MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 15
Serena em Drakenland


Notas iniciais do capítulo

Fez um ano da postagem do primeiro capítulo da fic, no mês passado!
PARABÉNS PARA NÓS! (Atrasado, mas releva ai)

Lançamos esse capitulo um pouco mais cedo para agradecer os leitores e comemorar a nossa vitoria! Fazer esta Fic levou um pouco de trabalho — ainda leva — mas é tão legal e divertido, construir um mundo e personagens que não tem como parar!
Lunally e Artanis nossas avatares aqui, experimentaram e ainda experimentam uma experiencia novo que é escrever em dupla e devo dizer que é algo maravilhoso, ainda mais quando se faz com alguém que gosta e tem afinidade!

Sem mais delongas: Agora, a Rainha vai se habituar entre os dragões, porem não a subestime, ela é um leão, tão forte quanto aos natos do território que ela está.

Aproveitem!☺



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Draken era uma cidade diferenciada. O outono trazia consigo um bocado de sorrisos calorosos e pessoas receptivas, além de muitas delícias típicas da região. Era um reino planejado e vivaz, onde todos eram dotados de voz e expressividade. Isso acalentava a alma fria de Serena, como um pequeno Sol que nascia em seu peito.  O som do bandolim medieval despertou a Alfa de seu devaneio repentino. Miguel tocava melodiosamente o instrumento, engajado em obter uma composição harmônica. Serena o observava, atenta a seus movimentos.

— Não deveria se preparar para a reunião da cúpula hoje? – Perguntou um pouco sem jeito, não queria transmitir autoridade na voz. Estava exausta das brigas diárias com o Alfa.

— Estou tentando relaxar quanto a isso. – Miguel suspirou, deixando o bandolim em um pedestal próximo.

— Não parece relaxado. – Serena disse, bebericando o chocolate quente que Miguel havia preparado para ela. Um ato de gentileza no clima de barbárie que perdurava entre eles.

O Alfa sorriu e sentou-se na outra extremidade da mesa, ficando frente a frente com sua esposa.

— Na verdade, não estou. – Confirmou entre outro suspiro cansado. – Hatori provavelmente irá me repreender em público.

— Ele me pareceu um líder controlado. Duvido que vá te humilhar desta forma. – A Ômega falou, aliviando um pouco as preocupações do Alfa. Mesmo que não fosse sua real intenção.

— Assim seja. – Miguel consentiu, a perturbação palpável em seus olhos. – Por que não dormiu ontem?

Agora foi a vez de Serena suspirar.

— É estranho estar em Draken. É tudo muito vivo. – Respondeu, vagando em seus próprios pensamentos solitários.

— Não gosta daqui? – O Alfa indagou ressentido por tê-la trago a força, mas feliz ao mesmo tempo, por poder de alguma forma maltratar a preminiana. O conflito entre os dois parecia longe de acabar.

— Não posso dizer que gosto daqui. Não se parece com nada que eu tenho visto antes. – Explicou, após um último gole em sua bebida.

— Aposto que irá gostar. Venha, tenho algo para lhe mostrar. – Miguel a puxou pelo pulso e ambos deixaram a cozinha, contra a vontade da Alfa.

[...]

Olhando pelo lado de fora, o chalé onde o Alfa morava era aconchegante e receptivo. Todo trabalhado em madeiras nobres e recoberto por sacadas de vidro, o local era agradável aos olhos dos viajantes. Dois cachorros grandes e peludos faziam a vigia diária, perturbando possíveis intrusos. Miguel não gostava que nem ao menos guardas ficassem perto de sua casa, valorizava a pouca privacidade que possuía.

— Qual o nome deles? – Serena perguntou curiosa, enquanto acariciava um dos cachorros. Eram akitas, reconheceu.

— Hanna e Lana. – Miguel respondeu, abrindo o pequeno cercado para que as cadelas pudessem sair para ver sua nova dona.

— Espere um minuto... Você tem uma égua e duas cadelas.  Todas fêmeas, obviamente. Você está realmente cercado de mulheres? – Serena perguntou. - Eu deveria estar com ciúmes?

— Discordo. – Miguel abraçou a Alfa a força e sussurrou em seu ouvido. – Só tenho uma mulher na minha vida, você.

Serena socou o estômago do homem, fazendo recuar.

— Desnecessário. – disse ele arfando.

