Adrien’s POV

            Assim que o sinal tocou todos os alunos entraram na sala de aula, alguns pararam para me cumprimentar.  Rose e Juleka acenaram para mim, assim como Ivan e Mylene. Nathanael passou ao meu lado ignorando minha presença, sinceramente eu não sei por que esse garoto não gosta de mim, nunca fiz nada contra ele. E então quem eu queria que me ignorasse apareceu pulando em meu pescoço e gritando:

            -Bom dia Adrikins, como foi sua noite. – Dizia Chloe sem nem mesmo parar para respirar. – Sonhou comigo?

            - Bom dia Chloe. – Respondi de forma seca.

            - Essa garota não se toca mesmo. – Ouvi Alya dizendo atrás de mim. Ri internamente pelo comentário que ela provavelmente compartilhava com a amiga. Ao pensar em Marinette me lembrei que tinha de falar com ela sobre nosso trabalho. Me virei para conversar com ela, mas não a encontrei. Encontrei Alya conversando com Nino, e não com Marinette.

            Nino levantou seu punho para me cumprimentar e assim o fiz, mas meu foco não estava nele e sim atrás dele, onde eu procurava a morena. Procurei-a por toda a sala, mas não a encontrei em lugar nenhum.

            A senhorita Bustier entrou na sala fazendo com que todos se sentassem, sentei em meu lugar habitual ao lado de Nino, tentei prestar atenção na aula, mas meus pensamentos voavam como uma joaninha para longe da sala de aula. A distração de Ladybug na nossa batalha de ontem me incomodava, o que será que estava a preocupando? Será que eu poderia ajudá-la?  Se ela me deixasse saber sobre sua vida talvez eu pudesse ajudar, mas sempre que chegamos ao assunto de nossas verdadeiras identidades ela se fecha em uma bolha de informações que nunca saberei.

            Meu livro de história estava aberto no início do capitulo sobre a Idade Média, folheei umas páginas até parar para analisar o quando de uma dama de vestido vermelho e máscara. Comecei novamente a divagar sobre a super-heroína parisiense. Pensei em como ela ficaria linda com um vestido longo. E tenho certeza que meus pensamentos teriam continuado se a garota tentando entrar de fininho na sala não tivesse chamado minha atenção.

            Assim que ela percebeu que eu a encarava se distraiu e tropeçou nos próprios pés, chamando atenção de toda a sala, inclusive da professora. Alguns riam enquanto outros a olhavam com pena, mas ninguém fazia nada além de olha-a. Levantei-me e estendi minha mão para ajudar, ela aceitou minha ajuda meio relutante. Quando se levantou pude ver seu rosto, ela exibia grandes olheiras e os cabelos bagunçados. E gaguejando me disse, praticamente sussurrando:

            - O-obrigada, A-Adrien.- E correu para seu lugar, recebendo uma risada de sua melhor amiga. Ela afundou o rosto nas mãos tentando se esconder, quando levantou o rosto novamente estava completamente vermelha e murava algo como “por que não posso ser normal por um dia”. Ri com o comentário dela, pois mal sabe ela que é mais normal que eu, pelo menos ela não tem que salvar Paris te tempos em tempos.

            A professora pareceu se lembrar de Marinette, pois seguiu até a mesa da garota. Perguntou para a garota o motivo do atraso, as mesmas palavras de sempre.

            - Me desculpa senhorita. – Murmurou a morena, comentário seguido por um bocejo. – Estou com problemas pessoais.

            A senhorita Bustier lhe deu o famoso sermão dela e disse que desta vez perdoaria o atraso, mas que estes atrasos deveriam ser menos frequentes. A menina pediu desculpas mais algumas vezes e a agradeceu por não ter de ir ao diretor.

            E após esse show a aula voltou ao normal, passei o resto da aula desenhando bolhinhas pretas ao vestido vermelho da mulher do quadro, desenhei também umas bolinhas na máscara que a moça usava. Tirando seus cabelos loiros, ela até que se parecia com Ladybug. Espantei esses pensamentos, me lembrando que ninguém era tão bonita como My Lady.

            Após minutos, que pareceram horas em minha cabeça, a aula acabou e assim se seguiram as outras aulas, sem atenção alguma. Notei em alguns momentos que Marinette cochilava na cadeira atrás da minha, mas sua amiga lhe dava cutucões para que acordasse.

            Pensando em Marinette acabei me lembrando novamente sobre nosso trabalho, não havíamos conversado direito como faríamos esse trabalho. Não sei se sou muito bom em desenhar projetos de moda, sou modelo e não estilista, talvez a Marinette seja melhor que eu nisso.

            O tão esperado sinal tocou avisando que estávamos liberados e que poderíamos ir embora. Vi Alya e sua amiga saindo pela porta e guardei rapidamente meus livros para correr atrás delas. Nino tentara conversar comigo, mas eu acenei mostrando que precisava correr. Ele me olhou confuso, mas mesmo assim me liberou para falar com a morena.

            Andei com passos apressados até a dupla de amigas, que estavam se despedindo. Alya rumou para um lado enquanto Marinette rumou para o outro, segui a menor até chegar a poucos passos dela. Ela não havia me notado então segurei gentilmente seu braço para que me esperasse. Ela se virou murmurando algo como “Já te disse que não...”, mas assim que me viu congelou onde estava e parou o que estava dizendo.

            -O que você já disse? –Perguntei brincalhão.

            - N-nada não, Adrien. – Disse nervosa. – Só algo que estava conversando com Alya.

            - O assunto era ruim? – Perguntei. – Você parecia estar nervosa.

            Ela ponderou algo por um tempo, provavelmente se deveria me contar ou contar ou não, suspirou e começou a falar:

            - E-ela estava me p-perguntando pela milionésima se eu acho C-Chat Noir bonito.

            - E qual foi sua resposta.

            - Q-que não. – Essa doeu em meu coração, mas não deixei isso aparecer em minha voz.

            - E você realmente acha isso.

            Ela ficou vermelha e olhou para o alto, como quem lembra de algo.

            - N-não exatamente, m-mas isso não importa, p-porque você é muito mais bonito que ele. – Ela disse a ultima frase extremamente rápido, me deixando confuso no início, mas então suas palavras fizeram sentido e eu corei, ficando da cor dos cabelos de Nath.

            Acho que ela também se tocou do que disse pois estava quase tão vermelha quanto eu. Tentando deixá-la mais confortável, mudei de assunto. Tentei focar no objetivo de estar conversando com ela agora.

            - Temos um trabalho para fazer e, bem, pensei que poderíamos nos discutir amanhã, já que amanhã é sábado. O que acha?

            Ela olhava para mim com uma expressão vidrada no rosto, mudando em alguns momentos, fazendo caretas e sons. Deixando-me extremamente desconfortável. Ela provavelmente estava tendo uma conversa com ela mesma, coisa que eu até que já estava acostumado, já que passara muito tempo sozinho.   

            Passei a mão na frente de seu rosto tentando chamar sua atenção e ela finalmente respondeu:

            - C-claro, pode ser em minha casa se você quiser. – Concordei com a cabeça.

            Despedi-me de Marinette e rumei para meu carro, onde Gorila me esperava sério. Durante meu caminho só pensava na morena dizendo que não achava Chat feio, mas isso me fez pensar no fato de que ela não disse que era bonito tampouco. Será que Ladybug também acha isso? Será que para ela não sou nem feio nem bonito? Será que sou indiferente para ela?