Remember-Uma Vida Pra Viver escrita por Thay Paixão


Capítulo 3
Estranheza- Edward


Notas iniciais do capítulo

Vamos a um encontro inesperado em Forks?
Boa leitura ♥



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Nova York- 2016

 

— Edward? – ela agitava as mãos na frente do meu rosto me trazendo de volta a realidade. Seu sorriso era doce como sempre. – está no mundo da lua hoje. – reclamou com um beicinho.

— Desculpe meu amor. – peguei sua mão sobre a mesa a beijando. Olhei de novo para chuva que caia lá fora.

— No que você tanto pensa? – ela quis saber.

— Estava me lembrando de quando fui para Forks e quase morri. – ela ficou seria de imediato.

— Não gosto quando você diz isso. – ficou emburrada.

— Eu estava morrendo. – a lembrei

— Você quase acabou com a própria vida.  – ela ressaltou o que Rosalie a havia contado.

— Se eu não tivesse passado por isso, talvez nunca teria te conhecido. – a lembrei. Ela não sabia que me salvou na beira daquele penhasco. Se fosse de outra forma eu nunca teria encontrado seu corpo.

— E se tivesse conseguido nós não estaríamos aqui agora. – ela indicou a enorme barriga de quase nove meses. Sorri bobo. Eu era um homem de sorte.

 

Forks- Janeiro 2005

 

Estranheza- Edward

 

Logo que meu avô Antony nos buscou no pequeno aeroporto em Por Angeles, eu tinha dificuldades de esconder que me sentia horrível. Minha cabeça doía, tinha que fazer esforço para respirar, e podia jurar que apesar da baixa temperatura eu estava suando. Mau sinal.

Claro que Rosalie notou antes de todos.

— Se não falar o que esta sentindo- começou já no carro. – vou fazer um escanda-lo para levar você ao hospital.

—Só estou cansado. Vamos chegar logo á casa da vovó e ficarei bem.

— Duvido. – ela resmungou. – Pai. – ela chamou a atenção de Carlisle do banco da frente. Ele conversava com o pai animadamente.

— Sim querida?

—Edward está com febre. – disse em forma de sentença. Como uma menina de treze anos podia ser tão mandona?

Carlisle alarmou-se.

— Edward? Porque não disse logo? Teremos que pegar um retorno, papai. – ele começou a olhar a via ansioso.

— Bobagem. Estamos perto da cidade, vamos leva-lo ao posto medico.

—Devemos ir para o hospital da cidade. Não sei se saberão cuidar dele aqui.

— Eu estou bem aqui atrás, ok? – mas eles me ignoraram.

—É só uma febre. Temos médicos bons na comunidade. Se ele não ficar bem, voltamos para cidade. – vovô era a voz da razão, mas Carlisle não estava convencido.

— A mãe dele não iria gostar disso...

— Vamos para lá. –Rose disse olhando a paisagem. – Se formos para um hospital grande, irão entrar em contado com o medico dele, e o medico dele chamará a mamãe. E talvez não seja nada grave.

Como uma menina de treze anos era ouvida nessa família e eu não?

No fim, fomos para o hospital da comunidade, onde tive que tomar duas bolsas de sangue e ficar em repouso. Fiquei muito fraco, e não pude ir para a casa de vovó por cinco dias. Quando finalmente pude ir para casa, estava mais fraco que sempre e fiquei no quarto que pertenceu ao meu pai na infância. Rosalie estava ficando com vovó que ainda estava se recuperando da cirurgia no coração e parecia mais feliz que em casa. E eu trocava mensagens deprimidas com Jane. Ela estava prestes a voar para cá com medo da minha depressão (e de eu morrer nos próximos dias) quando eu tomei uma decisão.

O jovem que eu via no espelho não se parecia comigo. Tinha cabelos ralos, estava magricelo, e tinha olheiras profundas. Eu não me reconhecia mais. Esme havia ligado todos os dias para falar comigo. Ela parecia ocupada já que não reconheceu meu tom deprimido. O que me deixou inconformado foi a falta de interesse em falar com Rosalie. Ela era a única filha dela de sangue! Eles haviam me adotado quando eu tinha três anos de idade, dois anos depois ela engravidou da Rosalie. Foram bons anos. Éramos uma família feliz. Mas depois da minha doença... Esme só via a mim.

Eu não podia mais viver desse jeito.

Pela primeira vez em dias, me levantei da cama após escrever minhas cartas. Deixei as endereçadas aos meus pais junto das minhas coisas e rumei para o quarto de Rosalie para deixar a dela. Depois fui para a varanda dos fundos sabendo que a encontraria lá. Meditando. Em nossa casa ela nunca fazia esse tipo de coisa.

— Posso interromper? – sussurrei. Ela abriu os olhos de vagar, mas demorou a colocar os olhos em foco.

— Fico feliz que tenha saído da cama. – ela disse e logo sua expressão ficou preocupada. – o que você tem?

Sentei-me na sua frente em um pufe. Minhas pernas doíam.

— Você não deveria estar... Sei lá fazendo amigos?

