MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 41
De volta para Draken


Notas iniciais do capítulo

feliz natal meus lindos♥
Um capitulo meio tenso para esse fim de ano, mas se não fosse para ter tretas a coisa não seria tão booooaaa ~kkk



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Os Alfas estavam nas estradas de volta para Draken. Depois de quase dois meses, enfim, tudo estava organizado. E por incrível que pareça estava tendo um bom resultado de inicio, algumas cartas que o Basílio mandou foram respondidas. Miguel e Hatori estavam satisfeitos.

As grandes montanhas que cercavam Draken estavam como sempre bem protegidas, com militarem por todos os lados, assim que a comitiva de soldados foram notados, algo que não demorou muito, os betas de Draken vieram receber eles. Como vieram alguns escravos, foi necessário um numero grande para escolta-lós. Só para prevenir algum conflito, por mais que aqueles juraram lealdade à Draken, ainda estavam em teste, o reino não era ingênuo ao ponto de tratar um estranho com liberdades totais até que esse prove sua confiança.

— Miguel, meus irmão são daqui, então eu também ganharei minha cidadania? — Zara, a escrava que foi levava a mando de Helias aproximou do alfa menor, um tanto invasiva. Ela olhava fixamente para Miguel, era como se mostrasse um desejo. Matt como sempre observava, contaria tudo para Will e sua esposa. Pois Zara parecia muito “apaixonada” pelo alfa menor, talvez, fosse ilusão por ter sido salva.

—Bem, depende, eu tenho que analisar algumas coisas. — Miguel ficou pensativo, Helias tinha que explicar algumas coisas para ele. A menina parecia ser legal, mas não queria que ela confundisse as coisas, porem como iria falar algo se nem sabia o motivo de tal.

Enquanto entravam nas molharas do reino, Zara conversava animadamente com Miguel, que com todo o respeito respondia as perguntas e se limitava a comentar o obvio. E Helio veio de imediato, acompanhado de Marcio e Pan no rumo de Hatori.

A população estava feliz, ficaram sabendo por Helio da vitoria, então agora que os alfas voltaram com muitos soldados era só a confirmação de bons presságios, não era um povo fetichista como o de Golty, mas sempre era bom ter sinais de vitoria.

Havia muita coisa a ser informada, mas a única coisa que os alfas queriam ver eram as estrangeiras que lhes causaram tantas saudades, e estranharam delas não estarem entre a multidão que receberam eles. Em poucos metros um homem loiro de olhos azuis foi identificado por Hatori, sem duvidas era de Golty, as características denunciam.

Marcio e Pan falavam algumas coisas, disputando atenção, eles viraram inimigos, não suportavam a presença um do outro. A grande casa dos anciões ainda estava divida por conflitos. Helio não pronunciou nada, apenas aguardou. Hatori começava a ter uma pequena noção da situação e seu corpo arrepiou por isso.

— Levem os nossos convidados para o alojamento! — Mandou Miguel, nem querendo chegar perto do pessoal que foi em cima de Hatori, tudo bem que eles dividiam a responsabilidade, mas Hatori era mais acostumado com essas burocracias — Descansem e depois voltem à atividade normal.

 Miguel era meio que seguido por Zara, algo que estava incomodando. Olhou para o lado e lá estava: Logan e Steve. Acenou com a mão para chamar a atenção e mostrou a irmã deles. — Acho melhor ir lá! — Logan estava emocionado, mas Steve nem tanto, parecia contrariado, saiu com ódio na direção contraria e nem se quer falou com Zara. Logan veio na direção deles.

— Zara! Alfa! — o rapaz chorava. — Fico feliz que esteja aqui, e sinto muito pela reação de nosso irmão. Ele não está bem esses dias.

— Entendo. — Zara confirma. — Muita coisa aconteceu. Talvez eu converse com ele e tente pedir uma trégua. — enquanto a garota conversava Logan se acalmava e já estavam em um dialogo familiar.

