Molly tinha matado aula dizendo que iria para casa, mas ela não estava lá. Verifiquei na hora que fui buscar o carro.  Só se…

Era um palpite e não custava tentar.

Entrei no carro e mandei uma mensagem para meu irmão pedindo a informação que precisaria, como não tinha certeza do endereço, dirigi até um bairro próximo. A resposta de Mycroft veio um minuto depois, infalível como sempre. Fui até o local exato, estacionei e desci.

Residência da família Hooper.

Encarei o exterior da casa, a parte da frente tinha sido toda danificada pelo fogo. Entrei tomando cuidado com tudo ao meu redor. Dois terços da casa estavam queimados, a parte sul foi a menos afetada. Abri a porta da cozinha e desviei de alguns escombros. Finalmente consegui alcançar o jardim dos fundos. O único local onde estava completamente intacto do incêndio. Ali o mato estava alto e algumas plantas estavam enormes.

Molly Hooper estava deitada na sombra de uma árvore, num dos lugares onde a grama não estava tão grande. Ela parecia cochilar.  Aproximei-me dela e notei a expressão fechada em seu rosto. Ela ainda não tinha notado minha presença, pude me aproximar mais, próximo a seus pés.

Seus cabelos estavam espalhados em torno de sua cabeça, além de algumas folhas grudadas, até um galho estava ali no meio, dependendo da maneira que ela se virasse, aquilo poderia machucá-la.

Agachei-me ao seu lado e com cuidado retirei o galho dali, desarrumando seu cabelo no processo. Inconscientemente coloquei alguns fios atrás de sua orelha e acariciei sua bochecha de leve com o polegar.

Eu apostaria minha vida que se eu repetisse esse gesto com ela acordada, cada célula de seu rosto ficaria vermelha.

— Molly? - chamei baixinho. Ela não se moveu, devia estar em sono profundo. — Molly Hooper. - repeti e ainda não obtive resposta. Acariciei sua mão levemente — Molls.

Molly sentou-se com um movimento repentino e bateu  sua cabeça contra a  minha, com o golpe cai sentado na grama. Soltei um palavrão enquanto massageava a testa com força.

— Ai, meu Deus! Sherlock, eu sinto muito! . - ela também estava massageando a própria cabeça.. — Mas ninguém mandou ser cabeça dura.

Ignorei seu comentário.

— Eu ia te oferecer uma carona, mas Mary disse que você já tinha ido pra casa. Acertei em vir à sua casa. Aliás, sua dor de cabeça melhorou?

Molly não me respondeu e ficamos um bom tempo sem dizer nada, deitei na grama com os braços acima da cabeça e fiquei encarando as nuvens indicando que choveria em breve. Olhei de soslaio para o lado e ela estava abraçada às pernas, olhando a sacada do quarto com vista para o jardim, certamente, seu antigo quarto.

— Molly - chamei baixinho — Eu acredito que em breve vai chover. Quer uma carona para… casa?

— Sim.

— Você dirige? - indaguei enquanto me levantava e oferecia minha mão para ajudá-la., Ela ponderou durante alguns segundos.

— Tudo bem - concordou ela, baixinho, aceitando minha ajuda. Mesmo depois de ter levantado ela do chão, ela ainda continuava a segurar minha mão. Diferente da mão de Janine, estava fria e um pouco suada. Mas não consegui deduzir seu ritmo cardíaco por causa do moletom grosso na altura dos pulsos.

Saímos juntos pelos fundos da casa em silêncio. Molly ainda estava completamente imersa em pensamentos. Somente no momento que abri a porta do carro para ela, foi quando desvencilharmos nossas mãos. Entrei no banco do passageiro e entreguei-lhe a chave.

Molly deu a partida e curiosamente não ligou o rádio, muito menos cantarolou algo. Achei estranho. Pensei que era um hábito seu ouvir música e cantar enquanto dirigia.

O dia tinha escurecido muito rápido  por conta das nuvens cinzas acumuladas no céu, um relâmpago clareou o horizonte, pela visão periférica vi Molly se assustar e apertar o volante com força. Quando o barulho do trovão soou ela praticamente agarrou a direção.

— Com medo de tempestades, Molls? - provoquei.

Ela deu de ombros e não me respondeu. Estudei seu rosto e não vi temor, o que vi ali estava mais para inquietação e apreensão. Lembrei-me da cicatriz em suas costas… Talvez  estivesse relacionado.

. . . . . . .

 No dia da viagem de Molly, meus pais a acompanharam até o aeroporto - aposto que até meu irmão teria ido se não estivesse ocupado com o trabalho. Dispensei participar da escolta preferindo ficar em casa tocando violino. Mas percebi em seu olhar que ela ficou desapontada quando desejei-lhe uma boa viagem.

Sem Hooper por perto as coisas voltaram a ficar entediantes. Era interessante vê-la tentar esconder algumas reações de mim; e como nem mesmo irritar meu irmão tinha tanta graça, tudo estava muito chato.

Sem olhares repreensivos por algo que geralmente eu dizia ou fazia, sem suas silenciosas andanças de meia pela casa, sem o cheiro bom que vinha da cozinha sempre que ela estava lá, sem os aromas de seus xampus sempre presente após ela usar o banheiro: cítrico e lavanda.

Talvez você esteja sentindo saudades dela, minha consciência sugeriu.

E por que eu sentiria falta dela? Respondi mentalmente enquanto bebericava uma xícara de café na mesa da cozinha.

— Sherlock,  querido. - mamãe interrompeu minha discussão mental, baixando seus óculos de leitura, passando-me um pequeno envelope abarrotado de fotos — Entregue essas fotos para John, sim? Molly nos enviou diversas fotos com Mary, e claro, pediram para entregar para John. Eu já resolvi e imprimi todas.

Com relutância, e segurando-me para não revirar os olhos, peguei o envelope das mãos dela. Fui para  meu quarto deixar junto de minhas coisas para não esquecer de entregar a Watson. Enquanto subia as escadas, a curiosidade bateu e tirei as fotos do envelope para olhá-las. Na penúltima, Molly e Mary estavam aos risos usando moustaches. Deixei essa foto separada das outras - iria guardá-la para mim.

Tudo bem. Admiti em silêncio. Coloquei a foto dentro de um caderno de anotações de química. Talvez, só talvez, eu esteja com saudades de Molly Hooper.

Eu avisei. Minha consciência vangloriou-se convencida.

É só porque estou acostumado com sua presença, só isso!


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Notas finais do capítulo

Quero opiniões sobre o capítulo!
beijos delicíneas :3



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