MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 32
Festival — parte 3


Notas iniciais do capítulo

Enjoy it♥



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O anoitecer parecia uma pintura bem elaborada e feita com muito tempo e esforço, as estrelas, pontos finos e intensos de luz, se moldava com as nuvens que pareciam se enroscar por todo o azul escuro que o céu se tingia. O clima gélido que estava a se infiltrar no reino, indicando o começo do inverno.

O som do regozijo da população era audível de longe, as pessoas estavam inquietas pela festa. A festa que seria um marco para a nação de Draken e para o continente de Wakanda.

Ali estava na frente de um hotel de alto escalão, o Alfa maior esperando Lunally, a Alfa de Golty. Este tinha assuntos a tratar, devia informar à garota que seu Deus deveria comparecer na celebração que estavam para ir.

Hatori estava com uma armadura de guerra simbólica feita de ouro branco. Sua caneleira e juntas eram lapidadas em ondas geométricas como se na junta e na ponta do pé fossem facas de luta. Uma malha de ouro forrava todo corpo. O cinturão era liso, até chegar ao meio e escamas de dragão com a cabeça e pata escondida se revelassem. O peitoral bem desenhado, cada peça moldava os músculos do homem que a vestia. A ombreira e a manopla eram desenhadas com símbolos antigos e belos de sua maneira. O longo cabelo liso negro estava preso em um rabo de cavalo apertado e alto. Nada mais do que para representar disciplina. A montante, espada de Hatori estava guardada na bainha do mesmo material de toda a roupa.

O alfa estava elegante, destemido e muito angustiado. Nem ele sabia o porquê, talvez fosse à expectativa da noite.

— Beta, tudo está pronto? — Hatori confirmava pela milionésima vez. Sua mente estava a mil, o dia seria histórico, Deuses iriam aparecer.

Uma bela moça de cabelos loiros, metade amarrada em coques com enfeites de flores e ornamentos, e a outra solta descendo escorridos pelas costas delicadas da moça, tampando sua fina cintura. Um tecido em cima de tantas camadas azul bordado com flores de um azul mais intenso. Tanto a gola como as mangas tinham uma parte rosa clara, na mesma cor que o obi (um tipo de cinto) era. Havia um bordado dourado nas partes rosa. Brincos delicados e pequenos. A maquiagem leve com uma linha preta fina e alongada em cima dos olhos, cílios cheios e lábios pintados de rosa seco.

Tudo o que estava perturbando Hatori sumiu diante daquela visão. Ele estava hipnotizado com tanta beleza. Aquela mulher o deixava assim sempre, com esse sentimento desejo. Ele sabia que gostava dela, sempre soube, mas agora descobriu algo novo. O amor.

Hatori amava Luna.

— Hatori. Que gentileza vir me buscar. — expressou Luna sua sinceridade, estava rubra, Hatori estava a olhando sem desviar o olhar. E ela também admirava a beleza do rapaz.

—Não é nada, tenho assuntos para tratar com você. — falou Hatori de forma austera, quebrando qualquer clima que poderia estar nascendo ali. A culpa não era dele, nunca foi criado para ser amoroso, e sim um líder. Suspirou pelo fracasso que era nas questões do coração.

Encaminhou a alfa de Golty para a carruagem e começou a lhe informar. — Preciso que peça a Caius que compareça na comemoração de hoje. — já sentados, um de frente para o outro, explicou Hatori.

Lunally deu uma risadinha de deboche. — Você sabe que é inútil, ele não vira. — arrumou uma mecha de seu cabelo, cada gesto que ela fazia deixava Hatori mais cobiçoso por ela.

— Se Caius não vier, Dhiren também não irá. Este foi o acordo que ele fez comigo. — contou o alfa com nítida insatisfação pelas brincadeiras dos deuses.

