Island escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 3
Não saia da ilha




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— Um prazer, sou Helen, presidente da clareira 2.

— O que está fazendo aqui? – O homem perguntou.

— Vim avisar sobre a reunião, após a cerimônia semanal.

— Certo. Agora, se me permite, vou continuara a mostrar a minha clareira a eles. – e saiu andando. – Ela se acha a superior. Muito bem, o café é ao sol nas folhas das árvores, almoço ao gargarejo do peru e o jantar é ao pôr do sol.

— Sol nas o que? – Natasha arqueou uma sobrancelha.

— É como marcamos o tempo. Só olhar o ambiente, e respirar fundo. Bem, uma vez por semana, fazemos uma cerimônia para o nosso Deus. É no jantar, todo dia da serpente.

—  Dia do que? – a ruiva perguntou novamente.

— Aposto que são os dias da semana. – Steve disse.

— Exato. São cinco dias por semana, dia da serpente, hoje, dia da ovelha, dia do peru, dia do pombo e dia do...

— Pato. Passarinho. Coruja. Baleia. Vaca. Steve! Tony! Clint!

— Engraçadinha. Dia do Lobo. – Steve disse, a fazendo revirar os olhos.

— É. – O homem estranhou a repentina sabedoria de Steve. – Como sabe?

— Palpite. – ele deu de ombros, desviando o olhar. Natasha sabia que era o que ele fazia quando mentia.

— Bem, apareçam no jantar. Vão acabar se acostumando com tudo isso. Ficarão aqui para sempre.

— E vocês não querem ir em bora? Eu quero sair daqui. – Natasha cruzou os braços. Todos na aldeia pararam para olhar pra ela, espantados. – O que? Eu quero fazer um chek-in! Perdida numa ilha na Costa Rica.

— Não podemos falar essas coisas. O Deus se enfurece. Se ele ouvir falando isso, seremos obrigados a te levar até ele, e em fim, sugará sua alma. – Ele sussurrou. – O Deus está ligado aos clareanos.

— Deus. – Ela revirou os olhos. – Acham mesmo que “Ele” está aqui? – A ruiva arqueou uma sobrancelha.

— Natasha. Chega. – Ele tocou o ombro dela.

— Não. Eles não podem nos prender aqui. Eu vou arrumar um jeito de sair. – Dois homens vieram andando, e agarraram os braços dela. Eles eram tão fortes, que tiraram os pés dela do chão . – Ei!

— Não toquem nela, ou terão um problema comigo.  – Steve deu um passo a frente.

— Temos que leva-la ao Deus. – O lombriga disse. – É a regra. Se alguém quiser sair, sairá morto.

— Não é necessário, larguem ela.

— É, me larguem. – Ela colocou a mão na cintura.

— Certo, mas se repetir, o Deus não terá piedade. – Ele estalou os dedos, e os brutamontes largaram ela, que cambaleou e foi segurada pelo loiro.

— Você está bem? – ele perguntou. Ela ia assentir, mas algo começou a queimar seu pescoço. Ela gritou, e Steve entrou em pânico. – Nat, o que foi?!

— Está doendo! – A ruiva foi ao chão, e ele tirou o cabelo dela do local, e viu uma frase sendo escrita no pescoço dela.

— Oh não. Ela foi marcada. – Um homem mais idoso se ajoelhou do lado dela, e tocou a cicatriz que era queimada no pescoço dela, o que a fez gritar.

— Como paramos isso? – Steve perguntou, desesperado

— Não dá pra parar.Vai ficando mais dolorido, mas uma hora passa. – Ela gritou novamente, agarrando a mão de Steve, a apertando com foça.

— Tem que ter como parar isso! – Ele estava prestes a agarrar o homem.

— Nadie sale de la Isla. – O velho disse.

— O que? – Steve perguntou.

— Isso já aconteceu antes... – ele foi interrompido por um grito da ruiva. – É sempre a mesma frase, em espanhol: Ninguém sai da ilha. Uma hora a dor para. A frase está escrita nos ossos. – ele abaixou a cabeça. – Ela é forte, a maioria desmaia antes da primeira letra.

— Não, isso tem que parar!

— Não dá.

— Steve! – Ela resmungou. – Faz isso parar! – lágrimas de dor rolavam do rosto dela. Mais um grito. As letras eram escritas muito devagar, como se uma criança de cinco anos estivesse se lembrando de algumas letras para formar a frase. – STE...

— Vai ficar tudo bem, bela adormecida linda que revira os olhos. – ele acariciou o rosto dela com a outra mão que não estava sendo esmagada.  Doía muito vê-la sofrer desse jeito, ele só queria... Fazer isso parar.

— Vamos leva-la a enfermaria. – O homem disse. Steve a pegou no colo, em quanto ela se esforçava para respirar.

Chegando a casa onde o homem indicou, Steve a colocou em uma cama, e o homem pegou um algodão com um tipo de pomada, e colocou onde queimava. O contato, a fez reprimir um grito.

Steve não largou a mão dela nem um minuto.

Os gritos cessaram, e apenas a respiração ofegante da ruiva era ouvida, demonstrando dor, mesmo que passasse aos poucos.

— Vai passar em alguns minutos.

— Ela vai ficar bem?

— Vai. Foi só um sinal. Ele faz pior, eu já vi. Acredita no Deus agora? – ele perguntou um pouco irônico. – Eu também não acreditava. – O homem grisalho mostrou uma cicatriz no braço, com a mesma frase, mas era legível, diferente da de Natasha.

— Ele pode tentar me matar, mas eu vou sair daqui... – A queimação voltou, e a frase brilhou com um brilho vermelho e intenso. Ela gemeu, mas conteu a dor fechando os olhos.

— Natasha, pare com isso. – Steve pediu.

— Tá, só porque está doendo pra caralho.

— Certo, você é cabeça dura. É melhor aceitar antes que morra. Você vai querer ter me ouvido quando morrer.  – disse o homem.

— Ta bom, obrigada pelo conselho e pela ajuda, mas vaza amore. – Ela deu de ombros.

— Natasha!

— Tudo bem, ela é igual a mim. Adeus, se acontecer de novo, chame. – ele foi andando pra fora.

— Qual o seu problema?

— Essa ilha. Me ajuda a sentar. – ela estendeu a mão pra ele, que a puxou devagar.

— Natasha. Eu sei, e sinto o mesmo, mas as vezes existe a hora de ficar quieta. Isso estava te machucando, e muito.

— Ta bom Steve. Mas eu quero...

— Não continue essa frase. Sua cabeça dura teimosa. – ele cruzou os braços.

— Eu quero...

— ÁH ÁH

— Eu quero...

— NÃO. – Ela abriu a boca, mas ele não a deixou falar. – Cala a boca ruiva.-  ela ficou em silêncio, mas não durou muito.

— ...quero sair daqui. – ela esperou a dor, mas nada veio.

— Ué.

— Lembra do que o Lombriga disse?

— Bromélia.

— Detalhe. Mas ele disse que os clareanos são servos do Deus. Estão conectados a ele. Vai ver esse tio loção não é tão poderoso.

— Você quer dizer... Um mutante que tem a cesso a mentes? Faz sentido.

— Lembra das vozes?

— Ah, vá para a ilha. Entre na ilha.

— Pode ser ele.

— É. Mas agora, você vai ficar quieta perto das outras pessoas certo?

— Tá. Mas... Não vou poder falar o que penso?

— Não.

— Mas...

— Não.


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