Herdeira da Lua escrita por Julipter, Julipter


Capítulo 18
Capítulo Dezoito – Ti voglio, come ho


Notas iniciais do capítulo

Posteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!
Até a próxima sexta, italianos.
(Isso foi péssimo.
Enfim, tchau!)



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Matteo

Ele fizera aquilo.

Ele beijara Itália.

Ele estava com ela.

E era... Incrível. Mais que incrível. Se sentia um idiota.

A cada beijo, cada abraço, cada dia que ele passava horas na casa dela apenas fazendo nada e tentando fazer com que o maldito gato simpatizasse com a cara dele, não se arrependia em nenhum momento. A garota chegava a precisar expulsá-lo de lá. Empurrando-o porta a fora, com aquela careta de quem segura a risada. Então ele se virava, a beijava mais uma vez e ia embora.

—Você não ficou assim por mim. – Ironizou Alice, sentada á base de seu teclado.

Matteo jogou uma almofada nela.

—Já entendi. – Alice riu. – Não sei o que ela viu em você!

—Lice, eu tenho infinitas almofadas aqui. – Ele ameaçou.

—Bem, elas não machucam, né?

Ele havia acabado de deixar Itália no Café, e quando chegou em casa, ouvira a voz de Alice cantarolando. Ela entrou e ele nem estava lá. “Ela disse que vocês tinham ensaio”, Clara justificou.

Mas eles não tinham.

—Você ficou com alguém depois de mim?

—Se eu fiquei? Ah, é óbvio. Tentei namorar com um cara, mas... Bleh. – Matteo riu. – Matteo, acho que gosto da Lucy.

—Todo mundo gosta da Lucy. Ela é adorável.

—Ela é tão fofa com aquele cabelo rosa, e os unicórnios e pandas! Nunca vi alguém tão autêntico!

—Ela tem namorado, querida Alice.

—Ah, por favor, esse é o menor dos meus problemas. Ela é hétero.

Matteo começou a gargalhar.

—Como se isso te impedisse de algo.

A porta bateu, e eles ouviram vozes.

—É melhor eu ir. – Alice falou, baixo. Ás vezes Matteo pensava que ela tinha medo de seu pai. Não a culpava por isso. – Nos vemos no show.

Ela desarmou seu teclado e foi embora apressada.

Matteo foi até a sala. Nada. Pedro ainda não estava em casa, e Clara estava no quarto de hospedes...

Ele seguiu para a cozinha e não teve reação diante do que via.

Gabriel prensava sua mãe contra a pia, enquanto os dois trocavam beijos.

—Que merda é essa aqui!? – Ele cerrou os punhos, avançando na direção dos dois. Geovanna empurrou Gabriel rapidamente.

—Filho, nós...

—Ele te obrigou a alguma coisa, não foi? Seu covarde!

—É claro que não Matteo, pelo amor de Deus!

—Está tudo bem. Eu já estou indo. – Gabriel pigarreou, extremamente clamo, e ainda finalizou com um sorriso. – Nos vemos.

Matteo não dirigiu um olhar ao pai enquanto ele saía. Cravou os olhos em Geovanna.

—Você me perguntou por que eu quis que continuasse as sessões com Jorge. – Ela disse.

—Não desvie do assunto. – Matteo acusou.

—Eu não estou. – Geovanna se aproximou do filho. – Eu sei que talvez você nunca tenha notado esse comportamento do seu pai, mas isso é minha culpa. Fui eu quem me esforcei pra esconder. – Ela suspirou, e Matteo logo soube que não iria enrolar mais. – Gabriel tem transtorno de dupla personalidade e bipolaridade, Matteo. Os psiquiatras recomendaram evitar ao máximo despertar esse lado agressivo dele, que parece ser o lado que você mais conhece. Mas seu pai também é bom e carinhoso. É só se perguntar por que o Pedro gosta tanto dele e você sente tanto medo.

—Você... Agressivo? Quer dizer... – Matteo estava sem palavras para o que acabara de ouvir. Ele sentou-se numa das cadeiras.

Geovanna arregalou os olhos, incrédula.

—Não, ele nunca me agrediu. Não quero que pense isso de forma alguma. Não chega a ser extremo.

—Mas mãe, você não pode se obrigar a fazer as vontades dele só para que ele não fique agressivo. Você não é obrigada nem a manter contato com ele.

—Eu não vou, Matteo. Vou me afastar dele. – Ela passou as mãos pelo cabelo do filho. – Os papéis do divórcio estão praticamente prontos, é só assinar. Vou ter minha pequena parte da empresa, e ele seu império. Mas por enquanto, só por enquanto, é melhor prevenir. Entende?