— Não posso te garantir nada. — Lunally curvou o corpo para frente e pegou a mão de Hatori, o qual estava se sentindo um moleque na puberdade, não entendia porque estava tão ansioso por estar com Luna, a angustia pelo festival foi embora quando viu ela. — Vamos rezar! — ordenou Luna e fechou os olhos. — Caius, Deus cervo, deus de Golty, da proteção, da saúde e do carinho. Eu, Lunally, Alfa menor de Golty, escolhida e dotada pela mãe natureza. Rogo lhe junto ao alfa maior de Draken: Hatori. Dê a nós a vossa graça, esteja presente em nossa festa, que é sua homenagem, e em sua devoção que eu tenho por ti e pela aliança dos deuses em busca da paz. Meu Deus, você me deve essa!

Soltou a mão do alfa e sorriu. — Agora é ver se ele aceita.

Hatori só confirmou com a cabeça, assim era o clamor para Caius, se fosse apenas fazer isso com Dhiren seria tão mais fácil. Porem cada Deus tem seu jeito.

*

Cada barraca bem feita com armações de ferro, madeira e placas tanto de pano quanto de plástico. Eram grandes e espaçosas, cada uma com algo diferente para mostrar, vender, compartilhar, ensinar, entre outras coisas. Lanternas japonesas bonbori estendidas de canto a canto pelas ruas largas e simétricas do reino. O cheiro de comidas típicas, essências e fogo pairavam no ar.

Pessoas de todo o tipo de roupa estavam lá, não trajavam o preto básico padrão de Draken. Estavam mais coloridos, sorridentes e amáveis. Bem no fim da larga rua se encontra o templo dos dragões gêmeos, feito de outro branco e amarelo, com estatuas gigantes de dois dragões em cima da construção de madeira escura. Em grande escada de pelo menos trezentos degraus era a entrada para o lugar sagrado. Mas em sua extensão foi montado um palco, onde os alfas iriam anunciar as noticias fazer o discurso de entrada e aconteceriam as realizações dos shows.

Hatori se aproximou com Lunally. Do lado esquerdo estava os anciões, Pan sorria tranquilamente. Do outro lado os Betas da CB e FMR. Mas afundo avistou Miguel e serena que estavam trajados de forma esplêndida.

— Você está encantadora! — Lunally deu um abraço em Serena. As duas estavam tão belas que ofuscavam todo o resto.

— Digo o mesmo de você. — Serena revidou o elogio.

Miguel e Hatori nada disseram, eram homens orgulhosos de mais para trocarem elogios. — De começo podem aproveitar o festival, quando forem anunciados, voltem sem demorar para cá. E assim anunciaremos os recados que temos. E logo depois, vamos para o Mercado negro e o exército separado vão para Golty.

—Correto. — afirmou Miguel. — Nós vemos depois, irmão.

SEMI

A mão do Alfa menor balançou no ar a procura da de sua esposa. Eles entrelaçaram os dedos e seguiram caminhando em meios as inúmeras barracas alegres. O casal atraía olhares curiosos e um tanto confusos, era a primeira vez que o Alfa aparecia a uma grande multidão acompanhado da preminiana.

— Estou um pouco sem jeito. – Admitiu Serena, ela fitava de tempo em tempo, suas mãos unidas com a do homem. Ele retirara seu elmo novamente e o deixara com um de seus betas, para que fosse guardado até ser convocado para comparecer ao palco.

— Pois não deveria. Todos os olhares estão em você, minha querida. – Miguel constatou, observando os cidadãos no arredor.

Serena sorriu com o comentário de Miguel. Adorava se sentir exaltada.

— Posso lhe contar uma coisa? Um segredo? – A Alfa perguntou extasiada.

— Agora sou seu confidente? – O homem retrucou animado. – Gostei. Prossiga.

— Nunca estive em um festival antes.

Miguel engasgou perplexo.  – Como é? Acho que não ouvi direito. – Pediu. Como aquilo poderia ser possível? Uma Alfa que nunca esteve em um festival?

— Foi o que o senhor escutou. Meu pai não permitia minha exposição em grandes festas, pois possuíamos muitos inimigos políticos, inclusive um partido democrata que pretendia pôr fim a monarquia absolutista que vigorava a séculos em Premin. Obviamente, meu pai, como Alfa e progenitor, não me entregaria aos leões. Além disso... – A mulher suspirou. Uma dor emanava de seus profundos olhos. – Meu irmão, Nathaniel, possuía algumas necessidades especiais e por isso, era obrigado a se manter em casa. E eu sempre optei por ficar com ele. Antes de você, Nath foi a única pessoa que eu amei de todo o coração.

