MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 46
Dragões — arrependimento // Deuses e seus segredos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706431/chapter/46

O clima no reino de Draken estava gélido de forma impiedosa, tanto que Hatori era encontrado em sua cama, com vários edredons em cima de seu corpo. Apesar de ter se coberto imoderadamente, estava apenas de samba-canção.

Acordou revirando os olhos e dizendo que não iria trabalhar. Quantas vezes já fez isso? E quantas vezes não foi trabalhar? A resposta era a esperada, sempre falava que não iria, mas nunca deixou de ir.

Só que desta vez o motivo era tão doloroso que achou que nunca mais iria para lugar algum outra vez. Seu corpo estava dormente de tantas camadas de tecido que tinha em cima de ti. Arranjou motivação sabe se lá de onde e levantou-se.

— Midas? Musa? — gritou os labradores, e logo escutou o som das patas batendo no chão de madeira. Os cachorros já se encontravam no quarto.

O alfa estava atrasado, ele não se lembrava da ultima vez que isso aconteceu, se é que já aconteceu. Foi para o toalete fazer a higiene básica. Olhou-se no espelho e viu seus cabelos médios, batendo nos ombros quase.

— Que horror. — suspirou e catou a tesoura na pia. E começou por si cortar todas as mechas. Ele nem sabia cortar cabelo muito bem, porem ali estava cortando. Depois de um tempo, os cachorros correram para porta e em seguida Hatori ouve o sino da casa soar.

— Será Helio ou Matt vindo me buscar para trabalhar? — falou com os cachorros, desceu as escadas ainda de roupa intima e atendeu a porta. Era Helio, não era surpresa.

Helio olhou curioso para o alfa maior. — Que mudança! Ficou bom. — Hatori deixou o cabelo bem curto, quase rapado atrás e apenas uma leve franja na frente, bem pequena, não a deixou caída, a colocou de lado, como era sutil nem fez diferença. O novo corte de cabelo realçou a face do homem, seu maxilar se destacou e seu nariz reto e fino ficou bem harmonioso com o rosto, ou seja, aumentou sua beleza dele.

—Eu estava cansado dos cabelos compridos. — murmurou Hatori.

— E do trabalho também? — indagou já revelando o motivo as visita.

— Um pouco. — concordou.

*

Helio tomava café com Hatori que resolveu, por fim, se vestir apropriadamente com sua roupa de malha metálica. Estava pensativo, revivia um, duas, três vezes sua discussão com Lunally. E se culpava por não ter dito nada, por não ter ido atrás, por ter chegado atrasado.  

— Esses cachorros são bonitos. E como pensou nesses nomes? São diferentes.  — Helio indagou querendo conversar, vendo que Hatori estava com um humor peculiar, que talvez, Helio nunca tivesse presenciado até então.

— Lunally quem escolheu. — informou o alfa.

— Hum... — Helio observou o local, estava do mesmo modo, como sempre. Na mesa tinha um bolo de chocolate com rapas de limão, comeu um pedaço e achou delicioso. — Você nunca gostou de doces, mas esse é muito bom!

— Lunally quem me apresentou esse sabor. — informou mais uma vez.

Helio não sabia mais o que falar, nunca foi bom em ajudar os amigos nas questões do amor, até porque Hatori era seu melhor amigo e nunca tinha tido esses problemas, porem conhecia alguém perfeito para isso. — Só um minuto alfa. — pediu licença e saiu da casa, localizou um beta, o mandou avisar a cúpula que Hatori não iria e mandou chamarem July, o mais rápido possível e relatou mais ou menos qual era a necessidade dela ali. Era tudo o que ele podia fazer para o amigo por enquanto, entrou na casa dele outra vez.

