Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Volteiii, espero que gostem desse capítulo ♥ passamos da metade da primeira parte e espero que gostem.



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Meu coração fechado e frio volta

a bater animadamente

Tão alto quanto o céu,

Eu vou seguir aquela estrela...

Beautiful – Amber Liu

Abby tinha conseguido tocar seu coração. As lágrimas que mal pôde segurar não eram de tristeza, e sim de orgulho. A sua pequena estava tão parecida com a mãe que isso o deixava feliz. Ela nunca havia lhe dito o quanto gostava de cantar e muito menos de tocar piano. Aaron percebeu ali que tinha muito que aprender sobre ela.

Ao notar o chefe emocionado, Debra sorriu. Caçou em sua bolsa seus lenços e os estendeu para que ele pudesse pegá-los.

— Para que isso? — ele perguntou enxugando o rosto com a manga.

— Não sei, só acho que tem um olho na sua lágrima — brincou. Ele dispensou o lenço com um gesto. — Isso não te torna fraco, e sim um verdadeiro pai.

Ele não sentia deboche em suas palavras, mas não sabia como interpretá-las.

— Eu não sabia que ela cantava.

— Ela ama cantar, isso faz bem a ela. — Debra soltou uma risada e continuou: — Ela canta no chuveiro, quando vamos para os lugares, quando brincamos em casa. Sempre canta.

Aaron olhou para a jovem, que estava com o rosto próximo ao dele. Com a pouca claridade, seus olhos brilhantes e verdes estavam escurecidos e o encarando, e sua boca perfeita se mexia enquanto falava. Ele ficou encarando-a até que as luzes se acenderam. Debra quis, então, continuar com seu tour.

— Agora é lá fora, o momento da comida — disse animada.

Saíram do recinto e foram para o lado de fora. Todos pareciam se divertir, e Abby foi correndo ao seu encontro.

— Papai! — Estava sorridente e encantadora.

— Você estava linda, minha flor! — exclamou enquanto o abraço se desfazia.

— Deb, você realmente tinha razão sobre ele.

— Viu? Eu disse que ele viria.

Aaron olhou para Debra, que piscou.

— Posso ir ali? — Abby perguntou apontando para as crianças que brincavam.

— Claro.

Com Abby brincando, ambos começaram a caminhar. Havia várias barraquinhas de comida de todos os tipos. Debra parecia analisar cada um dos aperitivos. Seus olhos estavam atentos, até que ela reagiu a algo.

— Prova. — Levou um espetinho de frango coberto com queijo até perto da boca de Aaron.

Ele comeu um pedaço com uma careta, mas assim que terminou de engolir, sentiu como estava perdendo as coisas mais gostosas.

— Realmente é bom!

— Agora esse.

— Vai ficar me dando comida? — indagou de rabo de olho.

— Vou. — Ela se virou e pegou outra variedade. — Prova esse.

Ele sorriu. Ela estava tão animada com tudo aquilo, e ele se sentia animado também. Debra era tão contagiante, e lá estava ele ali de novo, observando-a enquanto ela pegava aperitivos para que ele pudesse provar. De repente ele sentiu algo estranho. Tentou disfarçar. Era algo que ele não conseguia explicar.

Passou a tarde toda com Abby e Debra. Divertiu-se muito e, quando pensou que ia acabar, Debra decidiu comer torta de abóbora.

Chegaram ao fim da tarde, e à chegada da noite estava começando a esfriar. Abby estava no colo de Aaron, dormindo, e ao entrarem em casa, ele logo a colocou na cama. A menina estava muito cansada por ter brincado durante a tarde toda.

Assim que terminou de pôr a filha para dormir, ele desceu as escadas, e Debra estava na cozinha preparando chá.

— Como você pode não estar cheia?

— Eu estou em fase de crescimento. — Ele ergueu as sobrancelhas, e ela sorriu. — É brincadeira. Quer chá?

— Sim, aceito.

Ela o serviu e se sentou na cadeira em frente ao chefe.

— O senhor foi muito bem hoje.

— Obrigado. Só não entendi qual foi a daquele garoto dando uma rosa para ela.

— Ele é uma criança e gostou dela.

— Minha filha é muito nova para isso. — Ela sorriu e ele resmungou: — Essas crianças.

— Você e Annie tinham quase essa idade quando se conheceram.

— É muito diferente.

Uma das empregadas de Aaron apareceu, e com ela estava Petra, com um belo vestido verde-escuro justo. A ruiva achou a cena entre eles um pouco íntima e pensou seriamente em fugir dali dando qualquer desculpa esfarrapada que viesse à mente.

— Boa noite, me desculpe interromper.

— Boa noite Petra, você não interrompe — ele afirmou, e ela sorriu ao escutá-lo. — Sente-se.

Ela se sentou ao seu lado.

— Quer um chá? — Debra perguntou, mas em seu belo rosto não se mostrava muita felicidade.

— Sim, adoraria. — Voltou-se para Aaron. — Eu precisava falar com você, e à tarde você não foi trabalhar. Sinto muito por aparecer sem avisar.

