Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo, espero que gostem.



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Eu sei que você não se decidiu ainda
Mas eu nunca te faria nada de mal
Eu soube desde o momento que nos conhecemos
Não há dúvida na minha mente de onde você pertence...

Make you feel my love – Adele

No rosto de Scott havia um ar de surpresa, assim como no de Aaron. Aquela mulher estava bem ali, o porquê, ambos não tinham a menor ideia, mas ao olhá-la, Aaron percebeu que ela também estava tão estagnada que um clima estranho surgiu.

— Senhor Carter, esta é minha filha Petra.

— Prazer em conhecê-lo, sou Petra Bane — cumprimentou erguendo sua mão como se não o conhecesse.

— O prazer é meu, Senhorita Bane, eu sou Aaron Carter. — Ele levou a seus lábios a mão dela, sem tirar os olhos da ruiva. Achou que ela poderia estar sentindo vergonha da noite anterior, ou talvez não fosse aquilo. Todavia, ele tinha certeza de que queria respeitar seus motivos.

Scott parecia segurar o riso e provavelmente iria fazer qualquer piada sobre o evento.

— Minha filha trabalha no escritório comigo e é formada em arquitetura. Ela que está à frente do projeto.

— Nos veremos muito, Senhor Carter — ela disse parecendo feliz; ele, no entanto, já não sabia o que falar ou fazer.

— Será muito bom, Senhorita Bane. Espero que venhamos a nos dar bem.

— Digo o mesmo.

— Agora que apresentei vocês, vou deixá-los conversando. Preciso retomar minhas atividades na empresa.

Ele saiu, e então Aaron continuou com o seu papel.

— Esses são Scott, meu advogado e melhor amigo, e essa é Debra.

— Prazer em conhecê-los. — Seu sorriso era singelo. — E obrigada por não ter falado que me conhecia.

— Tudo bem. Se você não queria dizer, quem sou eu para falar algo?

— É que ele é um pouco rígido e, se eu falar que nos conhecemos em uma boate, vai pensar que fiz coisas que na verdade não fiz. Coisas de pai querendo proteger a filha, mas a verdade é que minhas amigas dizem que eu preciso relaxar, que eu só sei trabalhar.

— Eu sei exatamente como é. — Parou de falar e olhou para Debra, que não estava entendendo o rumo da conversa. — Pois bem, eu nem sabia seu nome, então seria o mesmo que não conhecer, não estava mentindo.

— Olhando por esse lado, peço desculpas por isso.

— Eu acho que já vou. Seja bem-vinda à equipe, e qualquer coisa, é só falar comigo. Seu pai tem meu número.

— Obrigada, e digo o mesmo.

Aaron a tratou como tratava a todos, com rigidez e frieza. Ele não tinha mudado ao ponto de se apaixonar por uma mulher que mal conhecia e muito menos tratar alguém com intimidade. Ele saiu sem olhar para trás. No entanto, Petra se sentiu estranha. Debra continuava sem entender, e Scott se sentia incomodado.

— Cara, você é muito azarento — Scott falou.

— Vai começar?

— Por quê? — Debra estava perdida na conversa.

— Não é nada, Scott que é um idiota e gosta de fazer piada.

— Sabe a tal da Petra? — ele perguntou.

— O que tem ela? Porque, pelo que eu entendi, eles já se conheciam, porém ela não queria que o pai soubesse porque tinha sido em uma boate.

— Então, eles tinham saído para respirar — enfatizou. — Aí ela o beijou e foi embora sem dizer seu nome — Scott falava enquanto ria.

Aaron apenas olhou para eles, porque não se sentia incomodado com o fato ocorrido, Petra fora só mais uma em sua vida.

Debra observava tudo atentamente.

— Talvez ela quisesse fazer mistério porque achou que nunca mais o veria.

— Como assim? — Scott perguntou.

— Pensem bem, vocês saíram para respirar. Ela fez a noite menos desconfortável para você do que teria sido se ficassem na boate, certo?

— Certo — Aaron respondeu voltando a observar a morena.

— Isso quer dizer que, por mais que você não quisesse, ela te fez bem e te distraiu. Talvez ela quisesse fazer algo que fosse inesquecível e queria ser misteriosa, além de pensar que o veria apenas uma vez. Não foi por mal.