*

July chegou à casa do alfa sem bater, pois a porta estava aberta. E observou seu marido e o alfa jogando xadrez. Lamentável — pensou — Assim você o deprime mais ainda, meu santo dragão! — logo foi guardando o jogo e abrindo as sacolas que trouxe com pacotes de sorvete e chocolates nas sacolas. Em poucos minutos se encontravam os três sentados no sofá, com o alfa no meio, comendo besteiras.

— Diga. — July incentivou. Experimentando cada sabor de soverte que trouxe.

— O que? — Hatori perguntou sem realmente entender o tópico do assunto.

July espremeu os olhos e encarou Hatori de um jeito sapeca. — Até onde vocês foram? — a indagação da July surpreendeu os dois rapazes que quase engasgaram com o sorvete.  — Ora, seja franco.

Hatori se sentiu incomodado, não gostava de falar de suas privacidades para ninguém, era bastante reservado.  — Não lhe diz respeito. — revelou apenas isso de forma educada.

— Nem conseguiu beijar ela? Frouxo. — zomba July, não fazia por mal queria ver o alfa maior se soltar, parar de reprimir o sofrimento só para si.

—Essas provocações não funcionam comigo. — Hatori alertou. Até parece que ele era criança a esse nível, se fosse seu irmão talvez funcionasse. Na verdade Hatori tinha certeza que funcionaria.

— Hatori, você quer ela de volta? — indagou July austera, queria saber a veracidade do sentimento de Hatori por Luna.  Hatori acenou a cabeça como se fosse o óbvio. — Ficar se lamentando não vai trazer ela de volta.

—Eu sei. — concordou o alfa maior. — Luna merece mais do que isso. Uma medida que eu tome não para os reinos, mas por ela. — Hatori desabafou.

—Você já sabe disso. — July foi dura com o alfa. — Lunally , não vai voltar agora, pois o irmão dela está doente. E você não pode ir lá, vamos guerrear, mas você mudou. Todos veem que está mais aberto e receptivo, quando tiver a chance, mostre para ela essa alteração em você.

—Agora você tem que esperar ela se sentir confortável para voltar. — Helio falou tentando entrar na conversa, ele realmente não levava jeito para essas coisas.

Hatori ficou acuado — Você acha que ela se sentia desconfortável aqui?

— Às vezes, nem sempre é fácil estar em um país de estranhos, com ex-inimigos de guerra, ou com gente bem mais forte que si. — July esclareceu. — Mas se ela ficou esse tempo todo, foi porque de algumas coisas gostava, ou alguma.

Hatori estava decidido, iria tomar Findoram ao lado dos selvagens, iria fazer amizade com eles, permaneceria acessível e suscetível a sugestões alheias. Seria o primeiro passo para prova a Lunally que ele tinha respeito pela soberania dos povos. E depois iria ao encontro dela. Ele não aguentaria esperar que ele voltasse, ele mesmo iria atrás.

CENA ZARA E SERENA

Miguel insistia em carregar Serena nas costas, mesmo que ela protestasse constantemente. Alguns curiosos suspiravam ao presenciar a retomada do amor do casal, era um alívio que o Alfa não estivesse arranjando confusão com uma militar poderosa como ela. Uma briga entre eles poderia desencadear um conflito entre os reinos. Bem, era isso que os drakinianos pensavam, porque na situação do momento, a bastarda de Premin estava sem um corpo de exército forte.

— Quando vai me deixar descer? – Ela perguntou quando estavam quase chegando em casa.

— Estou garantido que a senhora não fuja mais uma vez. – Miguel respondeu brincalhão. Era tão bom a sensação de que o clima entre eles estivesse menos tenso.

— Acha mesmo que deixaria um partidão como você andando sozinha pelas ruas? – Questionou a alfa dando continuidade as provocações de seu marido. – Jamais! Nem na próxima vida! – Completou dando um beijo caloroso na bochecha dele. Miguel enrubesceu.

— Sabe, você consegue ser extremamente fofa às vezes e um demônio logo em seguida... – Comentou o rapaz, segurando firme as coxas dela para que não caísse.