— Onde você descobre essas cantadas? Sinceramente, acho que você deveria fazer aulas. – Serena brincou, claramente satisfeita por seu golpe ter atingido o alfa em cheio.

— Disse a ciumenta. – Miguel sempre tinha uma resposta em cheio. Gostava quando Serena unia-se a ele em suas brincadeiras, ela ficava divertida e bonita quando sorria e o provocava.

— Engraçadinho. – a Alfa afirmou, fingindo uma risada. Recolheu Hanna e Lana de volta para o canil.

Miguel a puxou pelo pulso, arrastando-a por uma trilha cercada no interior do bosque de pinheiros, que ficava atrás de sua residência.

— Nos fundos do sobrado, mantenho uma estufa. – O Alfa apontou o lugar com a cabeça. – Penso que gostará de ficar lá.

— Quer me prender lá até que eu morra de fome? – Serena perguntou, arquejando uma sobrancelha. Mesmo sabendo que Miguel não era do tipo que pregava peças de mal gosto, pelo menos com ela isso nunca havia acontecido.

— A senhorita está muito atrevida hoje. Deveria castigá-la? – Miguel retrucou, acendendo os nervos da Alfa.

— Tente e será um homem morto. – ela respondeu dando uma chave de braço no Alfa.

Serena vestia os usuais trajes de Draken. Toda de preto, com os olhos delineados da mesma cor, era semelhante a uma gata pronta para dar o bote. Miguel libertou-se, revidando com o mesmo golpe. Mordendo o lombo da orelha da Alfa, sussurrou:

— Acho que terá de treinar mais.

A garota sentiu formigar a região e tratou de se soltar e se afastar.

— Será? Se quiser me matar, terá que ser mais rápido do que isso, Miguel. – ela gritou, correndo. Instigando que o Alfa a acompanhasse e ele atendeu a sua provocação.

Correram os dois em sincronia, eram ambos velozes e resistentes. O bosque parecia agitado com a movimentação dos Alfas, até o momento em que Serena tropeçou em um tronco caído e Miguel a segurou firme na cintura.

— Uma flor para um espinho. – o Alfa fixou um broche de ouro em formato de rosa, com pequenos rubis encrustados, na blusa preta que Serena trajava.

— Eu seria o espinho? – indagou, rindo. Ainda presa as mãos de Miguel.

— Obviamente. – Miguel respondeu, ajeitando com uma das mãos livres a jaqueta de couro de Serena.

— Não vai me soltar? Quem visse essa cena, pensaria que somos um casal de verdade.

— Tem certeza que quer que eu a solte? – Miguel olhou Serena de cima para baixo. Era claro que se ele a soltasse ela iria cair. – Será das minhas mãos para o chão.

— Isso é o que você pensa, moleque. – A Ômega deu uma rasteira, derrubando Miguel. – Quem está no chão agora, querido?

— Nos dois. – Miguel a puxou rapidamente pelo braço, fazendo-os rolar pela grama seca pela brisa do outono.

Quando conseguiriam parar, Miguel estava de quatro por cima de Serena. Houve um momento de constrangimento e silêncio. Ambos se olhavam, pensando nas próximas ações um do outro.

— Acho que você cometeu um erro mais cedo. – Serena disse na tentativa de quebrar o instante estranho. – Chamou-me de senhorita. Se esqueceu que sou casada? Onde está o respeito?

— Que Helias me perdoe. Como puder cometer tamanho erro? – Miguel amava dramatizar tudo. Seus cabelos negros caiam em pequenos cachos bagunçados ao redor de seus olhos verdes.

— Inclusive, sou casada com o senhor. – Serena apontou um dedo no peito de seu marido.

— É mesmo. Eu não poderia ter esquecido. Você é a minha senhora. – ele disse entrando no joguinho da Alfa.

Serena riu. Aquela era a frase coringa de Miguel. Parecia que ela era a suserana e ele o vassalo obediente. A Alfa gostava daquela sensação de estar no comando. Apesar de que se tratando de Miguel, muitas vezes ela ficava frágil demais e perdia a noção de suas palavras. De alguma maneira, ele mexia com ela.

— Não sorria, assim. – Miguel enrubesceu e cobriu os olhos com o braço, saindo de cima da Alfa e deitando-se ao seu lado. – Não sabe como fico sem jeito quando você faz esse tipo de expressão.