—Não. Não entendo. – Não entendo nada disso — Mas se você acha melhor assim...

Geovanna se abaixou e deu um beijo na testa dele.

—Então, as conversas com o orientador... Você acha que pode ser hereditário.

A mãe fez que sim com a cabeça.

—Existe 50% de chance, sabe, 50% dos seus genes vem dele, e...

—Eu sei. Eu estudo biologia. – Ele respondeu, cínico. O olhar de Geovanna entristeceu. – Mãe... – Matteo pegou as mãos dela. – Eu não estou doente. Você viu a minha avaliação final. Minha sanidade está perfeitamente bem.

—Eu sei, Matteo, mas você ainda pode desenvolver isso. No futuro. E eu não quero que isso aconteça.

Matteo suspirou e apertou as mãos da mãe.

—Se te deixa segura, eu continuo com as sessões. Mas, a cada duas semanas. E só até o fim do ano letivo, não quero saber de psicólogos depois.

O ano letivo ainda tem cinco meses...

Geovanna sorriu.

—Eu sabia que entenderia. Sabe que é porque eu te amo, não sabe? E não se preocupe, eu vou me livrar do seu pai completamente. Prometo.

Matteo assentiu, sem transmitir nem um pingo da alegria que a mãe tinha.

—Eu vou estudar.

—Tudo bem.

Ele voltou para o quarto, tentando dar alguma atenção aos livros, enquanto pensava em tudo que ouvira.

(...)

Leonardo irritava.

Pegando as mãos dela, abraçando-a e beijando sua testa.

Ela só dizia sim para ele, e isso também irritava.

Mas tudo que Matteo fez quando Leonardo saiu correndo para chutar uma bola (o que ele faz de melhor), foi passar o braço ao redor dos ombros de Itália, sem pestanejar.

Afinal, eles eram amigos. E é claro que Matteo sabia que ela o ajudaria em qualquer situação também, só que essa proximidade... irritava, como já foi dito. Ainda mais agora que todos já sabiam que Leo havia desencanado de Julia.

Leonardo, Henri... Caramba, era muito difícil!

Ele estava viajando nesses pensamentos quando percebeu que Julia lhe dava uma bronca. E em Alice. E até na Lucy! Quem consegue dar bronca olhando pra Lucy?

Ah, o e-mail. Matteo se lembrava bem daquilo.

Estavam todos no ensaio.

—Eu recebi um e-mail do Hush ontem. Setenta pra cada um, ás duas da manhã. Querem que a gente toque no próximo domingo. – Matteo informou.

—Diz que sim! – Alice disse, como se fosse óbvio. – Você está pensando sobre isso? É uma grande oportunidade!

—Vamos falar com a Itália. – Sugeriu Lucy.

—Com a Itália? Pra quê? Não faz parte da banda. – Téo estava de mal humor, então ninguém ligava pro que ele estava falando.

—Talvez avisar a Flávia... Ela pode publicar, trazer mais gente. – Alice falou.

—É o Hush, não precisamos publicar nada. As pessoas só vão lá! Eu vou dizer que sim, depois avisamos elas. – Matteo finalizou.

Simples assim. Depois de ouvir Julia, ele constatou que com certeza ela conseguiria cem para cada um, e num horário melhor. Ele fora precipitado. Ansioso.

Talvez fosse ansiedade o problema que ele teria que resolver...

Droga, a conversa com Geovanna o deixara paranóico.

Depois que finalmente ficou sozinho com a namorada – como adorava dizer isso –, constatou que realmente estava carente.

Não me culpe, eu esperei demais por você, ele pensou.

O sinal o interrompeu, mas não era tão importante assim falar sobre isso, certo? Não queria fazê-la perder a aula.

Finalmente estava na mesma sala que Flávia e Thiago.

Mas, sinceramente, a mente de Matteo estava divagando demais naquele dia para que prestasse atenção  na conversa dos amigos.

—...E aí elas me compraram uma Coca-Cola e disseram que vocês vão tocar no Hush. A Julia estava meio aborrecida. Quer dizer, como assim? Por que você não me contou!? – Flávia questionou.

—Desculpa, ta bom? Mil perdões. – Ele ironizou, voltando a copiar no caderno o que o professor parecia escrever na velocidade da luz.

Flávia se entreolhou com Thiago.

—Você tá bem? – O amigo perguntou, colocando a mão no ombro de Matteo.