— Olhe em volta Edward; não temos vizinhos.

Ela tinha razão. A casa dos nossos avós era um pouco afastada.

— Meditar? – continuei.

— Me ajuda muito. – ela resmungou.

— Como naquela vez em que fomos ao enterro do tio do Emmett e você gritou muito no cemitério?

—Haviam almas atormentadas lá. – ela sussurrou estremecendo com a lembrança.

—Como sabe? – sempre achei estranho o jeito como Rose se comportou desde criança. Ficava quieta de mais olhando pro nada. No hospital parecia falar sozinha. E acima de tudo evitava cemitérios.

—Não quero falar disso. – ela olhou para a floresta. – ontem fui a La Push com o papai.

— Ele disse.

— Conheci umas meninas da reserva que são legais. Elas me convidaram para uma festa no sábado.

— Isso é ótimo Rose! – e era mesmo. Ela não tinha amigas meninas. Ela sorriu.

— Acha que mamãe aceitaria mudar para cá? Ou que eu viesse com morar com a vovó?

— Eu... Eu acho que nossos pais tem uma vida em Pheonix. – desconversei.

— Gosto daqui. É mais tranquilo.

— E Emmett?

— Ele é meu amigo. Viria me ver, tenho certeza.

— E Jane? Tenho uma vida lá. – brinquei

Ela me olhou como se soubesse de mais.

— Exatamente. Você tem uma vida; não faça besteiras. Vou ver se a vovó já acordou, ela tem que tomar um remédio, e a Sue não está aqui.

Sue era mulher que ajudava vovó.

—Rose? – a chamei. Ela se virou já na porta, os jeans justos começando a mostrar que ela estava se tornando mais... Moça. O rosto ainda era ligeiramente arredondado. Os olhos azuis como os de Esme eram mais amorosos, entretanto astutos. – Eu amo você. – falei.

Ela voltou e me abraçou com cuidado.

— Eu também te amo. É o melhor irmão do mundo.

Beijei seus cabelos loiros. Seria triste deixa-la, mas eu a estava condenando, roubando toda a atenção dos nossos pais, e a dando uma vida em corredores de hospitais.

Meu plano era simples. Rose estava no quarto da vovó, Carlisle havia saído com Antony desde cedo, e seu carro alugado estava aqui. Pegando um casaco atrás da porta e as chaves no criado mudo, rumei para o carro com um destino em mente. Eu só havia estado lá uma vez, mas não devia ser difícil. A praia na reserva Quileute, La Push.

Todo o percurso até lá foi um debate entre mim e meu subconsciente.

Jane ficará arrasada. Ela já não perdeu de mais?

Ela não pode se agarrar a mim para sempre. – rebati

O pai não liga para ela. Os amigos fora você, são loucos que só servem para sair. Vai deixa-la?

Só estou adiantando. Estou morrendo mesmo.

E quando a Carlisle e Esme? Eles têm sido seus pais e amado e cuidado de você.

Eles tem a Rose.

E Rose? Ela pode mesmo contar com eles? E o que acontece com ela? Por que é tão retraída?

Cale a boca! Isso não iria me levar a desistir. Não foi difícil chegar à reserva, quando se chega na rua principal era só seguir direto até La Push.

A paisagem era linda. Todas aquelas árvores, mar, montanhas. Era um bom lugar para morrer.

Quando estacionei na praia parcialmente deserta, o vento era forte. Segui a trilha que levava ao penhasco. Aquilo exigia muito de mim, e tive que parar com frequência. Que bobo, pensei. Talvez só aquela subida íngreme já me matasse.

Por fim consegui chegar ao topo. O vento lá era mais forte, e ao julgar pela cor do céu logo choveria.

Devem estar uns cinco graus negativos. – meu subconsciente voltou com tudo tentando me fazer desistir.

Que se dane! Pensei. Assim seria mais rápido, eu congelaria.

Respirei fundo. Eu viera ali com um proposito certo, colocar fim em tudo. No sofrimento da minha família, que se alimentava de falsas esperanças, a minha constante luta e dor dos últimos anos.

Eu apostava meus últimos minutos de vida em como Esme estava perseguindo um possível doador. Mas se esse alguém existisse já teríamos encontrado, horas!

Rosalie ficaria bem, eu tinha que acreditar nisso. Talvez fosse morar aqui com os avós. Daria certo. Talvez Carlisle e Esme se divorciassem e seguissem caminhos diferentes e assim acabassem sendo felizes e mais presentes para Rose.

Tudo ficaria bem. Jane sentiria minha falta, mas seguiria em frente. Ela era uma sobrevivente.

Mas essa era mesmo a melhor opção?

— Sabe, a correnteza não está boa para esportes hoje.

Sobressaltei-me com uma voz baixa, mas clara que vinha do meu lado.

Uma linda moça de calça jeans surrada, all star mais surrado ainda e uma leva blusa de mangas (adivinha?) surrada, me olhava com suas duas orbes castanhas. Ela era extremamente pálida, e o cabelo castanho avermelhado grande e pesado chegava ao quadril. Apesar das roupas finas, seu sorriso era como um raio de sol. Um raio de sol num dia muito, muito frio e nublado.