— E você é muito chato! – Ela fingiu estar irritada. - Pelo menos, não sou uma mulher entediante. – Disse em seguida autoconfiante.

O Alfa soltou uma risadinha. Serena conseguia exaltar até a si mesma. – Quem sou eu para discordar, soberana esposa? – Reduziu-se a fim de agradá-la. Sentiu o sorriso dela se formar em suas costas. – Acho que chegamos. – Ele falou ao enxergar Hanna e Lana bem-humoradas à espera-los, em frente ao chalé.

— Essa é a hora que você me deixa descer, Miguel. – Protestou a mulher dando soquinhos de leve nele.

— Estou gravemente ferido. – Ele dramatizou, forçando uma expressão de dor. – Penso que terei de ser carregado. – Tombou um pouco de lado a fim de aumentar seu aspecto debilitado.

— É uma bela hora para chamar o Will, não acha? – Serena fugiu da responsabilidade. – Sei que ele nunca te abandonaria nesse estado. – Ironizou a Alfa, abrindo a porta da casa. Deparou-se com uma surpresa nada agradável. – O que essa sujeitinha está fazendo aqui? – Sua paciência se esgotou apenas por ver o rosto de Zara.

— Eu moro aqui. – A garota platinada respondeu, como se a fala da Alfa não a incomodasse.

— Isso é sério, Miguel?! – Serena perguntou incrédula. Ele foi obrigado a consentir. Maldito Helias! — Pensou o homem. O dragão parecia querer que o casamento do Alfa descesse pelo ralo. – Eu não acredito. – A mulher ficou ainda mais irritada. – Acho que você precisa pensar um pouco melhor, querido. Uma noite sozinho vai lhe fazer muito bem. – Ela completou sarcástica, dando dois tapinhas no rosto do alfa e sorrindo diabolicamente. – Boa noite. – Terminou ela, subindo com velocidade as escadas.

— Santa raposa! Que mulher estressada! – Zara comentou e percebeu o estranhamento de Miguel ao ouvi-la citar raposa em sua aclamação. Mas, ele não prestou muita atenção nesta parte do comentário.

— Nunca mais ouse falar dela assim. – O homem a repreendeu ponderado. Percorreu apressado o lance de escadarias atrás de sua esposa.

Da cozinha, Kalifas e Dalila observavam a cena. – Essa garota... – A velha cigana começou. – Não me cheira bem.

— Concordo plenamente, senhora. – O peregrino assentiu. – Sinto que há algo de errado sobre ela. Como se ela tivesse uma sombra em seu coração.

— Ela me lembra certa deusa. – Dalila comentou misteriosa. – Gosta de brincar com as pessoas. Vai fazer da vida de Miguel e Serena um inferno. – Complementou séria. Os cabelos grisalhos bem presos por um turbante.

— Mas, a presença dessa estranha mal-educada é culpa de ninguém menos do que o próprio alfa. Ele está machucando Serena com essas decisões unilaterais. – Bufou Kalifas. Para ele o bem-estar da Alfa vinha em primeiro lugar.

— Não acho que a culpa é só dele. – Disse a cigana. – Sempre há algo divino envolvido. Sabe, Helias gosta de fazer testes.

— Isso soou muito sádico. – O rapaz estremeceu, seus olhos arroxeados brilhando.

— É.... Os deuses não perdoam ninguém, querido. – Dalila afirmou, exaurida das emoções dos últimos dias. A velha era uma senhora sábia e já sabia o que estava ocorrendo por detrás das cortinas há tempos, mas não ousaria interferir na vontade do dragão negro. Viajantes não gostam de causar confusões desnecessárias.

*

— Serena! – Miguel batia incansável na porta do quarto da Alfa. – Eu fui obrigado a deixá-la ficar. – Argumentou.

