After you escrita por Sany


Capítulo 1
Capitulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ... A Bel (autora de Only You) tem um grupo muito bom no face sobre fics e estamos fazendo um desafio no grupo e o primeiro tema é: Pai.
Então vamos a minha tentativa de participar.



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♪♫♪♫♪♫♪♫

Minha cor

Minha flor

Minha cara ...

...Não sei se o mundo é bom

Mas ele ficou melhor

Quando você chegou

E perguntou

Tem lugar pra mim?...

... Não sei quanto o mundo é bom

Mas ele está melhor

Desde que você chegou

E explicou o mundo pra mim

Não sei se esse mundo está são

Mas pro mundo que eu vim já não era ...

(Espatódea - Nando Reis)

♪♫♪♫♪♫♪♫

Eu detestava a falta de respostas na minha mente, às incertezas do que era ou não verdade. Odiava ter dúvidas sobre o meu passado e ter que perguntar sempre a alguém o que era ou não real. Certa vez quando falei sobre isso com o Dr. Aurelius ele me disso que mesmo não tendo passado pelo telessequestro eu ainda teria perguntas sem respostas e incertezas. Já que segundo ele todos tem incertezas e perguntas não respondidas e que ninguém tem todas as respostas, na época ele chegou a usar uma frase antiga algo como “Quando a gente acha que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas...” confesso que não cheguei a entender direito na época ainda sim hoje entendo bem o que ele quis dizer. 

Ouve um tempo em que achei que mesmo em meio aos flashbacks e memórias confusas e falsas eu sabia das coisas básicas, por exemplo, o que é amar. Alguns anos de convívio e tudo que passamos juntos, juntamente com os sentimentos conflitantes em meio à confusão mental causada pela Capital durante a revolução eram o que eu poderia jurar ser o sentimento mais forte de todos. Katniss era meu porto seguro era minha força, um dos motivos que me fazia levantar nos meus piores dias, aqueles dias quando nada parecia fazer sentido. Era o elo mais forte que eu acreditava ter com o amor. Estávamos tão quebrados que no fundo era como se segurássemos um ao outro impedindo que desmoronássemos a qualquer instante eu a abraçava em meio aos pesadelos que sempre a assombravam e ela dizia o que era real ou não real. 

Por anos ela dizia que o tínhamos era suficiente ainda sim eu sabia que ainda faltava algo, sabia que apenas nós dois não bastava e sabia também que toda a negação dela em termos um filho era devido aqueles que ela perdeu durante os últimos anos. Eu mais do que ninguém via o quanto ela ainda era assombrada por todas as mortes, sabia o quanto ela sentia uma certa culpa por todas aquelas perdas principalmente pela Prim. Mas esse era um dos motivos da minha insistência, eu não queria que a Katniss ficasse sozinha, não queria que se algo acontecesse comigo ela ficasse sem ninguém, porque no fundo eu sabia que ela não iria aguentar ser sozinha.

Foram quinze anos de espera, quinze anos de diálogo para que ela cedesse e enfim concordasse em iniciar nossa família e também foram quinze anos para entender que eu não fazia ideia do que era o amor. Se amo Katniss? Amo com todo o meu coração não existe mulher que eu possa amar mais do que ela. Porém no dia em que Willow nasceu eu descobri o amor na sua melhor forma, um amor puro e imensurável que eu nunca pensei em sentir antes. 

Lembro que quando soubemos da sua chegada tudo foi novo, não tínhamos ideia de como seria, Katniss ficou realmente assustada quando sentiu nossa pequena mexer pela primeira vez e naquele momento enquanto eu a acalmava só desejava poder sentir também e quando isso aconteceu foi como se meu mundo tivesse parado por um instante. Era real teríamos um bebê em breve, havíamos feito algo incrível juntos e mesmo com as incertezas da vida a alegria daquele momento foi inexplicável. Sentir aqueles movimentos suaves que foram se intensificando ao longo das semanas seguintes passou a ser minha distração favorita. E quando os flashbacks vinham era esses pequenos momentos, a sensação daqueles pequenos chutes na palma da minha mão que eu tentava pensar para me trazer de volta ao que era real porque aquele bebê era real, era nossa melhor parte. 

No momento em que eu a segurei em meus braços pela primeira vez poucos minutos após seu nascimento eu soube que não haveria amor maior, eu não amaria ninguém como eu já amava aquele ser tão pequeno e aos meus olhos tão parecida com a mãe. Alguns anos depois descobri estar errado novamente já que por mais que eu não pudesse amar alguém mais do que amava minha filha eu descobri que poderia amar alguém da mesma forma e com a mesma intensidade. Já que quando Rye nasceu toda aquela felicidade se fez presente outra vez. O nascimento do meu garoto me fez ter ainda mais certeza de que eu não sabia de nada. 