Miguel logo viu que seria um problema deixar a garota nos alojamentos, talvez no hotel fosse melhor. Não sabia ao certo, deveria analisar a possibilidades.

 Em sua casa. — a voz grave e mandona de Helias ressonou na mente de Miguel.

Por quê? — contestou Miguel, como sempre.

Apenas faça, isso será necessária para uma lição futura. — Helias finalizou. Ele deveria estar brincando. Miguel teria que colocar uma mulher em sua casa?

— Onde você vai se hospedar? — Logan indagava sua irmã, o menino estava aflito. Miguel se recuperou de sua conversa com o além e apenas sentencio:

— Ficara hospedada em minha casa, mas tarde conversamos, por enquanto, Logan dê a ela o necessário e a leve para meus aposentos. — olhava para os lados, tentava achar alguém. — Preciso resolver algumas coisas, pode fazer isso?

Logan sorriu, e Zara deu pulos de alegria. — Claro! — os dois responderam entusiasmados.

*

Miguel não achava sua esposa e estava irritado, pois queria muito ver ela. Só tinha uma opção, iria sem ser notado para casa, não tinha nada urgente para fazer agora, como conhece Serena está deveria estar em casa tomando chá, não gostava de multidões. E se ela estivesse mesmo lá, ele teria que correr para explicar o motivo de ter mandado Logan hospedar Zara e sua casa.

— Nem pense nisso! — Will repreendeu o amigo que estava quase indo embora. — Aconselho você a ir falar com o pessoal e seu irmão. — o beta estava feliz por ver seu amigo, porem estava aflito por alguma razão.

O alfa menor não teve escolha, parecia ser algo importante então sem muita vontade caminhou em direção ao grupo que discutia algo. Assim que entrou na roda, ele e seu irmão suspiraram juntos. Nenhum estava muito animado para aquela reunião na entrada de Draken.

— Primeiro, fale você Helio. — Hatori ordenou. Não compreendia nada entre os berros de Marcio e Pan que se calaram ao ouvir com comando. Draken estava com clima frio e nevando consideravelmente, ficar na entrada não era agradável, mas não tinham muita opção de imediato.

Helio em muito tempo não queria ter sido o responsável por Draken provisoriamente. Pan e Marcio estavam mudos esperando o Beta líder dizer algo. Ficou uma pausa na fala por alguns segundos.

— Parabéns pela conquista. — Helio começou a falar, algo que era bom, pois conquistar o Basílio foi algo crucial para o processo que se encontravam. — Mas sempre temos problemas. — estava tentando ao máximo enrolar, mas parecia que não dava. Os olhares atentos em si eram carregados de tensão. — A-as alfas estrangeiras... Elas fugiram para Mellory. — gaguejou a informação, algo vergonhoso para o homem tão rigoroso e temido como o líder dos betas.

Miguel ficou paralisado ainda olhando para Helio. Esperava uma fala como: “brincadeira”, mas não veio.

 Hatori entrou em pânico. — Fugiram? Fugiram mesmo? Ou foram raptadas? Helio você mandou irem atrás delas? Que medidas você tomou? Diga! — o alfa maior não era de entrar em desespero, mas o momento era justificado para tal.

Helio estava sem saídas para explicar, pois não fez nada. Por sua salvação Dalila e Kalifas entraram na roda bem na hora precisa, eles foram o motivo de Helio não ter feito algo.

— Elas estão bem, apenas foram ter com os selvagens uma conversa. — explicou Dalila como se sua fala fosse algo natural, casual, algo que as meninas fizessem sempre. Dalila não gostava de confusões, mas desde que se juntou a Serena soube que isso seria frequente.

Kalifas nem se atreveu a falar algo, não gostava muito de falar com os alfas, pois eram muito bravos e Kalifas estava muito bem na sua zona de conforto.

 — Elas têm os negócios delas a resolver, e também como o apoio dos selvagens seremos mais fortes. — finalizou Dalila ainda como se estivesse em uma conversa diária.