A morena finalmente abriu a porta, vestia uma camisola de renda que ressaltava suas curvas e a deixava irresistível. Ela passou as mãos nos cabelos a fim de provocar o Alfa e esse, obviamente, já estava ficando louco. – Havia preparado uma surpresa para você, querido. – Serena fez cara de triste. – Mas, acho que vai ter que ficar para outro dia. – Completou manhosa. – Se aproximou de Miguel e ele sentiu seu perfume de pêssego. Mordiscou o lóbulo da orelha do homem e sussurrou. – Sou eu ou ela, Miguel. Você tem que decidir. – Afastou-se e trancou-se novamente em sua própria suíte.

O rapaz ficou olhando para a madeira, sem ação. – Eu juro que ainda vou ficar maluco com essa mulher. – Murmurou perante o impasse. – Isso é crueldade. – Disse ainda um pouco confuso e retornando para seu próprio quarto.

*

A primavera se aproximava cada vez mais rápido e alguns animais dorminhocos do inverno começavam a deixar suas tocas. Serena estava esgueirada na ampla janela ao lado de sua cama, observando o progresso das criaturas. Suspirava de hora em hora, a presença de Zara em sua casa, trazia-lhe desconforto. Não era apenas questão de ciúmes, a Alfa desconfiava de que aquela garota estivesse escondendo algo muito perturbador. Uma sinergia estranha emanava dela.

Ela escutou alguém girar a maçaneta do cômodo e virou-se para ver de quem se tratava. Para a infelicidade da Alfa, quem viera dar-lhe bom dia foi Zara. – Olá. – A menina forçou simpatia.

— O que faz aqui? – Serena foi direta. Não estava afim de ser agradável com aquele desinibida.

— Pensei que gostaria de saber que Miguel me deu isso. – Mostrou um broche de rosa para a morena. – Disse que iria me proteger. De todo e qualquer mal. – Zara fingia uma voz suave.

— Garota, acha que vou cair numa provocação chula como essa? – Questionou Serena rindo em escárnio. – Quando você crescer, nós podemos tentar conversar. – Bateu de leve no topo da cabeça da menina. – Mas, por hora, isso aqui é meu. – Deu uma chave de braço e recuperou a joia em um piscar de olhos. – Seja para quem você estiver trabalhando, vai ter que fazer muito melhor do que isso. – A preminiana sacou sua adaga da bainha e a colocou na garganta de Zara, que engoliu em seco. – Não sou uma amadora e adoro gritos. – Ameaçou buscando assustá-la.

— Acho que Miguel ficará contente de saber que sua querida esposa tentou me matar. – Zara disse tentando ganhar espaço. A Alfa a soltou. Aquela guria não iria tentar nada mesmo.

— Meu marido sabe que não sou de matar inocentes. Mas, no seu caso, acho que não terá o menor problema. Afinal, a senhorita é semelhante a uma víbora. – Serena estava adorando estar no comando da discussão.

— Você não me assusta, Serena. – Completou, tentando desafiar a morena e impor autoridade.

— E a senhorita acha o que? Que me assusta? – Instigou Serena tranquila. – Agora se me der licença, vou gastar o meu tempo com alguém que valha a pena. – Despediu-se e deixou o quarto. Zara não representava ameaça alguma. No máximo, estava a espionar o chalé.

DEUSES

— Tem notícias da mãe natureza? — Amom perguntou para Caius, novamente fizeram uma reunião, estava se tornando frequentes. Sempre em uma realidade alternativa que criavam e após o termino destruíam.

— Ela sumiu! Não se comunicou mais. — o cervo estava preocupado. — Acho que foi por meu povo estar se tornando militar e matando. — acrescentou a informação.

— Foi necessário! — Dhiren afirmou. — Ao contrário não teria mais devotos.

Os deuses estavam apreensivos, principalmente Amom, coisas do passado voltaram à tona. E ele não queria mais confusões, pelo menos não com a mãe natureza. E o deus Caius sentia falta de suas regalias.

— Notícias da deusa caída? — Helias indagou.