— Gosto de te deixar maluco, senhor Alfa. É divertido. – Serena disse por fim.

Os dois olharam para o céu coberto pela copa das árvores e pelos bandos de pássaros de cores diferenciadas.

— Quando eu era menor, minha mãe me levava para caçar. – Miguel começou a dizer. – Utilizávamos as penas das aves para fazer flechas e parecíamos selvagens livres na natureza. Sinto saudade do espírito forte dela. Era uma mulher treinada para todo tipo de situação, assim como você.

A Alfa olhou receosa para Miguel. A bochecha roçando as gramíneas que cobriam o solo.

— Ei. – Serena puxou devagar a manga da camiseta de Miguel, chamando a sua atenção. – Eu sinto muito. Por obrigá-lo a ver o rosto da filha dos responsáveis pela morte de seus pais.

 Miguel pode sentir a sinceridade das palavras da Alfa, descobrira uma da várias faces de Serena. Uma jovem que carregava o peso pela culpa de seus progenitores em suas próprias costas. Que era brincalhona, mas sempre estava na defensiva. O Alfa a considerava um grande enigma a ser desvendado e merecedora de perdão.

— Tudo bem. – disse, sem compreender suas próprias palavras. – Não é como se você fosse a culpada.

— Talvez não. Mas, minhas mãos já derramaram sangue demais. – A Alfa olhou para suas palmas trêmulas.

— Existe um ditado que diz, eu uno a minha mão a sua para que façamos o que não consigo fazer sozinho. – Miguel lembrou das histórias que Hatori contava para ele. – Podemos fazer isso. Nos unirmos.

— Acho que não mereço tal união, Miguel.

Sentando-se, o Alfa segurou firme as mãos da jovem. Beijando-as fervorosamente, exclamou, em claro tom de revolta:

— Ah! Merece sim. Nem pense em tomar decisões sozinhas ou fugir. Você já é parte de mim, menina.

Serena riu. O Alfa possuía um humor único.

— Estou falando sério, minha senhora. Nem cogite a ideia de me deixar. – os olhos de Miguel rogavam pela compreensão da Alfa.

A Alfa consentiu, sem conseguiu negar.

*

— O que faz o senhor pensar que eu gosto de flores? Primeiro, o broche e agora, a estufa. – Serena perguntou.

— Nada. Eu só achei que você gostaria de ter um local só seu. – Miguel disse, enquanto caminhava rumo a armação de vidro e ferro.

Serena acompanhou Miguel até o interior da estufa. Admirada com o ambiente, rico em bromélias e folhas verdejantes, constatou:

— É magnífico, tenho que admitir. Nunca vi flores tão belas assim.

— Eu sabia que gostaria. Tenho muito bom gosto. – Miguel disse, esfregando com os dedos uma das folhas da canela, liberando o aroma quente da planta pelo local. – É tudo seu.

— Obrigada. Farei bom proveito. – A jovem disse por fim. Olhou para a posição do Sol.  – Temos de nos apressar, a menos que você deseje se atrasar para a reunião e irritar ainda mais seu irmão.

— Ok. Mas, antes sugiro que tomemos um banho. Rolar no bosque não nos deixou apresentáveis. – Miguel confirmou, dando pequenas batidinhas nas costas da Alfa e a levando para dentro.

 *

Serena optou por usar um vestido verde longo, bordado a mão, com pequenas rosas brancas. Havia sido um presente de Dalila. A cigana se importava com o bem estar de Vossa Majestade. O traje era esvoaçante e terminava com mangas longas e abertas, típicos da cultura cigana. As bordas do vestido eram tecidas com fios de ouro, permitindo a Ômega matar a saudade de seu reino. Escolheu pequenas joias de ouro que combinassem com a roupa e guardou o broche que Miguel havia lhe dado dentro de um delicado porta joias de madeira artesanal. O Alfa decorara o quarto de sua esposa segundo seu próprio gosto, mas havia acertado em cheio sobre as preferências da princesa.

Prendeu seu cabelo em uma trança complexa com a ajuda de Dalila. Tratou logo de calçar os saltos fechados que Kalifas trouxera, a fim de proteger seus pés do frio regional. Miguel esperava paciente Serena se aprontar no sofá da sala de estar. O Alfa lia as notícias do dia e nem ao menos notara, a movimentação a sua frente.

