Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Aiiiiiinnn, cheguei no capítulo que tanto amei, espero que gostem, tenham uma boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706621/chapter/14

O que eu faria sem a sua boca inteligente

Me atraindo, e você me afastando

Minha cabeça está girando, sério, eu não consigo te decifrar...

All of me – John Legend

Aaron estava completamente sem ação. Não via maldade nas palavras de Bane. Ele estava pensando como investidor, e não seria de verdade. Aaron não sabia o que fazer. Sabia que tiveram algo em uma noite, mas nada de especial.

— Eu não sou um objeto para ser comercializado! — Petra disse em tom alto.

— Não estou te comercializando e muito menos dizendo que você é um objeto, só acho que, se já existem rumores sobre vocês, vamos deixar rolar. Apenas isso.

— Petra, isso não é tão ruim. Já falam, só não vamos negar e nem dizer que sim. — Ela olhou surpresa para os dois; seu pai estava sorrindo. — Se não quiser, tudo bem.

— Está bem, mas quero pelo menos um encontro. — Ergueu as sobrancelhas; por mais que soasse como uma brincadeira, era o que ela mais queria.

— Você mora sozinho, Aaron? — Bane perguntou.

— Não, moro com minha filha e alguns empregados.

— Entendo, e por acaso tem alguém em especial?

— Quê? — Aquela pergunta não era nenhuma novidade, mas ele não gostava de respondê-la.

— Se você tem alguém que goste, não quero que os rumores atrapalhem sua vida pessoal.

Petra olhou para Aaron com um sorriso malicioso. Ele só não sabia se era pelo beijo ou por Debra.

— Só a minha filha mesmo.

— Tem certeza? — ela questionou olhando-o meio de lado.

— Provavelmente sim.

— Então não vai haver problema, vocês podem ir juntos ao baile. O que acham?

Eles concordaram. Petra estava feliz por ir com ele, mas sentia que estava errada quanto a isso. Ela ficou pensativa. Queria tê-lo, mas não sabia se Aaron nutria qualquer sentimento por ela. Ela o observava atentamente, e não sabia de nada além do que as revistas diziam daquele homem de quem ouvira falar desde seus vinte anos.

Levantaram-se, e Petra o levou para conhecer um pouco de sua mansão. Durante o trajeto, Aaron se mantinha quieto e com postura firme. Não se sentia confortável e pensou que os tabloides e todas as notícias sobre o grande Carter fossem verdade: ele era um homem sério e frio, que se preocupava com status e não era nem um pouco sentimental, como Petra queria que ele fosse. Entretanto, no fundo ela o entendia.

— Por que você está quieto? — ela questionou se pendurando na parede de vidro que vinha até sua cintura.

— Por nada.

— Aaron, somos amigos. Você pode me contar o que te aflige.

— Não é nada. Eu só queria entender por que Debra está diferente.

— Talvez porque goste de você.

— Do que está falando? Não é nada disso.

Ela lhe deu um tapa no ombro.

— Homens são devagar para compreender as mulheres, não percebem o que está na sua frente.

— Ela deve ter problemas particulares, não tem nada a ver comigo.

— E você?

— O que tem eu?

— Você gosta dela?

— Como a babá de Abby e uma amiga.

— Perda de tempo falar com você sobre sentimentos. — Revirou os olhos.

Aaron ignorou o fato de estar preocupado e tentou dar mais atenção à bela jovem que estava a sua frente.

— E por que está preocupada com meus sentimentos?

— Me preocupo com você.

— E você? Tem alguém importante em sua vida?

— Não tenho tempo para paixões, mas ultimamente tenho visto alguém com uma visão diferente. — Ela se aproximou de Aaron. É agora ou nunca, Petra, pensou olhando para os lábios perfeitos do moreno.

— Isso parece bom. É bom estar apaixonado.

Ela se aproximava a cada instante. Aaron estava percebendo sua tentativa. Não sabia o que fazer. Sabia que ela era uma mulher linda, inteligente, com uma carreira de sucesso, assim como ele, mas por mais que ela fosse perfeita para si, estaria mentindo para si mesmo se ficasse com ela, pois sabia que seria por desejo e não por amor.

— Vocês dois querem vinho? — O pai da jovem apareceu, atrapalhando o momento que Petra havia criado em sua mente.

— Claro — Aaron disse aliviado.

Sentaram-se na sala de estar, e uma lareira que ficava no canto deixava o ar mais confortável. Aaron pegou a taça com o vinho branco que Petra serviu. Sentiu aquele aroma doce delicioso e o tomou, degustando daquele maravilhoso sabor.

— Sua filha tem quantos anos? — perguntou Bane.

— Fez sete.

— Crescem rápido, não é? Lembro-me de quando Petra nasceu. Eu achava que devia ter vindo um menino por causa dos negócios, mas fui agraciado com uma filha tão surpreendente. — Seus olhos estavam repletos de orgulho.

— Pai, você é tão puxa-saco.

— Estou te elogiando, podia ao menos ser gentil.

Eles pareciam Scott e Victoria. Era inacreditável como eles eram tão semelhantes.