Talvez eles não acreditem, mas eu os amo da mesma forma e em igual medida, não consigo imaginar minha vida sem eles, ambos são reesposáveis pelos melhores momentos que vivi nos últimos anos, são por eles que levanto nos meus piores dias, aqueles dias em que no fundo só queria ficar na cama, dias em que as lembranças são ainda mais insuportáveis e que nada faz muito sentido. Os dois me fazem acreditar que tudo vai ficar bem, mas Willow me ensinou a ser pai se é que da para aprender algo assim. 

Foi ela que achei primeiro que poderia proteger do mundo sem ter ideia de que por mais que não haja Jogos e eu faça o meu melhor não tenho esse poder, e ironicamente eu aprendi isso com algo tão simples como quando não pude impedir seu primeiro tombo ao tentar dar seus primeiros passinhos ou quando ela ralou o joelho pela primeira vez.

A verdade é que ouvir um filho chorar ou vê-lo se machucar é uma das piores sensações que existe no mundo, você quer desesperadamente impedir que isso aconteça, mas no fim das contas ser pai é algo totalmente imprevisível por mais que você tente sempre há algo novo, coisas simples que estão fora do seu controle. Que às vezes fazem com que sua função pareça ser exatamente isso tentar e talvez seja isso mesmo, ou quem sabe ser pai seja apenas fazer o melhor a cada dia como se sua missão naquele dia fosse exatamente essa ser melhor do que ontem, tentar errar menos porque os erros estão ali e você acaba cometendo sem querer.

Não é fácil, o medo é parte constante desse caminho, mas é sem sombra de duvida a melhor experiência que se pode ter na vida. Nada se compara a felicidade de cada conquista, os primeiros passos, a primeira palavra, os abraços, os risos, até mesmo os monstros que eles imaginam estar embaixo da cama, monstros esses que nos tornam heróis já que nessa fase só nossa presença faz com que eles se sintam seguros.

— Papai. - senti um pequeno aperto no peito ao olhar para ela, nada havia me preparado para aquele momento, nem mesmo os dezenove anos de aprendizado e descobertas.

— Você esta linda. – aquela era a mais pura verdade minha menina estava perfeita. Ela sorriu um sorriso tão sincero que me vi sorrindo também.

— O senhor também esta lindo.

Vê-la naquele vestido de renda branco me fez sentir tão pequeno, como eu queria que ela não crescesse nunca, queria que ela continuasse sempre a minha doce menina que dançava na campina com a inocência intacta que só uma criança pode ter, a mesma menina que me olhava como se fosse um herói, aquela que corria em direção a meus braços toda vez que entrava pela porta. Mas eu não tinha esse poder os anos haviam passado tão rapidamente ela havia crescido aprendido sobre os Jogos, descoberto tudo o que tinha feito, descoberto os motivos dos meus flashbacks. Minha pequena Willow sabia sobre os horrores de um tempo antes dela, um tempo que eu como pai gostaria que ela não soubesse, mas que não era possível esconder.

— Pronta? – ela confirmou com a cabeça e aceitou o braço que estendi, mas não deu um único passo depois disso – O que foi?

— Estou nervosa pai, e se for um erro e se estivermos apresando as coisas? – vi em seus olhos os mesmos receios de quando era apenas uma menina.

— Vocês se amam? – não era preciso uma confirmação ainda sim ela o fez – Então não tem motivos para temer minha pequena.

— Não sou mais pequena pai. – as mesmas palavras que ela dizia desde que começou a se achar crescida ainda quando estava longe disso. 

— Pra mim você sempre será minha pequena, minha menina. E você sempre pode voltar para casa porque eu sempre vou estar lá para você. 

— Amo você pai.

— Eu te amo muito mais.

Eu estava prestes a entregar uma das coisas mais valiosas da minha vida, pelo menos em partes já que eu jamais deixaria de me preocupar com ela.  Willow havia me ensinado muito, mas acima de tudo tinha me ensinado que eu não sabia de nada e que talvez eu nunca soubesse porque não é preciso ter todas as repostas no final das contas. Ela me trouxe esperança, me fez enxergar o mundo de uma forma nova e completamente inesperada, trouxe sanidade a minha mente confusa. Ela e Rye são a melhor parte de mim a prova concreta de que o que Katniss e eu sentimos é real.

É como se existisse uma vida antes e uma vida depois dela. Porque ser pai mudou meu mundo, e eu agradeço todos os dias por isso.


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Notas finais do capítulo

Bom espero que vocês tenham gostado, pela primeira vez eu escrevi algo que não é UA de Jogos Vorazes então se não fez jus me desculpem.
Vou deixar o convite a todos a participar do desafio seja escrevendo ou lendo os textos escritos para o mesmo e para votar também.
Eu tenho uma preferencia gritante por músicas internacionais, mas tem alguns cantores brasileiros que eu realmente gosto e os trechos no início do capitulo são da musica Espatódea que o Nando Reis escreveu para a filha e eu acho muito linda.
Eu vou adorar saber a opinião de vocês.
Beijos