— Você é muito bem-vinda aqui, não tem por que se desculpar.

Debra serviu o chá e encarou a ruiva, com seus belos traços e dona de um corpo perfeito, sem deixar que percebessem.

A mulher é perfeita para ele... Vou deixá-los, pensou sentindo algo triste em seu coração.

— Obrigada — a ruiva agradeceu.

— De nada. Vou deixá-los as sós — Debra disse já saindo.

— Senhorita Bennet. — A morena logo olhou para trás. — Vai haver a festa de inauguração do hotel, e gostaria que você fosse, já que a ideia foi sua sobre o tema. — A ruiva estava tentando se aproximar de Debra.

— Eu? — disse parecendo surpresa.

— Sim, você.

— Aaron, você não contou a ela sobre a ideia?

— Não, acabei esquecendo. — Ele bebericou um pouco do chá para tentar fugir de perguntas ou respostas.

— Então, ele me contou sua ideia e deu crédito total a você, e eu queria muito que você fosse. Seria minha convidada.

— Desculpe, Senhorita Petra, eu não sou desse mundo.

— Não existem dois mundos, existe apenas um, que é o mesmo que compartilhamos. Eu adoraria que você fosse.

Debra olhou para Aaron. Parecia em busca de uma resposta nas feições dele, mas não encontrou, e sem saber muito o que fazer, só tinha uma opção.

— Claro, vai ser um prazer — ela disse sem sorrir, algo inédito. — Me desculpe, mas agora preciso ir o quarto de hóspedes. Tive um dia cheio e sei que vocês precisam conversar. Tenham uma boa-noite.

Ela saiu um pouco atrapalhada. Conseguiu bater o ombro esquerdo na porta que levava para a sala. Assim que Debra saiu, Petra o olhou com um sorriso malicioso.

— Ela mora aqui?

— Ela fica com a Abby até eu chegar, e como eu chego tarde, pedi para que ela ficasse.

— Vejo que você se preocupa com ela.

— Claro, ela está sob a minha responsabilidade, é minha obrigação. — Ele estava sem saber como explicar. Porém, sua voz estava firme. Mudou de assunto para não demonstrar mais do que o devido. — Mas o que queria conversar comigo?

— Meu pai está planejando um jantar para amanhã à noite e gostaria que você fosse — disse analisando o belo balcão de mármore.

— Um jantar?

— Sim, pelo visto ele gostou muito de você.

— Fico feliz com o convite. Eu irei.

— Mas não é um jantar de negócios, é algo mais íntimo.

— Íntimo? — Pensou por alguns segundos, mas não queria rejeitar. — Bom... eu estou agradecido pelo convite e irei.

— Fico feliz que tenha aceitado. — Petra se aproximou dele. Não queria somente abraçá-lo. — Já estou indo.

— Mas já?

— Sim, não quero incomodar e nem quero chegar tarde. Estou ansiosa por amanhã. Meu pai não me disse o porquê desse jantar repentino, estou tão surpresa quanto você.

A ruiva seguiu em direção à porta da frente. Seu instinto lhe dizia que ele a seguiria por educação, e ele a seguiu, como ela previa, até seu carro. Ela se aproximou dele e queria repetir aquele beijo da outra noite, mas dessa vez sabia que eles se veriam no outro dia. Contudo, não sabia se ele a corresponderia e deu um beijo no canto da boca de Aaron. Ficou com os olhos fechados por alguns segundos enquanto tentava não o beijar, suspirou e sorriu.

— Tenha uma boa-noite, Aaron.

Ele assentiu com um sorriso, sem notar o quão proposital tinha sido aquele beijo de raspão. Por mais que seus lábios tocando os dele gerasse uma sensação gostosa, Aaron não queria nenhum relacionamento sério no momento.

— Boa noite, Petra.

Logo que ela entrou no carro, ele fechou a porta para ela.

— Dirija com cuidado.

Ele acordou com frio. Sua mania de dormir sem camisa e com apenas um lençol o fazia passar por esse tipo de situações. Olhou para o despertador, e ainda eram 6h. Tentou dormir novamente, mas não conseguia, então foi vencido por seu corpo e se levantou. Foi até a janela; algumas folhas caíam e deslizavam sobre o ar levemente até o chão. Fechou os seus olhos e pôde ouvir a voz de Annie: Amor, acorde ou vai perder o show das folhas que dançam no ar.

Um sorriso surgiu enquanto se lembrava da cena. Era o sexto mês de sua gravidez. Seus cabelos estavam presos em um coque fixado com um arranjo de flores, a claridade a atingia, seu rosto parecia o de um anjo e seus olhos azuis se acenderam juntamente com seu sorriso após dizer aquelas palavras. O calor que elas traziam lhe dava paz.

Após se recuperar de suas memórias, ele se arrumou de qualquer jeito e desceu as escadas. Debra estava na cozinha bebendo um suco amarelo e olhando para o nada.

— Bom dia — cumprimentou-a, e ela o olhou sem ao menos sorrir.

— Bom dia — disse voltando sua atenção ao suco, que mexia com o dedo.