—Melhor impossível.

—Você tentando esconder as coisas é tão bom quanto Barry Allen tentando não ferrar com a linha do tempo. – Ele disse.

Nota mental: ver Flash.

—Podemos não falar disso agora? – Matteo pediu, elevando um pouco a voz. – Eu juro que vou falar com vocês. Mas, não agora, ok?

Flávia suspirou, nada convencida, voltando-se para o quadro e Thiago assentiu.

(...)

Toda sexta a noite no Café da Lili, pessoas diferentes apareciam para ver a Lua tocar.

Obviamente, sempre apareciam os mesmos rostos do Dom Pedro II. Haviam aqueles que iam pela música, aqueles que davam em cima de Alice, de Téo, e alguns corajosos que arriscavam Lucy. Ela tinha respostas duras para mandá-los embora, (mesmo que o namorado dela quase nunca aparecesse) e toda aquela essência inocente desaparecia, enquanto garotos (e garotas) cabisbaixos se afastavam da menina de cabelo cor-de-rosa.

Matteo também tinha seus seguidores de fato, mas não dava atenção para nenhum. Ele sempre ia ao encontro de Itália, porque era pra ela que ele cantava todas as músicas, mesmo que ela não percebesse,

E ali estava ela, com aquele uniforme do Café, vestida de preto. Ele tinha certeza que Itália não gostava da cor, mas ela irradiava alegria, como se estivesse vestindo um arco-íris o tempo todo.

—E agora, fechando nosso repertório, fiquem com um solo da nossa tecladista, Alice! – Téo disse ao microfone. Matteo sorriu para a plateia, porque querendo ou não, era divertido vê-los suspirar de amores.

Deixou a guitarra sobre o pedestal e desceu do palco, junto ao resto da banda, com exceção de Alice.

Big lights (luzes fortes)

People (pessoas)

Rushing to grow up before you know (se apressando para crescer antes de você perceber)

Stop signs (sinais de parade)

Denied (negado)

Everyone tells me I gotta go slow (todos dizem que eu tenho que ir mais devagar)

Matteo foi até o balcão, onde Itália o observava com os olhos coloridos brilhando. Ele sentiu uma enorme vontade de beijá-la, mas não o fez, sem saber bem o por quê. Talvez fosse para não estragar aquele sorriso...

—Oi. – Ele disse, depositando um beijo carinhoso na testa da garota.

—Vocês estão incríveis! – Ela mordeu o lábio, numa tentativa falha de diminuir o sorriso. – A música de hoje era muito boa.

—Foi a Lucy que escreveu.

Desde a semana retrasada, eles tocavam uma música autoral por show.

And it's gonna hurt sometimes (e vai machucar algumas vezes)

No matter what you do (não importa o que você faça)

But nothing can change my mind (mas nada pode mudar o que penso)

Se encararam por um momento, imaginando o que se passava na mente um do outro. Matteo acariciou o rosto dela, tentando decidir se contava de uma vez o que lhe afligia. Quando abriu a boca para falar, Itália o interrompeu.

—Isabela quer me ver. – Ela pegou a mão dele.

Matteo se sentiu atordoado por um momento.

—Na França!?

—Não… - Itália riu. – Por skype. Eu mandei uma mensagem para ela, coisa que não fazia desde a nossa única conversa. Ela quer falar comigo, cara a cara. Quer ver como eu sou. Só não sei se consigo olhar pra ela sem sentir o mínimo da amargura que eu sei que guardo.

Matteo precisou de mais tempo para processar aquilo, pois a possibilidade de Itália não estar ali, o havia desconcertado completamente.

If I'm too young to fall in love (se eu sou jovem demais para me apaixonar)

Why do you keep running through my brain? (por que você continua voltando para a minha mente?)

If I'm too young, to know anything (se eu sou jovem demais pra saber de alguma coisa)

Why do I know that I'm just not the same? (como eu sei que já não sou o mesmo?)

Matteo sabia que Itália mexia muito com ele. Não se lembrava do último dia que passara sem pensar nela pelo menos uma vez. Ele sabia que a garota não havia mantido contato com a mãe biológica até aquele momento, e uma aproximação das duas, por mais egoísta que parecesse, afastava Itália de Matteo. Afastava de São Paulo, do Brasil, porque era mais um motivo para ela voltar.

Ali estava, mais uma falha do psicológico dele: Matteo era emocionalmente estável.

