Herdeira da Lua escrita por Julipter, Julipter


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis – Que: Matteo et je


Notas iniciais do capítulo

Eu volteeeeeeeeeeeeeei
Agora pra ficaaaaaaaaaaaaaaaaar
Poooorque aquiiiiiiiiiiiiiiii
Aquiiiiiii é o meeeeeu lugaaaaaaaaaaaaar



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Itália

“Nós não falamos.

Não decidimos nada.

Separamos nossos lábios, sorrimos, e então nos beijamos de novo. E de novo. E mais uma vez.

Era tão bom. Cada beijo parecia melhor que o interior, numa fórmula impossível de coisas inexplicáveis que eu sentia com mais intensidade do que nunca.

É claro que, num momento, Thiago apareceu batendo palmas. Eu provavelmente fiquei muito vermelha, enquanto Matteo me abraçava, rindo.

Logo, todos estavam ao nosso redor, felizes e certos, como se estivessem só esperando que aquilo acontecesse. Aquilo: Matteo e eu.

Já éramos aquilo?

Talvez fôssemos muito antes do beijo.”

Chuva.

Muita chuva, na cidade toda. Talvez no estado!

Fazia tempo que não chovia ali. E estava frio. Itália até foi para o colégio com um casaco. Um de verdade, comprido, quentinho e trazido de sua terra natal. Ela se sentia um pouquinho em casa, como não se sentia a muito tempo.

Estava no sofá, ainda com a mochila nas costas, olhando para o nada. Pensando. Divagando, na verdade.

Cheshire ronronou, subindo no sofá.

—O que você acha do Matteo, Chesh? – Ela perguntou ao gato que se acomodou em seu colo, miando. – Você gosta dele, né? Se esfregou nos pés dele quando esteve aqui da última vez... – O gato esfregou o focinho com uma pata. – Bom, você faz isso com todo mundo.

Ele ronronou novamente em resposta.

Itália ri e se levanta, apenas para ouvir reclamações de Cheshire, que perdera o conforto.

—Eu preciso trabalhar pra comprar a sua comida, sabia?

(...)

O movimento no Café aumentara de forma significativa, desde que os shows começaram. Mesmo que houvesse uma placa bem na frente do lugar que dizia “Música ao vivo todas as sextas”, Itália e Henri ainda respondiam perguntas sobre isso nos outros dias da semana.

Ninguém da banda poderia aparecer por lá sem evitar olhares ou ser meramente paparicado. O cardápio teve que aumentar. Alguns funcionários da manhã trabalhavam por mais uma hora. Resumindo: o Café da Lili era um sucesso. Pelo menos este. Mas, logo que descobrissem que existiam outros, também seriam um sucesso, sem dúvidas.

Itália estava limpando o balcão, quando simplesmente do nada, Leo adentrou o Café.

Ela o vira em várias situações, mas ela tinha certeza de que nunca havia visto o garoto tão feliz quanto naquele momento.

Leo tinha cozinhas, que só apareciam quando ele ria de verdade, como naquela hora. Ele estava com uns cabelinhos grudados na testa, e roupa esportiva. Chuteiras nos pés.

Se todos naquele Café olhassem para ele, seriam contagiados com sua alegria.

Num primeiro momento, ela ficou confusa. Então, Leo a abraçou e girou, falando “eu sou o capitão, Arco-Íris, sou o capitão! Estou no time!”, enquanto Itália só conseguia rir, porque as mãos na barriga dela faziam cócegas. Muitas cócegas,

Leo pareceu se lembrar disso, e a colocou no chão.

—Parabéns, Leo, eu sabia que você ia conseguir! – Exclamou, ainda arfando de tanto rir.

Alguns dias atrás, fora anunciado que haveria um campeonato regional de futebol, entre alguns colégios públicos do Água Rasa e bairros vizinhos. Leo se animou na hora, e Itália se lembrou de tantas as vezes que ele a deixou com Julia ou Lucy (mais recentemente) no intervalo só para jogar. Ele jogava sempre, e muito bem, apesar da magreza, do aprecio por videogames e de parecer frágil. Leo não era nada frágil – ao menos fisicamente.

Itália sabia desde o começo que seria o capitão do time.

—Arco-Íris, pra que time você torce? – Perguntou, de repente.

—Hã... Paris San German? – Falou a primeira coisa que lhe veio a cabeça.

—Achei que tivesse mais conhecimento, pequeno gafanhoto. – Ele riu e bagunçou os cabelos dela. – Mas agora, você torce pro meu time!

Ele ainda estava sorrindo abertamente quando se sentou no balcão.