— Selvagens? — Miguel indagou perplexo, até que não tinha problemas em Serena ir lá, desde o começo ele era ciente da relação dela com eles, mas ela poderia avisar, ele iria junto. Mas logo viu o problema, a razão de sua esposa não comentar nada: O alfa maior.

Hatori estralou o maxilar e cruzou os braços. — Isso é uma afronta a minha autoridade. Deixei muito claro que eu não quero esse povo do meu lado. — Hatori queria socar algo, alguém, mas se controlou bem. — Já tivemos muitas provas que selvagens são leais só a seu povo, não gostam de ninguém! Mataram nossos soldados assim que tiverem chance, se por hipótese, ficarmos nessa loucura de lutarmos junto deles!

—Serena é uma selvagem! A rainha!  Nunca iram contra ela, pois faz parte do povo. — kalifas informou ofendido. Era verdade que os selvagens eram leias só ao seu povo, mas é porque ninguém tinha ajudado eles, eram autossustentáveis nunca tiveram ajuda. Na verdade só os julgavam e excluíam, não que os selvagens quisessem fazer parte dessa sociedade individualista.

Hatori com um tom de dor na voz falou: — Mas Lunally não. Nem nós de Draken. — voltou a si, não deixando a preocupação transparecer. Ele sabia que selvagens eram bem rigorosos com os de fora, Luna nunca teve contato com eles, poderia estar em desvantagem. Serena poderia estar usando ela e depois descartaria. Os pensamentos do alfa eram dos mais tenebrosos.

— Foi a medica que deu a ideia de ir lá. — Dalila contou, novamente como estivesse listando uma receita de bolo, até quando viu a face breve de Hatori de decepção se arrependeu. Logo o alfa maior se recompôs de novo.

Lunally sabia muito bem da posição do alfa maior e foi contra ele. Isso era uma traição.

Miguel olhou preocupado para seu irmão. Uma coisa é Serena ir aos selvagens, até porque Miguel entendia, só estava chateado pelo fato dela ir sem o consultar, conjugues devem se comunicar. Outra é Luna, que não tem relação nenhuma com aquele povo decidir ir lá, sendo que ela sabia muito mais dos pensamentos de Hatori do que seu próprio irmão.

—O líder dos Betas de Golty está aqui. — Helio informou querendo quebrar o clima estranho.

— E você Marcio? — Hatori incomodado com a situação deu atenção para o ancião. Acenou em afirmativo para o Helio, que entendeu que depois iria resolver esse tópico.  — O que quer falar?

Marcio encarou Pan com ódio. — Preciso de um momento sozinho com você. — O ancião ficou triste pela expressão que Hatori tinha, o rapaz conheceu a dor que o amor traz, porem no momento outras coisa deveriam se resolvidas.

— Tudo bem, marcaremos uma reunião. Pan? — por fim deu atenção ao líder dos anciões.

Pan todo pomposo e orgulhoso, um pouco vaidoso de mais com seu ser, cheio que requinte e gestos dramáticos tomou a palavra, sua voz carregada de fervor: — Tem certas práticas que estão sendo muito ofensivas...

— A quem? — Miguel interrompeu bravo só de ver a cara do velho. Nem deu chance para que ele fizesse seu show em publico. — A você? Porque os deuses estão do nosso lado e até estiveram no mercado conosco. — encarava de modo desafiador Pan, a tensão entre os dois era grande. — Se não tiver nada relevante a falar, então vá embora, não percebe como estamos cansados e com trabalho em questão que importam?! — Miguel nunca esteve tão feliz, lembra-se perfeitamente de Pan ter dito algo parecido com isso para ele na cúpula na estação passada, sentiu-se vingado. Pois agora até Hatori concordava com ele, sentia uma satisfação boba, mas muito prazerosa.