O telefone de Aaron tocou. Era um número desconhecido, e trazia uma notícia preocupante.

— O que foi? — Petra indagou.

— Meu empregado me ligou. Abby está internada no hospital mais próximo de minha casa.

— É grave?

— Eu não sei. — Levantou-se, passou a mão na calça com preocupação. — Eu estou amando estar com vocês. Sei que é desagradável, mas teria problema se eu saísse mais cedo?

— Nenhum, é sua filha. Haverá vários outros jantares.

— Eu vou com você — ela disse pegando um casaco.

Entraram no carro de Aaron e foram o mais rápido possível para o hospital. Ele estava preocupado. Desde que Annie falecera, ele tinha problemas com hospitais e sabia que, se acontecesse alguma coisa com sua filha, ele se culparia. Assim que chegou à recepção, já pegou sua identidade e a mostrou para a recepcionista.

— Boa noite. Por favor, pode me informar em que quarto Abigail Carter está internada?

A mulher de cabelos curtos apontou para o fim do corredor enquanto informava qual a ala e o número do quarto. Ele correu até lá com Petra. Por ser um hospital particular, tinha uma ampla ala infantil, que era a mais bonita. Cada quarto era uma suíte completa. Assim que chegaram ao quarto cor-de-rosa claro onde Abby se encontrava, ele viu Debra sentada ao lado de sua filha. Estava com um casaco branco e debruçada sobre seus braços, observando Abby dormir.

— Debra? Achei que estivesse com seu irmão.

— Eu estava, mas sua empregada demorou a conseguir entrar em contato com você, então me ligou. Assim que cheguei ao hospital, ele conseguiu te ligar.

— Me desculpe por atrapalhar a sua noite com seu irmão.

— Que nada, apenas me salvou de um jantar tedioso. Abby é importante, e fico feliz por ter ficado com ela aqui.

Debra voltou seu olhar para a pequena enquanto Aaron a admirava. Petra notou o olhar dele e questionou:

— O que ela teve?

— Intoxicação alimentar. O pediatra já a medicou e me disse que ela pode ficar aqui ou ir para casa. O tratamento agora é a ingestão de agua, chás, sucos, soro, e acho que essas coisas ela pode tomar em casa.

— Eu concordo, é chato ficar em um hospital sem necessidade, e amanhã é a inauguração do hotel — Petra disse enquanto tocava o ombro de Aaron.

— Se ela ficar assim, não tem como eu ir ao baile.

— O quê? Aaron, você precisa ir!

— Eu concordo com Petra — Debra afirmou. — Abby vai ficar bem, ela só precisa beber líquido e descansar.

Okay. — Ele lhes deu as costas. — Vou assinar a alta.

Foi até a recepção do hospital e, em pouco tempo, já colocava Abby no banco de trás com a cabeça no colo de Debra. Antes de ir para casa, ele levaria Petra até a dela. Ainda no carro, Aaron comunicou:

— Debra, vou deixá-la em casa.

— Não, eu vou com vocês.

— E seu irmão?

— Ele não vai dizer nada, eu moro sozinha. Ele só está aqui de passagem.

— Então só vamos deixar Petra em casa e depois voltamos.

Petra parecia observar tudo atentamente, e para ela as dúvidas já tinham se acabado. Aaron parecia à vontade com Debra. Seu ar frio sumira, e o fosco de seus olhos agora brilhava ao falar com a morena.

Não tem como eu competir com isso, pensou.

— Debra, te espero amanhã também na festa.

— Mas... eu não vou poder ir, nem preparei nada.

— A filha de Scott também vai, deixei seu convite com ela, e já resolvemos tudo. Aaron vai te levar. — Ela o olhou e deu uma piscada. — Você vai, sim, te garanto que vai amar.

Petra saiu do carro, e Debra não entendeu. Aaron deu de ombros. Por que amaria levar Debra? Se bem que ele sabia que ela seria uma ótima companhia. Contudo se sentia um pouco ansioso.

Chegaram a casa, e Aaron colocou Abby na cama. Deu um beijo em sua testa e desceu. Debra estava se preparando para subir as escadas e ir para seu quarto quando se encontraram.

— Debra!

— Sim? — perguntou se virando antes de subir.

— Obrigada por hoje.

Ela apenas sorriu antes de subir.

Aaron estava completamente maluco e não parava de pensar em Debra.

Pela manhã, ela já havia ido embora.

No momento em que Aaron colocou os seus olhos em Debra quando essa abriu a porta de sua casa, ele sentiu o mundo todo parar de girar. Ela estava linda como ele nunca havia visto, e aqueles olhos verdes encarando-o por trás da máscara preta o estavam deixando sem fôlego. Ele não teve reação, não conseguia se mover. Era como se o seu corpo estivesse congelado. Tinha esquecido como se falava, andava e respirava, e tudo o que se passou em sua cabeça foi como seria provar os seus lábios. O batom vermelho estava em destaque junto a sua pele branca, fazendo com que a mente dele viajasse para longe, para um lugar onde existia apenas os dois, e aquilo fez seu estômago se contrair.