—Bem, isso pede um grande copo de café. – Henri disse, também sorrindo e foi preparar o tal café.

Mas isso não era nada incomum; Henri sorria sempre. E não se forma forçada ou para agradar os clientes, ele apenas parecia estar sempre tranqüilo, feliz, e transmitia isso a todos ao seu redor.

Itália aproveitou o momento de distração para mandar uma mensagem à Julia.

Eu: Estou BOIANDO em história. Você pode me ajudar? Por favor, por favor, por favor, por favor@

Ela mandou um emoji risonho antes de responder.

Juju: É tão engraçado ver você usando essas expressões. Imagino você falando essa frase com esse seu sotaque!

Itália torceu o nariz. Ora!

Juju: Mas, claro, passe aqui depois do trabalho. Minha mãe te leva pra casa assim não precisa pegar ônibus tão tarde.

Mais tarde naquele dia, Lucy apareceu para desmontar sua bateria. Ela sofria bastante com isso – carregar aquilo da casa de Matteo para o Café, e vice versa, toda semana. Mas parecia não se importar, principalmente quando era entretida por Henri, que engatava uma conversa animada com ela sempre que a menina aparecia. Eles tinham um uniforme novo: uma bandana na cabeça e um avental renovado, ambos com o novo logotipo do café, e por algum motivo, Itália achava muito engraçado ver Henri vestido daquele jeito e conversando todo animado com alguém. Principalmente se o bloquinho e a caneta estivessem em suas mãos.

(...)

Itália bateu na porta da casa de Julia.

Uma garota extremamente delicada abriu a porta.

Ela não era muito alta, inclusive mais baixinha que a própria Itália.

Tinha olhos verdes, com leves pontinhas castanhas. O cabelo longo e liso era tão grande quanto o de Alice, e seu rosto era de traços leves e finos, com exceção da boca, milimetricamente perfeita.

A garota deu um sorriso confuso.

—Oi. – Itália afastou uma mecha de cabelo do rosto e sorriu com simpatia. – Eu sou amiga da Julia, meu nome é Itália. Ela está?

A expressão confusa deixou suas feições, e ela deu passagem para que Itália entrasse.

—Ah, sim, ela comentou que você viria aqui. Sou a Vitória! – Ela tinha uma voz doce.

—Itália, você chegou! – Disse uma voz que Itália já conhecia. – Acho que a Julia está dormindo, espere que vou chamá-la. Cuida dela, Vitória.

—Obrigada, Sra. Barcellos. – Itália agradeceu antes de sentar-se no sofá branco. Perigosamente branco. – Então, você é a irmã da Julia?

Ela se lembrava do nome. Julia raramente falava da irmã, e Itália pensou que soubesse por que, mas agora começava a pensar que era pelo mesmo motivo que ela não falava de Adrien: o assunto não surgia, e só.

—Sim, sou eu. – Vitória ajeitou a saia do vestido rosa, sentando-se também.

—Ela costuma dormir cedo assim? – Perguntou, e Vitória riu.

—Julia é um reloginho ambulante, como aquele de A Bela e a Fera. Ela é muito organizada, e tem horário pra tudo, inclusive para um cochilo inocente. Ela é tão centrada! Muito diferente de mim.

Itália começou a falar sobre como organização também não era muito seu forte, e elas ficaram conversando por um bom tempo até aque Sra. Barcellos apareceu novamente dizendo que Itália podia ir para o quarto de Julia.

—Você é bem diferente do que eu imaginei. – Itália confessou para a garota.

—Ah, você sabe, tudo é estereotipado. Inclusive a minha doença. Não é incomum.

(...)

—E aí os Senhores Feudais entregavam esses pedaços de terra, entendeu?

Itália fez cara de tacho mais uma vez. Mas era apenas para provocá-la. Julia sorriu de canta, entendendo a situação e empurrou a amiga, que caiu deitada no tapete.

—Não sei o que seria de mim sem você!

—Você já não estudou isso? Como faz parte da história europeia, na França você...

—Sim, eu estudei no fundamental, e esqueci algumas coisas. Os livros didáticos de vocês são muito confusos!

Julia riu, fechando o caderno.

—Eu sei. – Concordou. – Agora que acabamos, preciso te contar uma coisa. – Sorriu, animada.

—Okay. – Itália se levantou, arrumando o cabelo. – Diga!

—Certo. Mas nem sequer mencione isso com ninguém, se não Téo me mata. – Itália fez uma careta confusa, mas assentiu para que Julia continuasse. – Então, eu fui na festa de aniversário do meu priminho ontem a noite, e o Téo estava lá. Eu nem me perguntei por que, só imaginei que algum parente dele estivesse ali também, então ficamos conversando.