Pan sentiu a rejeição, para alguns isso era bom, mas ele iria ter sua revanche. Como aquele moleque ousa falar assim com o líder dos anciões? Pan nada disse, só se afastou. Pensam que ele é burro, mas ele sabe do plano de Hatori, o simples fato de kohana ter desaparecido comprovava isso, roubaram uma peça importante no jogo dele.

Contudo, o líder dos anciões tinha uma nova peça no jogo, alguém que era devotada a Deusa Kalisse chegou à cidade. Olhou para a pequena garota que falava antes com Miguel, perto de alguns garotos estrangeiros. Pan não deixaria barato. Seguiu rumo para a GCA.

— Algo mais? — Hatori perguntou, esperava de tudo. Sua cabeça latejava.

—Alfas? — o rapaz loiro chegou perto da roda. — Sou Eric, sou o líder dos betas de Golty.

*

Para que as coisas ficassem mais formais, foram para a cúpula conversar. Todavia nem Miguel nem Hatori foram para casa. Na sala de reuniões se encontrava apenas os alfas, Helio e o estrangeiro: Eric.

O resto das questões e assuntos seria resolvido aos poucos.

—Daniel te mandou? — Hatori questionou.

Eric era muito legal quando eram com ele também. Ao menos que tenha uma prioridade, e a sua estava sumida. — Sim, eu sou um amigo muito próximo de Luna e vim para ver se ela esta bem, não porque desconfiamos de ti, é porque Luna quase nunca revela as coisas para não preocupar Daniel, tem coisas sobre ele que ela não quer afetar, coisas pessoais.

Hatori ficou incomodado com o rapaz, principalmente com a parte: “amigo muito próximo”. — A saúde dele, certo? Luna me contou. Somos próximos também. — o ciúme do alfa foi notado sem se disfarçar. Ele nem se fez ao esforço de esconder algo.

Miguel e Helio quase riram, mas não era muito adequado ao momento. Mas o fato de estarem se divertindo com o dialogo era verdade.

— Pois se é próximo como diz, porque então não sabe onde ela está? — Eric provocou. Também não gostou do alfa.

Hatori sorriu de forma cínica. — Em breve elas voltaram, de acordo com Dalila. —mudou rumo do assunto. — Acabamos de chegar de uma luta, trouxemos muitos escravos de varias países, se tiver um de Golty e quiser levar, Lunally me disse que a avó dela fez comércios assim.

Eric ficou perplexo, não por causa de Lunally parecer ser realmente intima do rapaz, porque ela contou sobre a ditadura que o país teve, mas pelo fato dos escravos: Michelle, sua amada, ela foi vendida por Lara, a avó de Luna. E nunca mais se teve notícia dela, por mais que fosse um amor de infância a distancia só provou a necessidade que Eric tinha de estar perto dela.

 Iria pedir para ver os escravos resgatados, demonstrou até um pouco de desespero ao levantar da cadeira para falar, mas Miguel falou na frente:

— Não tem nenhum de Golty, eu os organizei. Na verdade tinha um homem, mas faleceu, foi atacado na luta, sinto muito. — O alfa menor relatou.

Eric sentou-se meio desolado, riu de sua própria condição, como era estúpido. Um bobo que não perdia a esperança e levava consigo no coração uma mulher que poderia estar morta.

—Acho que seria bom você voltar para Golty, mandei soldados para lá. Luna teve um sonho que parece um aviso dos deuses. — sugeriu o alfa maior. Realçando sempre que Luna contava as coisas para ele, uma verdade.

— Não irei até ver Luna. — respondeu de forma grossa. Ele tinha um amor pela alfa também, e se preocupava com a condição dela.

Helio e Miguel já estavam fazendo apostas em qual dos dois iria perder a postura primeiro e atacaria o outro. Era cômico ver Hatori desse jeito.

—Como quiser. — devolveu a grosseria para Eric. — Agora mandem Marcio entrar e levem Eric para o hotel. — Hatori ordenou. Só havia um hotel na cidade, pois turismo não era algo muito usual no reino, os estrangeiros que vinham para ficar tinham o alojamento. Ou seja, Eric ficaria no mesmo hotel que Luna estava hospedada.