O olhar de Annie lhe veio à cabeça, bem como aquele seu sorriso que ele tanto amava. As lágrimas começaram a arder em seus olhos, pedindo para sair, mas ele não podia simplesmente deixá-las cair.

Eu não posso demonstrar fraqueza, pensou.

E com um ataque súbito de consciência, ele balançou a sua cabeça a fim de espantar os demônios de seu passado e esticou a sua mão para a morena de olhos verdes.

— Debra.

A garota sorriu para ele e colocou sua mão sobre a sua.

— Obrigada por me buscar, Aaron.

Ele entrelaçou o braço dela ao seu e a guiou até o carro. Debra, com seu vestido preto e vermelho, sentou-se cuidadosamente no banco do carona e sorriu para o seu acompanhante, um sinal claro de que ele já podia fechar a porta. Assentiu confiante e deu a volta para entrar no automóvel.

— Está com seu convite?

— Sim — ela respondeu com sua voz doce de menina, e ele apenas tentou diminuir o sorriso, dando partida no carro em seguida.

Durante todo o caminho ninguém disse nada, tinha algo no ar que os estava deixando apreensivos. Aaron não sabia dizer o que era, mas não se cansava de olhar para Debra.

Eu poderia admirá-la a noite toda se pudesse.

E foi então que ele percebeu o seu pecado. Ele estava desejando-a, estava desejando a babá de sua filha. Estava desejando tocar o anjo, desejando beijá-la, e aquilo era errado.

Nós não podemos, certo? Ela é a babá de minha filha e tem apenas 19 anos.

Então ele, durante alguns instantes, pensou naquilo que o estava deixando confuso. Por que a sua mente e o seu corpo insistiam em quer? Por que os seus lábios desejavam tocar os dela? Por que ele insistia em querer chamá-la de sua?

Seus pensamentos foram interrompidos por um som de buzina atrás deles. Aaron estava parado ante o semáforo, que se encontrava verde. Ele estava atrapalhando o trânsito.

— O que foi que deu em você? — Debra perguntou confusa e preocupada ao mesmo tempo.

— Eu me distraí. Desculpa.

— Está preocupado com a Abby?

— Abby? Ah, claro. Estou, sim. — Ele voltou a dirigir, engolindo seco.

— Não se preocupe, a Senhora Dawson cuidará bem dela. — A garota lhe dirigiu um sorriso simpático, como se quisesse confortá-lo, e ele retribuiu o gesto.

— A propósito, seu vestido é muito bonito.

— Obrigada, Aaron, sua roupa também é muito elegante.

— Para mim é tão normal usar terno e gravata, é como se fosse a minha segunda pele — brincou, e a morena caiu na gargalhada. Um riso sincero e gentil que o fazia flutuar. Era como se toda a dor de seu peito fosse arrancada somente ao ouvir aquele som maravilhoso.

Logo chegaram ao hotel. Aaron abriu a porta do carro para Debra e lhe ofereceu o seu braço, que ela aceitou. Caminharam juntos para a entrada. Os fotógrafos queriam fotos, e Aaron acenou ao vê-los. Já estava acostumado com aquilo e sabia que eles ansiavam algo para lançar na mídia.

Ao entrarem no hotel, viram o quão perfeito ele estava. A ornamentação estava fantástica, e todos estavam se divertindo muito.

Petra estava dançando e, quando o viu, logo foi em sua direção.

— Vocês estão lindos! Por que não vão dançar? — disse alto por causa do som.

— Eu não danço — ele disse, rindo.

— Um passo de cada vez, é muito fácil. Na próxima música vocês vão.

Debra assentiu. Parecia procurar alguém, provavelmente Tori, e logo Scott e a filha os encontraram.

— Que bom que você veio — Tori disse abraçando-a.

— É, eu não estava muito animada, mas você me pentelhou a tarde toda.

— De nada.

A música parou, e o DJ anunciou que o próximo pedido era especial, de Petra – Lay me down, Sam Smith. Aaron olhou para a escada, e Petra retornou o olhar e piscou. Ela queria que Aaron e Debra seguissem em frente com aquilo. Se Debra era um anjo, Petra era um cupido.

— Pai, vou dançar — Tori disse já saindo.

— O quê? Espera aí, mocinha.

Ele foi atrás da filha, então Aaron chamou Debra para uma dança, e ela sorriu. Ele estava ansioso, seu coração parecia pular, e logo pôs sua mão direita em sua cintura e com a outra pegou sua mão. Ela delicadamente pôs sua mão no ombro dele e aceitou a dança. Seus olhos estavam direto nos dele, seu coração também estava acelerado.

— Desculpe, eu não sei... dançar — ele falou.

— Tudo bem, um passo para um lado e um para o outro.

Ela colocou sua cabeça no tórax de Aaron, e ele não sabia o que fazer. Engoliu em seco ao senti-la ali. Debra voltou o seu olhar para o dele ao sentir as batidas do seu coração, e ele logo travou ao ver aquele olhar verde em sua direção. Levantou as máscaras de ambos delicadamente, pôs uma das mãos em seu rosto com sutileza e a beijou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tanham gostado assim como eu, para ser sincera estou muito curiosa para saber a opinião de vocês, espero vocês no próximo, até.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memórias do Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.