— Pensando bem, ela tem razão — Scott disse. — Uma mulher bonita e misteriosa mantém qualquer cara doido.

— Tanto faz.

A noite de Aaron tinha sido péssima. Estava agora no escritório querendo que as horas andassem. Passara boa parte da manhã sem o Scott. Ele tomara muito café e remédio para dor de cabeça.

— O senhor está bem? — a secretária indagou.

— Só com dor de cabeça.

— Trouxe seu café, e uma moça chamada Petra deseja vê-lo.

— Mande-a entrar.

Poucos segundos depois ela entrou. Seus cabelos soltos e ondulados eram tão belos quanto ela inteira.

— Boa tarde, Senhorita Bane. — Levantou-se para recebê-la.

— Boa tarde, Senhor Carter. Antes de tudo posso te pedir algo?

— Claro.

— Poderia me chamar de Petra?

— Ah... Claro.

— Obrigada, é que não me sinto bem sendo chamada formalmente e acho que pode ser algo mais íntimo, já que houve até um beijo entre nós. Acho que poderíamos manter uma amizade.

— Claro, pode me chamar de Aaron.

Ela se sentou, e começaram a conversar.

— Eu vim a pedido de meu pai. Confesso que ele está muito animado com a parceria e já está pensando na inauguração.

— Sério? Isto é maravilhoso.

— Sim, e ele quer fazer uma festa.

— Festa de inauguração?

— Mas ele não quer uma festa qualquer, ele quer a melhor do ano, no próprio hotel. Ele acha que isso vai dar muita publicidade a ele.

— Uma ótima ideia.

— Ele me pediu para ficar à frente no lugar dele. Tem algum problema com isso? — perguntou com certo receio.

— Nenhum, vai ser ótimo trabalhar com você.

— Digo o mesmo. Agora só falta começar a preparar a festa.

— Mas já? O processo de restauração mal começou, o hotel só vai estar pronto daqui a três meses.

— Quanto mais cedo começar a preparar, melhor.

— Vai ser temática? — ele questionou.

— Pode ser havaiana?

— Não acho que seja apropriada uma festa havaiana.

— Então vemos o tema depois. Podemos convidar pessoas importantes.

— Sim.

Ele levou sua mão aos olhos e os esfregou.

— Está passando mal?

— Não, apenas uma dor de cabeça.

Ela se levantou e foi em sua direção. Fez uma massagem em sua nuca.

— Talvez isso ajude.

Cada vez que falava com Petra, mais surpreso ele ficava, ela estava se mostrando uma mulher cada vez mais interessante. Ela se abaixou e sussurrou:

— Me desculpe se passei má impressão naquela noite, eu não sou...

Nessa hora Debra entrou no escritório. Seu coração acelerou por algum motivo.

— Sinto muito interromper... É que... Scott disse... que eu p-podia... — ela tentava se explicar gaguejando e apontando para o lado de fora. Olhava para todos os lugares, menos para eles — e-entrar, mas depois eu falo contigo. — Ela estava completamente sem jeito e sem saber por que aquilo a perturbava.

Aaron engoliu em seco. Queria achar palavras para tentar se explicar.

— Não, fica — ele disse enquanto Debra ia para o corredor, mas percebeu que ela não o escutou, e foi atrás dela.

— Não estava acontecendo nada demais, ela só estava me ajudando.

— Aaron, eu...

— É sério, nada demais, eu juro.

— Tudo bem, o senhor não me deve explicações. Eu só queria falar sobre o evento de outono que vai acontecer na escola da Abby em cerca de três meses. Ela vai ter que ir para escola com mais frequência, para ensaiar. Quando o senhor chegar em casa, conversamos, tudo bem?

— Mas...

Ela se virou antes que ele terminasse de falar. Aaron estava com um sentimento completamente estranho em relação àquela situação. Quando ergueu a cabeça, viu que todos os funcionários o estavam observando, e Scott estava estagnado com uma prancheta nas mãos e sua secretária ao lado. Então Aaron apenas voltou para sua sala sem querer dar explicações.

Petra continuava por lá, sentada agora à sua mesa, olhando-o atentamente.

