Mischievous Destiny escrita por Raura


Capítulo 4
Away


Notas iniciais do capítulo

Não sei se ficou algum erro para trás, se acharem me avisem para eu corrigir por favor!
Talvez amanhã eu atualize The Great Love Game...
Façam uma boa leitura!



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— Sherlock

 

John havia me infernizado a manhã toda insistindo que eu deveria conhecer sua nova namorada, dispensei o convite, mas de tanto que ele bombardeou meu celular com mensagens insistindo eu acabei concordando só para ter minha tão amada paz de volta.

Resumindo a universidade, era um tédio sem fim, com professores e colegas de sala mais tediosos ainda. Conheci John durante as aulas optativas de libras, ele cursava medicina e fazia essa aula comigo.

Na nossa primeira conversa tentando evitar futuras tentativas de papo eu lhe disse toda sua vida sem precisar que ele me contasse algo. Não era novidade para ninguém que eu evitava toda e qualquer companhia sempre que possível, mas John decidiu ignorar isso e resolveu se fazer meu amigo.

Então cá estava eu acompanhando John pelo campus até seu encontro. Primeiro notei a acompanhante de Mary – as probabilidades não eram grandes para eu ter que encontrar Molly Hooper em todo lugar, mas lá estava ela de costas para nós.

— Ah não... – deixei escapar.

— Nem pense em inventar uma desculpa para fugir, Sherlock. – John me alertou. — Mary! – diminuiu a distancia entre nós e elas, abraçou-a e beijou seus lábios delicadamente. — Esse é meu amigo, Sherlock Holmes. Sherlock esta é Mary Morstan. – nos apresentou.

— É um prazer conhecer o famoso Sherlock Holmes! – Mary comentou em tom irônico abraçada ao namorado.

Reconheci a namorada de John assim que a vi, me lembrava de ver ela e Molly andando para cima e para baixo pelos corredores, eram conhecidas no colégio como Hoorstan, Mary estava junto da amiga quando ela me entregou a carta. Tantas pessoas para John escolher como namorada e tinha que ser justo a melhor amiga de Molly... Quanto tempo até John saber da história também?

Que coisa mais entediante! Até quando essa história ainda ia me perseguir?

— John essa é Molly Hooper, minha melhor amiga. – Mary os apresentou.

— Olá John! É um prazer conhecê-lo! Cuide de minha amiga, não quero ter que vingar o coração partido dela. – ameaçou enquanto se levantava.

— Jamais faria isso.

— Venham, sentem com a gente um pouco.

Nos sentamos na grama, John e Mary se ocuparam em trocar saliva, Molly concentrada com sua mistura nada ortodoxa: batata frita e milkshake. A Hooper se quer tinha olhado em minha direção, me ignorando completamente, provavelmente chateada por eu não ter segurado a porta do metrô para ela. Inspirei o ar com força, se ela era lerda e desatenta eu não tinha culpa alguma.

. . . . . . .

Eu realmente não me importava com o que Molly Hooper pensava de mim, mas depois de quase três dias ignorando completamente minha presença e só falando comigo quando fosse muito necessário, comecei a estranhar, ela não fazia o tipo de pessoa que guardava rancor. Será que deduzi errado nesse ponto sobre ela?

Tinha acabado de me sentar à mesa para jantar quando minha mãe ordenou que eu fosse chamar Molly. Como a porta de seu quarto estava aberta, entrei sem me anunciar. Olhei ao redor procurando por ela e não a vi, meus olhos se prenderam em um caderno em cima de sua escrivaninha, seu diário.

Meu nome estava escrito no topo de uma folha, não consegui conter minha curiosidade até porque o que quer que estivesse escrito dizia respeito a mim, então peguei o diário nas mãos e alguns papéis caíram no chão – me dei conta que eram os pedaços da carta que ela rasgou.

Mal tive tempo de ler o título, dizia: ’10 coisas que eu odeio em Sherlock Holmes’, ouvi os passos de Molly nas minhas costas e me virei para encará-la, ela estava com seu pijama de bolinhas e uma toalha enrolada na cabeça.

— Devolva meu diário! – disse parando diante de mim, erguendo os olhos para me encarar.

— Meu nome está escrito aqui. – me justifiquei minha atitude apontando para a folha.

— Seu... – ela arrancou o diário de minhas mãos e para minha surpresa, eu realmente não esperava que ela fosse tomar essa atitude, me deu um tapa na cara. — Sai do meu quarto agora.