— Nada. — o leão respondeu aflito. — Talvez não esteja acontecendo nada, apenas deve ser mais um teste da mãe natureza, vocês sabem que ela ama isso!

Os deuses se calaram. Devido toda essa tensão deveriam estar paranoicos, sempre achando que algo iria dar errado. Eles eram deuses, mas não eram poderosos e nem independentes, não tinham conhecimento completo do futuro, o que sabiam era através de suas espionagens.  O mundo dos espíritos tinha uma hierarquia:

Primeiro, sem distinção de cultura era a mãe natureza, está era a suprema. Depois vinham os deuses, e abaixo deles tinha espécies ramificadas em milhares, solar, dos iluminados era uma. Certos animais das florestas eram outra classe. Depois de umas centenas de castas vinham o humanos e debaixo deles tinha outras centenas.

A diferença de casta era o tamanho do poder. Eles eram os segundos, eram quase invencíveis, a única que os derrotada, e com uma facilidade surpreendente, era a mãe natureza, ou seja, o equilíbrio, o propósito da existências dos deuses, é manter o equilíbrio.

— Devemos dar prioridade ao agora! — Dhiren chamou atenção dos deuses. — Se ficarmos divididos, passaremos insegurança aos nossos devotos! Devemos primeiro cumprir a missão. Recuperar os reinos, matar Kalisse e manter uma paz.

Os outros nem questionaram o dragão albino tinha razão, iriam terminar o ato um, e depois outras coisas deveriam ser resolvidas. O chato do equilibro era a proporcionalidade. Sempre que tem o bom, deve haver o mau, a paz deve vir com a guerra. O dever deles era fazer que ficasse um quarto, um caos em três pazes.

HELIAS REVELA SUAS INTEÇÕES

De todas as estações do ano, Serena detestava a primavera. Era tudo alegre demais, perfeito em demasia, como se os deuses insistissem em transformar aquela estação em uma obra de arte. Eles, tão individualistas, queriam que os humanos tivessem um tempo de cor e vida. Criaram, então, a buganvília, flor ícone desta época do ano. Mas, para a Alfa, aquelas pétalas tingidas dos tons da terra simbolizavam tristeza. Marcavam o dia da execução de alguém muito querido a seu ver. Sua mãe.

Mathias, seu progenitor, sempre lhe contara a seguinte versão dos fatos. Georgiana, a mãe da morena, era amante de um de seus betas e quando ele descobriu a respeito da traição, ordenou que a condenassem a fogueira. A garota era muito nova quando lhe apresentaram a história e por isso, na época, foi confundida como sendo uma psicopata. Ela não via problemas em fazer os outros sofrerem por suas próprias mãos.

— Papai! – Ela lembrou-se de um dia de sua infância. Chamava seu pai e ele lhe dera toda a atenção. – Quando a mamãe deixará o limbo? – Perguntava, aflita. Achava que Georgiana estava presa ao castigo divino.

— Minha pequena... – Mathias passou a mão por seus cabelos castanhos. – Sua mãe não merece a preocupação que você deposita nela. – Concluiu sério. Aquela expressão significava que o assunto estava encerrado. Na época, Serena consentiu com os argumentos de seu pai.

Quatorze anos depois, quem diria, ela estava em solo inimigo. A potência drakiniana. Casada com filho daqueles que foram assassinados pelas mãos de seu pai tirano. Revirou os olhos enojada, questionava-se a respeito de todas as teorias sobre sua mãe estarem erradas. Uma vez que Mathias era um austero monstro e havia tirado a vida também de seu doce irmão, Nathan.

Mãos cobriram seus olhos. Ela conhecia aquele toque muito bem. – Miguel? – Perguntou em voz alta.

— Bom dia, minha senhora. – Ele cumprimentou dando-lhe um beijo suave.

— O que faz aqui? – Serena indagou curiosa. – Pensei que estivesse a trabalhar.