Miguel e Helio saíram da sala com Eric. Miguel disse que tinha coisas a resolver coisas em sua casa, pois deveria ir ver Zara, saber como ela estava em sua casa. Então Helio que mandou Marcio entrar e foi acomodar o visitante.

*

Hatori massageava as temporãs, seus músculos estavam doloridos, desde a luta não descansou devidamente. Ele não estava incomodado pelo seu cansaço, admitia que todo sua euforia era por causa de Lunally, estava preocupado e decepcionado.

Marcio entrou na sala, este havia pensado muito, Draken estava em um momento muito decisivo, e também, Hatori necessitava ter poucas coisas na mente para pertubar-ló. Era fiel, sem duvidas, mas também era paternal, e sabia suportar algo quando o mais novo já estava prestes a estourar.

— Alfa, ainda estou investigando, não descobri muito. — mentiu, não por completo. Não iria jogar mais uma preocupação para cima do Hatori. E era verdade o fato dele não ter chegado a uma conclusão, e depois de hoje notou pela expressão de Pan que este tinha planos. Então resolveu descobrir primeiro e depois revelar.

Hatori desconfiou, e olhou fixamente para o ancião, tomou um pouco do café que tinha na sala. — Você parecia tão empolgado quando eu cheguei. Pensei que tivesse descoberto coisas essenciais.

— Senhor, eu juro minha lealdade a ti, assim que eu souber de algo, e tiver certeza! Claro que virei lhe contar, mas peço mais tempo. — Marcio estava decidido a desvendar tudo antes de contar suas suspeitas para o alfa maior.

— Certo, eu confio em você.

OUTRO DIA — DIA DE MIGUEL COM ZARA

O dia amanhecia estranho em Draken. Passada a euforia dos últimos acontecimentos, Miguel acolhera, oficialmente, Zara como sua hóspede no chalé. A menina parecia irradiar de alegria com sua nova morada e sua presença não incomodava o Alfa, apesar de que os ciganos ali residentes, olharem-na desconfiados. Dalila e Kalifas concordavam de que havia algo de errado a respeito dela e sabe, peregrinos nunca se enganam. Nunca.

O drakiniano cedera um quarto bem decorado para que a nova moradora, cabe destacar, temporária, sentisse-se à vontade para descansar. Mesmo com a chegada dela, a cabeça do rapaz estava longe, perdido em um turbilhão de pensamentos confusos e melancólicos. Não dormia a dias e pensava, seriamente, em desistir de tudo e sair sem rumo por Wakanda. Mas, para o chefe da FMR, aquilo era impossível. O cansaço nunca foi e nunca poderia ser uma desculpa para largar o seu ofício, não enquanto ele vivesse.

— Senhorita, eu posso entrar? – Perguntou o militar em frente a porta do quarto de hóspedes. Trazia uma bandeja com leite e pães para a garota se alimentar.

— Claro! – Uma voz feminina concordou de dentro. O Alfa entrou, utilizando os pés para promover uma abertura. – Mas que surpresa! – Exclamou a jovem ao vê-lo adentrar com o tabuleiro. – Nunca ninguém me trouxe café na vida. – Disse buscando soar frágil.

— Prometo tratar-lhe bem, senhorita. – Miguel respondeu simplesmente, desejava ser cortês, mesmo não entendo o motivo de Helias tê-lo pedido para abrigar uma escrava liberta em seu domicílio.

— Sou muito agradecida pela sua gentileza. – Zara não hesitou em abraça-lo. Ele ficou sem ação e um tanto envergonhado.

— Não precisa me agradecer. – O Alfa completou, desvencilhando, com sutileza, os braços da jovem de seu corpo. Estava sem camisa como o habitual, o que tornava tudo mais complicado.