Miguel sorriu, mesmo após a parte um tanto triste da explicação de sua esposa. – É a primeira vez que me conta sobre sua família. Sinto-me honrado. – Depositou um beijo delicado nas costas da mão direita da Alfa.

— Pensei que este assunto lhe incomodasse. – Serena palpitou intrigada.

— Na verdade, não tanto quanto parecesse. – Negou o Alfa. Eles agora passavam próximas a uma roda de músicos, que na batida do bandolim e da flauta transversal, tocavam notas doces. – Mesmo com minha revolta, aprendi a entender como você se sente. Você é uma Alfa, sem reino. Nem toquemos na questão de sua legitimidade, por que sei que você não gosta que conversemos a respeito. Seus pais não são lá boas pessoas. E sobre seu irmão, não sei muito sobre. – Tentou explicar o homem. – Provavelmente, você é do meu clube da rebeldia em cadeia.

— Se importa que eu seja bastarda? – Serena perguntou, com uma mão sobre o coração do Alfa. – Nem pense em mentir. Sinto seus batimentos.

— É claro que não, Serena. – Miguel colocou uma mecha do cabelo da mulher atrás de sua orelha. – Você é minha esposa. Títulos não são importantes para mim. Na guerra, tanto faz você ser rei ou plebeu, ou você sobrevive ou morre. – Roçou os lábios nos de Serena por um breve instante. Cauteloso e dócil.

— É ótimo saber que gosta tanto assim de mim. – Serena disse, seus lábios milimetricamente afastados dos de Miguel. – Me concede a dádiva de uma dança, meu senhor? – Convidou gentil, estendendo uma mão.

— Como posso negar com você me chamando desse jeito? – Consentiu o Alfa, tomando o braço de Serena, enlaçando-o com o céu. – Conhece a Dança do Dragão? – Perguntou, levando-os para o meio da ciranda de artistas. Pediu, próximo a um, que começasse um toque mais agitado, a estilo de um folk medieval. Um violino entrou em cena, na esperança de atrair mais valsantes. – Eu te conduzo, minha dama. – Os dois bailavam como um só. Miguel com era hábil e parecia ser especialista na dança. Algumas dançarinas, adornadas de jóias da cabeça aos pés, juntaram-se a eles, mexiam-se com um espécime de gingado complexo, exalando flexibilidade.

Serena acompanhava seu par, na mesma intensidade. Em Premin, as aulas de dança eram obrigações reais e ela praticava a arte desde seus quatro anos. Miguel a rodopiava, mesmo tendo reclamado no começo do peso do vestido fiado a ouro que a mulher trajava. Malabaristas acendiam pesos queimando em chamas e os jogavam no ar, com assustadora facilidade. Rapidamente, a atenção de muitos da festa fora atraída para a ampla roda. Mais curiosos se aproximavam. A Alfa sorria, feliz pela liberdade de seus pés e por não conduzir um bailado solitário.

Após mais alguns minutos de música, Miguel a puxou, fugindo com ela para longe da multidão que se reunia no local. Eles gargalhavam um pouco, com sua estripulia. – Isso foi muito divertido. – Serena disse, abraçando apertado o Alfa. – Vamos fazer isso sempre, ok?

— Quando quiser me convidar, estarei à disposição. – Brincou Miguel, beijando a bochecha da mulher. Escutou, de longe, seu nome ser chamado. – Acho que teremos de apostar uma pequena corrida, querida. Se importa?

— Não mesmo. Uma dose de adrenalina é ótima para a noite! – Exclamou a Alfa, que começou a correr entre o amontoado de pessoas.

— Eu te amo, Serena de Premin! – Miguel gritou atrás. Como se fosse para todos ouvirem.

A Alfa não olhou para trás. Parecia um pimentão vermelho de tão envergonhada. Prosseguiram em pique rápido de volta para onde deveriam se reunir com os outros. Amom, no caminho, tratou de ajeitar os trajes da Alfa e seu marido.


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Notas finais do capítulo

E ai? ♥



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