— De onde você saiu? - a questionei. Ela me olhou surpresa. Olhou em volta parecendo um pouco assustada. Depois sacudiu a cabeça e sorriu para mim.

— Eu estava aqui desde antes de você chegar! Sempre venho aqui... Gosta de mergulhar, dai mesmo de onde você esta.

— O tempo hoje não está bom para mergulhos.

— Foi o que estava tentando te dizer. - ela fez língua para mim. Depois piscou um olho. Tenho certeza de que corei. Seria um flerte? Eu estava enferrujando.

— ... Não vim por esporte. - falei sem jeito.

— Esta tentando se matar?

— E se estivesse? -ok agora eu estava tentando flertar com ela. Um grande idiota eu.

— Eu diria... É...

— Edward.

— Eu diria Edward que você veio ao lugar errado e na hora errada. Por que terei que sentar ao seu lado e questionar seus motivos.

— Uma garota enxerida…

— Bella.

— Uma garota enxerida você. Bella

Ela deu de ombros reconhecendo. Deu alguns passos na minha direção.

— Se você chegar mais próximo eu pulo. - avisei.

— Vamos fazer uma linha imaginaria. - ela pegou uma pequena pedrinha perto de seu pé. Jogou para mim.

— Agora coloque essa pedrinha para marcar o ponto máximo em que posso chegar.

A olhei em duvida, mas acatei. Coloquei a pedrinha a um metro e meio de distância. Sorrindo ela se sentou. Os pés balançando na beirada.

— Vai ficar aí em pé mesmo? – questionou – sente-se irei te fazer muitas perguntas.

Um pouco resignado e um tanto fascinado com ela, me sentei.

— Eu acho que nunca te vi na cidade. – ela comentou.

— Não sou daqui. Sou do Arizona. – falei olhando cada detalhe dela.

Ela franziu o nariz. Apertou os olhos.

— Você não parece alguém do vale sol. – brincou.

— Já pareci. Antes de ficar doente.

— Entendo. – disse dando pouco caso.

— Então você veio aqui só para... Você sabe; um mergulho radical? – gesticulou para o mar revolto a baixo de nós.

— Estou na casa dos meus avós. Eles estão velhos demais para viajar... E minha avó ficou doente. Como estou morrendo... Vim me despedir. Claro que meu pai não usou essas palavras. – resmunguei.

— Quantos anos tem, Edward? – ela perguntou

— dezessete. Por quê?

— Não parece. – reclamou franzindo o rosto numa expressão que deveria ser aborrecida, porem achei fofa de mais.

— Bom , quando você passa a adolescência num hospital... Acaba envelhecendo mais rápido. – justifiquei

— Sinto muito. – falou olhando em volta.

— Está esperando alguém?

— Meu amigo... Jacob. Ele deveria me encontrar aqui... Eu acho.

— Você acha?

—Eu não sei... Edward. –ela me olhou seria. Seu rosto estava ficando mais pálido... Meio cinza. – tenho a impressão de que estou esperando ele há muito tempo... ou ele já estava aqui quando cheguei?

E  ela se levantou. Começou a andar de um lado a outro. Quase entrava na floresta. Depois voltava.

Corria para as árvores. Depois correu de volta para mim.

— Edward... Estou ficando sem ar. – falou com a mão no peito.

— Então pare de correr. – me coloquei na frente dela verdadeiramente preocupado. Sua pela tinha adquirido um tom acinzentado doente. Seus olhos com olheiras.

Ela começou a ofegar.

— Jacob não vai vir... Não consegue me achar. – gemeu.- Ninguém consegue me achar!

— Eu lembrei! Edward, você precisa me ajudar! – falou torturada. Sua expressão de pânico inumano me fez ficar apavorado. Meu coração bateu mais rápido.

— Bella, se acalma. Vou te ajudar... Me diz o que tenho que fazer. – tentei me aproximar com os braços estendidos para tocá-la. Ela se esquivou.

— A agua... A agua esta subindo. Não gosto quando sobe... Não consigo respirar! – gemeu. – tem que me tirar de lá Edward!

—Edward? – era a voz do meu pai ao longe.

— Edward?! Vamos acorde?! Temos que leva-lo agora!

Abri os olhos fracamente. O rosto do meu pai se destacava dos de mais.

— Filho? Graças a Deus! Vamos leva-lo ao hospital.

— Bella...- sussurrei.

— Shi.... Descanse. Você caiu da beirada do penhasco e aquele jovem te salvou! Edward! Você nos deu um tremendo susto.

— Cai? – tentei falar, mas minha garganta estava seca. Arranhando. Tosi. Água salgada saia da minha boca.

O que havia acontecido afinal?


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Notas finais do capítulo

fantasminha Bella fazendo sua primeira aparição... e teremos muitas no proximo capitulo que será narrado por ela. :) o que vcs estão achando? me deixem saber, isso me ajuda a melhorar :) muito obrigado a cada um de vcs. bjs :*



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