— Claro que preciso! – Ela parecia ofendida. – O senhor me salvou de um lugar terrível! Nunca encontrei alguém tão bom, doce e dedicado quanto você.

Ele deu um sorrisinho torto, estranhando a série de elogios. Era acostumado a ser maltratado por sua esposa. Lembrar dela fez o coração do rapaz vacilar por um instante, tratou de despedir-se rapidamente da saudade. – Creio que deseje algumas roupas novas. Encontrarei uma que te sirva e pedirei que Kalifas a traga para você.

— Que estranho! Como o senhor poderia ter roupas femininas? – Instigou a garota platinada.

— Ah... – Ele ficou sem jeito. – Eu moro com uma mulher. Minha esposa. – Olhou para o relógio. – Ops! Olha a hora! Tenho que alimentar minha égua, Pandora. Até mais tarde, senhorita. – Tentou fugir do assunto, não queria falar de Serena naquele momento. Ele ainda estava confuso sobre o que achava a respeito do desaparecimento dela.

— Até! – Ela sorriu e acenou com a mão ao vê-lo deixar seu novo quarto. Jogou-se na cama e remexeu o broche em suas mãos pequenas. – Aposto que ela nem sentirá falta deste presente. - Colocou o acessório embaixo do travesseiro no qual se deitava. – Você será meu, Miguel... Só meu. – Pensou alto.

*

— Miguel pediu para eu vir até lhe entregar isto. – Kalifas passou educadamente e um pouco receoso a roupa para Zara. – Espero que sirvam, sabe, Serena tinha um pouco mais de corpo do que você. – Ele disse na intenção de azucriná-la. Era fiel sobretudo a sua mestra.

— Irão ficar ainda melhor ainda em mim, cigano. – Ela pareceu cuspir a última parte. Mas, o príncipe não se importou nem um pouco, pelo contrário, riu e completou:

— E com muito orgulho, querida. Agora, se me permite, tenho de resolver algumas situações mais urgentes do que suas vestimentas. – Disse ele irônico. – Com licença, senhorita. – Retirou-se do quarto apressado, apenas falar com a garota já o enojava. Ele não conseguira compreender até o dado instante, os motivos que levaram o Alfa a trazer uma completa estranha para sua casa. Todavia, sem Serena por perto, as revoltas de Kalifas seriam surdas.

Já vai tarde. Zara pensou em silêncio. Trocou sua roupa por um moletom cinza da esposa de Miguel. Jogou os farrapos de qualquer jeito embaixo da cama e prendeu seus cabelos um tanto longos em um semirabo. Desceu as escadarias, a fim de encontrar seu anfitrião perto dos estábulos.

— Bela égua essa sua! – Elogiou o animal, que relinchou descontente com a presença dela. Miguel teve que conter Pandora para que ela não acabasse machucando Zara.

— Ela só está assustada. – Disse, tentando acalmá-la, mesmo que a visitante estivesse apática perante a situação. - O que acha de cavalgar um pouco? – Convidou cortês.

— Mas, eu nunca andei a cavalo. Não sei se seria uma boa ideia... – A garota falou demonstrando apreensão.

— Não se preocupe. – Ele tomou as mãos de Zara. – Não a deixarei cair.

A menina concordou com uma expressão inocente. Imitação plena de uma boneca feliz. Miguel a ajudou a montar no lombo de Pandora, que ficava agitada com Zara em cima dela, e depois subiu também. Pediu que a jovem segurasse firme em sua cintura e não soltasse por nada. E assim foram os dois, durante a manhã. Cavalgando sem rumo pelo bosque. Mas, a alma do Alfa estava bem longe. A lembrança dos beijos de Serena preenchendo sua mente. Quando se sentiu incomodado demais, comandou que a égua voltasse aos estábulos e depois, trancafiou-se em seu quarto. Em clima melancólico, iniciou sua boêmia noturna e não saiu dela por algum tempo.


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Notas finais do capítulo

Que Papai Noel de muito dinheiro para vocês



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