Don't tell me I won't (não me diga que eu não vou)

Don't tell me I can't feel (não me diga que eu não posso sentir)

What I'm feeling is real (o que estou sentindo é verdadeiro)

Cause I'm not too young (porque eu não sou jovem demais)

—Matteo? – Itália chamou a atenção dele.

O garoto sorriu.

—Desculpa. – Ele tomou a mão dela novamente. – Se você fica feliz em tentar falar com a sua mãe, eu fico feliz com você.

—Ela não é minha mãe. – Itália fez uma careta. – A Amanda me convenceu. Acho que era uma birra sem noção. – Não era, não. — Mas... Me conta.

Ele sabia do que ela estava falando. Decidiu contar desde o começo.

—Eu estava ensaiando com a Alice quando ouvi minha mãe chegar em casa. Lice foi embora, e eu continuei ouvindo sons pela casa, mais de uma voz. Meu pai estava na cozinha com minha mãe.

Raindrops (gotas de chuva)

Deep thoughts (pensamentos profundos)

Pictures of you and me wherever I go (fotos de você e eu, onde quer que eu vá)

Laughing (rindo)

Running (correndo)

To a place where nobody says no (para um logar onde ninguém diz não)

Matteo contou que sempre notou que Geovanna não jogava fora as fotos que tinha com Gabriel. Ela nem sequer enfiava num baú de tralhas, deixava nos porta-retratos espalhados pela casa. Por um tempo pensou que fosse por causa de Pedro, mas agora ele sabia que não era bem assim. Geovanna não queria irritar Gabriel.

And it's gonna hurt sometimes (e vai machucar algumas vezes)

No matter what you do (não importa o que você faça)

But I've gotta fall to fly (mas eu tenho que cair para voar)

Yeah

Quando terminou de falar, a expressão de Itália estava impassível. Ela contornou o balcão e abraçou Matteo, sem dizer uma palavra.

Matteo retribuiu o abraço, sentindo-se acolhido, e afagou os cabelos dela.

—Eu vivo enchendo você com os meus problemas. – Itália disse, depois de um bom tempo. – Não imaginei que sua família fosse complicada assim... Você tem que me contar mais as coisas! – Matteo riu. – Je crains contigo.

—Você precisa me dar aulas de francês.

—Quer dizer que me preocupo. – Ela levantou o olhar e sorriu.

If I'm too young to fall in love (se eu sou jovem demais para me apaixonar)

Why do you keep running through my brain? (porque você continua correndo até minha mente?)

If I'm too young, to know anything (se eu sou jovem demais para saber de qualquer coisa)

Why do I know that I'm just not the same? (como eu sei que já não sou o mesmo?)

Don't tell me I won't (não me diga que eu não vou)

Don't tell me I can't feel (não me diga que eu não posso sentir)

What I'm feeling is real (o que estou sentindo é verdadeiro)

Cause I'm not too young (porque eu não sou jovem demais)

Cause I'm not too young (porque eu não sou jovem demais)

Oh oh

Yeah

—Você não fala nem com o seu orientador, preciso que fale comigo. – Itália continuou. – Pode correr pra mim sempre que se sentir mal em casa. Pode até levar Pedro. Só não quero que me esconda nada.

Pode deixar.

—O fato principal dessa história, não te incomoda nem um pouco? – Indagou Matteo, tirando as mãos do cabelo dela.

And if I'm too young to fall in love (e se eu sou jovem demais para me apaixonar)

Why do you keep running through my brain? (por que você continua corrento até a minha mente?)

If I'm too young, to know anything (se eu sou jovem demais, para saber de qualquer coisa)

Why do I know that I'm just not the same? (como eu sei que já não sou o mesmo?)

—A mera possibilidade de você ser bipolar: - Itália ergueu os pés e depositou um selinho nos lábios dele, o que o fez sorrir. – É claro que não, Matteo. Acho que é preciso muito mais pra me fazer deixar de gostar de você.

—Tá vendo como você me deixa inseguro? – Ele brincou, passando os polegares dos dois lados do rosto dela.

—Aposto que ninguém nunca te disse isso, mas você é muito fofo. – Itália observou, antes de beijá-lo.

Don't tell me I won't (não me diga que eu não vou)

Don't tell me I can't feel (não me diga que eu não posso sentir)

What I'm feeling is real (o que estou sentindo é verdadeiro)

Cause I'm not too young (porque eu não sou assim tão jovem)

Cause I'm not too young (porque eu não sou assim tão jovem)

Naha yeah

I'm not too young (não sou jovem demais)

(…)

—Você gosta da Itália? – Pedro estava montando uma câmera estragada pela segunda vez seguida, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Na cabeça dele, devia ser incrivelmente divertido.