Serena perfumava-se com um pequeno frasco, espalhando o cheiro exótico pelo cômodo.

— Está pronta? – Miguel ergueu um pouco os olhos do jornal. Queria fingir desinteresse.

— Sim. – A Alfa respondeu, firmando a adaga na panturrilha.

— Está com medo? – ele questionou, enrolando um dos cachos rebeldes de Serena com o dedo.

— Não tenho tempo para sentir medo, Miguel. Sou uma rainha. – A Ômega libertando seus cabelos das mãos do homem sedutor a sua frente.

— Ok. Seu desejo é uma ordem. Vamos, rainha. – Miguel disse irônico, fingindo uma reverência exagerada e indicando com os braços o caminho até a porta.

Serena deu-lhe um tapa na cabeça e seguiu seu caminho.

Ela está maravilhosa. – pensou Miguel, observando a silhueta feminina deixar a sala.

*

As ruas de Draken eram planejadas, assim como toda a cidade. As construções de vidro e aço elucidavam a transparência e a força dos Irmãos Dragão, deuses daquela pátria. Miguel amava seu país, mais do que a si mesmo. Como chefe militar, arriscou-se em defesa de seu povo, sem pestanejar, várias vezes. Era comum que as pessoas não lembrassem demasiadamente de seus feitos, até por que o Alfa detestava a fama, considerava que ela deixava os humanos vulneráveis.

Mas, no imaginário popular, era tido como uma espécie de herói. As crianças festejavam suas vitórias em cantigas de roda, mesmo que extravasando um pouco em relação a verdadeira grandiosidade dos fatos. Plebeias e princesas desejavam sua mão a todo custo. Mas, ele nunca desejou casar-se. Helias o obrigou a assumir matrimônio com a preminiana, mesmo que contra a sua vontade. O desejo interno de Miguel era matar qualquer um ligado aos assassinos de seus pais, mas quando via a expressão convicta de Serena, ficava inerte, imóvel, sem reação alguma. Prometera fidelidade.

Cumprimentava as pessoas na rua, exercendo seu papel de Alfa, mas sua mente prestava atenção em outra coisa. A mulher a sua frente, que se movimentava ligeiramente entre a multidão, destemida e livre. Serena brilhava como o Sol e simultaneamente, Miguel sabia que ela se tornaria seu pior pesadelo.

Ao contrário do que imaginou, poucos drakinianos desprezaram a imagem da nova esposa do Alfa. Tinha uma face exótica, era negra e seus olhos se destacavam à distância. Qualquer um que a avistasse, acharia semelhanças com uma deusa. Talvez por isso, Amom a chamasse Dama do Sol. Kalifas tentava a todo custo acompanha-la, porém parecia confuso em meio a tantas pessoas. Era incontestável que o cigano atraía os olhares das mulheres, mesmo com o talho em seu rosto.

— Miguel! – Serena gritou, após se sentar no banco de uma praça.

O Alfa se aproximou, os passos lentos e firmes.

— Terminou seu passeio de reconhecimento? – Ele perguntou, sentando-se ao lado da Alfa.

— Como sabe que estou fazendo reconhecimento? – Serena retrucou, surpresa.

— É algo típico entre os militares. Não gostamos de lugares desconhecidos. – Miguel respondeu passando a mão entre os cabelos cacheados e relaxando no encosto do banco.

Serena riu, mordiscando a fruta em suas mãos.

— Não acho que nosso casamento seja válido em seu país. – O Alfa murmurou, inexpressivo.

— Isso não é algo bom? – Ela indagou enquanto mastigava. – Pode livrar-se de mim, após o término de nosso acordo.

Deveria ser. — pensou Miguel, sem entender o motivo de não querer manter distância de Serena.

— Poderá casar-se com a rainha que quiser. – Constatou a Alfa pensativa e sorridente.

— Tenho medo de você ser a rainha que eu quero. – Sussurrou entre dentes, o desejo pela mulher ao seu lado confundido seus princípios.

— O que disse? - Ela perguntou, colocando uma madeixa de seu cabelo castanho atrás da orelha.

— Nada, minha senhora. Nada importante. – Miguel afirmou se levantando.


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Notas finais do capítulo

E ai?

Sentiram todo empoderamento que essa mulher tem? Ela é incrível!

Ps: Não se esqueçam de visitar o blog das fichas! (https://melloryking.wordpress.com/)



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