—Achei que não fosse com a cara dele. – Mentira. Eu vi a ceninha de vocês no parque. Admite que gosta dele, Julia!

—...Não tinha ninguém mais interessante pra conversar. – Julia disse simplesmente. Que cara de pau. – Enfim, tava tudo legal, até que do nada ele sumiu. Eu nem liguei, só fiquei lá comendo uns brigadeiros. Mas aí, apareceu um cara vestido de Homem Aranha.

—Isso está um pouquinho confuso.

—Só escuta. Ele ficou lá, fazendo as crianças rirem, pulando e dando cambalhotas. Então a minha tia disse “crianças, o Aranha precisa de um descanso, mas ele já volta!”, e ele foi para a cozinha. Eu fui também, porque, sei lá, eu estava curiosa. E ele tirou a máscara para beber água. Mas não era o Peter Parker, Itália, era o Téo Medina.

Itália ficou processando a informação por alguns segundos.

—Ele anima festas infantis, Itália! – Ela ria com a lembrança. – Eu sei que ele precisa de dinheiro e tal, mas foi cômico. Ele me ameaçou com o copo d’água, falando para eu não contar para ninguém. Aí eu roubei a máscara e saí correndo gritando “Extra, extra, Peter Parker não é o Homem Aranha!”, e ele jogou a água em mim enquanto eu tinha um ataque de risos.

—Não pensei que o Téo lidasse bem com crianças. – Itália riu. – Não acredito que você roubou a máscara dele.

—Eu guardei! – Julia exclamou, apontando para o espelho na parede, onde a máscara estava pendurada.

—E aconteceu mais alguma coisa nessa festa? – Itália perguntou como quem não quer nada.

—Ah, eu fiquei com uma garota. – Não, Julia, você acaba com as minhas esperanças!

—Ficou com alguém numa festa de criança?

—Claro que não, foi depois! – Julia riu, e Itália balançou a cabeça negativamente.

(...)

Então era isso. Leo jogava futebol, Téo animava festas e Itália não conseguia terminar o desenho da guitarra e da árvore.

Não conseguira na segunda, e com certeza não conseguiria numa terça feira de manhã.

Ela se olhou do espelho. Pensou em colocar o moletom que roubara de Leo, mas desistiu. Afinal, agora ele era capitão do time do colégio, e se usasse o moletom, ela poderia afastar novas pretendentes do amigo. Ela já estava apoiando Julia com alguém, queria fazer o mesmo com Leo!

Não que ele precisasse que namorada para ficar feliz, mas deu pra entender. Na cabeça dela.

Então, foi com a blusa de fio que usara em seu primeiro dia; da Mulher Maravilha, calça jeans, e fez duas trancinhas.

Ela estava colocando comida para o Cheshire, quando bateram na porta. Ah, se fosse a sindica de novo, ela se atrasaria!

—Dona Marcia, eu acho que... – Ela deu de cara com um tronco. Hum, a sindica do prédio não era alta assim. Levantou o olhar. – Matteo!?

— Precisamos ter uma conversa sobre você sempre me confundir com garotas quando estou diante de uma porta. – Ele sorriu.

Um daqueles sorrisos.

—Foi só uma vez! – Itália riu. – Duas, com essa.

Matteo tocou o queixo dela com as pontas dos dedos, levantando delicadamente sua cabeça para lhe dar um beijo caloroso.

Como já foi mencionado, cada beijo parecia infinitamente melhor que o anterior.

—Adoro quando faz trancinhas. – Ele disse ao se separarem, enrolando o cabelo dela entre os dedos.

Itária sorriu e mordeu o lábio.

—O que você veio fazer aqui?

—Eu quero andar por aí de mãos dadas com você, sabe, Itália? – Ele entrelaçou os dedos nos dela, enquanto a garota fechava a porta atrás de si. Seguiram para as escadas. – Quero que os fãs da Lua comentem que o guitarrista está namorando a francesinha do colégio. – Itália riu. – Quero te beijar quantas vezes eu puder. Quero mostrar que você está comigo, mas não é minha.

—Não sou sua?

—Alguém como você não pertence a ninguém além de si mesma. – Matteo acariciou a bochecha dela. – Achei que já soubesse.

Ela sabia. E estava feliz que ele também soubesse.

Sim, eles definitivamente eram aquilo.


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Notas finais do capítulo

Sentiram minha falta?
Ah, eu sei que não.
Nesse capítulo descobrimos novos "talentos" do Leo e do Téo. O que acharam?
O Matteo fez uma aparição pequena, mas honrosa, né?



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