—Sim. – Matteo respondeu, com naturalidade. Porque aquela era uma certeza para ele, não precisava pensar sobre. – Gosto muito dela.

—Você ama ela?

Certo.

Certo.

O que esse garoto tem hoje?

—Acho que é cedo pra dizer que a amo, Pedro. – Ele concluí. – Por que quer saber?

—É que eu gosto muito da Itália. Ela é tão legal. Me faz desenhos! E me deixa chamá-la de França, de Inglaterra, Dinamarca...

—Acho que já entendi. – Matteo riu. – E o que tem?

—Bom, eu gosto muito dela. Mas eu amava a Alice.

—Eu também. – Matteo largou o livro de matemática e se aproximou do mais novo. – Mas você não precisa escolher entre as duas. Não tem que se preocupar com isso.

—Você precisa escolher? – Pedro inclinou a cabeça para o lado, como um cachorrinho com fome.

—Não. – Ele negou com a cabeça também. – Eu não preciso escolher, porque a Alice não é uma opção.

—Por quê?

—Porque não gosto mais dela.

—Por quê?

Pedro tinha um irmão muito paciente.

Matteo segurou as mãozinhas dele.

—Eu não sei. – Confessou. – Mas, ás vezes, quando o seu coração bate muito forte por uma pessoa... – Colocou o dedo no peito do mais novo. – Ele está fazendo um teste. Está descobrindo se aquela pessoa é a certa pra você. – Pedro o olhava atentamente, prestando atenção em cada palavra. – E se ele descobre que ela não é, ele para de bater forte.

—Como então ele sabe que a pessoa é a certa?

—Quando bate forte para sempre. – Matteo sorriu.

—Você acha que o seu coração pode parar de bater pela Itália? – Inclinou a cabeça outra vez.

Isso apagou o sorriso de Matteo.

Não sei se acho. Só sei que não quero.

Nunca se preocupou tanto com quem fazia seu coração acelerar... Até agora.

—Pode ser que sim. – Voltou a sorrir para o menino. – Mas não importa, ok? Você tem que aproveitar todos os testes. Eles são importantes, muito, muito importantes.

—Tudo bem.

Itália não era um teste. Não podia ser.

(...)

Ele estava checando a afinação da guitarra, pois sua aula com as crianças havia acabado.

Acabou se empolgando, porque afinal era música, e logo estava solando.

—Quando vai fazer uma música para mim? – Ouviu a voz de Itália atrás de si, e ao invés de parar de tocar com o susto, ouvi-la só o incentivou mais. Então, quando se virou para ela, ainda estava tocando.

Ele sorriu de forma provocativa.

—Não vou ser o clichê do cara que além de ser músico, está numa banda, e faz uma música para a namorada. Ele canta num palco, na frente de todo mundo, depois de uma briga, para que todos saibam o quanto ele ama aquela garota.

—Mas, Matteo, já somos um amontoado de clichês mesmo! Não precisa ser num palco, isso não teria graça. E que negócio é esse de briga? Pensa só: você me faz uma música, coloca sua jaqueta, pega sua guitarra, e toca na escada de incêndio do meu apartamento no meio da noite. Eu acordo, de pijama, com Cheshire no colo e lá está você. Fico maravilhada e nos beijamos quando a música acaba.

Matteo parou de tocar durante a narração, porque era simplesmente hilário e ele precisava rir.

—Não ria das minhas fantasias! – Itália bateu nele.

—Ei! – Reclamou, ainda rindo. – Tudo bem, tudo bem. Você não precisa de uma música! Não foi a minha guitarra que te conquistou, foi?

—Ah, a sua guitarra é muito bonita... —Itália sorriu, parecendo se lembrar de algo. —Solos de guitarra não vão me conquistar...

Para Matteo, ela cantava perfeitamente. Para Itália e para o resto do mundo, era só mais uma voz desafinada.

—Eu nunca te mostrei essa música... – Ele voltou para sua cadeira de professor.

—Passei no Café. – Ela disse, se aproximando. – Henri colocou no rádio.

—Ah, claro. É com o Henri que você ouve músicas agora. – Matteo sorriu com o canto do lábio, fazendo Itália rir. Ele a puxou pela mão e a conduziu para sentar-se em seu colo, de frente para ele. – Canta pra mim.

Itália fez cafuné em seu cabelo.

Eu quero você. Como eu quero!


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