— Minha mãe pediu que eu viesse lhe chamar para o jantar. – avisei enquanto passava por ela esfregando o local do tapa.

Torci para que o local não ficasse vermelho, seria um saco ter que explicar isso a mamãe. Sentei-me a mesa e meu irmão já estava lá, assim que me viu apenas ergueu uma sobrancelha inquisidora. Molly apareceu alguns minutos depois, agindo como se pouco tempo atrás não tivesse me estapeado – e ignorando total e completamente minha presença, como se não estivesse sentada de frente para ninguém.

Tudo bem que eu não dava a mínima para os outros ao redor de mim, eram sempre entediantes, mas no fundo estava começando a achar divertida a lei do silêncio da Hooper. Queria só ver até onde ela levaria aquilo e como aquela altura Mycroft já deve ter deduzido algo, eu seria capaz de apostar com ele quanto tempo Molly continuaria me ignorando.

Molly não era o tipo de adolescente barulhenta, na verdade ela era até bem quieta se comparada com a maioria das garotas da sua idade.  Algumas de suas roupas tinham um toque divertido, como suas pantufas em forma de pata com garras ou suas meias listradas – a Hooper tinha mania de andar pela casa de meias; e ainda tinha seu pijama estampado igual couro de vaca... Aquilo tinha até rabo!

Cada um de nós ficava em seu canto, um dia escutei os passos de Molly passando perto de meu quarto, ela hesitou na porta decidindo se batia ou não, mas acabou desistindo e descendo as escadas. Vez ou outra me permitia observá-la para descobrir mais sobre ela.

Um dia eu estava sentando na sala afinando meu violino quando Molly passou por mim com um balde de pipocas e escorregou no tapete – voou pipoca para todos os lados, algumas até em seu cabelo, deixei escapar uma risada e ganhei uma olhar mortal dela em resposta.

— O que acham de uma partida de pôquer? Podemos jogar em duplas. – meu pai sugeriu no domingo a tarde.

Desviei o olhar do meu jornal para acompanhar a movimentação na sala, meus pais e Molly rapidamente arrumavam a mesa para jogarem.

— Mycroft querido, você vai jogar? – mamãe perguntou a meu irmão que passava pela sala. — Você poderia fazer dupla com Molly. – sugeriu. — Mike nunca ganhou de nenhum de nós dois. – contou, apontando para meu pai que separava as fichas.

— Pode ser. – Mycroft concordou se aproximando.

— Sherlock, você vem? Sua mãe e eu damos conta de vencer vocês três.

— Dispenso.

— Vamos começar? – Molly perguntou cheia de confiança, queria só ver a cara dela quando perdesse todas as fichas para meus pais.

— Não pense que deixarei barato só porque é nossa hóspede, Molly. – papai ameaçou-a.

O silêncio reinou por um bom tempo, por incrível que parecia a partida estava equilibrada. Ouvi quando falaram em apostar todas as fichas – estavam apostando em torno de 200 libras esterlinas cada um. Deixei o jornal de lado para ver como terminaria aquilo.

— Mostrem suas cartas. – mamãe ordenou. — Tenho uma trinca. – baixou as cartas na mesa.

— Um par. – Mycroft não conseguiu esconder o tom de derrota na voz.

— Uma trinca e um par... Fullhouse. – papai não disfarçou o tom vitorioso. Todos esperavam Molly baixar suas cartas, ela tinha uma expressão de derrotada no rosto, mordeu o lábio antes de baixar suas cartas.

— Royal Flush. – disse sorrindo vitoriosa de maneira cúmplice para Mycroft sentado a sua frente. — Ganhamos Mike! – levantou-se com um pulo, contornou a mesa e abraçou meu irmão.

— Você também me chamando de Mike não! É Mycroft e sem abraços, por favor. – pediu se desvencilhando educadamente. Bufei, pelo visto a Hooper tinha subido no conceito do meu irmão.

— Fazia tempo que não jogava uma partida tão boa, vou lá preparar um chá para tomarmos. – mamãe disse se levantando.

— Onde aprendeu a jogar poker tão bem, Molly? – papai perguntou.

— Em uma viagem de cruzeiro com meus pais... Enquanto aproveitavam a companhia um do outro, decidi fazer algo produtivo e fui passar algumas horas no cassino.

— Se um dia eu for à Vegas, me lembre de convidar você.

. . . . . . .