— Está tudo bem? — perguntou se sentando com ela e servindo o seu café.

— Sim, estou bem. — Ela parou de falar e o olhou por alguns segundos. Do nada reagiu: — Estou ótima, Senhor Carter.

— Não combinamos pelo nome?

— Sim, mas ainda tenho que perder o costume.

Ela então respirou fundo, como se estivesse tentando se animar e sorriu ao indagar:

— Por que despertou tão cedo?

— Acordei e não consegui mais cair no sono. — Ele a olhou enquanto ela olhava para o teto. — E você, por que não vai dormir?

— Eu não estou com sono, na verdade acordei e fiquei sentada aqui pensando.

— Em que pensava?

— Em coisas que pertencem a mim. — Levantou-se e foi em direção à porta. Quando chegou, completou: — Vou passar a tarde com meu irmão. Tem algum problema?

— Nenhum. Já tínhamos falado sobre isso, e só vou sair à noite. Abby pode ficar com a Senhorita Morgan.

— Vai sair? — questionou.

— Sim, tenho um jantar com a Petra e o pai dela, o primeiro sem ser de negócios em que vou.

Um jantar íntimo..., pensou Debra.

— Entendo. — Ela estava diferente, meio cabisbaixa. — Divirta-se. Se precisar de mim para ficar com Abby é só me avisar.

— Obrigado. Tem certeza de que está bem?

— Sim. Até segunda.

Ela saiu novamente, atrapalhada. Suas ações estavam diferentes, ela parecia distraída com algumas coisas às quais não dizia, e o incomodava vê-la assim.

Em frente à residência dos Bane, Aaron se sentia nervoso e um pouco ansioso. Por mais que ela dissesse que não era um jantar de negócios, ele tinha medo de que pudesse estragar a parceria. Temia também seus pensamentos, que – por algum motivo – estavam em Debra. Por mais que ele não quisesse, não conseguia não se importar com ela. Sacudiu a cabeça e tocou a campainha daquela enorme mansão branca. Um senhor sério o atendeu.

— O Senhor Bane me convidou para jantar — disse sem saber o que realmente falar.

— Sim, Senhor Carter, me acompanhe.

Andaram até uma sala com uma grande mesa, uma lareira ao fundo e algumas estátuas.

— Senhor Carter.

Virou-se, e o Senhor Bane estava bem ali, bem-vestido, porém de forma mais caseira.

— Boa noite, Senhor Bane. — Estendeu a mão, e ele o abraçou de lado.

— Não precisa ser formal; aqui somos bons amigos.

Aaron estava sem jeito. Depois de alguns segundos, o silêncio entre os dois os permitiu ouvir o toc, toc de saltos, e quando Aaron olhou para trás, Petra descia elegantemente a enorme escada de mármore.

— Nossa, parece que se tornaram grandes amigos.

Aaron estava completamente encantado. A forma como seus cabelos estavam de lado, o batom vermelho que contornava seus lábios e o vestido colado de renda azul até um palmo acima de seus joelhos a deixavam irresistível. Ele engoliu em seco ao vê-la, e Bane deu um empurrãozinho para que Aaron fosse até ela.

— Boa noite. — Ele beijou sua mão.

— Vamos comer? — ela indagou sem tirar seus olhos dos dele.

— Claro — seu pai disse indo até a mesa, que já estava posta.

Aaron ergueu o braço, e ela o agarrou com delicadeza para que não parecesse afobada.

Quando tiraram as tampas dos pratos, o cheiro pareceu dominar o local. Tudo parecia tão delicioso que só com os olhos Aaron já estava satisfeito. Então começaram a servi-los.

— Vocês dois estão lidando com os preparativos muito bem — o Senhor Bane disse servindo o vinho.

— Foi Aaron que deu o tema que o senhor adorou — ela disse com orgulho.

— Aaron? Que bom saber que já estão se tratando pelo nome.

Ambos ficaram sem graça. Esqueceram que ali também havia negócios, e não somente amizade.

— Ouviram os rumores sobre vocês?

— Sim, mas são apenas rumores, Senhor — ele informou tentando mostrar o quanto respeitava sua filha. — Nossa relação é estritamente profissional.

— E eu sei. — Ele o olhou e deu um sorriso de lado. — E eu não me importo com rumores, mas quero sustentá-los. Não vou mentir que seria incrível que isso fosse verdade.

— O quê? — Ela arregalou os olhos.

— Sei que parece impróprio, mas isso traria muita publicidade ao seu projeto. O CEO mais novo e bem-sucedido com a filha do CEO da maior empresa da cidade. Isso seria algo muito grande.

Ele realmente está dizendo isso? Ele realmente quer que as pessoas me vejam com ela e pensem que estamos tendo um caso?

— Minha filha é uma mulher linda, você é um jovem solteiro; seriam um belo par, não acham?


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Notas finais do capítulo

Ah que pena que acabou, espero que tenham gostado, se gostaram, deixe aqui nos comentários, se tem alguma critica eu também adoraria saber, então espero vocês no próximo, beijos e até.



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