— E estava. – Concordou o homem. – Mas, encontrei algo que talvez irá lhe agradar! – Exclamou misterioso.

— Do que se trata?

Miguel retirou um pacote de linho de seu bolso. – Conchas! – Mostrou a carapaça dos moluscos para sua esposa.

— Meu feroz leão! São de Premin! – Ela sorriu, a saudade de seu reino batendo forte no peito. – Como as conseguiu?

— Sabe fiz amizade com alguns bárbaros durante a invasão ao Basílio... – Ele explicou. – E eles costumam viajar para o nordeste com frequência e me trouxeram essas belezuras. Tome. – Colocou o pacotinho nas mãos delicadas da Alfa. – São suas.

— Muito obrigada. – Serena enroscou-se em seu pescoço, dando-lhe um abraço apertado. – É muito importante para mim.

— Ops, acho que fui mal compreendido! – Miguel estava prestes a iniciar uma brincadeira. – Trouxe isso para você como um pedido de paz. – Ergueu as mãos para o alto como se estivesse se rendendo.

— Bem, vou pensar no seu caso. Mas, enquanto Zara permanecer aqui, o senhor ficará sem nenhuma regalia. – A morena não iria ceder.

— Já te disse que às vezes você é muito má? – Segurou firme a cintura da Alfa, deixando seu rosto a milímetros do dela.

— Gosto de te fazer sofrer, querido. – Esclareceu apaixonante. Miguel sorria inocentemente.

— Adoro quando faz isso. – Beijou o pescoço da mulher. – Fico fora de mim com suas provocações. – Depositou leves carícias no maxilar de Serena. – Mas, vou entrar no seu joguinho. Se é abstinência que você quer é isso que terá. – Afastou-se tentando parecer decidido.

— Vocês deveriam evitar essas cenas impróprias em público! – Uma voz masculina adentrou no ambiente. Parecia brava e irritada.

— Helias! – Miguel o cumprimentou incrédulo. Detestava a presença dos deuses. – Que diabos faz aqui?

— Bom dia, Serena. – O dragão beijou cortês a mão da mulher. O alfa ficou incomodado.

— Bom dia, Helias. – Respondeu Serena, na tentativa de se mostrar educada.

— Vim conversar sobre a findoriana. – O deus sorriu.

— Agora ela se tornou assunto nacional? – A Alfa queixou-se contrariada. – O que quer falar sobre ela? Tomara que esteja com o passaporte de volta da diaba branca.

— Vejo que já conheceu a verdadeira personalidade da garota. Nada mal, jovem do leão. – Admirou-se Helias. – Porém, existem certos detalhes que ainda não foram esclarecidos. Em primeiro lugar, eu sou o responsável pela vinda de Zara para Draken e por sua estadia na casa de meu escolhido, do qual tanto me desorgulho. – Brincou antes de continuar. Miguel continuou inexpressivo, apenas ouvindo o deus. – A findoriana está sendo usada.

— Por Helias! – Bradou o Alfa.

— Eu mesmo. – O dragão negro ironizou a fala do homem. – Kalisse, a raposa mais odiada de todos os tempos, costuma utilizar espiões em suas buscas no exterior. Zara é só mais uma em sua lista infinita de subordinados.

— Ora, ora, não é que encontramos um excelente motivo para prendê-la pelo resto da vida em uma masmorra? – Serena perguntou quase que reciprocamente.

— Menos, querida. Tenha coração. Kalisse a está usando. – Miguel discordou das palavras duras de sua esposa. Sentia dó da garota.

— Diga algo, Helias! – A Alfa ficou estressada.

— Não quero. Há tempo para tudo. – O deus se despediu e sumiu em meio às suas chamas negras.

— Miguel, não me diga que... – Serena começou a lamuriar-se, mas o Alfa a interrompeu.

— Zara fica, até segunda ordem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "MELLORY — entre Deuses e Reis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.