Impaciente eu esperava no carro. Era aniversário do meu pai e íamos almoçar fora, por terem decidido de última hora, minha mãe tinha me incumbido de ir buscar Molly no colégio, como se eu não tivesse nada de mais importante para fazer. Desci do carro, cruzei os braços e encostei-me à porta tombando a cabeça para trás, não muito tempo depois o sinal anunciando o fim das aulas tocou.

Molly saiu acompanhada de Mary, elas riam de alguma coisa, a amiga me viu primeiro e cochichou algo no ouvido dela. Acenei quando a Hooper se virou na minha direção, ela despediu-se da amiga e veio até onde eu estava andando lentamente, como se estivesse indo a caminho do julgamento final.

— Hoje não almoçaremos em casa, meu pai quer comemorar o aniversário no seu restaurante favorito. – respondi sua pergunta não verbalizada, explicando a razão que me levou ali. — Se importa de ir dirigindo?

— Não.

— Ótimo. – joguei a chave e ela pegou no ar. Dei a volta no carro enquanto ela abria a porta do motorista e jogava suas coisas no banco de trás, ela deu a partida assim que entrei.

Molly continuava me ignorando – só falava comigo o que realmente fosse necessário, ela ligou o rádio e sintonizou em uma estação. Eu até tentei, mas não consegui me manter alheio a sua cantoria, simplesmente não conseguia me concentrar e me focar no meu palácio mental para tentar solucionar o crime que tinha lido mais cedo no jornal.

— Don’t wanna be a fool for you, just another player in your game for two, you may hate me but it ain’t no lei, baby bye bye bye... – Molly cantava acompanhando uma boyband qualquer. Abaixei o volume quando estávamos parados em um semáforo, ela ergueu novamente o volume, estiquei a mão para abaixar novamente, mas ela a afastou com um tapa.

— Pelo amor de Deus! Como você gosta disso? – reclamei apontando na direção do rádio. Molly virou o rosto em minha direção me encarando por alguns segundos, me fuzilando com seu olhar. Tinha certeza que a ideia de parar o carro e me mandar descer passou por sua mente.

— Tudo bem... – inspirei profundamente antes de continuar. Apesar de eu não ser dado a manter conversas, não podíamos morar na mesma casa e continuar ignorando um ao outro para sempre. E também era melhor reverter essa situação antes que mamãe começasse a achar que havia algo errado e imaginar coisas. — Me desculpe. – Dessa vez ela me olhou sem entender, o semáforo abriu e ela avançou. — Eu não devia ter visto seu diário e nem ido te importunar com a história da carta... E também aquele dia no metrô. – justifiquei.

— Sherlock Holmes pedindo desculpas?! Devo me sentir especial ou algo do gênero por isso? – zombou, enquanto manobrava o carro na vaga do estacionamento. Desci do carro quando ela puxou o freio de mão, contornei o veículo e abri sua porta.

— Me desculpe. – repeti. Estendi a mão para ajudá-la a sair do carro, ela ponderou por um momento olhando no fundo dos meus olhos – notei suas pupilas se dilatando um pouco e um leve rubor em suas bochechas. Após soltar um longo suspiro segurou em minha mão. — Então posso concluir que minhas desculpas foram aceitas?

— É... – afirmou balançando a cabeça e soltando minha mão, trancou o carro e me devolveu a chave — Acho que podemos ser amigos. – completou arrumando a saia do seu uniforme.

 — Amigos?

— É Sherlock, amigos. Com toda essa sua arrogância, deve sobrar dedos em uma mão para contar seus amigos, mas posso tentar ser uma.

Molly sorria com um brilho no olhar, imagino que ela não estava gostando de ter que me ignorar, apesar de não ter convivido tanto com ela, sabia que aquele tipo de atitude não era de seu feitio.

Molly era o tipo de pessoa gentil e doce.

 — Vamos logo antes que pensem que me esqueci de vir e trazer você. – comecei a andar em direção ao restaurante.

— Vamos! Estou morrendo de fome! – concordou ao me alcançar entrelaçando seu braço ao meu, quase a afastei por reflexo, porém imaginei que talvez ela se ofendesse e voltasse a agir como antes.

Eu não fazia questão, mas se ela queria tentar ser minha amiga não via porque me opor. Na verdade, eu não via razão para me recusar a ser seu amigo. Se eu consegui ser amigo de John, eu conseguiria lidar com a amizade de Molly Hooper.


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Notas finais do capítulo

contem para essa humilde escritora que acharam :3



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