— Ela é linda.

— Quem?

— Sua namorada. Eu peço desculpas pelo beijo e por ter falado sobre a boate na frente dela. Eu nem sabia que você tinha alguém, eu deveria ter notado os sinais.

— Ela não...

— Mas eu realmente sinto muitíssimo. Se quiser, eu falo com ela e peço desculpa pelo meu modo de agir, digo que não rolou nada, eu...

— Petra, ela não é minha namorada — disse interrompendo-a.

— Ah, estão enrolados?

— Ela não é nada minha, ela é babá de minha filha e melhor amiga da filha do Scott.

— Se você não tem nada com ela, então por que tentou se explicar?

— Eu só não queria que ela pensasse errado de mim.

— Se existiu essa preocupação é porque existe alguma coisa.

— Olha, não existe nada, foi tudo um mal-entendido. Ela é uma jovem magnífica e que cuida de minha filha porque trabalho demais, e é só isso.

— Se você diz, então não me arrependo do beijo. Olha, eu normalmente nunca faria aquilo, sabe? Agi por impulso ao te beijar e admito que queria deixar um ar de mistério, mas tudo o que consegui foi o contrário. Eu fiquei me perguntando no que você tinha pensado de mim, o que eu faria se por um acaso te encontrasse novamente, e por incrível que pareça, te reencontrei.

— É engraçado como as coisas acontecem, mas para ser sincero, não pensei muito, apenas achei que você não tivesse gostado de conversar comigo o bastante para me dizer seu nome.

— Uau, se fosse outro cara, daria em cima de mim, mas você me surpreende, Senhor Carter. — Ela abriu um sorriso perfeito com aqueles lábios tão vermelhos quanto seu cabelo acobreado. — Mas é como eu disse, não sou desse tipo que sai e beija por diversão e por enquanto prefiro deixar as coisas no âmbito profissional. Não quero que você ache que estou dando em cima de você ou algo. Quero apagar essa impressão.

Aaron viu como Debra realmente tinha razão quando falou sobre o possível motivo de Petra não ter revelado seu nome. Aquela menina realmente conseguia ler ou entender as pessoas. Ele achara que era só consigo, mas ela sempre tinha razão no que falava em relação a qualquer pessoa.

— Não tive uma impressão ruim de você, pelo contrário, foi muito bom falar com você, mas podemos começar do zero a partir do momento em que seu pai nos apresentou.

— Obrigada.

— Você vai ficar por aqui direto ou só quando tivermos reuniões?

— Provavelmente direto, mas não vou importuná-lo.

— Pode ficar aqui se quiser, ou te dou uma sala.

— Eu fico em qualquer lugar, não preciso de muito.

— Que bom.

— Então você tem uma filha? — Sentou-se na cadeira.

— Sim.

— Como se chama?

— Abby.

— Lindo nome. Foi você quem escolheu?

— A mãe.

— Você relatou algo sobre alguém especial. Era ela?

— Sim.

Ela sorriu, e começaram a falar sobre a festa, sobre as ideias que Petra tinha. Ficaram até tarde discutindo sobre o projeto, todas as coisas que ele queria fazer e o que ela não achava importante manterem. Petra o fez perceber o quão inteligente ela era, uma mulher bonita que só sabia trabalhar, e descobriram muitas coisas em comum. Aaron ficou até depois de ela ter saído para poder resolver algumas coisas e logo foi para casa.

Em sua residência, estava tudo escuro. Na sala havia apenas um abajur ligado, e Debra dormia no sofá, provavelmente o esperando. Ele tinha esquecido completamente e não queria acordá-la, pois ela estava em um sono tão sereno. Subiu até o seu quarto e pegou um cobertor, pois estava um pouco frio. Desceu as escadas sem fazer barulho e a cobriu. Debra estava realmente cansada, nem acordou com isso.

Aaron sentou-se na ponta que sobrava livre no sofá e a olhou. Seus cabelos negros caíam sobre seu rosto pálido com as bochechas rosadas. Ele colocou os fios por trás de suas orelhas enquanto sua outra mão tocava seu rosto. Sentiu algo estranho, como uma energia que transcendia por toda a extensão de seu corpo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo amores.



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